Teste 1: AMPLIFICADOR INTEGRADO SOULNOTE A-3

Teste 2: CAIXAS ACÚSTICAS REGA AYA
novembro 5, 2024
TOP 5 – AVMAG
novembro 5, 2024

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Lançado em outubro de 2023, o integrado top de linha da Soulnote, o A-3, é literalmente o esforço de engenharia de colocar em um único gabinete o pré de linha P-3 e o power estéreo M-3.

Se conseguiram êxito integral, só saberei no dia que também testar esses dois modelos em nossa sala. Mas, segundo o fabricante, o objetivo foi integralmente alcançado!

Não vou novamente falar da filosofia dessa empresa, pois já abordei tanto no texto do pré de phono o E-2 (leia teste na edição 308), como no texto do integrado A-2 (leia teste na edição 310).

Então, tentarei descrever de forma sucinta as topologias extraídas do Pré P-3 e do Power M-3, para a fabricação do A-3. Segundo o comunicado à imprensa no lançamento do produto, os diferenciais mais importantes para sua incrível performance estão na tecnologia de separação de canais duplo-mono, como a existente tanto no P-3 quanto no M-3.

“Ao separar os sinais de controle do seletor de volume, circuito de proteção e outros relés, além dos capacitores, transformadores e componentes indutivos, conseguimos uma amplitude significativa do campo sonoro tridimensional, levando os amplificadores integrados a uma nova fronteira”.

“Outro diferencial foi na configuração de acionamento do transistor TO3 (tipo Metal CAN), para garantir o fornecimento de corrente perfeito até a extremidade inferior, sem a flutuação em altas correntes (hfe), dando a música uma expressividade profunda quanto um groove emocionante”.

“O estágio de saída usa um único circuito SEPP push pull com um transistor bipolar TO3 o mesmo utilizado no M-3. Ele consegue reproduzir a música sem desfoque com tempo correto de frequência das ultrabaixas às super altas”.

“Uma placa de cobre leve e compacta é usada como dissipador. Esse dissipador de calor também serve como uma barramento para fornecer energia ao par de transistor TO3, sendo que os terminais dos transistores penetram na barra e são montados diretamente na placa. Isso elimina fiação e ajuda a superar a instabilidade causada pelo componente de indutância, ao mesmo tempo que evita a degradação da qualidade do som causada pela isolação”.

“Para a amplificação de tensão, um circuito tipo R de estágio único de alto ganho para terra é utilizado. Resistores naked foil são usados na operação do amplificador”.

“O volume de comutação de resistor é o mais simples possível e permite uma precisão cirúrgica, e os relés utilizados são personalizados RSR também de resistores naked foil, para uma performance da mais alta qualidade”.

“O duplo transformador de potência toroidal tem 700 VA, e são usados exclusivamente para a amplificação de potência. E mais um terceiro transformador apenas para o sistema de controle. Os dois transformadores de potência são montados verticalmente para que as linhas do campo magnético fiquem paralelas à placa.

“Para o capacitor retificador, é usado um capacitor foil de filtragem de pequena capacitância, de alta tensão de resistência especificamente selecionado, apenas 470uF. Para os diodos retificadores, são usados diodos SIC com corrente de partida aprimorada”.

“A estrutura do gabinete assim como os terminais de conexão de entradas, tampa superior e inferior são todos não fixados. Sendo que o bloco que sustenta o pré e o power, possui uma estrutura deslizante lateral de três pontos com base de titânio.”

Eu reproduzi as principais características do projeto, para que o leitor possa entender um pouco de onde virá o incrível resultado sonoro deste amplificador.

O A-3, segundo a Soulnote, é classificado em 120 Watts em 4 ohms, o que sugere que tenha 60 Watts em 8 ohms. A resposta de frequência vai de 2 Hz a 200 kHz (mais ou menos 3dB), enquanto a distorção harmônica é de 0.27% (1 Watt / 8 ohms) e a relação sinal ruído é de 110 dB.

Ao ver as fotos do A-3 aberto, duas coisas me chamaram atenção: a limpeza na construção das placas e a quantidade de capacitores por canal: 96 no total!

Em termos de conectividade, as opções são: três entradas XLR e três RCA. Sendo uma entrada by-pass de volume. Os bornes de caixa são de qualidade premium, e aceitam plugue banana, forquilha e desencapado.

No painel frontal, o A-3 tem, ao centro, uma pequena janela para indicar entrada e volume, pequenos LEDs que mostram o status de Bypass e Record Out. Um pequeno botão de mute, um interruptor on/off, e dois botões maiores: o da esquerda de entradas, e o da direita de volume.

O acabamento é deslumbrante, e seus 31 kg mostram sua solidez e nível de construção!

Para o teste utilizamos as seguintes caixas: BlueKey Acoustics Model 1 (leia teste na edição 311), Wharfedale Aura 2, Yamaha NS-5000 e Estelon X Diamond Mk2. Cabos: Dynamique Apex de caixa e interconexão. Fonte digital: Nagra TUBE DAC, Streamer Nagra e Transport CD Nagra. Fonte analógica: Origin Live Sovereign Mk4, braço Enterprise Mk3, e cápsula ZYX Ultimate Astro G, com pré de phono Soulnote E-2.

O A-3 veio com 25 horas de amaciamento, e tive a companhia do amigo Heber para a colocação do ‘peso pesado’ no rack. Ligamos nas Estelon e ficamos nos olhando, pasmos de onde vinha tanto refinamento, naturalidade e prazer auditivo!

Receber produtos com este nível de performance assim que é ligado, é um enorme problema! Pois irá exigir semanas para sabermos o seu ‘teto’.

Muitos de vocês devem supor que seja o contrário, produtos superlativos que já saem apresentando seus ‘pergaminhos’ é o máximo! Sendo que a realidade é justamente o oposto, pois para não cometermos nenhum tipo de injustiça com sua pontuação final, precisamos redobrar os cuidados e a quantidade de produtos que iremos usar para ouvi-lo, para saber seu graus de compatibilidade com diversas caixas e eletrônicos, e buscar seu ‘ponto fraco’ – se o tiver.

Outra questão importante foi saber o que alteraria com 100 horas de amaciamento, e se haveria ainda melhoras significativas. E elas apareceram, tanto com 100 horas, como até o amaciamento final com 180 horas. A partir daí, o A-3 se estabilizou completamente e não teve mais nenhuma alteração em sua performance.

Seu equilíbrio tonal é um misto de surpresas agradáveis e inúmeros espantos!

Pois quando você acha que os integrados acima de 100 pontos já atingiram um nível mais do que satisfatório, vem um novo integrado para mostrar que o ‘buraco é ainda mais fundo’!

Esse é o A-3, com seu equilíbrio tonal pleno, que consegue lhe fazer abrir um enorme sorriso com sua apresentação na fundação de graves, como ampliar sua percepção auditiva dos médios, que parecem mais precisos e comunicativos – ou seria melhor ‘expressivos’? E uma reprodução de agudos ultra refinada e extensa.

Sabe quando se muda de padrão de referência? O A-3 é esse exemplo!

Tudo feito com precisão, que parece que todas as caixas usadas se beneficiaram desse incrível equilíbrio tonal.

Se você voltar alguns parágrafos, na descrição do fabricante sobre características resultantes da topologia escolhida, você lerá que a amplitude do soundstage passou para uma nova fronteira.

E eles não mentiram, amigo leitor. A imagem 3D do Soulnote A-3 é realmente uma referência a ser estudada por todos os outros fabricantes que almejam integrados de padrão superlativo.

Os planos são absolutamente retratados como foram gravados e mixados. O foco e recorte dos solistas e vozes principais, chegam a ser assustadores pelo grau de precisão cirúrgica. Mostrando detalhes dos cantores se afastando e se aproximando do microfone, nos levando a ‘ver’ o que estamos ouvindo!

E se você, como eu, sabe da importância da reprodução de ambiência, para nosso cérebro fazer a relação exata do tamanho de sala, número de músicos existentes naquela gravação e sentir a respiração do ambiente, fica difícil ouvir depois essas gravações em outro integrado.

As texturas não são apenas apresentadas em detalhes, elas nos são expostas como se estivéssemos novamente vendo o que estamos ouvindo. O efeito que isso causa ao nosso cérebro é impactante, pois ele se convence que aquilo que nos está sendo mostrado é o mais próximo possível da realidade da reprodução eletrônica nos dias de hoje.

Por isso que dou risada quando vejo defensores de equipamentos vintage, falarem com a boca cheia que nada se fez de novo em termos de amplificação nos últimos 30 anos!

Eles precisam ouvir com atenção qualquer um dos integrados dessa nova safra com mais de 100 pontos, para caírem na real.

Descrever o grau de intencionalidade deste integrado é até difícil, pois você realmente irá ouvir com total clareza as diferenças de um músico esforçado para um virtuose, assim como a qualidade dos instrumentos e microfones.

O projetista, Kato San, bate muito na questão de tempo da música, e coloca esse quesito como essencial para que nosso cérebro relaxe plenamente e se entregue ao que está ouvindo.

Poderia dizer que no A-3 nada se perde e tudo é recriado integralmente como foi captado.

Sua autoridade em mostrar tempos e alterações de andamento é outra excelente referência para todos os seus concorrentes diretos, ou que aspiram desenvolver um integrado deste nível.

O que mais me surpreendeu na reprodução da macro-dinâmica é que não há esforço ou suor e sangue. Tudo é feito à medida que a música exige, nunca mostrando ‘os dentes’ antes do momento exigido. Isso é reconfortante, pois é assim também em uma apresentação ao vivo, vem os fortíssimos e você só se dá conta quando estão realmente ocorrendo.

E a micro, meu amigo, pelo seu grau de silêncio de fundo e transparência, nada lhe passará incólume. Se está na gravação, prepare-se para ouvir.

Sua reprodução de corpo harmônico o levará a nunca mais duvidar da importância deste quesito para levar seu cérebro (se possui a referência do instrumento tocado ao vivo) a acreditar que está frente a frente com o instrumento real, e não a um ‘arremedo’ do instrumento reproduzido como uma pizza brotinho.

Some todas as qualidades de todos esses quesitos, e imagine como será a apresentação de organicidade pelo A-3. Consegue imaginar?

Espero que ele esteja no Workshop para todos vocês poderem conhecê-lo, e constatarem tudo que aqui compartilhei.
Os músicos estão literalmente na sua sala – nas gravações excelentes. E, em algumas, você é que será transportado para a sala de gravação.

CONCLUSÃO

Pelo teste do amplificador integrado Soulnote A-2, foi possível ter um vislumbre do que poderia ser o A-3. Mas, por mais que tivesse me preparado, o impacto foi muito maior.

Pois o A-3 pertence a um outro estágio de performance, que nenhum integrado avaliado até aqui apresentou.

Ele está muito mais próximo de um pré e power de nível superlativo do que dos integrados. Isso o coloca em uma situação privilegiada em relação aos concorrentes diretos, que pelo seu preço não devem ser muitos.

Se você tem bala para um integrado deste nível, e está pensando a muito tempo em ‘simplificar’ seu sistema, mantendo o mais alto nível de performance, sugiro uma audição do Soulnote A-3.

Você pode, a partir dessa audição, ter a certeza de que já é possível adquirir um integrado Estado da Arte acima de 105 pontos!

O único cuidado será com o casamento com a caixa, e o tamanho da sala. Pois caixas de baixa sensibilidade e famintas por Watts, não serão o par ideal para ele.

Tendo esse cuidado, não vejo como não ser seduzido por esse belo amplificador integrado!


PONTOS POSITIVOS

O melhor amplificador integrado já testado por nós.

PONTOS NEGATIVOS

Sua potência pode ser limitadora para caixas de baixa sensibilidade.


ESPECIFICAÇÕES

Entrada3 (balanceadas), 3 (RCA)
Saída1 (caixas)
Bypass do volume1 (balanceada), 1 (RCA)
Potência de saída120W + 120W (4 ohm)
Distorção harmônica total0.27% (1W, 8 ohm)
Resposta de frequência2Hz a 200kHz (+/-3dB, 1W, 8 ohm)
Sensibilidade de entrada480mV
Sinal / Ruído110dB
Ganho máximo33dB
VoltagemConfigurada de fábrica
Consumo180W / 86W (ocioso)
Dimensões (L x A x P)454 x 184 x 407 mm (incluíndo os pés)
Peso31kg
AMPLIFICADOR INTEGRADO SOULNOTE A-3
Equilíbrio Tonal 14,0
Soundstage 13,0
Textura 13,0
Transientes 12,0
Dinâmica 13,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 14,0
Musicalidade 14,0
Total 106,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
SINFÔNICA                    
ESTADO DA ARTE SUPERLATIVO



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