AUDIOFONE – Editorial: FONES COM CANCELAMENTO DE RUÍDO PODEM FAZER MAL À SAÚDE?

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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Vocês não fazem ideia do número de e-mails que recebi após nossos leitores lerem essa notícia, que saiu em várias mídias pelo mundo. O que a matéria levanta é que o “uso excessivo” do cancelamento pode levar ao aumento de casos de Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC). O alarme foi acionado pelo Instituto de Audiologia na Inglaterra.

O TPAC é um transtorno caracterizado pela dificuldade do indivíduo perceber e processar sons, incluindo a direcionalidade, a fonte que o está gerando, e a memorização do mesmo.

Os dados do Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido falam de um aumento considerável de pessoas com esses sintomas, e queixas, embora exames feitos com vários desses pacientes com esses sintomas, indiquem que seu sistema auditivo não apresentou nenhum tipo de problema.

Então se começou a pesquisar se o problema não estaria no cérebro, e na forma como este processa os sons?
Os especialistas consultados então levantaram como primeira hipótese o uso excessivo de fones com cancelamento de ruído, como a explicação mais plausível para o aumento de TPAC. E, mais preocupante ainda, é o fato desses sintomas estarem sendo apresentados por uma legião de adolescentes.

Já que a criação da habilidade de escuta mais complexa e precisa, em nosso cérebro, só termina no início de nossa vida adulta.

O que respondi a todos que me procuraram foi: o que os especialistas definem como uso excessivo? Pois quem nos lê sabe que defendemos editorialmente o uso consciente de volumes seguros para audições superiores a duas horas (nunca exceder picos de dinâmica acima de 82dB e volume médio, de 76 dB).

Será que os especialistas que levantaram essa hipótese do uso excessivo de cancelamento de ruído, fizeram alguma correlação também com o nível de volume que esses pacientes queixosos utilizam no dia a dia e quanto tempo utilizam seus fones?

Quanto ao equilíbrio tonal dos fones com cancelamento de ruído, foi cogitado um estudo da resposta de frequência, e de que tipo de equalização esses usuários apreciam para ouvir suas músicas?

Pois se sabe, por outros estudos bem fundamentados, que o excesso de graves também podem causar reações físicas como tontura e náuseas no cérebro de adolescentes – como também desorientação espacial.

O que estou tentando dizer, amigo leitor, é que precisamos de mais estudos clínicos, um universo mais significativo de participantes do estudo e, principalmente, mapear a relação dos sintomas TPAC com tempo de uso de cancelamento de ruído.

E o essencial: levantar a qualidade do cancelamento de ruído dos fones utilizados por esses pacientes.

Enquanto isso não ocorre, sugiro prudência e, principalmente, uso consciente de fones. Não só para evitar o risco de TPAC como, ainda mais grave: a perda de audição, que já atinge mais de um milhão de jovens com menos de 21 anos, anualmente!

Ou seja, já temos um problema de saúde gravíssimo para ser discutido, divulgado e alertado!

E o TPAC me parece apenas mais um desdobramento do problema maior.

Eu jamais utilizo cancelamento de ruído, mas por outro motivo: pela deterioração da qualidade do som, e por viver em uma área com baixo ruído externo.

Agora, você que vive em grandes cidades e tem uma poluição sonora permanente, meu conselho é: avalie bem a qualidade do seu fone sem fio com cancelamento de ruído, e faça uso desse recurso apenas nas situações que o ruído externo ultrapasse 80 dB, e seja impossível você se concentrar e ouvir sua música.

Pois, se seu fone for ruim e você tiver que exagerar no volume para encobrir o ruído externo, você cometerá erros com sérias consequências a curto prazo.

Pense nisso meu amigo…

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