Espaço Analógico: CARGA DO PRÉ DE PHONO PARA CÁPSULAS MC

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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Uma seção mensal só sobre Toca-Discos de Vinil

A cápsula magnética de um toca-discos é o que transforma a informação lida pela agulha em um sinal elétrico, o qual é transmitido para o pré de phono pelo cabo saindo detrás do aparelho.

Uma cápsula magnética funciona como um motor elétrico. À grosso modo, um motor elétrico, como em um ventilador ou um brinquedo – dentre milhares de aplicações no mundo moderno – tem uma bobina girando livre envolta em magnetos: quando se introduz eletricidade na bobina, ela cria um campo magnético oposto ao dos magnetos, que ‘repelem’ a bobina, fazendo então o motor girar.

Acontece que, se você girar a bobina manualmente, você cria o caminho inverso, gerando eletricidade. Assim que funcionam os alternadores que carregam a bateria do carro e, em formato gigante, os dínamos de uma usina hidrelétrica, que giram em altas velocidades com a força da gravidade aplicada pela água que cai da represa e passa sob pressão em uma tubulação.

Uma cápsula de toca-discos MM, Moving Magnet – o design mais barato e comum – tem um ou dois magnetos, que se movem entre duas bobinas, como um motor invertido. A vibração que a agulha capta do sulco do LP, é transferida através do cantilever (a haste que tem a agulha em uma ponta) para os tais magnetos, os quais estão presos na outra ponta do cantilever. O sinal elétrico, pequeno que é, é transferido pelos fios do braço até o pré-amplificador de phono – um sinal geralmente de 3 a 5mV, o qual é amplificado para algo próximo de 2V, que é aproximadamente o padrão do chamado sinal “de Linha”, usado pela entrada de todos os amplificadores, menos a entrada Phono.

MC por dentro

Quanto uma agulha de uma cápsula MM gasta ou estraga, você a troca desencaixando uma peça e pondo outra – e essa peça, além de seu invólucro plástico e encaixe, contém sempre a agulha (o diamante), o cantilever e os magnetos. O que fica no corpo da cápsula são apenas as bobinas.

Uma cápsula MC – Moving Coil – funciona de maneira invertida à MM: as bobinas móveis ficam na outra ponta do cantilever, e vibram estando envolvidas por magnetos fixos que ficam dentro do corpo da cápsula. Seu sinal elétrico é muito baixo, com uma média de 0.3mV, e ele precisa ser amplificado significativamente para chegar à saída com sinal padrão Linha do pré de phono. Esse sinal elétrico baixo de suas bobinas também explica o porquê das cápsulas MC serem tão pesadas: a necessidade de magnetos muito maiores que os das cápsulas MM.

O design MM é mais óbvio, mais simples e bem mais barato. Equipa toca-discos de todas as estirpes, principalmente das mais simples, e hoje existem cápsulas MM com ótima qualidade de som por preços começando em US$100, no exterior – mas chegando até aproximadamente US$1.000!

MM por dentro

As vantagens da MM são sua saída alta, que permite prés de phono mais simples com menos ganho, menor possibilidade de interferências e de ruídos de fundo, além de não precisarem de configurações especiais de carga, pois todas acabam tendo uma impedância interna semelhante e bem alta. As agulhas de reposição das MM também são mais fáceis e baratas, pois um cantilever mais grosso com uma agulha menos refinada em uma ponta e um magneto em outra, é bem mais barato do que uma agulha de tamanho mínimo, com perfil complexo, ligada à um cantilever finíssimo, rígido e leve, feito de materiais especiais, e com um par de bobinas do outro lado cujo fio é tão fino que faz um cabelo humano parecer um mastodonte, como é nas MC. E a fragilidade dessas bobinas também praticamente impede que uma agulha seja, em uma cápsula MC, trocada pelo usuário sem dafinificar permanentemente as bobinas.

As cápsulas MC de alto nível todas precisam de um valor de carga baixo selecionável no pré de phono que será usado. Isso é absolutamente necessário para se tirar o melhor resultado. Isso além do alto ganho e refinamento do circuito do mesmo pré de phono, para trabalhar com seus sinais elétricos super baixos.

As duas coisas, principalmente, que fazem uma cápsula MC custar tão mais caro que uma cápsula MM, são o conjunto de agulha/cantilever, e a complexidade e dificuldade de se fazer a bobina.

Este não é um tópico sobre o qual dá para se estender muito, mas é algo que já me foi perguntado algumas vezes – e acho que ficou bem esclarecedor, e bem ilustrado.

Bom maio a todos!

E, não se esqueçam: quaisquer dúvidas, entrem em contato: christian@clubedoaudio.com.br.

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