Fernando Andrette
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Essa certamente é uma frase de efeito que deve agradar a muitos dos nossos leitores. Pergunte a todo audiófilo o que ele busca em seu sistema, e a esmagadora maioria responderá: musicalidade!
Ainda que o termo possa ser bem amplo, e a musicalidade de beltrano não seja a mesma de ciclano.
É como a velha discussão entre topologias, com cada tribo defendendo cada centímetro de sua fronteira, sem renunciar a suas convicções e suas ‘verdades’.
Será mesmo que musicalidade e transparência não possuem um ponto de convergência? Caminharão sempre em linhas paralelas sem nunca se tocarem?
Gosto muito, em minhas consultorias, de ouvir o sistema do cliente bem antes de iniciar as tratativas de como posso ajudá-lo.
E percebo que inúmeros de nossos leitores buscam um objetivo, que eles mesmos não sabem se estão na estrada certa ou apenas caminhando nas estradas periféricas.
Quantas vezes ouvi que o que mais lhe agrada em seu sistema é a musicalidade já alcançada. E ao ouvir os discos de referência do cliente, fica notório erros de resposta de transientes, problemas na extensão das altas frequências e uma macro-dinâmica limitada e sem impacto!
E mudo completamente minha estratégia de consultor, pois nesses casos o cliente precisa, antes de tudo, ter uma ideia clara de que não existe musicalidade sem esses outros quesitos.
O outro lado da mesma moeda ocorre quando o cliente busca em seu sistema a reprodução da música ‘ao vivo’ em sua sala! E suas referências de música ao vivo são os mega shows em estádios de futebol, ultra amplificados, e sonha em reproduzir em sua sala de 16m, o mesmo volume de um concerto de rock.
Deixando seus familiares e vizinhos em polvorosa.
Aqui, também, preciso antes de iniciar a consultoria fazer todo um trabalho de conscientização sobre riscos de perda e fadiga auditiva, e lembrá-lo que equipamentos hi-end não são a melhor escolha para essa expectativa!
Sou bem-sucedido em minhas explicações? Óbvio que não!
Afinal o ser humano, depois de uma certa idade, tem uma cristalização de seus conceitos e desejos, e não possui mais aquele grau de flexibilidade para aceitar rever o que julga ideal para ele.
Nesses casos, nos despedimos ali, e desejo sempre boa sorte em sua empreitada!
E, para os que realmente desejam construir um sistema que seja musical o suficiente para os emocionarem, sem soar ‘letárgico’, o que é preciso então?
Primeiramente entender que a musicalidade é a soma de outros quesitos essenciais, e que abrir mão de algum deles fatalmente irá comprometer o resultado final.
E para atingir tais objetivos, é preciso entender detalhadamente o que é cada um desses quesitos, para então poder traçar uma estratégia e chegar ao resultado. E, para passar por este processo, é preciso sim ‘dissecar’ cada componente do sistema, para saber o quanto são convergentes trabalhando em conjunto, ou não.
E se fizermos corretamente toda a lição de casa, e formos felizes nas escolhas finais do setup, o prêmio será ouvirmos nossa música em estado de graça!