Playlists: GRAVAÇÕES PARA VOCÊ EXPLORAR TODO O POTENCIAL DO SEU SISTEMA EM SUAS FÉRIAS

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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

OUÇA PUBLIQUARTET – WHAT IS AMERICAN, NO QOBUZ.
OUÇA PUBLIQUARTET – WHAT IS AMERICAN, NO TIDAL.

PUBLIQUARTET – WHAT IS AMERICAN (BRIGHT SHINY THINGS, 2022)

Se meu pai estivesse vivo, e eu fosse mostrar a ele essa playlist de final de ano, ele certamente me daria o seguinte conselho: “pegue leve, não assuste o seu leitor, ganhe primeiro sua confiança”.

Eu, muitas vezes na vida, segui à risca suas indicações e conselhos, porém inúmeras vezes, preferi seguir minha intuição.

Por isso que inicio essa lista com o último álbum do quarteto de cordas PUBLIQuartet, fundado em 2010 e descrito por um crítico do The Washington Post como: “É uma encapsulação perfeita das tendências atuais da música de câmara”.

Seu repertório mistura tendências, gêneros e improvisações que amplificam de maneira inteligente os limites de como um quarteto de cordas ‘contemporâneo’ pode soar.

Ele consegue, por exemplo, dedicar as quatro primeiras faixas ao que eles denominam como Improvisações sobre Antonin Dvorak, e por alguns compassos parecerem realmente estarem executando uma obra deste compositor, como um ‘tradicional’ quarteto de cordas – para alguns compassos adiante introduzir improvisações que nos levam a outras paragens musicais.

Dessa maneira, exploram as possibilidades sonoras de um quarteto de maneira plena e surpreendente.

Para o PUBLIQuartet, não existe separação entre o instrumento e o instrumentista – portanto, meu amigo, se prepare para interessantes surpresas sonoras.

Mas, legal, Andrette, você mostrar seu lado ‘modernoso’ – e o que esse disco ajudará no ajuste do meu sistema?

Ele irá te ajudar a avaliar foco, recorte, planos, microdinâmica, transientes e principalmente textura.

É o suficiente para justificar ser esse o primeiro da lista?

Espero que sim.

Muitos dos novos leitores me perguntam como ajustar a posição de suas caixas para ter um excelente palco sonoro.
A primeira pergunta que faço a todos esses leitores é: sua sala permite a criação de um triângulo equilátero? Sem essa possibilidade, esqueça, pois nunca haverá um palco correto.

Para os que têm essa possibilidade, costumo dar dicas óbvias, como vozes, trios e quartetos, em gravações em que o engenheiro de gravação não empoleirou os instrumentos no mesmo espaço.

E gosto muito de quartetos de cordas quando bem gravados, pois o ouvinte terá à sua frente uma imagem sólida do primeiro violino no canal esquerdo (geralmente este soando dentro da caixa), o segundo violino atrás do primeiro (já fora da caixa esquerda), a viola na mesma linha do segundo violino (soando fora da caixa do canal direito), e o cello à frente da viola (geralmente soando dentro da caixa direita).

Se você tem as condições essenciais em sua sala, para o ajuste fino de suas caixas nesse final de ano, esse disco pode lhe ajudar muito.

Qualquer dúvida, estarei aqui.

OUÇA JADEN EVANS – EVANS ON EVANS, NO QOBUZ.
OUÇA JADEN EVANS – EVANS ON EVANS, NO TIDAL.

JADEN EVANS – EVANS ON EVANS (SHAMUS RECORDS, 2024)

Para qualquer amante do Jazz, certamente esse nome Jaden Evans irá parecer familiar. O foi para mim, ao ler uma resenha sobre o primeiro disco do talentoso jovem de 16 anos, neto de Bill Evans.

Jaden tem uma sólida formação musical, e o talento do avô. Começou seus estudos aos quatro anos com sua mãe, e antes de explorar sua veia jazzística, teve que se sujeitar a todas as etapas que um pianista profissional precisa passar.
Estudou música clássica e, como seu avô, se apaixonou pelos compositores impressionistas.

Revisitar o trabalho do avô logo em seu primeiro disco, foi um ato de coragem e de ousadia, que só os jovens encaram sem temer.

E o resultado foi simplesmente primoroso.

Eu, como um admirador de todo o trabalho de Bill Evans, fiquei temeroso que o talentoso Jaden pudesse, em sua bela homenagem, cair em erros contumazes de apenas ‘replicar’ as interpretações do avô.

Afinal, ele deve ter crescido ouvindo e avaliando gravação por gravação do Bill Evans, e isso costuma ter um poder de nos infringir inúmeros obstáculos na hora de executar e dar nossa interpretação.

Felizmente não foi o que ouvi.

A essência é a mesma, mas a leitura mostra que o jovem Jaden terá uma carreira promissora.

O que ele herdou do avô? O ‘menos é mais’. Sua concepção de como um trio deve soar é a mesma, dando liberdade para que a soma seja o conjunto das partes e que essas fluam de maneira íntima e criativa.

Depois de ouvir por três vezes seguidas o disco, eu não temo pelo futuro do Jaden Evans. Temos um pianista que terá que administrar o peso do sobrenome que carregará por toda a vida, mas com um talento nato e um bom gosto herdado, que é seu maior trunfo para voos solo.

E, antes que me perguntem o que fazer com essa gravação para ajuste de sistemas, vamos lá: excelente para avaliação de equilíbrio tonal e, claro, musicalidade!

OUÇA POLINA OSETINSKAYA – SIMPLE MUSIC, NO QOBUZ.
OUÇA POLINA OSETINSKAYA – SIMPLE MUSIC, NO TIDAL.

POLINA OSETINSKAYA – SIMPLE MUSIC (2024)

A pianista russa Polina Osetinskaya atualmente está com 49 anos, e tem uma sólida carreira internacional tendo se apresentado com as melhores orquestras e maestros nos últimos 20 anos.

Formada pelo Conservatório de São Petersburgo, ela tem uma técnica – para ser modesto – exuberante!

Geralmente, os críticos a tratam com enorme respeito, mas tem um que acho que sintetizou de maneira precisa o tamanho e o peso de seu talento para a música clássica: “Seu tom é profundo e rico, sua articulação impecável e sua percepção do pulso da música que ela está tocando é tão natural quanto respirar – isso é algo que não pode ser ensinado”.

Perfeito! Eu assino embaixo, e digo mais: ela hoje além de uma virtuose em seu instrumento, se tornou uma musicista magnífica.

Quer a prova? Ouça a faixa 3 antes de se deliciar com o disco todo. Seu movimento Moderato da obra Kitsch Music, de Valentin Silvestrov, é simplesmente capaz de abaixar instantaneamente nossos batimentos cardíacos e silenciar nossa mente, nos permitindo saborear aquele momento serenamente.

Todos nós precisamos desses momentos, meu amigo, para nos desconectarmos desse mundo ardente, insano e sinuoso.

Para que serve essa gravação? Para recuperarmos nossa paz e equilíbrio, meu amigo!

OUÇA THE JAZZ AT LINCOLN CENTER ORCHESTRA WITH WYNTON MARSALIS – THE MUSIC OF MAX ROACH, NO QOBUZ.
OUÇA THE JAZZ AT LINCOLN CENTER ORCHESTRA WITH WYNTON MARSALIS – THE MUSIC OF MAX
ROACH, NO TIDAL.

THE JAZZ AT LINCOLN CENTER ORCHESTRA WITH WYNTON MARSALIS – THE MUSIC OF MAX ROACH (2024)

Não sei você, mas para mim a Jazz at Lincoln Center Orchestra, com Wynton Marsalis, é a melhor Big Band deste século!

São tantas apresentações e gravações primorosas, que daria para reescrever a história e a importância das Big Bands para o universo jazzístico.

Então, se acostume meu amigo, pois enquanto eu estiver na ativa e com essa seção sob minha responsabilidade, você verá muitas gravações da Jazz at Lincoln Center Orchestra indicadas aqui.

Essa é uma das gravações lançadas este ano, e seu nível artístico e técnico são excelentes.

Se você está em dúvida sobre a qualidade de resposta de macro-dinâmica, corpo harmônico e transientes de seu sistema, essa é a gravação ideal para a ‘prova dos nove’.

Vamos iniciar avaliando o corpo harmônico, OK?

Vá direto à faixa 2 – Garvey’s Ghost – ela começa apenas com um contrabaixo no centro do palco. Ele tem que soar como um contrabaixo real. Nada de ‘pizza brotinho’, ou contrabaixo com corpinho de cello, certo?

Aí entram os metais e a bateria – como soam?

Grandiosos como uma Big Band rasgando o ar?

Sua sala tem que ser inundada por uma parede de metais. Por favor, apenas se certifique que nos picos não passe de 95 dB, para você não ouvir impropérios de seus vizinhos.

O ideal para essa faixa será 95 dB nos fortíssimos, e entre 79 e 84 dB no resto da música.

O som, nos fortíssimos, precisa ter folga – nada de endurecer e soar sem planos e dentro das caixas.

E os solos dos instrumentos de sopro também precisam ter tamanho de saxofone, flauta, clarinete e trompete.

Vá para a faixa 3 – The Drum Also Waltzes – um excepcional solo de bateria, em que você precisa ouvir tudo que está sendo executado, sem perder absolutamente nada.

Se você realmente conseguir, parabéns: seu sistema está bem de resposta de transientes.

Avaliando com essas duas faixas: corpo harmônico, macro-dinâmica e transientes – e seu sistema passou com louvor, excelente! É hora de recostar em sua cadeira e curtir o disco na íntegra!

Boa sorte e Feliz Natal a você e a todos os seus entes queridos!

Polina Osetinskaya – foto: Asya Mineeva

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