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FONES DE OUVIDO SENNHEISER ACCENTUM PLUS WIRELESS

Fernando Andrette

Lá fora a versão plus do modelo Accentum custa 50 dólares a mais que a versão standard.

Com o dólar hipervalorizado aqui, mais os impostos aviltantes que nos cercam, a escolha irá certamente passar pela diferença de preço entre um modelo e outro.

O que posso dizer a todos que tenham essa dúvida, é que em termos de performance e ergonomia valerá a pena a versão Plus.

O que nos levou a pedir o envio do Accentum Plus para avaliarmos, foi a solicitação de leitores que gostam da marca, desejam um fone desse fabricante, mas o Momentum 4 Wireless (leia o teste na Edição 302) que tanto gostamos, está fora do orçamento de muitos de nossos leitores.

A versão Plus do Accentum possui um eficiente cancelamento de ruído ativo, tem um melhor acabamento e é mais confortável. O fabricante disponibiliza em acabamento preto e branco. As almofadas auriculares tem um tamanho generoso e vedam bem nos ouvidos. O forro é de couro sintético, e a faixa na cabeça permite um ajuste adequado ao diâmetro da cabeça, se mostrando seguro quando estamos em movimento.

Os drives são de 37 mm e, segundo o fabricante, têm uma resposta de 10 Hz a 22 kHz. A versão Plus também suporta Bluetooth 5.2 que funciona com os codecs AAC, Aptx e SBC.

O controle é fácil de memorizar: pressione uma vez e os fones entram no modo de pareamento, e um toque rápido aciona o assistente de voz. Um toque depois de ligado gerencia as chamadas e a mudança de faixas. Se você estiver ouvindo música, e receber uma chamada, deslize para frente para atender e para trás para encerrar. Para aumentar o volume, deslize para cima, e para diminuir deslize para baixo.

O modelo Plus tem um estojo para viagem, e cabos de carregamento USB-A para USB-C, além de um cabo de 3.5 mm para audição com fio – porém não se pode acionar o modo Bluetooth quando o cabo estiver conectado.

Sinceramente, acredito que por não haver nenhuma melhoria sonora com o uso do cabo, não creio que alguém vá fazer uso dele, principalmente em movimento ou praticando exercícios.

O fabricante fala em até 50 horas de autonomia por carga, embora na prática saibamos que tudo irá depender do volume em que o usuário escuta música. A bateria leva três horas e meia para carga total, e 10 minutos de carregamento permitem até cerca de 5 horas de reprodução, desde que em volumes seguros e moderados.

O aplicativo da Sennheiser Smart Control, tanto para Android como iOS, é bastante fácil de navegar, permitindo uma visualização de tipos de equalização disponíveis, My Sound para personalizar a equalização, Sound Zones e ANC.

Você pode, através do aplicativo Connection Management, parear com até dois dispositivos. A EQ tem cinco opções de equalização. E no ANC pode regular a redução de ruído do vento nos modos automático, desligado ou máximo.
E escolher o modo de chamadas telefônicas. E, no menu, você ainda pode acionar a detecção de cabeça, para o fone ser desligado cada vez que você o retirar.

O Smart Pause, como o nome diz, pausa a música cada vez que o fone é retirado, e só dá ‘play’ quando recolocado novamente.

A redução de ruído é boa, mas não totalmente eficaz. Para quem busca um fone para enfrentar aeroportos, e grandes e movimentados centros urbanos, será necessário se gastar mais para obter uma eliminação mais eficaz de ruídos externos.

Agora, para locais como escritórios, casas com mais pessoas, e viagens rápidas de ônibus e metrô, ele será satisfatório.

O que gostei é que as equalizações podem ser desligadas, o que nos ajudou a avaliar corretamente sua performance sonora.

Vou iniciar pela conclusão: Ele não está no mesmo nível de performance sonora que o Momentum, mas seu equilíbrio tonal é bom, e nos permite audições com uma boa margem de inteligibilidade e conforto auditivo.

Os graves têm boa definição e velocidade. A região média tem boa transparência e bom respiro, para que em gravações com muita informação nessa região, você não tenha dificuldade de acompanhar cada instrumento ou voz. E os agudos não sofrem de brilho excessivo ou dureza.

Claro que essas observações foram feitas sem o uso de uma equalização ‘turbinada’, pois acredite, tem algumas curvas que podem fazer nosso cérebro se abalar sismicamente, comprometendo drasticamente tanto os médios, quanto os agudos. E, infelizmente, milhares de jovens fazem uso dessas equalizações para ouvir música!

As texturas são bem apresentadas, sendo perfeitamente audível avaliar as qualidades dos instrumentos, dos microfones usados, e a técnica do músico.

Ritmo e tempo não serão nunca problema para esse fone. Ouvimos gravações complexas com enorme variação de tempo e andamento, e zero de dificuldade em compreender o que estava sendo executado.

A dinâmica é outro ponto alto desse fone. Tanto a micro, muito bem reproduzida, como a macro-dinâmica. Em volumes corretos e seguros, você perceberá nitidamente os crescendos do forte para o fortíssimo.

Com seu grau de transparência na região média, tudo contribui para aquela sensação, em gravações de alto nível técnico, dos músicos realmente estarem dentro de nossa cabeça!

CONCLUSÃO

O Accentum Plus Wireless é uma opção segura para quem deseja um fone correto, repleto de ajustes, confortável, com boa eliminação de ruído externo e uma performance que permite você ouvir com prazer sua música.

E se ele não possui o grau de refinamento do Momentum 4 Wireless, ao menos ele se baseou nas principais virtudes deste para atender um público exigente, mas com limitações orçamentárias.

Se você tem enorme admiração pela marca, e deseja um fone com ótima relação custo / performance, ouça-o. Pois suas qualidades são muito consistentes!

Nota: 73,0
AVMAG #310
Sennheiser

www.sennheiser.com.br
R$ 2.199

FONE DE OUVIDO SEM FIO EDIFIER W830NB

Fernando Andrette

Impressionante o número de pedidos para que testemos fones sem fio com cancelamento de ruído, abaixo de 600 reais.

O que respondo a todas essas solicitações é que estamos sempre atentos ao mercado, pois nossa tarefa não é apenas avaliar um fone com eficiente cancelamento de ruído, se para ouvir música ou assistir filmes ele não for decente.

Sei que muitos dos nossos leitores da Audiofone, não estão ainda totalmente familiarizados com a nossa proposta editorial, então não custa reiterar que nosso objetivo será sempre avaliar fones que também possuam uma boa qualidade ao reproduzir música!

E se atender a ambos, ótimo!

E, finalmente, conseguimos um fone digno de ser testado que atende a todos que nos solicitaram um eficiente cancelamento de ruído, como uma sonoridade de bom nível.

Esse fone é o W830NB da Edifier. Seu pacote inclui um preço acessível para quem não deseja gastar muito, um bom microfone integrado para receber chamadas, codec LDAC Hi-Res, um cancelamento de ruído eficaz e uma duração de bateria mais que suficiente para longas viagens intercontinentais.

O que será impossível de desejar é que, a esse preço, o Edifier tenha um acabamento luxuoso. Mas se o preço não permite esse ‘mimo’, ao menos seu acabamento é bastante decente e feito para durar por muito tempo – se bem cuidado, é claro.

Em relação ao W820NB Plus, o novo W830NB suporta mais codecs (LDAC, AAC e SBC), e seu Bluetooth foi atualizado para 5.4, o que lhe dá uma superior duração de bateria (54 horas, contra as 34 horas do W820).

Em compensação, o W830NB pesa algumas gramas a mais que o W820 (267 gramas contra 221 gramas).

Em termos de conforto, sua ergonomia foi redesenhada com um pouco mais de espuma para o apoio na cabeça.
O W830NB é compatível com o aplicativo Edifier ConneX, que inclui configuração de controles personalizados, equalizações pré-definidas e recursos adicionais através do aplicativo.

Na embalagem simples, o consumidor além do fone receberá um cabo de carregamento USB-C e um estojo de transporte compacto.

Como disse acima, nessa faixa de preço, o W830NB possui um design simples, construído em plástico rígido para manter seu peso abaixo de 300 gramas. As espumas da orelha são de couro sintético, e felizmente a faixa da cabeça é ajustável para acomodar tamanhos distintos.

Os controles ficam do lado direito, com um botão liga/desliga, botão de emparelhar, aumentar/diminuir volume e o botão multifunção para reproduzir/pausar e gerenciar chamadas – e a entrada USB-C para recarregamento.
Como ele é dobrável, fica fácil guardá-lo em seu estojo de viagem.

O novo dispositivo da Edifier é compatível com iOS e Android, com uma interface bastante amigável. Na sua tela principal é possível saber também o nível da bateria. E além das opções para gêneros musicais: Pop, Rock, Clássico ou Jazz, é possível um ajuste manual de bandas de frequências. Outro recurso é o ajuste de cancelamento de ruído, que pode ser alternado entre um pouco de passagem de som ambiente, para quem está andando na rua, ou total cancelamento de até 45 dB, quando se está em um avião.

O novo aplicativo também inclui uma função de atualização de firmware, garantindo que o W830NB possa receber melhorias.

Os drivers dinâmicos de 40 mm do Edifier permitem um grave bem definido, porém sem aquele impacto de fones mais sofisticados. O importante é que são graves com boa velocidade, limpos e corretos em termos de timbre.

Mas se você busca subgraves de estremecer seu cérebro, o W830NB, não é seu fone.

A região média possui boa inteligibilidade, mesmo em passagens muito sutis, o que permite que se ouça em volumes seguros sem risco para nossa audição.

E os agudos, se carecem de melhor extensão, são honestos e sem nenhuma dureza ou brilho em excesso.

Resumo de seu equilíbrio tonal: eficiente e seguro para qualquer gênero musical, com bom conforto auditivo e com volumes seguros.

A apresentação de texturas dos instrumentos é correta, permitindo observar sem esforço a paleta de cores, e em boas gravações até mesmo a qualidade do instrumento e do músico. Isso realça a qualidade de boas gravações e nos dá aquela vontade de ouvirmos um pouco mais.

A resposta de transientes é boa, mas nada acima da média. Sendo possível acompanhar ritmo, tempo e andamento sem nos desligarmos do acontecimento musical.

Gostei da variação dinâmica do pianíssimo ao fortíssimo, com boa escala e a possibilidade de ouvirmos tanto a micro, quanto a macro em volumes seguros sem também perder o interesse.

Ainda que tenha buscado a equalização mais próximo do neutro no ajuste personalizado, não cheguei nessa possibilidade, preferindo então na maior parte do tempo que ouvi o W830NB, usar o ajuste Classic.

Acho que se a Edifier conseguir em uma próxima geração dessa linha, dar ao ouvinte uma equalização mais ‘neutra’, ele terá junto ao mercado audiófilo uma maior aceitação.

CONCLUSÃO

Uma coisa é desejar fones cada vez mais baratos sem fio, com cancelamento de ruído, com um design e ergonomia ultra confortável e bem-acabado, sonoridade hi-end e que custe menos de 500 dólares!

E quem não desejaria esse pacote?

Outra coisa é, em um mercado ultracompetitivo, conseguir evoluções em fones de menos de 100 dólares.

E, voltando à realidade, o pacote oferecido pelo W830NB é muito mais que justo – chega a ser impressionante.

Se você necessita de um fone com essas características que o W830NB oferece, será difícil achar as mesmas virtudes em outro sítio. Recursos suficientes para atender a amplas necessidades, e o mais importante: uma sonoridade que nos permite ouvir com interesse nossa música e em volumes seguros!

O Natal está chegando, e se é esse o presente que você deseja, não perca tempo!

Nota: 76,0
AVMAG #312
Edifier Brasil

contato@edifier.com.br
(11) 5033.5100
R$ 599

FONE DE OUVIDO GRADO PRESTIGE SR225X

Fernando Andrette

Costumo, ao receber um novo fone da Grado para testar, sempre me fazer a mesma pergunta: “o que me espera desta vez?”

Já testei dezenas de modelos desse fabricante do Brooklyn, e ainda sou usuário do modelo SR325e (desde seu lançamento há mais de 7 anos).

Grado é uma marca que ou os amantes de fones adoram, ou odeiam. Não existe meio termo.

E entendo perfeitamente que assim seja, pois existem determinadas ‘idiossincrasias’ deste fabricante, que são difíceis de defender até mesmo pelos que são admiradores natos da marca.

E quais são essas questões? Acabamento, design, conforto e, na minha opinião, o maior problema continua sendo a qualidade das almofadas e os cabos exageradamente grossos, para incomodarem muito se o usuário resolver ir ao banheiro ouvindo seu fone Grado.

E suas qualidades? Nos modelos mais assertivos, sua assinatura sônica!

Quando acertam, meu amigo, é realmente admirável ouvir seus discos preferidos em um Grado!

E no caso desse novo Prestige SR225x, fizeram um belo gol de placa!

Tanto que ao comparar o SR225x com o meu surrado SR325e, ficou evidente sua superioridade em todos os quesitos de nossa Metodologia.

A Grado vem passando por um lento processo de sucessão familiar, e está ficando cada vez mais evidente que a nova geração está querendo marcar território e imprimir uma nova filosofia à empresa e aos produtos.

E se tudo caminhar na direção mostrada pelo 225x, acho que teremos em breve muitas novidades e surpresas positivas.

Ainda que a nova direção esteja sendo cautelosa em termos de mudanças mais incisivas, as pontuais além de extremamente assertivas, estão mostrando que os fones tem muito a evoluir e conquistar novos admiradores.

Pois estão conseguindo implementar mudanças significativas onde realmente importa – na performance final.

A grande ousadia, foi aprimorar as qualidades de um fone campeão de vendas por mais de uma década, o SR225e, e que para muitos admiradores da marca sempre foi o fone de melhor relação custo/benefício.

O novo SR225x ainda mantém o visual padrão da marca, mas mudou exatamente onde necessitava, com um novo driver de quarta geração, com um circuito magnético muito mais potente, massa reduzida e diafragma novo de 44mm.

Como todo produto Grado, estes também são feitos à mão no Brooklyn, em Nova York.

Agora também existe uma faixa de apoio à cabeça mais confortável, e uma espuma que segundo o fabricante melhora e muito a resposta de graves.

O fabricante pede pelo menos 100 horas de queima, antes de audições pormenorizadas, mas eu acalmo todos que sofrem de ansiedade latente, porque o SR225x sai tocando lindamente assim que se deslacra a embalagem.

O que irá melhorar, Andrette, com as 100 horas? Basicamente a extensão nas duas pontas, somente isso. E muito, principalmente, nas altas frequências!

Bem, como já havia lido em alguns fóruns o impacto que causou a chegada dessa nova versão, para os que possuem o SR 225 e, não tive dúvida e coloquei de cara uma gravação ‘cavernosa’, daquelas de escancarar defeitos e qualidades de qualquer fone com pretensões audiófilas reais!

As Sinfonias 4, 5 e 6 de Shostakovich com a Filarmônica de Oslo sob a regência de Klaus Mäkelä (leia o Playlist na edição 311).

Vá direto à faixa 1, assegure o volume seguro e correto, e aperte o play. O SR225x reproduziu este primeiro movimento da Quarta Sinfonia com enorme autoridade, graciosidade e inteligibilidade, raro para um fone que lá fora custa 250 dólares!

Com muito mais graves e peso que fones como no meu SR325e, por exemplo, ou fones fechados de mais de 500 dólares.

O que estou querendo dizer, amigo leitor, é que esse Grado veio para reescrever a história de fones abertos e fechados na sua faixa de preço, e até mesmo no dobro de seu preço!

Todo Grado sempre encantou pela sua capacidade e transparência de reproduzir a região média (principalmente a série Prestige), e o SR225x não poderia ser diferente, mas a qualidade dos graves e a extensão dos agudos estavam presentes nesse grau de requinte apenas na série acima deste fabricante, custando bem acima de 1000 dólares.
Por isso minha surpresa e espanto em ouvir esse salto tão intenso na série de entrada!

Mesmo usando-o direto no meu smartphone Samsung, pude ouvir diversas gravações em volumes seguros, com enorme inteligibilidade e conforto auditivo, mostrando o quanto o SR225x tem um excelente equilíbrio tonal.

As texturas são magníficas, com uma riqueza de detalhes inebriante. Se você for fã de vozes e instrumentos acústicos, digo que será muito difícil achar um fone mais refinado nessa faixa de preço, ou até mesmo um pouco acima.

Outro dia li um articulista dizendo a razão dele usar o disco da cantora Bjork – Homogenic, principalmente a faixa 1 – Hunter, para avaliar fones e caixas acústicas. Como sou curioso em entender as escolhas dos avaliadores, lá fui eu ouvir o disco em nosso Sistema de Referência e depois nos nossos fones.

Como toda gravação de música pop, existe um grau de compressão exagerado, que faz com que a música soe sem ar e com pouca extensão nas altas.

Mas é interessante ouvir essa ‘massa sonora’ e buscar instrumento por instrumento na mixagem. E o SR225x fez isso com competência e folga. A faixa indicada tem uma caixa com esteira aberta marcando o tempo, e se os transientes não forem precisos com toda aquela massa sonora, ela fica difusa. Não foi esse o caso no SR225x.

A marcação de tempo foi de uma precisão cirúrgica!

Eu gosto, para avaliação de transientes, de gravações que variem o tempo no andamento, para que se possa avaliar se não temos aquela sensação de perda de alguma passagem, ou que a música ficou letárgica.

Um exemplo matador para essa avaliação é da banda GoGo Penguin – From The North, primeira faixa – Wave Decay, em que o baterista hora faz a marcação no chimbal, hora no bumbo em mudança de tempo, e hora na caixa. Se os transientes não forem corretos, ficam uma confusão enorme as variações de tempo e a variação dinâmica.
Novamente, o SR225x encarou o desafio de frente e passou com louvor, principalmente na parte final, em que o baterista utiliza o prato de condução para manter o tempo.

O SR225x também me surpreendeu na reprodução tanto da macro como da microdinâmica. E tudo em volumes seguros, o que é um tormento para reprodução de microdinâmica se o equilíbrio tonal não for corretíssimo e a transparência na região média, idem.

A gravação escolhida foi o novo álbum do pianista cubano Chucho Valdés com o Royal Quartet – Cuba And Beyond – faixa 1 – Punto Cubano.

A variação dinâmica é excelente para se avaliar qualquer equipamento, e fones, e caixas acústicas. Então, diria ser obrigatório!

Pois ele permite observar como o contrabaixo e a percussão se comportam nos pianíssimos e nos fortíssimos, assim como o piano de Chucho, claro.

Fiquei surpreso o quanto o SR225x expressa com autoridade essa enorme variação sem perder o fôlego ou soar difuso nos fortíssimos.

A sensação de estar entre os músicos nas gravações tecnicamente bem gravadas, é instantânea, você não precisa nem fechar os olhos!

CONCLUSÃO

O SR225x foi muito além do esperado, ao substituir o seu antecessor: um campeão de vendas por uma década.
Mas a surpresa não termina em fazer essa troca com absoluta maestria. Acho que o SR225x sinaliza uma mudança muito mais profunda e que certamente irá definir toda uma nova geração de fones Grado daqui em diante.

Se não foi apenas uma questão de acerto pontual (que não acredito), podemos esperar em um futuro próximo, muitas novas surpresas.

Musicalmente o Grado SR225x é impecável! E se os que possuem restrições ao design e conforto, se derem a oportunidade de ouvi-lo, podem ser surpreendidos com seu alto grau de performance.

E aos amantes da marca, não preciso dizer o quanto devem conhecer essa pequena joia sonora!

Nota: 79,0
AVMAG #311
KW Hi-Fi

fernando@kwhifi.com.br
(48) 98418.2801
(11) 95442.0855
R$ 1.700

FONE DE OUVIDO AUDIO TECHNICA OPEN AIR ATH-AD900X

Fernando Andrette

Acho que estou me especializando em pegar para testar fones que costumam causar impressões bem díspares, dependendo do gosto pessoal do revisor.

Eu ainda estou me acostumando com conclusões tão antagônicas entre revisores internacionais do mesmo produto.
E eles costumam dar mais ênfase ao gosto pessoal e às suas equalizações individuais, para deixar o fone em teste mais ‘correto’, do que propriamente em criar uma Metodologia e um padrão de Referência tanto em termos de fone como de eletrônica, para poder ter um ‘norte’ e ajudar realmente seu leitor a separar o joio do trigo.

Vou pegar como exemplo o teste do fone ATH-AD900X, da Audio-Technica, que para um revisor carece de graves e tem os médios entre 2 e 4 kHz ‘para frente’ em relação aos agudos.

Enquanto um outro revisor disse ser o ATH-AD900X com um grave excelente para fones até 500 dólares!

Ambos não dizem em suas revisões os amplificadores de fones e fontes utilizados, e nem tampouco fazem uma lista mínima das músicas utilizadas para a avaliação do fone.

Se eu, com minha experiência não consigo sequer ter a mais simples ideia de como esse fone soa, com a avaliação desses dois revisores imagine o consumidor que está iniciando sua jornada.

Eu me pergunto se realmente essas mídias estão escrevendo para um público interessado, ou apenas para si mesmos. Pois não consegui extrair nenhuma informação importante de como soa o fone, a não ser que ambos gostaram do fato dele ser leve (menos de 300 gramas), ser um fone que, pelo seu diâmetro, se encaixa em qualquer orelha, que porém tem muito plástico passando a aparência de fragilidade, e que a haste que mantém o fone na cabeça, em crânios mais estreitos ou menores pode deslizar.

Essas impressões eu posso ter apenas vendo as imagens do fone, por diversos ângulos.

Não preciso ler um teste mal escrito para saber que ele não me respondeu ao que mais desejo: como soa o fone, afinal?

Então, prefiro ir por um outro caminho e tentar ajudar o amigo leitor a ver se esse Audio Technica é ou não um fone ideal para você.

Vamos às informações essenciais: trata-se de um fone de quase 2000 reais. É nessa faixa de preço que você está desejando investir em um fone definitivo?

Segundo: trata-se de um fone aberto – você tem ‘privacidade’ suficiente para ouvir um fone aberto, sem incomodar seus familiares?

Se uma das duas respostas foi não, então o AD900X não é o fone que você está procurando.

Porém se a resposta foi positiva a ambas questões, sigamos!

Ao fazer um fone que pesa menos de 300 gramas, com os materiais disponíveis atualmente e que tenham um baixo custo final, o plástico inevitavelmente será a opção número um. Então é óbvio que, para um fone aberto, o fabricante para diminuir peso fará uso de plástico.

Não existe milagre nessa faixa de preço.

As chamadas ‘asas’, que fazem o apoio do fone na cabeça, que um dos revisores reclamou que parecem frágeis, são muito leves por dois motivos: não aumentar o peso final do fone e não incomodar ao contato com a cabeça. E atendem às duas necessidades com perfeição.

Eu não tenho uma cabeça grande, e nem tão pouco estreita, então as asas se encaixaram perfeitamente sem passar a sensação de que iria deslizar ou incomodar.

Por ser um fone aberto, não imagino o consumidor levando-o para a rua ou escritório. Negativo – esse é o fone para quem deseja ouvir sua música em seu canto sem incomodar ninguém e nem tampouco ser incomodado.

Acho que está clara a noção exata da proposta desse fone aberto, e a quem se destina.

Então, agora podemos passar para o essencial: como ele soa?

Para o teste utilizei basicamente o trio dCS LINA (amplificador de fone, clock externo e DAC/Streamer). Ainda que o tenha utilizado também com meu smartphone Samsung, mas por curto espaço de tempo – pois a diferença entre ouví-lo nessas condições e no dCS LINA é enorme!

Sinceramente não vejo nenhum consumidor investir 2000 reais para apenas ouvir em um smartphone, pois isso será um desperdício de dinheiro.

Sua ergonomia é excelente, pois ele realmente não incomoda e nem tão pouco aperta a cabeça ou as orelhas. Eu que sou extremamente sensível a fones que causem pressão ou incômodo no uso diário, consegui realizar audições de até 3 horas diárias sem nenhum desconforto, e sem fadiga auditiva.

Como li que, para alguns revisores, o Audio Technica carece de ‘graves mais fortes’, o primeiro disco que coloquei para escutar foi o duo de contrabaixo de dois virtuoses: Christian McBride & Edgar Meyer – But Who’s Gonna Play The Melody?.

E, claro, reduzi o volume no LINA ao máximo, para ver como os pianíssimos e os fortíssimos soavam.

É importante que o leitor entenda definitivamente que, para saber se um equipamento carece de graves corretos, a melhor maneira é diminuir o volume ao mínimo sem perder toda a inteligibilidade, e observar se ainda assim se escuta as diferenças entre o pianíssimo e o fortíssimo. Se não for possível notar essas variações dinâmicas, você pode afirmar que esse equipamento carece de graves ‘precisos’ (não ‘fortes’).

Agora, se ao ouvir em volume reduzido, se nota ainda que de forma mais tênue essas variações dinâmicas, bastará abrir o volume para o ideal da gravação, e ter uma ideia exata da qualidade do grave e de todo quesito dinâmica.
Essa gravação do duo de contrabaixos é excelente por isso, pois na maioria das faixas um contrabaixo está sendo dedilhado e o outro tocado com arco. Então as variações dinâmicas são evidentes o tempo todo.

Pois bem, o AD900X não sofre de graves ‘fracos’! Seus graves são corretos, com boa extensão, incrível velocidade e corpo possível para um bom fone de ouvido.

Agora, se você gosta de graves ‘turbinados’, coloridos e de uma nota só, esse não é seu fone.

Outro mérito do AD900X: seu equilíbrio tonal é muito bom em volumes seguros, não faltando graves, médios ou agudos. E quando você eleva o volume aos níveis limítrofes do que é seguro, os médios não ficam frontalizados e os agudos não ganham aquele brilho que causa fadiga!

Sua região média é transparente sem pecar em passar do ponto, e se tornar analítica ou frontalizada.

Os agudos possuem extensão e decaimento suficiente para nos permitir ouvir o arejamento da gravação e da sala em gravações ao vivo.

Já ouço leitores reclamando que o Andrette usou para avaliar os graves um duo de contrabaixo. E com música mais agitada, como ele soa?

Bem, não esperem que eu vá escutar rap para dizer a vocês como soará com música mais ‘turbinada’, mas se algo como disco Money For All da banda Nine Horses, ajudar, aqui vai. Ouça a faixa 2 – Get The Hell Out, ultraprocessada, comprimida e que ainda assim o grau de inteligibilidade é impressionante.

Tem o mesmo peso que minha referência o Meze 109 Pro? Claro que não, mas ele custa muito mais que o Audio Technica.

O que volto a insistir é: você pode ouvir faixas como Get The Hell Out, em volumes seguros e não perder nada do que foi gravado. Pode soar menos ‘envolvente’ e adrenalínico que no meu fone de referência, sim. Sem, no entanto, deixar de ser muito prazeroso.

Lembre-se: o ótimo só é inimigo do bom em um comparativo direto. Sem você querer achar ‘sarna’ para se coçar, isso não vai ocorrer.

As texturas são muito boas e possuem refinamento o suficiente para nos fazer redobrar a atenção e o interesse em performances de alto nível, tanto do músico, quanto do instrumento usado na gravação, e no trabalho do engenheiro de gravação.

Com um fone desse patamar, já é possível sem esforço reconhecer audivelmente as nuances e sutilezas de qualquer boa gravação.

Velocidade, ritmo, andamento, não é problema para esse fone. Para provar o quanto ele é capaz de responder corretamente a transientes, nada melhor o disco do multi instrumentista Jacob Collier no seu primeiro trabalho de 2016 – In My Room. E se quer realizar a ‘prova dos nove’, ouça a faixa 1 – Woke Up Today, arranjo primoroso de voz, sintetizadores e bateria.

Em fones ‘letárgicos’, essa faixa soa confusa ou de baixo interesse, quando múltiplas vozes, bateria e sintetizadores alteram o andamento. Agora, se o fone e a eletrônica não tiverem problemas em transientes, é uma faixa arrebatadora!

Como escrevi na longa introdução, a variação dinâmica foi perfeitamente avaliada em várias gravações em volumes reduzidos, mas para fechar a nota deste quesito, usei a gravação do pianista Marc André Hamelin – Bolcom: 12 New Etudes / Wolpe: Battle Piece, gravação primorosa de 1988. Ouça as primeiras 4 faixas, e você terá uma ideia exata da variação dinâmica do AD900X da Audio Technica.

Para um fone de menos de 250 dólares é muito bom o resultado nesse quesito.

Materializar o acontecimento musical dentro de nosso cérebro, como é para esse fone? Simples, pegue gravações de alto nível técnico e tudo ocorrerá como o desejado.

Ouvindo obras de piano solo, é possível ver com os olhos fechados como as mãos do pianista deslizam no piano. Ou como a cantora se aproxima e se afasta do microfone, para este não clipar nos fortíssimos!

CONCLUSÃO

Eu não tenho a ilusão que você confie em minhas observações de cada fone que testo. Sei que o ideal é você sempre ouvir para tirar suas próprias conclusões.

Mas uma coisa você jamais poderá me acusar, amigo leitor: de não me esforçar em tentar passar de maneira exata tudo que observei do produto testado.

Pois eu me coloco do outro lado, quando eu era leitor e queria saber como os produtos publicados na edição das revistas importadas soavam.

E me frustrei muito, devo confessar, pois muitos revisores – ou por falta de metodologia, ou de referência de música ao vivo, ou até por limitação de gosto musical – não cumpriam com o seu papel de nos passar as impressões de maneira mais ‘verossímil’.

Eu, antes de sentar para avaliar um produto, eu sempre me coloco como o consumidor que estará manuseando com exclusividade aquele produto por um tempo, e quero poder extrair todas as suas qualidades e limitações, para poder transmitir a todos vocês como gostaria de ter recebido quando eu estava também do outro lado do balcão.

O problema é que fazer testes assim é trabalhoso, exige enorme dedicação, método, paciência, ter referências para poder comparar o produto testado com produtos similares na hora de fechar nota e, principalmente, imaginar a quem se destina aquele produto testado.

Temos nos esforçado há 28 anos para cumprir com esse nosso objetivo.

Espero que esteja funcionando para alguns de vocês, ao menos.

Esse é o tipo de fone para o consumidor com uma boa rodagem, e que já está querendo investir um pouco mais de grana em um fone melhor, e que o faça sossegar por um bom tempo.

Sua assinatura sônica, não servirá aos que ainda estão atrás de pirotecnia sonora. Nada nele é turbinado, colorido ou com ênfase em determinados aspectos.

É o fone para quem deseja, antes de tudo, que ele não o incomode por mais de duas horas contínuas de uso. E que, ao ouvir por longos períodos, não cause fadiga auditiva. Que possua uma boa inteligibilidade sem, no entanto, ser frio ou analítico.

Que chame a atenção pela beleza em apresentar nuances da performance do artista, da qualidade dos instrumentos e da capacidade do engenheiro de gravação em extrair o melhor de cada take.

Segue a cartilha dos fones mais recentes, que mantém seu equilíbrio tonal mesmo em volumes reduzidos, e que quando abrimos o volume ele não grita e não perde a compostura!

Para os ‘iniciantes’ nessa jornada, que necessitam de muita ‘adrenalina sonora’, ele irá parecer o ‘tiozão’ – que é legal, mas não empolga.

Existem produtos, meu amigo, que se destinam à nossa ‘maturidade sonora’ – nunca antes.

O Open Air ATH-AD900X faz parte dessa turma.

Se você já está nessa estrada, dê uma parada para conhecê-lo – certamente ele estará no Workshop Hi-End Audio Show em São Paulo, no final de abril.

Ele poderá surpreendê-lo pelo seu grau de simplicidade e neutralidade.

Nota: 80,0
AVMAG #305
Audio-Technica

info@audio-technica.com.br
(11) 5189.1980
R$ 1.899

FONE DE OUVIDO EDIFIER TWS1 PRO 2

Fernando Andrette

Eu imagino o quanto, para muitos de vocês, publicarmos um fone acima de 3 mil reais pode ser frustrante, por isso mesmo tento sempre que possível, na edição seguinte, trazer algo que atenda a todos os que se sentem ‘abandonados’.

E dessa vez fui fundo nessa busca, e estabeleci que faria o teste de um fone Bluetooth 5.3, com cancelamento de ruído, bem construído, confortável e por menos de 400 reais!

E o principal: que tivesse um bom equilíbrio tonal, e que pudéssemos ouvir qualquer estilo musical em volumes seguros. Ele existe, Andrette? Sim, e atende pelo nome de Edifier TWS1 Pro 2.

Claro que, por esse preço, haverá sempre compromissos, mas sua performance é um verdadeiro alento aos olhos e ouvidos.

Ainda que muitos o acusem de ser uma imitação barata de um Apple, eu só posso ver isso como um elogio, pois ele o faz com identidade e propriedade de quem vem galgando passos nesse competitivo nicho de mercado, e mostrando resultados surpreendentes.

Eu achei o TSW1 Pro 2 de um design simples, inteligente e funcional, e por menos de 400 reais é um verdadeiro achado!

O Edifier usa um diafragma composto com titânio, e seu acabamento externo é em plástico duro e bem acabado, sem rebarbas. Seu encaixe no ouvido é perfeito, e oferece um espaço que muitos fones concorrentes e bem mais caros não oferecem.

O fabricante diz que o cancelamento de ruído é superior a 40 dB, o que acho suficiente para ambientes muito ruidosos, sem tornar o cancelamento claustrofóbico (assim que me sinto se o fone cancelar completamente o ruído externo).

Para esse fone ser ‘perfeito’ em sua faixa de preço, adoraria que houvesse uma opção Flat de equalização, que não há. Mas consegui driblar essa questão usando, das quatro opções pré existentes, a Classic ou a Classical, ambas muito semelhantes, com a sensação de um pouco mais de corpo e peso nos baixos na opção Classic.

Já a Pop ou a Rock, mesmo que para ouvir esses dois gêneros, achei que desequilibram demais a região média-alta e os agudos. E com gravações com muita compressão ficou fatigante.

Então, se você não for um grave dependente, e estiver disposto a ‘reeducar’ sua audição e aprender a ouvir em volumes seguros e confortáveis, sugiro que você mantenha sempre a equalização em Classic ou Classical, OK?

E minha sugestão para a Edifier: façam uma versão com a opção Flat. Pois as gravações atuais de música rock e pop já têm graves em abundância, não precisando ser ainda mais turbinadas.

Ouvi faixas do mais recente álbum Cowboy Carter da Beyoncé, e na equalização Pop é simplesmente desconfortável o nível de distorção e saturação dos graves. Já na opção Classic, é possível um grau de inteligibilidade e conforto auditivo muito bons.

Vamos à questão que sempre me perguntam: Andrette, a versão Bluetooth 5.2 já está mais próxima de ser considerada hi-fi? Menos, meu amigo, menos – mas ao menos é possível ouvir com maior prazer sem aquela sensação de uma big band toda entupida em um elevador para seis pessoas.

Entende o que quero dizer com essa analogia? O Bluetooth comprime e compacta o sinal, e isso ainda não foi solucionado completamente. Mas está caminhando, isso é fato!

O que para mim é essencial, é como a Edifier conseguiu entregar uma performance tão convincente por esse preço? E aqui está o maior mérito desse fone. E olhe que fui, como sempre, bastante criterioso na avaliação, ouvindo inúmeros discos de vários períodos da história da música, e o TWS1 cumpre com mérito sua proposta.

Tudo neste fone foi muito bem pensado: da caixa compacta, o case de plástico que recarrega os fones e, claro, o principal: o próprio fone, sua ergonomia e suas opções de ponteira de silicone para o encaixe perfeito na orelha.

Eu sempre tive dificuldades com esses fones, por nenhuma ponteira ser adequada o suficiente, e não começar a escorregar da orelha com movimento. Dessa vez, tive a sorte de uma ponteira perfeita, que se encaixou e me permitiu total liberdade de movimento por mais de duas horas.

O TWS1 Pro 2 tem um modo Game, que não tive como testar, mas li em alguns reviews ser excelente para jogar com baixa latência.

As pessoas sempre me pedem gravações legais para avaliar fones nos graves, médios e agudos. Fui bombardeado com essa solicitação no nosso Workshop, por vários visitantes que estiveram ali muito mais para ouvir fones que prestar a atenção em um ‘tiozão’ falando de equilíbrio tonal e mostrando sistemas fora da realidade desses jovens.
Prometi que iria nos novos testes passar alguns desses discos para eles – e aqui vamos nós.

Para avaliar os graves em termos de correção, peso, inteligibilidade e sobretudo velocidade, uso muito a gravação de dois excelentes baixistas virtuosos: Edgar Meyer e Christian McBride (leia a Playlist deste mês). O disco se chama: But Who’s Gonna Play the Melody.

O legal dessa gravação é que ambos vão se alternando nos solos, exigindo bastante dos fones ou caixas acústicas. Comece pela faixa 1 – Green Slime, ela será suficiente para saber se o seu fone está ou não a altura do desafio na resposta de graves. Se ele passar pela primeira faixa, escute a segunda – Barnyard Disturbance, e se tudo estiver OK, parta para a próxima gravação para análise dos médios.

Aqui vou pegar pesado, pois se trata de uma gravação que começa com um grave totalmente saturado e distorcido, até entrar a voz do cantor e tudo ser absolutamente limpo e cristalino. Falo do disco Money For All da banda Nine Horses, faixa 1.

David Sylvian é acompanhado de vozes femininas, guitarras, sopros, vibrafone, contrabaixo e bateria – aqui não existem reféns, meu amigo, ou se escuta tudo sem fadiga auditiva ou perda de inteligibilidade, ou seu fone não passará no teste.

E para os agudos? Aqui eu reservei outra pedreira para o TWS1 Pro2 – o disco do violinista Nemanja Radulovic – Journey East, tocando a faixa 3 – Swan Lake Opus 20 de Tchaikovsky.

Meu amigo, antes que saia urticária em sua pele por ter que ouvir música clássica, lembre-se de ser por um excelente motivo: Avaliar os agudos de seu estimado fone!

As notas mais agudas do violino de Nemanja Radulovic não podem soar duras, vítreas ou com excesso de brilho, OK?
E como o TWS1 Pro2 soou com esses exemplos, Andrette? Surpreendente bem, passou com méritos, o que não só me deixou surpreso, como passou a ser o fone Bluetooth de menos de mil reais a nova referência nesse disputado segmento.

CONCLUSÃO

Se você sonha com um fone como esse Edifier, que te dê mobilidade, possa ser usado em locais barulhentos e deseja preservar sua audição com níveis de volume seguro, e enorme conforto auditivo, o TWS1 Pro 2 precisa entrar na sua lista de ‘sonhos possíveis’.

Nota: 80,0
AVMAG #308
Edifier

atendimento@lojaedifier.com.br
11 5033-5100
R$ 349

FONE DE OUVIDO STAX SRS-X1000

Fernando Andrette

Eu não gostaria de estar na pele dos fabricantes de fones eletrostáticos, com essa ‘fome’ que a Stax está de ser líder, com méritos, nesse segmento.

Ela vem atuando de forma tão intensa, e com tamanho grau de assertividade, que deve estar sendo um verdadeiro pesadelo para todos que atuam também neste nicho.

Quando seus fones mais sofisticados eletrostáticos abocanharam todos os prêmios nos últimos três anos, eis que a Stax/Edifier agora se volta para o mercado ‘de entrada’, e lança o seu ‘pacote’ Stax SRS-X1000 – que é composto do headset SR-X1 com o amplificador SRM-270S.

Tudo lá fora custando menos de 1000 dólares!

Posso afirmar, sem nenhum medo de errar, que essa é a melhor maneira de todos que desejam ter um fone eletrostático iniciarem essa jornada, e descobrirem a razão de muitos audiófilos terem um verdadeiro ‘culto’ à marca!
E, até um dos obstáculos, que ainda hoje fazem muitos rejeitarem essa possibilidade: o peso, nesse novo modelo isso foi resolvido.

A escolha minuciosa dos materiais, levou o headset SR-X1 a pesar apenas 234 gramas, e ser muito confortável. Suas almofadas de couro sintético são ultra macias, e o apoio de cabeça idem.

Fácil de ajustar na cabeça – você realmente se acostuma muito rápido!

O que parecia impossível em relação ao amplificador, também ocorreu. Ele é ultra-pequeno, e cabe em qualquer canto, podendo ficar até mesmo sobre um DAC também de dimensões reduzidas.

Para baratear custos, e tornar esse pacote ultracompetitivo, claro que existem alguns ‘inconvenientes’. Como, por exemplo, a fonte do amplificador é ultra-diminuta e com um cabo capaz de se romper após uma dúzia de vezes que você resolver carregá-lo contigo e jogá-lo na mochila.

Sem contar que sabemos que no mercado hi-end, a fonte de alimentação é parte essencial na performance final de qualquer bom amplificador.

Deixemos essa questão para mais adiante.

O cabo especial para a alimentação de qualquer fone Stax, é o padrão utilizado até nos modelos mais top. Isso é bom e mostra o quanto os engenheiros da Stax são cuidadosos com o padrão de qualidade desses cabos.

O problema é que são pesados e largos, o que para muitos, junto com o peso dos fones originais Stax, sempre foi também um incômodo. Mas eles são longos, e o amplificador pequeno e leve, o que pode facilmente contornar essa questão.

O amplificador possui um par de entradas RCA para o acoplamento de seu DAC, e a saída para o cabo de 5 pinos/balanceado padrão Stax fica do lado esquerdo do painel frontal, tendo do lado direito um pequeno botão de volume.

Segundo o fabricante, o cabo que vem com o pacote é de cobre OFC, com 2.5m.

Felizmente, a amostra enviada já estava completamente amaciada, o que nos permitiu passar à avaliação assim que chegou.

Para o teste, utilizei dois DACs: o Ferrum Audio Wandla, e o TUBE DAC Nagra. As fontes foram CD e Streamer.

O SRS-X1000 surpreende de imediato, com seu correto equilíbrio tonal e pontas muito bem estendidas e recortadas.
Os graves impressionam não apenas pelo peso como também pela definição e velocidade. Levando-nos a lembrar o quanto os fones eletrostáticos evoluíram nos graves!

A região média de fones eletrostáticos é quase que referência absoluta, possuindo um grau de inteligibilidade, transparência e naturalidade, contagiantes!

E os agudos se mostraram com uma extensão impressionante, permitindo um decaimento e uma percepção dos ambientes das gravações, dignos de fones muito mais caros!

Lindas texturas! Paletas intensas de detalhes e uma apresentação de intencionalidade que deixa muitos outros fones ‘nas cordas’.

Os transientes de eletrostáticos são uma verdadeira covardia de se procurar defeitos ou limitações. Pois não há!
E a dinâmica, colocou à prova a qualidade do amplificador SRM-270S, mostrando que o pequenino além de valente, aceita desafios – desde que nos volumes corretos e seguros das gravações.

E a micro-dinâmica é outra qualidade inerente a um bom eletrostático: você ouvirá o mais ínfimo pianíssimo sem perder absolutamente nada do todo.

Uma característica muito intensa de todo fone Stax que tive e testei, é a materialização física dentro de sua cabeça ou à frente dos olhos, que nos leva muitas vezes a tomar alguns sustos, pois é muito ‘real’.

Com esse conjunto de qualidades é muito difícil não ser seduzido por um eletrostático de alto nível. O que me levou a alguns questionamentos enquanto ouvia e escrevia esse teste:

O quanto esse headset SR-X1 ainda pode subir de patamar se ligado a um amplificador Stax melhor?

Ou: o que ocorreria com esse pequeno valente amplificador SRM-270S ligado a uma fonte mais parruda, bem dimensionada e com um cabo de energia de maior bitola e qualidade?

O que seria melhor, em termos de upgrade, para se extrair mais do SRS-X1000?

Eu arriscaria por começar melhorando a fonte, para ver o que esse pacote iria crescer. Pois seria o upgrade mais simples, barato e seguro a se fazer.

O que eu quero dizer com essas indagações?

Que fiquei com a nítida impressão que o nosso Stax SRS-X1000, tem mais sumo para se extrair!

E isso mostra, na minha opinião, o quanto esse fone é bom!

CONCLUSÃO

Claro que quase 8 mil reais para a maioria dos nossos leitores, é caro para um fone de ouvido.

No entanto, se você está buscando seu fone definitivo e sua primeira ideia é um eletrostático, esse fone precisa ser a opção número um a ser escutada!

Não há restrições à sua construção, ao seu conforto e muito menos à sua performance!

E sabendo que ele pode sofrer upgrades e ainda render mais, torna-o um ‘best buy’ de altíssimo gabarito!

Nota: 85,0
AVMAG #313
Edifier Brasil

contato@edifier.com.br
(11) 5033.5100
R$ 7.999

FONES DE OUVIDO AUDIO TECHNICA ATH-M70X

Fernando Andrette

Fazia tempo que eu queria testar o fone ATH-M70x, já que conheço bem o modelo abaixo, o ATH-M50x.

Queria saber se a diferença de preço era relativa também à performance, já que inúmeros leitores nos questionavam sobre isso.

Como as opiniões são contraditórias em diversos fóruns e sites, não me permitindo nenhuma conclusão (sequer sobre sua assinatura sônica), resolvi solicitar ao fabricante que nos enviasse para conhecê-lo, e compartilhar nossa opinião com vocês.

Para que o leitor tenha ideia da dificuldade de estabelecer um padrão de como esse fone soa, um site internacional famoso costuma publicar suas impressões junto com as dos leitores e fazer uma média de ambas avaliações – cujos quesitos publicados e utilizados no teste são: isolamento/atenuação, durabilidade e qualidade de construção, valor, projeto, conectividade, portabilidade, recurso e conforto.

E não existe um quesito para avaliação da qualidade sonora do fone testado! Vocês acreditam?!

Sério, meu amigo, sobre como o fone avaliado soa, nenhuma linha ou nota final!

Esses provavelmente devem ser defensores de que cada um escuta de uma maneira, então seria perda de tempo uma avaliação de sua performance sonora.

E dos que li que ainda se aventuram por avaliar fones sonicamente, vi testes afirmando que o ATH-M70x soa ‘frio e sem vida’, com pouco grave. E tem os que o defendem por ser um fone voltado para monitoração de gravação e não um fone para uso diário, e também li que alguns acharam os agudos brilhantes e com excesso de grave por volta de 100Hz.

Difícil tentar formar uma ideia da qualidade de um fone com essas informações, você não acha?

Mas as pérolas não param aí. Li conclusões como: “Forte ênfase nos agudos, ao ouvir vocais pop/rock eles eram cortantes demais para meus ouvidos, e os graves eu caracterizo seu desempenho como refrescantes, precisos e claros”.

Antes de descrever minhas impressões, falemos um pouco da construção e ergonomia do ATH-M70x. Ele tem um bom acabamento, um encaixe perfeito na cabeça, suas almofadas de couro sintético são confortáveis e com uma boa isolação do ambiente externo.

Para o tamanho de minhas orelhas, ele se mostrou perfeito!

O padrão de construção é Audio Technica, com ênfase na durabilidade, materiais pensados para conforto e praticidade, e bons cabos. Seu Case é de excelente qualidade, e ele vêm com três tamanhos distintos de metragem de cabo, já imaginando a mobilidade que o usuário necessita tanto para uso doméstico, como profissional.

Eu não esperaria menos que isso nessa faixa de preço.

Para o teste, utilizamos o trio LINA da dCS (DAC, streamer e amplificador de fone de ouvido), além de nosso celular e também do amplificador para fones do pré de linha Nagra Classic.

Interessante que raramente leio nos testes internacionais, ser citado algum período de amaciamento antes de iniciarem as observações.

Preciso dizer a todos que acharam que os agudos são brilhantes, ou que os graves são secos, que o que a Audio Technica nos enviou para teste, depois de 50 horas de queima, perdeu essa sutil predominância. Será milagre? Ou fui agraciado com um fone que melhora seu equilíbrio tonal depois de inteiramente amaciado?

Ironias à parte, meu amigo, vou lhe dar uma dica infalível para você poder saber a qualidade do equilíbrio tonal do seu futuro fone.

Ouça o novo trabalho da cantora Lizz Wright – Shadow e vá direto a faixa 10 – Who Knows Where The Time Goes. Fora sua voz, temos uma bateria extremamente sutil, com tom e chimbal marcando o tempo, prato de condução em dois momentos apenas, duas guitarras, uma no canal direito e outra no esquerdo, baixo, piano e teclado.

Ouça no volume que você costuma escutar uma primeira vez, para se familiarizar com a melodia, e uma segunda audição para ouvir todos os instrumentos. É fácil de acompanhar todos os instrumentos, tudo suave, quase pianíssimo.
Agora vá beber uma água, volte e coloque o volume no menor patamar possível, mas que ainda seja possível ouvir com total inteligibilidade e conforto auditivo, tudo! Se você conseguiu, e nada sumiu, esse fone que você está namorando tem um bom equilíbrio tonal!

Não tem mistério, ou necessidade de pós graduação para descobrir como um fone ou caixa acústica se comportam quando possuem um correto equilíbrio tonal.

Não necessita ir com a mãozinha nervosa equalizar o fone, para dar ênfase a frequências às quais você é tarado sonicamente.

Agora, se no volume mínimo determinado, os instrumentos sumirem, ou determinados instrumentos se tornarem mais proeminentes, e você tiver certeza que a gravação que você escolheu não sofre dessas anomalias de mixagem errada, ouça outros fones, por favor, antes de bater o martelo.

Essa gravação que indiquei – e mesmo o disco inteiro – não sofre desse problema. Foi muito bem gravado e os arranjos são de um bom gosto extremo!

Bem, ouvindo esse disco e uma dezena de outros gêneros e gravações de vários períodos, o ATH-M70x como vem escrito na embalagem que é um fone “Monitor Profissional”, que significa que está justamente preparado para situações extremas de micro-dinâmica à macro-dinâmica.

E que para ser um fone eficiente como monitor de estúdio, seu equilíbrio tonal precisa, no mínimo, ser o mais flat possível.

E no teste do volume mínimo, mantendo a inteligibilidade e ausência de fadiga, ele tem um comportamento primoroso e referencial!

Mas, e quando exageramos no volume, Andrette, como ele se comporta?

Felizmente, ele o avisa que está fazendo uma enorme besteira, e colocando sua audição em risco!

Aí, claro que passando do volume da gravação (insisto, toda gravação depois de mixada, possui um limite de volume também), os agudos parecerão brilhantes e os graves excessivos.

O que me faz concluir que muitos revisores de fones erram em sua avaliação por uma série de quesitos: gravações ruins (insisto das fontes, DACs, smartphones e amplificador de fones), e por ouvir em volumes excessivos.

Pois, se ao avaliarmos esses mesmos fones, não detectamos essas anomalias ou conclusões, alguém se equivocou – tenha absoluta certeza!

O ATH- M70x permitirá ouvir qualquer gênero musical, com volumes seguros, conforto auditivo e um grau de inteligibilidade de bons monitores modernos.

Se é isso que você procura, meu amigo, aqui você encontrou seu ‘porto seguro’.

Agora, se você ainda está na fase de marcar o tempo da música com a própria cabeça, ele não será seu fone jamais!
Gosto muito de indicar, aos que não se convenceram de como um fone com melhor equilíbrio tonal pode tocar qualquer gênero musical, o CD da banda Nine Horses – Money For All, e usar a faixa título como exemplo. Em um fone com predominância na acentuação dos graves, a princípio o ouvinte se empolga com o peso da batida e a marcação do grave.

No entanto, todo o trabalho feito pelo cantor David Sylvian, o coral feminino, as guitarras, teclado e a condução do prato, vira uma sopa batida em um liquidificador.

Ouça essa mesma faixa em um fone mais equilibrado, como o ATH-M70x, e você perceberá que o grau de inteligibilidade torna a música muito mais interessante.

O mesmo ocorre com a segunda faixa, Get The Hell Out, em que existe um brilhante trabalho de sintetizadores por baixo da batida e do contrabaixo, que tem que estar presente na mesma intensidade. Só assim você terá uma compreensão de todo acontecimento musical.

Por isso que nos nossos Cursos de percepção Auditiva, sempre lembro que equilíbrio tonal, textura e transientes fazem um ‘tríplice aliança’, quanto mais coisas, melhor será o resultado.

E no fone ATH- M70x, esse ‘tripé’ é extremamente coeso e coerente.

Você observará informações e detalhes que o farão mergulhar na música com extremo prazer.

Em termos de dinâmica, na macro o ATH-M70x gosta apenas de mostrar sua ‘autoridade’ nos momentos oportunos, mas não se enganem, pois seus fortíssimos serão convincentes.

Sua micro-dinâmica é rica e detalhada. Nada se perde, desde ruídos de chave de instrumentos de sopro, respiros, pedais de piano, etc.

Afinal, o engenheiro de gravação precisa estar atento a tudo que possa atrapalhar ou sujar a gravação.

Se tem algo que eu gostaria de um bocadinho mais, seria no corpo harmônico, pois minhas referências são impecáveis nesse quesito, mas custam bem mais que o Audio Technica.

E não é que seja pobre a apresentação do corpo dos diversos instrumentos, são apenas muito ‘homogêneos’ para o meu padrão de referência, tanto de produtor musical, como de testador de fones e equipamentos de áudio.

Quanto à materialização do acontecimento musical no meio dos olhos ou, para muitos, na testa, em gravações excelentes, os músicos e o deslocamento de ar quase me fazem cócegas. Brincadeira à parte, a sensação de materialização na cabeça é bastante consistente.

CONCLUSÃO

O ATH-M70x é mais um gol de placa da Audio Technica.

Pessoas apaixonadas por música, que precisam de um fone preciso, refinado, confortável e que desejam extrair tudo de suas gravações, devem colocar esse fone em sua lista de opções.

Principalmente aqueles dispostos a gastar até 5 mil em um fone de ouvido final!

Certamente, você deve estar se perguntando: mas será muito melhor que o ATH-M50x BT2?

Não meu amigo, não é muito melhor, mas o suficiente para, se você tiver 3 mil reais, ouvi-lo com enorme atenção. Pois as diferenças entre os dois se encontram nos detalhes, e às vezes são os detalhes que definem o grau de refinamento final.

E se falarmos em refinamento puramente, aí o ATH-M70x é matador!

O que importa para você que é fã dessa marca, é ter duas excelentes opções com preços distintos.

Quem foi ao nosso Workshop Hi-End Show, em São Paulo, pôde ouvir ambos e tirar suas próprias conclusões.

Nota: 96,0
AVMAG #306
Audio-Technica

info@audio-technica.com.br
(11) 5189.1980
R$ 2.899

FONE DE OUVIDO STAX SR-X9000

Fernando Andrette

A Edifier, desde que assumiu a Stax, vem mostrando empenho em reposicionar a marca ao topo, como sempre essa marca esteve desde o final dos anos 50.

Stax sempre foi sinônimo de pioneirismo, e de estabelecer novos patamares de referência, por décadas.

Eu já escrevi por diversas vezes sobre nosso primeiro disco, o Genuinamente Brasileiro (gravado em 1988), que sem um par de fones Stax como meus monitores, não teria sido possível realizar tamanho sonho. Pois tínhamos limitações de tamanhos dos cabos de microfone da van den Hul, o que nos impediu de utilizar um monitor Dynaudio para realizar as tomadas.

Como todas as gravações foram feitas em tempo real, no teatro Alpha, a única solução encontrada foi recorrer ao meu fiel escudeiro Stax Lambda e ele não me desapontou, como sempre!

Quem tiver o CD, pode ler na ficha técnica que em todas as faixas meu sistema de monitoramento foi com o Stax, e somente a partir do processo de mixagem e masterização, utilizamos as caixas Dynaudio.

Felizmente, eu sempre fui criteriosamente cuidadoso com os volumes, então mesmo o Stax Lambda sendo um fone aberto, eu não tive nenhum problema de vazamento.

O SR-X9000 é o novo fone carro chefe dos fones eletrostáticos da Stax. E, segundo o fabricante, o maior avanço desse modelo está no aprimoramento tecnológico MILER-3 (Multi-Layer-Elect-Rords). Um eletrodo fixo de quatro camadas, que combina eletrodos de malha e convencionais, que são crimpados por difusão térmica.

A estrutura moldada neste processo, resulta rígida e resistente a ressonâncias, possibilitando uma transmissão de sinal ultra linear, principalmente se comparado a eletrodos fixos, multicamadas, convencionais.

Sua resposta de frequência é de 5Hz a 42kHz, capacitância de 110 pF, impedância de 145 ohms, sensibilidade de 110 dB, tensão de polarização de 580V DC, cabo de cobre OFC 6N (99, 9999% puro) com cobre recozido e banhado a prata, e cabo largo de 6 fios paralelos de baixa capacitância. O comprimento do cabo é 2.5m. A almofada de ouvido é de couro de ovelha genuíno , e é usado couro artificial em volta da estrutura. Seu peso total é de 432 gramas.

Para os amantes de fones Stax, vale a pena lembrar que o SR-X9000 é um descendente direto da série SR-Omega, que foi apresentada pela primeira vez em 1993. Um fone ainda hoje cultuado e muito disputado por colecionadores da marca no mundo.

Eu nunca tive a oportunidade de ouvir um Omega em condições ideais, apenas em breves momentos em eventos, e sempre rodeados de todo tipo de ruído ambiente tão peculiar a eventos para grande público. E ouvir um Stax nesse tipo de ambiente é o mesmo que tentar escutar um solo de Bandolim em uma estação do metrô no horário do rush!
Então, nunca ouvi um Stax Omega para poder dizer a vocês se acho ou não semelhanças entre o SR-X9000 e um SR-Omega.

Para o teste, a Edifier gentilmente nos emprestou o amplificador de fone Stax SRM-700T.

Eu gostaria muito de poder ter escutado esse Stax também no amplificador dCS LINA, porém o dCS não é compatível com os Stax – uma falha que acredito que os engenheiros da dCS precisam corrigir imediatamente, pois estão perdendo um baita segmento a ser trabalhado.

Ambos os produtos vieram do nosso Workshop, o que significa que se já não estavam completamente amaciados, estariam muito próximos disso.

Fiz, como sempre, o meu ritual de primeiras impressões com nossos discos, e deixei ambos alimentados por música no Innuos por 24 horas e, ao repetir as audições como nossos discos, não notei diferença alguma.

Então, parti para a avaliação auditiva de imediato, já que a caixa Yamaha NS-5000 (teste na edição de agosto) e a caixa Rega Aya (teste na edição setembro), tinham ainda muito amaciamento pela frente.

Se, antes de você ler esse teste, leu meu editorial da AVMAG, viu que me dediquei a alertar sobre os cuidados extremos que produtos Estado da Arte Superlativos necessitam.

Pode parecer ‘preciosismo’, mas a verdade é que produtos como esse fone Stax, e a caixa Estelon Forza, precisam e merecem estarem cercados de produtos que ‘valorizem’ seu grau de refinamento e performance, pois caso contrário, eles estarão sendo subutilizados e mal avaliados.

Ouvi de muitos participantes do evento, ‘ressalvas’ quanto ao grave desse Stax, e como meu tempo no Workshop era extremamente cronometrado, não tive a oportunidade de escutá-lo. Aliás, não consegui escutar 20% do que desejava, tamanho atropelo entre um Workshop e outro. E ao final do dia, eu só queria subir para o quarto do hotel, tomar um banho, comer algo e dormir.

Então, quando recebemos o Stax para teste, a primeira coisa que fui observar foi se procedia essa ‘ressalva’ quanto a resposta de graves. E fui direto no CD Timbres, ouvir as três faixas do contrabaixo tocado em arco.

Assim que liguei o play, e ouvi as primeiras notas do contrabaixo captado pelo microfone B&K 4006, eu me esqueci completamente do que estava buscando e fiquei petrificado com a riqueza harmônica, decaimento, sustentação e textura daquele contrabaixo. UAU! Pensei comigo, que grave lindo, realista, preciso, detalhado e correto!

Como estou sempre buscando entender o que nossos leitores e amigos escutam e observam, fui pesquisar o que poderia ter ocorrido, para muitos chegarem a essa conclusão sobre o grave desse Stax.

E a resposta, ‘Caro Watson’, se chama: fonte do sinal.

Aqui utilizei um setup digital digno desse fone, assim como o setup analógico, e isso obviamente fez toda diferença.
Pois não imagino um audiófilo investir nesse fone Stax para ouvir música nele em um streamer de 1000 dólares! Ou em um DAC também de 1000 a 2000 dólares.

Fazer isso será subutilizar esse fone completamente!

Seu equilíbrio tonal é primoroso, tanto em termos de apresentação, quanto em extensão e decaimento em ambas as pontas.

Já dei a dica que, para sabermos se o equilíbrio tonal é ou não correto, basta reduzirmos o volume ao mínimo que der sem que se perca a inteligibilidade do ‘todo’, e observar se alguma faixa do espectro forma picos ou vales.

Se isso não ocorrer, e todo o espectro audível mantiver o equilíbrio feito da mixagem, esse fone tem um bom equilíbrio tonal.

Mas nesse quesito o Stax não é bom, e sim excepcional!

Ouvi as 8 faixas que utilizamos para fechar notas em nossa Metodologia, no menor volume possível, sem perder nenhum detalhe. Depois, no volume médio e, por fim, no volume limite da gravação, e não percebemos nenhuma frequência saltando à frente ou recuando em nenhum volume.

Esse grau de equilíbrio tonal, apenas os fones de referência conseguem, meu amigo.

Mas antes de continuar na avaliação sonora, deixe eu dar meu testemunho sobre sua ergonomia, ajuste de cabeça e peso. Ainda que as quase 500 gramas para mim sejam o limite do que aceito ou teria, sua construção e sua distribuição de peso, graças ao couro largo que se apoia ao crânio, distribui bem esses quase meio quilo.

Porque também os fones não pressionarem o ouvido, usá-lo por longas horas não será uma tortura.

A questão de todo fone eletrostático é o grau de vazamento, portanto outro ponto a ser levado em consideração é um ambiente onde se tenha privacidade, para não atrapalhar os outros, e nem o ruído externo incomodar as audições.

Ou seja, as exigências para se fazer o melhor uso desse Stax são grandes. Porém, se todas forem criteriosamente aceitas, o resultado de todo investimento será sublime!

Voltando às observações auditivas: com um equilíbrio tonal tão alto, obviamente a apresentação de texturas é de cortar o fôlego!

Sublime, tanto em termos de paletas de cores de cada instrumento, apresentação da qualidade de um a um dos instrumentos, nível de virtuosidade dos músicos, da engenhosidade da escolha e posicionamento dos microfones e claro: do grau de intencionalidade desse todo.

Passei, depois de fechado o teste, as últimas horas usufruindo de ouvir todos os meus mais ‘sagrados discos’ de intencionalidade, e fiz quase 17 páginas de anotações pessoais, a respeito de detalhes que observei, de tão precisos que foram.

Velocidade, marcação de tempo e ritmo jamais foram problemas para nenhum excelente fone Stax. E não seria agora que isso ocorreria. Adoro tablas, pois as subdivisões rítmicas dos percussionistas indianos, são de dar nó no cérebro. E se os transientes não estiverem à altura, fica insuportável tentar acompanhar essas subdivisões rítmicas.

Não foi esse o caso nesse Stax. Ao contrário, foi possível em duas das dez gravações que escutei, entender duas passagens que parecem borradas em inúmeros fones top – e no Stax se delinearam claramente, como se estivéssemos a só ouvir cada tabladista separado do resto dos músicos.

As gravações de piano solo que uso, do Nelson Freire tocando Chopin, também soaram magistrais!

A micro-dinâmica é simplesmente a melhor que já ouvi em qualquer fone por mim testado, e a macro-dinâmica é muito correta e precisa.

Não sei exatamente o que as pessoas esperam de uma macro-dinâmica em fones. Eu só espero três coisas: que o som não endureça, não sature e distorça, e não danifique meus ouvidos!

A macro-dinâmica correta de um bom ou excelente fone, nos mostra os crescendos de maneira precisa, nos permitindo perceber as distintas diferenças entre um pianíssimo e um fortíssimo.

Um fone como esse Stax, não o fará engolir saliva e engasgar se o volume estiver dentro da segurança de audibilidade.

A materialização física do solista no centro da cabeça entre os olhos, é muito bem feita nas gravações de alto nível, e tem um efeito quase que hipnotizante, principalmente se forem longos solos bem executados e bem gravados. É um deleite ter essa sensação, acredite!

CONCLUSÃO

Dizer que esse é o melhor fone Stax desta nova safra sob direção da Edifier, é absolutamente redundante.

O que me impressionou foi o salto qualitativo em relação a geração top de linha anterior. Pois é audivelmente superior em todos os quesitos de nossa Metodologia, o que coloca a Stax novamente na linha de frente.

Se você deseja um fone com esse nível de performance superlativo, não haverá muitas opções além desse Stax, meu amigo.

Ouça-o com todos os cuidados necessários e certamente ele estará em sua lista final de escolha.

Nota: 100,0
AVMAG #307
Edifier

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