Vinil do Mês: MAHAVISHNU ORCHESTRA – APOCALYPSE (CBS / COLUMBIA, 1974)

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abril 6, 2025

Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Todo mês um LP com boa música & gravação

Gênero: Jazz Fusion / Rock Sinfônico

Formatos Interessantes: Vinil Importado

Eu cheguei tarde ao jazz fusion – acho que porque nunca fui o maior fã dos discos mais fusion do Miles Davis, entre vários outros, que não agradam muito meu ouvido. E também porque estava ouvindo outras coisas na adolescência e depois.

Resultado? Fui pegar mesmo as minhas duas bandas preferidas de jazz fusion: Mahavishnu Orchestra e Return to Forever, muitos anos mais tarde. Return to Forever tem um dos trabalhos mais ‘rock progressivo’ dessa ‘fusão’ de jazz e rock: Romantic Warrior (Columbia, 1976).

Selo do Disco

Já a Mahavishnu foi direto à ‘fonte’ fazendo uma fusão de jazz, rock e orquestra de cordas de bom gosto, com seu terceiro álbum de estúdio, Apocalypse, de 1974, que traz, além do tradicional violino, viola e cello que os acompanham, a participação da célebre London Symphony Orchestra – creditada na capa, inclusive – sob a regência do (então) jovem Michael Tilson Thomas.

Thomas havia sido uma criança-prodígio musical, e já estava fazendo sua carreira com concertos frente a várias grandes orquestras, como a Boston Symphony, a Buffalo Philharmonic e a New York Philharmonic. Anos mais tarde, em 1988, passou a liderar a mesma London Symphony Orchestra por quase 8 anos.

Contracapa

Apocalypse traz a chamada Segunda Formação da Mahavishnu Orchestra, com a guitarra de seu líder e fundador, o inglês John McLaughlin (Miles Davis, Shakti, Paco de Lucía, Al Di Meola), Gayle Moran nos teclados (Chick Corea, Return to Forever), o famoso Jean-Luc Ponty no violino elétrico (foi um dos dois discos da banda que ele participou), Ralphe Armstrong no baixo, e Narada Michael Walden na bateria e percussão (Chick Corea, Jaco Pastorius, Jeff Beck, Wayne Shorter, Weather Report, Allan Holdsworth) – acompanhados de violino, viola, cello e metais. Tirando McLaughlin e Ponty, os outros membros dessa formação são americanos.

Prensagem Japonesa

A Mahavishnu Orchestra nasceu em Nova York, com a Primeira Formação entre 1971 e 74, depois a Segunda Formação de 74 a 76, e a Terceira Formação de 84 a 87 – entre aparições esporádicas ao longo dos anos.

CURIOSIDADES

Entre as curiosidades está o nome da banda, que vem do fato de McLaughlin ser um dos seguidores do líder espiritual indiano Sri Chinmoy, que o batizou como “Mahavishnu”, sendo que ‘Maha’ significa ‘grande’ em sânscrito, e ‘vishnu’ é uma homenagem à divindade hindu Vishnu. Achei legal, porque ‘Orquestra do Tio McLaughlin’ talvez não fizesse sucesso…rs!

O produtor de Apocalypse é, ninguém mais ninguém menos, que George Martin – um dos grandes produtores de todos os tempos, cortesia de ter sido parte bastante ativa e necessária na maravilha que foram os quatro rapazes de Liverpool, os Beatles. Martin, aliás, considerava Apocalypse um de seus melhores trabalhos. Além disso, o engenheiro de gravação foi o próprio Geoff Emerick, que gravou uma boa parte dos discos dos Beatles. A presença desses dois era esperada, já que Apocalypse foi gravado no estúdio AIR London, de propriedade de Martin.

George Martin com John McLaughlin e Mahavishnu Orchestra, durante a gravação do álbum

A participação do, hoje, famoso violinista Jean-Luc Ponty é emblemática. Ele já tinha tocado na Frank Zappa & the Mothers of Invention e com vários luminares do jazz, e foi ter uma longa e prolífica carreira solo, bastante conhecida – e também tocou no Return to Forever! Aliás, Ponty saiu da Mahavishnu depois do disco seguinte, brigado com McLaughlin, pois uma faixa que ele compôs saiu erroneamente creditada à McLaughlin, e o mal entendido perdurou.

Descobri só hoje que, quando McLaughlin estava formando a Mahavishnu Orchestra, a primeira opção de baixista dele era um jovem chamado Tony Levin – que todo mundo que lê meus textos sabe que é meu baixista preferido e um dos músicos que eu mais admiro. E se o guitarrista Robert Fripp acha Levin um dos melhores músicos que ele conheceu, eu também posso! Rs! Então, como Levin, um baixista prolífico em estúdio e depois no cenário do Rock Progressivo, quase foi parar em um supergrupo de jazz fusion? Acontece que poucos conhecem a carreira pregressa dele, quando era baixista de jazz na Steve Gadd Band e ainda tinha cabelo!

Para quem é esse disco? Para os fãs de jazz fusion em sua vertente bem psicodélica e com alguns acompanhamentos de orquestra. O fusion é um ‘gosto adquirido’, mas quem gosta de Rock Progressivo e trabalhos mais elaborados, recomendo profundamente ouvir Mahavishnu Orchestra.

John McLaughlin com George Martin

Prensagens boas? Eu já ouvi prensagens nacionais, das primeiras – e são ‘audíveis’, tendo horas que irritam um pouco, e com diferenças de qualidade entre faixas no mesmo disco! Por isso indico mesmo as prensagens importadas. O Apocalypse foi prensado mais vezes que baixinho que pega ônibus lotado para ir trabalhar, sendo que só na década de 70 foram 30 prensagens diferentes, desde EUA, Europa, Canadá, Reino Unido, Espanha, Singapura, Venezuela, Itália, Austrália, Argentina, Holanda, Nova Zelândia, África do Sul, Iugoslávia, Israel, até Tchecoslováquia e outros! Eu iria sempre na direção da prensagem americana, talvez da canadense, da ‘europeia’ (que costuma ser a vendida na Alemanha), a do Reino Unido e, claro, o famoso ‘Santo Graal’ das prensagens: a japonesa! Sim, existe uma prensagem moderna de 180 gramas, de 2019 – mas eu não faço a menor ideia se é boa, e tenho visto muitas prensagens recentes que me fazem fugir da maioria dos LPs zero km sendo vendidos, caso se procure qualidade sonora.

Um maio muito musical a todos!

Ouça um trecho de Wings of Karma

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