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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Uma nova seção mensal – trazendo disparates ditos sobre áudio e audiofilia!

patacoada (substantivo feminino)

  1. dito ou ação ilógica; disparate, tolice.
  2. gracejo desabusado.

Em cartaz, este mês, os seguintes gracejos desabusados:

AUDIÓFILOS DEFINEM OBJETIVISTAS E SUBJETIVISTAS COMO EXTREMOS

De um lado, os Objetivistas, que só acreditariam em medições e gráficos, e até só escolhem e compram equipamentos de acordo com medições e especificações, e aquele papo besta de só estar “se baseando na ciência”. E, claro, quando eles falam de ciência, esquecem convenientemente de que existem outras ciências que afetam o som, a audição e a percepção, como a neurociência, por exemplo. Então ficam lá olhando seus gráficos e resultados de laboratório e morrendo de medo de sentar e Ouvir, para não dizer educarem seus ouvidos, criarem Referência e Memória de Longo Prazo (sim, esses foram provados pela Ciência, sim senhor!).

O certo? Usar as medições e especificações até certo ponto, e ter a Sabedoria de que depois disso precisarão Ouvir e Perceber para chegarem ao resultado final da real Qualidade Sonora – como já foi dito à exaustão por inúmeros projetistas consagrados de equipamentos (os quais, muitos Objetivistas preferem ignorar, ninguém sabe dizer porquê).

Como disse o Sr. Spock, em Jornada nas Estrelas: “A lógica é o começo da sabedoria, e não fim” – e o mesmo se aplica a toda a ciência relativa ao áudio e seus equipamentos.

E isso é mais Fato Prático do que Conjectura – tornando a discussão a mais inútil de todo o áudio. E a mais frequente, também, fazendo parecer mais fanatismo religioso do que busca por real Qualidade Sonora.

Do outro lado, temos os Subjetivistas, cuja pior definição que eu já ouvi é que eles “só seguem seus instintos”, ou que “o resultado sonoro faz é suscitar uma reação emocional” – e que é isso que eles seguem. Este é o conceito errado mais hilariante (e irritante) que eu já ouvi.

Eu sou considerado um Subjetivista, porque sei que as medições e as especificações falham em dizer um monte de coisa sobre o resultado sonoro de um equipamento. E, veja, se eu digo que uma caixa acústica é equilibrada, tem som puxado para o musical, texturas e timbres corretos e bom corpo harmônico, não é uma questão de ser ‘Minha Opinião’ suscitada por mexer emocionalmente comigo, ou mesmo ‘ativar meus instintos’.

Se eu digo isso sobre uma caixa, é porque eu sei que o timbre que ela reproduz é fiel ao timbre que o instrumento real dá, ‘in loco’, acusticamente, puro (e, também, muitos dos instrumentos eletrônicos). É porque eu sei que seu corpo harmônico é próximo daquele dos instrumentos reais – porque eu conheço muitos dos instrumentos reais! É porque eu conheço bastante sobre gravações e captação dos ditos instrumentos, e até sobre a experiência de se ouvir até uma centena deles ao mesmo tempo (em uma orquestra sinfônica). Eu dediquei minha vida profissional – e boa parte da pessoal – a isso! Não é “uma questão de opinião”, é “uma questão de conhecimento e habilidade”.

E, em cima de conhecimento e habilidade, seguimos uma Metodologia repetível para avaliar equipamentos. É uma ‘ciência’? Não.

Mas, aí vem algum Desgovernado Conceitual querer achar, então, que tudo que dizemos sobre equipamentos é só ‘nossa opinião’, é algo que ‘tiramos da cartola’, como um mágico de festa infantil.

Muita gente, infelizmente, só trabalha com extremos – são os Extremistas da Áudio (ficou parecendo nome de grupo de pagode…).

DIFERENÇAS ENTRE CABOS MEDIDAS SOMENTE NA RESPOSTA DE FREQUÊNCIAS

Mais uma de Objetivistas: para saber se cabos são melhores ou piores, muitos deles acreditam que basta fazer o chamado ‘Null Test’, onde você mede um resultado de resposta de frequência com um cabo, e depois com outro, e os sobrepõem (à grosso modo) de maneira a ver se um “tem mais ou menos música que o outro”, se há uma diferença na Quantidade de música que sai do outro lado.

O Null Test, na verdade, soma os dois sinais, e mostra como resultado qualquer pequena diferença que exista entre eles. Até aí, OK. Porém, isso é 100% Quantitativo, e 0% Qualitativo, porque as pessoas têm dificuldade de entender e visualizar que as coisas têm um aspecto Qualitativo. Aquele resultado sonoro tem qualidades que o caracterizam, e não só quantidades de ‘mais ou menos frequências’.

Ou seja, esse teste, para fazer uma analogia com comida (pois é algo que sempre todos entendem) seria o equivalente de comparar uma macarronada de um restaurante com a de outro, comparando o tamanho do prato, a quantidade de macarrão e a quantidade de molho.

Esse é mais um Desgovernado Conceitual…

AUDIÓFILO QUE DIZ QUE A APRECIAÇÃO PESSOAL É QUE DETERMINA A QUALIDADE DE SOM

Essa é uma pérola do extremo Subjetivismo. Imagine alguém nivelando tudo igual um hambúrguer congelado de 5 reais de supermercado, com um feito com carne de primeira de verdade de alguma hamburgueria de alto nível, simplesmente porque seria a sua apreciação que determinaria o nível de qualidade de um em comparação com o outro.

A única coisa que eu posso fazer é relembrar as pessoas que Audiofilia, que o Áudio Hi-End, é algo cujo próprio conceito é voltado para Qualidade – por definição, não por ‘apreciação pessoal’.

Não dá para validar a ideia de que, se aparecer alguém cuja apreciação pessoal acha que uma soundbar é do mesmo nível de um sistema audiófilo de entrada, então essa soundbar passaria a ser.

Já vi muito escrito em fóruns que “Hi-End é aquilo que você acha que é hi-end”, que “Hi-end é aquilo que te agradar”, etc. Esse relativismo não poderia ser mais mal pensado, mais mal informado. Agora, se não querem se informar, ou não conseguem se informar (o que é pouco provável hoje em dia), eu não sei dizer.

Uma analogia seria achar que carro ser bom é relativo. Uma pessoa pode achar que qualquer um é bom – e isso é válido se o cara não tiver nenhum interesse em conforto, dirigibilidade, segurança, estabilidade, ruído, performance, frenagem, espaço interno, nada disso! Se o cara acha que é um meio de levar ele de um lugar para outro, então qualquer carro que ande, está bom.

Só que é inerente à Audiofilia, meu amigo, se guiar por todos os aspectos Qualitativos de um equipamento de som, e não pela apreciação pessoal do indivíduo que não leve em conta esses aspectos. Não é um vale-tudo centrado em conceitos relativos.

“Se você quiser três opiniões distintas, pergunte para dois audiófilos!” – melhor frase jocosa.

E que julho nos traga ainda mais Patacoadas Divertidas!

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