Teste 1: CAIXAS ACÚSTICAS HARBETH M40.3 XD

Teste 2: TOCA-DISCOS RELOOP TURN X
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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Uma coisa que todo audiófilo precisa assimilar, desde o início de sua jornada, é que não existe uma única fórmula precisa – matemática – para se chegar a resultados virtuosos na escolha de um sistema hi-end.

E sempre uso o exemplo de caixas acústicas, que tem tantas possibilidades que seria incoerente apontar um caminho como o único para se atingir o ‘nirvana musical’.

É óbvio que cada fabricante puxará a brasa para a sua sardinha, na esperança de o convencer que aquele caminho trilhado é o com melhor resultado sonoro.

Só que, na prática, não é isso que ocorre. Peguemos a questão sobre a importância dos gabinetes para a performance final de uma boa caixa.

Temos de tudo: gabinetes de pedra, composites muitas vezes patenteados pelo fabricante, alumínio, carbono, MDF, sem contar os gabinetes híbridos, em que as frentes são de metal e as paredes de madeira.

Existem os fabricantes que alegam que a única maneira de evitar a coloração é fazendo gabinetes ultra rígidos, e outros fabricantes que dizem que os gabinetes precisam não só respirar como soarem semelhante ao corpo de um instrumento musical.

Agora imagine o audiófilo sendo bombardeado por toda sua trajetória com essas informações tão antagônicas, por toda vida!

Como eu sempre escrevo em minhas consultorias, só existe uma maneira de você saber qual atenderá as suas expectativas: ouvindo! E de preferência todas as ‘escolas’ possíveis e que estiverem dentro do seu orçamento.
Se não ouvir, você jamais terá uma opinião segura do que você acredita ser a melhor solução em termos de caixas acústicas.

Outro erro que muitos audiófilos cometem, é achar que as tecnologias são estáticas e que não sofrerão ajustes, aprimoramentos ao longo de sua vida.

Digo isso a todos que, ao pedirem minha opinião sobre caixas, têm já estabelecido o que lhe parece correto e o que lhe soa errado.

Um exemplo clássico é quando o leitor me diz que toda caixa com gabinete de metal soa seca e analítica. Ou, ao contrário, que caixas com gabinete de madeira fina tem muita coloração e graves sem definição!

Eu sempre questiono essas posições com a pergunta óbvia e essencial: será que todas que usarem gabinetes de metal soarão assim? Ou toda caixa padrão BBC de monitoramento soará colorida e com graves sem definição?
Posso garantir a todos vocês que absolutamente essa não é uma regra, e deveria ser expurgada de todo raciocínio lógico de um audiófilo experiente.

Pois como escrevi algumas linhas acima, tudo pode ser aprimorado e corrigido, quando o próprio fabricante percebe ouvindo feedback do mercado e fazendo o comparativo de seus produtos com a concorrência.

Esse é um mercado super dinâmico, meu amigo, então esteja sempre atento e revisite auditivamente marcas que no passado não lhe agradaram.

Isso é ser inteligente, e pode levá-lo a se surpreender!

Desculpe essa longa introdução, mas não poderia deixar de tocar neste assunto, pois toda vez que testo uma caixa deste renomado fabricante inglês, muitos audiófilos me perguntam se realmente elas são corretas e não coloridas em demasia.

E peço a todos os que tiverem essa dúvida, que leiam os testes que já publiquei de todas as Harbeth desta nova linha XD.

Se minha opinião vale algo, o que posso lhes dizer é que todas as Harbeth que avaliei, e tive o prazer de mostrar no último Workshop Hi-End Show, não só me convenceram de suas qualidades, como evoluíram muito em relação às séries anteriores que ouvi e testei.

Diria até que essa série XD deu saltos em termos de performance, que deve ter surpreendido a todo o mercado.
Vou dar um único exemplo que corre nos fóruns internacionais: a série XD agora é bem mais compatível com amplificadores valvulados (uma crítica recorrente nos fóruns sobre as linhas anteriores).

E constatei essa mudança ouvindo esta caixa com dois amplificadores valvulados de apenas 50 Watts: o Audio Research I/50 (leia teste na edição 305) e o Fezz Audio Titania (leia teste na edição 308).

Mas não foi apenas essa mudança que chamou a minha atenção.

Mas, vamos por partes, ok?

A primeira pergunta que os fãs da Harbeth irão fazer é: o que mudou da versão 40.2 para essa nova XD?

Segundo o fabricante, as mudanças foram pontuais, porém bastante significativas em termos de performance final.
A primeira alteração diz respeito ao crossover, que ampliou a resposta de frequência do tweeter, dando-lhe maior respiro e um decaimento bem mais suave e natural.

Outra alteração com esse novo crossover foi aumentar a transparência, com a diminuição do ruído de fundo. Outra foi a de deixar a resposta mais plana em todo o espectro audível – o que nos fóruns, para os apaixonados e donos da versão 40.2, não agradou, pois gostam daquele ‘calor’ a mais na região média dessa versão.

Agora, quanto ao que é essencial, ou seja, a assinatura sônica dos consagrados monitores BBC, ela continua fiel às suas raízes.

O que sugere que todos os amantes de vozes e instrumentos acústicos irão imediatamente ser seduzidos pelo ‘canto da sereia’.

É inevitável esse comportamento de audiófilos, que passam sua vida buscando sonofletores que tenham essa capacidade de exprimir calor e naturalidade na medida certa!

Outra fórmula empregada pela Harbeth desde o lançamento da versão 40.1, é de manter a inclinação descendente acima de 10kHz, para manter sua assinatura sônica tão fácil de ser identificável quando a escutamos (enquanto outros fabricantes ingleses da ‘escola BBC’, como a Graham, estendem esse decaimento mais acima, por volta de 13kHz).
São escolhas que fatalmente levarão os audiófilos que defendem o padrão BBC, a optarem ou pela Harbeth ou Graham.

Agora, ao saber desse detalhe, não comece a fazer conjecturas mentais, pois isso não significa que a Graham soe mais brilhante ou a Harbeth mais fechada.

Será preciso ouvir ambas por um longo período, com suas gravações de referência, para saber o que seu cérebro acha mais atraente e confortável.

Mais mudanças pontuais nessa nova série XD foram em relação aos bornes de caixa, e ao reforço sutil em pequenos pontos do gabinete. Mas batendo o nó dos dedos no gabinete, dificilmente nem o Harbethiano mais fanático irá notar diferenças no típico som oco do gabinete.

Fico imaginando o audiófilo ‘teórico’ fazendo essa avaliação, com o nó dos dedos, percebendo o quanto o gabinete é leve, e chegando à conclusão que não vale a pena escutá-la e que não pode valer o que custa.

Repito: ouça sempre antes de tirar conclusões! Pois a Harbeth 40.3 XD pode lhe fazer deletar todas as suas teorias sobre gabinetes.

E se quiser ter a oportunidade de conhecê-las, eu a demonstrarei em nossa sala no Workshop, abril próximo!
Para o teste, além dos dois amplificadores valvulados, também utilizei os integrados Soulnote A-3 (leia teste na edição 312), o Norma IPA-140 (leia teste na edição 306) e o integrado da Alluxity. E esses três amplificadores integrados também estarão em minha sala no Workshop! E também nosso Sistema de Referência com pré-amplificador Classic Nagra, powers mono HD Nagra, TUBE DAC Nagra, e Streamer Nagra.

As caixas vieram lacradas, o que demandou um longo amaciamento para fazer o woofer de 10 polegadas se soltar e o tweeter ganhar decaimento e extensão.

A região média já sai soando divinamente, desde quando ligada no primeiro minuto.

O que irá ocorrer depois de 180 horas de amaciamento, será o médio-alto se encaixar perfeitamente com a entrada do agudo, fazendo o som passar de frontalizado para uma profundidade digna de 3D!

Segundo o fabricante, a resposta é de 35Hz a 20kHz, sua impedância é de 8 ohms com mínimo de 6 ohms, e sua sensibilidade é de 86 dB. E o fabricante recomenda amplificadores com o mínimo de 35 Watts (eu diria que será preciso ao menos 50 Watts). Seu peso é de 38 kg, então cuidado ao desembalar e colocá-la no pedestal!

Elas não deveriam jamais ser chamadas de ‘bookshelf’, pois suas dimensões são realmente consideráveis, com 75 cm de altura, 43 cm de largura e 38 cm de profundidade. Mas como são feitas para ficarem em cima de pedestais, temos que aceitar sua denominação de ‘super books’.

Eu tenho grande admiração pela assinatura sônica de todas as Harbeths que escutei nos últimos 25 anos! Umas mais que outras, mas reconheço o esforço enorme do fabricante em manter essa assinatura em todos os modelos.
E que assinatura é essa, Andrette?

Uma sonoridade mais para o lado quente do que neutro, porém sem perder a naturalidade que permite nosso cérebro relaxar e desfrutar daquele momento com enorme prazer e admiração.

É perfeito? Óbvio que não, nenhuma caixa independente do seu preço e do marketing do fabricante, o é.

Mas na sala com as dimensões corretas, eletrônica a altura e o pedestal certo, o ouvinte será agraciado com audições muito convincentes.

O que desejo dizer com ‘convincente’, é em relação aos quesitos da Metodologia, que não observei no teste dessa nova série XD, nenhum buraco ou pontas soltas.

O que sempre me perguntei, ao testar caixas desse fabricante, foi o que ocorreria com uma caixa de três vias em com uma resposta nos graves maior – se perderia algo da beleza sonora ou se ganharia aquele corpo e extensão necessários para estilos musicais que necessitam de melhor resposta nos graves, mais corpo e energia?

E a M40.3XD nos dá tudo isso que, nos outros modelos, é mais limitado. Posso garantir que, com esse modelo, não haverá restrição alguma em nenhum estilo musical.

E essa caixa está preparada até mesmo para salas como a nossa, de 50m2!

Tanto que a irei usar em nossa sala no Workshop, de 140m2!

Seu equilíbrio tonal é excelente, com ótimo arejamento nas altas, e um grave realmente com precisão, corpo e energia, sem coloração ou ‘grave de uma nota só’!

E a região média é simplesmente sedutora e realista.

Ou seja, o ouvinte terá a certeza de ter um excelente monitor com o grau de transparência e imersão que todo audiófilo busca, e o melômano sonha!

O soundstage tem largura, altura e profundidade suficientes para nos mostrar foco, recorte, planos e ambiência, fazendo com que possamos acompanhar desde pequenos grupos a grandes obras sinfônicas, sem perder nenhum detalhe.

E as texturas são lindas! Com um grau de nuances de paletas de cores e de intencionalidade de nos fazer redobrar nossa atenção a cada intenção revelada pelo músico, ou na técnica de gravação.

Os transientes, como em qualquer Harbeth, são excelentes na marcação de tempo, andamento e variação rítmica.
E a dinâmica é realmente de outro nível, dentro de todos os modelos deste fabricante.

Sua apresentação de macro-dinâmica é excelente, com os fortíssimos muito bem apresentados, sem deixar a passagem borrada ou difusa.

E a micro-dinâmica é ‘pêra doce’, graças ao seu impressionante silêncio de fundo.

E, finalmente, posso dizer que ouvi uma Harbeth com uma reprodução de corpo harmônico digna de um sonofletor Estado da Arte! Pianos solo do tamanho real, assim como tubas, contrabaixos e tímpanos.

O acontecimento musical se materializa à sua frente, deixando-o a sós com a sua música!

CONCLUSÃO

A Harbeth M40.3 XD é um salto evolutivo capaz de fazer audiófilos repensarem sua opinião sobre as caixas deste fabricante. E digo mais: fazê-los coçar a cabeça se defendem que só gabinetes ultra rígidos são os corretos para a alta fidelidade!

Aos que são abertos a novas propostas fora de sua bolha, perceberão ao ouvir a Harbeth que não é à toa que tantos audiófilos espalhados pelo mundo tenham verdadeira paixão pela assinatura sônica dos monitores de estúdio padrão BBC.

E a 40.3 XD eleva o grau de refinamento e sedução das Harbeth para um novo patamar.

Não as ouvir – se cabe no seu orçamento – é um erro imperdoável, acredite!

Quando já havia escrito esse teste, soube que a Harbeth acaba de colocar em seu site o novo modelo 40.5. Ainda assim resolvi manter o teste, pois com o dólar no atual patamar, creio que a 40.5 chegará a um preço ainda maior.
Então a M40.3 XD, na minha opinião, vale cada centavo do que custa!

Se tiver condições, aproveite, pois a KW Hi-fi ainda a tem em estoque a preço promocional.

Venha à nossa sala no evento, e tire suas conclusões!


PONTOS POSITIVOS

Excelente caixa Estado da Arte.

PONTOS NEGATIVOS

Tamanho, e necessidade de um pedestal rigorosamente na altura correta.


Tipo– 3 vias dutada
– Woofer Harbeth de 300mm
– Médio Harbeth RADIAL2 de 200mm
– Tweeter refrigerado a ferrofluido de 25mm
Resposta de frequência35Hz – 20kHz (±3dB)
Impedância6 a 8 ohms
Sensibilidade86dB (2.83V/1m no eixo)
Amplificação sugeridaA partir de 35W / canal
Dimensões (L x A x P)432 x 750 x 388 mm (+12 mm para bornes de ligação)
ConectoresBornes de ligação da Harbeth de 4mm
Peso38kg cada (sem embalagem)
Cor da telaPreta

CAIXAS ACÚSTICAS HARBETH M40.3 XD
Equilíbrio Tonal 13,0
Soundstage 12,0
Textura 13,0
Transientes 13,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 13,0
Musicalidade 13,0
Total 102,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
SINFÔNICA                    
ESTADO DA ARTE SUPERLATIVO



KW Hi-Fi
fernando@kwhifi.com.br
(48) 98418.2801
(11) 95442.0855
R$ 120.000

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