Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br
E esta coluna chegou ao fim! rs…
Na verdade, ela cumpriu a sua função – e já não dava para ir mais além, simplesmente por uma foto e pelo formato das informações, para esclarecer e ajudar os audiófilos a ajustarem melhor suas salas (ou, pelo menos, a darem seus primeiros passos).
Então, esta última edição, aqui, é uma Edição Dupla Especial.
Por que ter um sistema de áudio superior e sofisticado, se não é para tirar o melhor que ele pode prover em matéria de Qualidade de Sonora? Quanto mais salas e sistemas eu vejo na Internet, mais eu fico triste de ver algo que poderia estar tocando bem mas, só de olhar, já se sabe que não tem como.
Vendo as fotos acima, são sempre erros básicos. E, todos os comentários são válidos para as duas fotos que, afinal, são situações semelhantes – com uma pequena vantagem para a sala da Primeira Foto, que eu explico aqui no primeiro item:
Acústica – A Foto 1 mostra uma sala com a vantagem de, por ser ‘revestida’ de discos de vinil do chão até o teto, de parede à parede, não ser reflexiva, e ter bastante absorção dos médios e agudos. Porém, esse tipo de superfície tende a absorver demais, ainda mais como está, nesse caso, com um chão acarpetado. Falta um pouco de reflexividade para dar equilíbrio.
Já a sala da Foto 2 é o oposto: tem parede viva atrás, vidro do lado direito, e carpete de madeira no chão, tudo reflexivo demais. De novo: é preciso um equilíbrio entre o absorvente e o reflexivo – um equilíbrio feito de uma maneira bem especial, mas menos difícil do que parece.
Posição dos Sistemas nas Salas – Em ambas salas, essa posição de caixas é bonitinha para revista de decoração de ambientes, mas totalmente errada para se ouvir música com Qualidade Sonora. Não se põe caixas encostadas na parede, nem tão altas assim (Foto 2) e nem sem angulação (toe-in) em direção ao ponto de audição.
Posição dos Ouvintes nas Salas – Em ambos casos, o ouvinte em vez de estar em posição simétrica com as caixas formando um triângulo equilátero, está deslocado para o lado, ouvindo mais uma caixa do que a outra – jogando o efeito Estéreo no lixo. São sistemas de ‘som ambiente’ ruins, grandes e caros.
O que é ‘Estéreo’? É uma palavra que vem do grego, que significa ‘sólido’ – ou seja, Estéreo sempre significou a obtenção de uma imagem sonora sólida à sua frente, durante a audição, e não é o fornecimento de duas caixas para faturar mais na venda de equipamentos.
O que se ouve nessas salas acima, das fotos? Zero de imagem, zero de efeito de palco – que, se tivesse algum, seria totalmente chapado, sem profundidade e sem foco em absolutamente nenhum músico, nenhum instrumento. A caixa enfiada na parede ainda causa o embolamento, o exagero e a perda de definição nos graves. Na Foto 1 o som é mais morto e apagado por causa da absorção, e na Foto 2 o som tende a ser brilhante e irritante devido ao excesso de reflexividade.
Solução? Em ambas salas, afaste as caixas da parede atrás delas em pelo menos meio metro (mais ainda no caso da Foto 2), e aumente a distância entre as caixas, além de ensaiar a quantidade de angulação das duas caixas em direção ao ponto de audição – e isso tudo vai criar profundidade, largura e foco na ilusão de palco, e vai melhorar o Equilíbrio Tonal devido à limpar os graves, principalmente. Claro que em ambas salas, o ouvinte precisa sentar-se de frente para as caixas, formando com elas um triângulo equilátero (onde a distância entre uma caixa e outra é a mesma distância entre cada caixa e o ouvinte).
Na Foto 1, é necessário tirar um bocado de discos de vinil das prateleiras, e talvez até diminuir bastante esse carpete do chão, para que a sala ganhe um pouco de equilíbrio entre absorção e reflexividade e não soe apagada. Na Foto 2, é o contrário: é preciso um bom tapete no chão para começar a diminuir o excesso de reflexividade da sala, e talvez até uma cortina na janela à direita.
Isso tudo demanda, claro, um ajuste fino que pode significar mexer no ângulo e mexer nas distâncias em vários centímetros – na base da tentativa e erro, até chegar-se no ponto de Equilíbrio Tonal, formação de ilusão de palco, de imagem estéreo entre as caixas, e de limpeza sonora e de uma decente ausência de saturação em todas frequências.
A maior e quase única ferramenta a ser usada nesse ajuste, são os ouvidos – e um pouco de suor na camisa – para obter-se um melhor resultado sonoro.
Tem dúvidas em relação à sua sala e à utilização de seu sistema? Entre em contato conosco pelo e-mail: christian@clubedoaudio.com.br.