Opinião: O QUE REALMENTE IMPORTA: COMO TOCA!

Opinião: A MÚSICA E SEUS INÚMEROS BENEFÍCIOS À NOSSA SAÚDE MENTAL E EMOCIONAL
novembro 5, 2024
HI-END PELO MUNDO
novembro 5, 2024

Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Sendo bem direto, ao ponto: o que realmente importa no áudio é “Como toca o equipamento! Como soa!”

A qualidade sonora vem antes de acabamento, construção, recursos, status, valor de revenda, especificações e medições.

E vem antes de preço.

E nossos reviews não são feitos olhando a etiqueta de preço – o que contribui ainda mais para o fato de, no final das contas, quando mostramos se um amplificador toca pelo menos tão bem quanto outro de 4 vezes o preço, obviamente esse amplificador é a melhor compra.

Óbvio que é bom que o amplificador também seja decentemente apresentável e construído, que tenha os recursos necessários como entradas e controle de volume! rs! E que a potência seja suficiente para lidar com as caixas do mercado que forem apropriadas ao nível dele.

Mas, a função da existência dele é a Qualidade Sonora.

O que significa tocar bem pela nossa Metodologia? Ter a melhor nota total e o maior equilíbrio entre todas as notas, e o ponto de Assinatura Sônica o mais próximo do Neutro – tudo isso ao mesmo tempo! Se tudo isso acontecer ao mesmo tempo com precisão, melhor ainda.

Por que consideramos nossa Metodologia bacana? Porque ela tem como guia, âncora, base e espelho a fidelidade do som à referência absoluta, que é a música ao vivo acústica. Se você gosta de música eletrônica, use para avaliar e regular seu sistema a música acústica como referência, com as melhores gravações que espelhem o som do instrumento acústico ao vivo – e aí quando você for tocar a sua música eletrônica preferida, ela certamente soará melhor.

Interessante ver a criação de demanda por produtos de áudio hi-end, na Internet, ser muitas vezes calcada em coisas como luxo, exclusividade ou até mesmo o gênio criador do equipamento – em um culto mais à personalidade do que ao resultado final sonoro. Será que a demanda pelo luxo dá tantos frutos assim? Dará à longo prazo? Sobreviverão os bons?

A questão é, de novo: “toca bem mesmo?”

Quando se foge disso, sempre se faz um caminho tortuoso, no qual parte das pessoas acha que o objetivista terá a resposta (não tem), ou acha que é tudo ‘subjetivo’, tudo relativo e variável (não é).

E, depois, muitos ficam tristes porque gastaram muito dinheiro, e seus sistemas estão insatisfatórios.

Ninguém nasce sabendo como fazer as coisas, como ouvir, perceber e entender. Mas muitos, em vários níveis, se negam a aprender. Puxa, eu aprendo algo novo todos os dias, inclusive e especialmente em relação à minha especialidade profissional!

Perceber Qualidade, em vez de Quantidade, é um exercício que há anos me parece óbvio, mas vejo muita gente ainda ser seduzida – em múltiplas áreas – por ‘mais’ e por ‘maior’ e, consequentemente, também por ‘mais caro’. Já vi gente que não ligava para o som do equipamento, e sim para a inveja que ele causava nos amigos… Sem comentários…

Quando comecei a trabalhar com áudio, e ter contato com a Metodologia, achava que não ia perceber aquilo, as nuances e diferenciações – e depois de um tempo, um pouco de trabalho e dedicação, me vi percebendo com facilidade. Anos depois eu me perguntei porque, e descobri que tinha uma relação com meu pai e meu avô terem sido audiófilos, e minha mãe ter estudado para ser pianista e tocado harmônio em uma orquestra – porque sempre tive muito contato com a música real, acústica, rica em texturas, timbres, transientes e corpos harmônicos. Frequentei apresentações de orquestras sinfônicas pelo menos uma vez por semana, durante muitos e muitos anos – para não falar de outros gêneros musicais, já que música é o objetivo, o fim, e a audiofilia é apenas o meio!

Demorei um bocado de tempo para entender que a posição das caixas acústicas tem a ver com a interação delas com o ambiente – caixas falam primeiro com o ambiente onde estão, e depois com o ouvinte. Sempre! Toe-in das caixas, então, eu fazia com uma faixa binaural de um CD, com uma caixa de fósforos sendo chacoalhada – até que um dia entendi a percepção do palco e a interação entre uma caixa e outra, e que dá pra ajustar o toe-in dormindo.

E talvez por isso que eu não goste de guias tecnológicos para posicionamento de caixas acústicas, já que é algo que, para mim, só dá para fazer ‘ouvindo’ – e antes que se fale que assim seria um processo impreciso, várias salas de clientes e amigos, de empresas, e até a Sala do Workshop Hi-End Show, em abril último (que eu e o Fernando Andrette ajustamos para seis pares de caixas diferentes, em uma dia só!), falam por si!

A gente aprende o tempo todo! Aprendemos em nosso Workshop, aprendemos toda vez que pegamos um equipamento ou caixa nova para testes, ou mesmo só para uma avaliação informal.

Confrontamos e revisamos nossos conhecimentos ao absorver as experiências e ideias de outros.

Especialistas só se tornam obsoletos, em Áudio, quando eles param de aprender – e já vi tantos na vida que decidiram que já sabem tudo e não precisam aprender mais nada (e alguns desses ainda são chamados de ‘gurus’).

O Fernando Andrette uma vez me disse que ‘Quantidade’ é o mundo dos fatos, e que ‘Qualidade’ é o mundo dos valores. A verdade é que valores são muito mais difíceis, sutis e complexos que fatos superficiais, e que uma vez que se adquirem valores, eles não vão mais embora – e são um dos maiores patrimônios da existência do ser humano sobre o Planeta Terra.

Falo muito sobre Qualidade, sobre o Qualitativo em meus textos – e até uma vez vieram me dizer que ‘qualidade é algo relativo’. Não, sinto muito, não é! Só pode ser relativo para quem não tem nem informação e nem vivência. No meu mundo, qualidade não é relativa, não!

Costumo definir esta revista, nossa doutrina, nossa maneira de enxergar (e ouvir) as coisas, e entendê-las, e de tentar repassar aos nossos leitores e amigos, como “Objetivamente Subjetivos”, e “Subjetivamente Objetivos”… rs!

A questão é tudo que vemos é como algo toca, como soa, e como influencia o som. Se o que ouvimos e percebemos, não bate com as teorias e medições, e as especificações não explicam, então não podemos ser chamados de Objetivistas, certo?

E se seguimos uma Metodologia de audição e percepção, baseada em como os instrumentos musicais originalmente soam – em vez de chegarmos às nossas conclusões por questão de gosto pessoal – então não podemos ser chamados de Subjetivistas, não é verdade?

É isso que passamos e enfrentamos todos os dias, em nosso mercado, em fóruns de discussão, nos mitos & lendas que abundam a audiofilia.

Vai por mim: é mais fácil compreender do que ser compreendido! rs!

Bom novembro e boa música à todos!

E sempre estamos disponíveis para debater e esclarecer – até os assuntos mais filosóficos do nosso mundo do áudio hi-end e da audiofilia: christian@clubedoaudio.com.br.

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