Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Começo esse teste dizendo que fotos mentem! Pois ao vivo o Nagra Streamer é ainda menor do que eu poderia imaginar.
Se você quiser, leitor, ter uma ideia exata do seu tamanho, anote aí: 18.5 cm de largura, 4.1 cm de altura por 16.6 cm de profundidade.
E se não fosse o gabinete feito de um bloco sólido de alumínio, que determina seu peso final de 1.9kg, ele certamente seria um daqueles produtos que, para não voar com um esbarrão nos cabos, teria que ser travado com algum peso considerável em cima dele.
Mas como todo produto deste renomado fabricante Suíço, os detalhes é que determinam sua qualidade final.
O Nagra Streamer foi projetado para ser usado tanto com os DACs Nagra, como DACs de outros fabricantes. O importante é que os DACs estejam à altura de sua performance.
E se for usado em um DAC Nagra com entrada “Nagra Link”, o resultado será superior à conexão coaxial.
Os atuais DACs Nagra: Classic DAC II, TUBE DAC e o HD DAC X, possuem a entrada Nagra Link para reprodução até de arquivos DSD-4x até 11.2 MHz.
E, para a reprodução de DSD, basta conectar um pendrive à entrada do Nagra Streamer, e ele lerá sem problemas gravações disponíveis neste formato em DSD 256. Mas, pela saída Coaxial, apenas poderá sair DSD 64.
Claro que fizemos comparações entre as saídas N-Link e a Coaxial, para saber o quanto havia de diferença em termos de performance entre elas.
Mais tarde detalharei as diferenças audíveis.
Pois existem outras questões relevantes antes da avaliação auditiva. O Streamer da Nagra vem com uma pequena fonte externa de bom nível, e que não compromete a performance geral.
Mas, e se usarmos a fonte PSU do Transporte Nagra, do TUBE DAC ou do pré de linha Nagra Classic, haverá melhoras significativas?
O cabo de rede pode influir no resultado sonoro final?
E o uso de um switch de rede, como o Melco S100/2 (leia teste na edição 313 de dezembro), ou o switch de rede Reference da Sunrise Lab, haverá ganhos audíveis?
Todas essas questões serão respondidas daqui a pouco.
Quando estávamos encerrando o teste, soubemos pelo distribuidor, a German Audio que o Roon Ready acabou de ser habilitado no Streamer – o que trará certamente alguns ganhos adicionais à operação.
No entanto, eu não tenho nada a reclamar do mConnect Control, que funciona perfeitamente sem travamentos ou problemas, para ouvirmos nossos álbuns.
Para poder usar uma fonte Nagra ligada ao Streamer, será necessária a aquisição de um cabo Lemo para DC especial, fabricado pela própria Nagra.
Caso contrário, o usuário terá que se contentar com a fonte que acompanha o Streamer.
Para o teste utilizamos os seguintes DACs: Nagra TUBE DAC e Ferrum Audio Wandla. Amplificadores integrados: Norma Audio REVO IPA-140 e Soulnote A-3. Prés de linha: Nagra Classic e Audiopax Reference. Powers: Gold Note PA-1175 MkII (leia Teste 2 na edição 313 de dezembro de 2024), e monoblocos Nagra HD. Cabos digitais: N-Link (somente compatível com o TUBE DAC), e coaxial digital Aniversário da Sunrise Lab. Caixas acústicas: Wharfedale Aura 2, Marten Oscar Trio (leia Teste 1 na edição 313), Harbeth 40.3 XD (leia teste edição de março de 2025), e Audiopax Mandolin Ceramik II (leia Teste 1 nesta edição).
Para o teste também utilizamos o streamer Innuos ZENmini Mk3 com fonte externa, ligado ao TUBE DAC pela entrada USB com cabo Dynamique Audio Apex. Os cabos de rede utilizados foram: Transparent Reference e Sunrise Lab Reference.
O teste foi realizado primeiramente usando a fonte de alimentação que vem com o Streamer Nagra, e com ambos switch de rede (Melco e Sunrise Lab) nos dois DACs, e com os respectivos cabos – N-Link e Coaxial no TUBE DAC – e apenas o coaxial no DAC Wandla.
A primeira observação é: se o usuário do Streamer Nagra não tiver um DAC Nagra, invista no melhor cabo coaxial possível para ligar ao seu DAC, e esqueça realizar um upgrade para a fonte Nagra – pois as melhorias, ainda que audíveis, são pequenas para tamanho investimento.
Mas, mesmo nessas condições que chamaria de ‘básicas’, o Streamer Nagra se mostrou muito acima do Innuos ZENmini Mk3. Questões que, para mim, são muito relevantes, como imagem 3D (principalmente em termos de profundidade), corpo harmônico e texturas, são extremamente mais corretas e próximas dos exemplos que tenho cópia em mídia física CD.
Agora, o que este consumidor deve investir, se quiser ainda tirar o último sumo deste Streamer, é no melhor switch de rede que puder. E em um bom cabo de rede. Aí você extrairá o máximo deste Nagra.
Diria que, após passar todos os exemplos dos quesitos de minha Playlist – usando o DAC Wandla – sem switch de rede, e reouvir os mesmos exemplos com o Nagra ligado ao switch, tudo melhorou: silêncio de fundo, foco, recorte, profundidade, textura…
Agora, quando passamos a usar o Streamer Nagra com seu par TUBE DAC, e o cabo N-Link, passamos para uma nova dimensão. Estamos falando de pelo menos três a quatro pontos a mais do que quando ouvimos as mesmas músicas pelo cabo Coaxial.
E isso antes de colocarmos uma nova fonte, o switch de rede e cabos de rede mais adequados. Aí temos uma ideia exata da qualidade final deste pequeno notável!
Seu equilíbrio tonal é de outro nível, com maior extensão nas duas pontas, uma imagem 3D com planos corretos, recorte, foco, reprodução de ambiência, nos permitindo relaxar e aproveitar em detalhes o acontecimento musical à nossa frente.
Foi a primeira vez que meu cérebro sentiu prazer em ouvir o primeiro movimento da Quarta de Shostakovich com regência de Klaus Mäkelä com a Orquestra Filarmônica de Oslo (já indiquei essa maravilhosa gravação no Playlist).
Pois se meu cérebro perceber nos primeiros compassos que a orquestra soa perfilada, apenas com largura e altura, sem profundidade, então esquece, meu amigo, pois para mim a audição acabou ali!
Mas, na minha frente surgiu um palco amplo, profundo, com os naipes devidamente focados, sem perda ao se ouvir o todo, como em uma apresentação ao vivo!
Conversando com um amigo músico, que sabe de minhas restrições ao atual estágio do streamer, a primeira pergunta que me fez após minha descrição e do meu empolgamento com essa descoberta, foi: “Então você agora abriria mão da mídia física?” – menos, “Batista”, menos…
O que posso dizer é que nessas condições, gravações excelentes como essa do selo Decca, ficam muito mais ‘confortáveis’ e interessantes se ouvir no streamer, mas não que chegou lá a ponto de substituir a mídia física em um sistema de alto nível.
O que acho importante dizer é que existem caminhos que podem nos levar a investir em um streamer de excelente performance, tomando os cuidados inerentes a este nível de investimento, sem se tornar uma exorbitância monetária com resultados duvidosos!
Todo esse resultado promissor foi alcançado apenas com a utilização da fonte do meu transporte Nagra. O que ocorreria se ligasse a SPU do TUBE DAC e do pré de linha Classic?
Aqui tínhamos um problema. A SPU só pode alimentar dois produtos Nagra simultaneamente. Então para acoplar o Streamer, eu precisaria desligar o pré Classic e usar o pré Audiopax no seu lugar.
Foi o que fiz.
E voltei a passar toda a lista da Metodologia, agora na melhor fonte de alimentação disponível.
Aqui o resultado mais importante foi em termos de silêncio de fundo e, com isso, uma melhora impressionante na apresentação de micro e macrodinâmica. Pois tudo pareceu, nos crescendos, ter mais folga – e nos pianíssimos, mais detalhes!
Nos outros quesitos eu não ouvi diferenças significativas. Então, a outra dica que posso dar para os futuros interessados no Streamer Nagra, é: invistam na fonte Nagra ACPS-III (a que veio com o transporte da Nagra). Acho que com essa fonte a melhora no resultado já será bastante significativa em relação à fonte original.
No entanto, isso só será válido se você também possuir um DAC Nagra para poder usar o cabo óptico N-Link, OK?
Para o uso com DAC de outro fabricante, com o uso de cabo coaxial, fique com a fonte original, como já expliquei.
Uma boa surpresa, que notei mesmo com a fonte original e o uso do cabo coaxial, é que o corpo harmônico do Nagra é impressionante (principalmente comparado com o Innuos ZENmini Mk3). E as texturas também – muito mais refinadas e até com uma boa apresentação de intencionalidade.
E se o futuro comprador seguir minhas recomendações, de investir nos periféricos, ele terá um resultado muito acima do esperado pelo investimento feito.
CONCLUSÃO
Imaginar que dentro de uma embalagem tão minúscula se esconda um Streamer de tão alto nível, é bastante difícil de acreditar, só olhando para este Nagra.
Mas lhe dê a chance de mostrar suas virtudes, e lhe garanto que no mínimo você irá se perguntar como é possível tal façanha sonora?
Se eu fiquei surpreso e cético ao recebê-lo, com larga experiência em ouvir e testar de tudo que existe neste universo hi-end. Imagine o consumidor que está acostumado a sonhar com Streamers com tela OLED, gabinetes do tamanho de um pré de linha Estado da Arte, e se depara com um mini monolito prateado sem nenhum botão para apertar ou girar?
Acredite, eu o entendo! Mas se tudo que lhe interessa é a performance final, e o resto é apenas ‘confeitaria’, você está pronto para descobrir o que este Streamer da Nagra pode fazer pela sua coleção de música armazenada nas nuvens!
E não duvide, a forma como sua música será apresentada poderá até mesmo abalar as suas crenças sobre o que é preciso para se extrair o supra-sumo dessa topologia.
Sabe o conceito de ‘menos é mais’?
A Nagra levou, no desenvolvimento deste seu primeiro Streamer, esta ideia às máximas possibilidades.
O resultado está aí para quem quiser ouvir!
PONTOS POSITIVOS
Um Streamer minimalista com uma performance grandiosa.
PONTOS NEGATIVOS
Absolutamente nada.
ESPECIFICAÇÕES
Conectividade sem fio | Tidal Connect, Spotify Connect, QOBUZ (através do app mConnect), vTuner (Internet Radio), Roon Ready homologado, Airplay 2 (para dispositivos Apple), e UPnP/DLNA (para arquivos na rede local) |
Conectividade física | S/PDIF Coaxial, Nagra Link óptica (para DACs Nagra), USB (para pendrives e Hard-Drives externos). RJ45 para conexão de rede física Ethernet. |
Saídas | – N-Link para DAC Nagra – até DSD 256 (DSD 4x) – SPDIF para outros DACs – até 192 kHz, DSD 64 (DSD 1x) via DOP |
Alimentação | 12 V DC |
Consumo de energia | 10 W (pode aumentar com o uso de um HDD USB) |
Temperatura operacional | +15 °C a +35 °C (clima moderado) |
Dimensões gerais | 185 x 166 x 41 mm |
Peso | 1.9 Kg |
NAGRA STREAMER (COM FONTE ORIGINAL E CABO COAXIAL) | ||||
---|---|---|---|---|
Equilíbrio Tonal | 13,0 | |||
Soundstage | 12,0 | |||
Textura | 13,0 | |||
Transientes | 12,0 | |||
Dinâmica | 12,0 | |||
Corpo Harmônico | 13,0 | |||
Organicidade | 12,0 | |||
Musicalidade | 12,0 | |||
Total | 99,0 |
NAGRA STREAMER NAGRA STREAMER (COM FONTE ORIGINAL E CABO N-LINK ÓPTICO) | ||||
---|---|---|---|---|
Equilíbrio Tonal | 14,0 | |||
Soundstage | 13,0 | |||
Textura | 13,0 | |||
Transientes | 12,0 | |||
Dinâmica | 13,0 | |||
Corpo Harmônico | 13,0 | |||
Organicidade | 13,0 | |||
Musicalidade | 13,0 | |||
Total | 104,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
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