Teste 2: CAIXAS ACÚSTICAS AUDIOVECTOR TRAPEZE REIMAGINED

Teste 3: CABOS ZAVFINO SILVER DART & GOLD RUSH
junho 5, 2025
Teste 1: AMPLIFICADOR MONOBLOCO AIR TIGHT ATM-2211
junho 5, 2025

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Falar de um produto que participou do nosso mais recente Workshop é muito legal, pois sei que minhas observações serão muito mais bem compreendidas por todos que tiveram a possibilidade de ouví-lo no nosso evento.

E foram centenas de leitores que ouviram e saíram da apresentação convencidos que essa caixa tem qualidades dignas de um produto reimaginado para comemorar os 45 anos de existência da Audiovector.

A Trapeze original foi lançada em 1979 e ganhou a admiração de muitos consumidores dinamarqueses, que viram no esforço de seu projetista Ole Kliffoth, um resultado surpreendente tanto em termos de formato da caixa como de performance.

A começar pelo seu formato trapezoidal, que visualmente pode a princípio causar um certo estranhamento, mas que quando reproduz a primeira nota, substitui a resistência ao seu formato por um semblante de incredulidade com o que aquele estranho objeto, que poderia estar perfeitamente em uma tela do pintor Salvador Dali, nos apresenta em termos de performance, autoridade e beleza.

Ao criar um gabinete em que nenhuma parede é idêntica a outra, se reduz drasticamente as ondas estacionárias internas, e que junto com a inclinação da frente do gabinete, as três dimensões se tornam bem distintas.

Esse seu formato, que muitos dos participantes do Workshop a princípio estranharam, foi capaz, assim que ouviram as gravações utilizadas para apresentar a assinatura sônica do sistema, de transformar estranhamento em espanto.
Afinal, quem leu algum teste da Trapeze publicado no exterior, ficou com a impressão que pelo seu tamanho é uma caixa para no máximo uma sala de 40m!

E o que cada turma do Workshop, de 60 a 70 pessoas ouviu, era uma caixa soando com autoridade, firmeza e encanto em uma sala de 140m!!!!

Vou dar apenas um exemplo, que li em um dos reviews publicados no exterior, em que o revisor fala que pelo seu desenho a distância máxima entre elas não deve ser superior a 2.40m, e ficarem distantes no máximo a um metro das paredes.

Para você que não foi ao nosso Workshop, deixa eu lhe descrever a posição que as Trapeze foram apresentadas: 6 metros da parede às costas das caixas, 4 metros entre elas e 1.40m das paredes laterais.

Outra coisa que li em pelo menos dois testes: que a Trapeze tem uma imagem mais larga que profunda, e seus graves descem bem, mas não o suficiente para causar aquele deslocamento de ar de caixas muito maiores.

Pergunte a quem esteve lá, como soaram os tímpanos da Fanfare for the Common Man do Aaron Copland. E como era a profundidade dos tímpanos em relação aos naipes de metais.

Outra besteira que um revisor escreveu foi que as caixas, em volumes altos, se saem bem, porém perdem um pouco da inteligibilidade em fortíssimos.

De novo, sugiro que perguntem aos participantes como, nos fortíssimos, se comportaram os planos, foco, recorte e inteligibilidade na faixa do Copland, ou então na magistral gravação da orquestra Jazz at the Lincoln Center com o Wynton Marsalis ao vivo, em Cuba, na faixa Baa Baa Black Sheep. Se em algum momento, foi difícil acompanhar os solos e todo o restante da big band!

E a Trapeze, tendo como parceiro o excelente integrado da Arcam, o novíssimo SA45 (leia teste na edição de julho).
Meu amigo, acho que está na hora de colocarmos os ‘pingos nos is’, sobre revisões de áudio mundo afora. Pois alguma coisa de muito errado existe em muitas das conclusões. Na maioria das vezes, não bate com o que observamos deste mesmo produto em nossa sala de testes, com nosso Sistema de Referência, e agora em nossos Workshops anuais.
A Trapeze é uma caixa que irá surpreender qualquer audiófilo que tenha um bom sistema, uma sala minimamente tratada acusticamente, e que saiba fazer um setup adequado de suas caixas.

É o tipo da caixa que não tem erro para se extrair o sumo do sumo, pois seu design já determina o canal esquerdo e direito, como precisam ser alinhadas (com o mínimo de toe in – de preferência nenhum) e arejamento suficiente entre elas (pelo menos de 2.80m a 4m), e 1m das paredes a sua volta.

Tendo esses cuidados, você precisará ter paciência para passar por todo seu processo de amaciamento (o fabricante fala em apenas 50 horas – esquece, será preciso o triplo para tudo entrar nos eixos), e não esquecer de só usar o ajuste de damping depois da caixa integralmente amaciada. Pois do contrário, você poderá tirar conclusões erradas, como eu mesmo tirei.

Mas vamos lá – dizem que “o que os olhos não veem o coração não sente”, então farei um trocadilho com esta frase popular, para: “o que os olhos não veem, seu sistema auditivo terá dificuldade de entender como a Trapeze faz isso”.
Estou falando dos seus graves, que ainda que pareçam – com seu woofer de 12 polegadas – atender a 90% dos estilos que as pessoas escutam, como ela consegue graves com tanta energia e deslocamento de ar?

A resposta está no que a Audiovector chama de sistema Isobaric Compound Bass, onde um woofer interno se esconde atrás do de 12 polegadas, sendo este um de 8 polegadas, ‘camuflado’ dentro do gabinete, em um compartimento com maior volume, para somar com o externo e dar essa energia incrível e precisa na reprodução dos graves. Esses dois woofers utilizam membrana de papel de fibra longa, leve, porém rígida e com uma bobina de 4 polegadas, livre de histerese e totalmente ventilada.

O falante de médio de cinco polegadas utiliza um cone de papel leve e impregnado com uma resina. Seu chassi é feito de uma composição de alumínio e magnésio, e o imã utilizado é um modelo circular de neodímio ventilado.
O tweeter é um AMT, com a parte traseira ventilada, e fiel ao projeto original do Dr Oskar Heil. Sua membrana de Mylar é extremamente leve, com tiras de alumínio.

Segundo o fabricante, o Mylar foi escolhido pelo seu excelente amortecimento interno e baixa distorção, mesmo em alto volume. Esse tweeter também utiliza imãs de neodímio N51, muito mais fortes do que os normalmente utilizados em projetos concorrentes.

O crossover é bastante simples e minimalista, utiliza capacitores personalizados de alta qualidade, com dielétrico de polipropileno e folha de cobre estanhada. Todos os componentes do crossover são tratados criogenicamente, e com tolerâncias menores que 0.3%.

Como disse alguns parágrafos acima, a Trapeze leva em conta o fator de amortecimento dos amplificadores que podem ser usados, e por isso colocou uma chave seletora de três posições no painel traseiro, junto com os terminais de caixa e o de aterramento.

A primeira posição é para amplificadores transistorizados com damping baixo. A segunda posição do meio para amplificadores com alto fator de amortecimento, e a última posição para amplificadores valvulados.

Vale a pena o usuário, depois que a Trapeze estiver seguramente amaciada, fazer o teste auditivo para saber qual das três posições tem o melhor casamento com sua amplificação.

Pois as diferenças são audíveis!

Eu não consegui utilizar o sistema de aterramento da Trapeze, mas li pelo menos duas avaliações em que seu uso permitiu um maior silêncio de fundo, permitindo uma inteligibilidade da micro-dinâmica ainda mais precisa.

Faz todo sentido essa observação, e creio ser muito interessante a todos futuros compradores desta caixa fazerem este teste.

A lista de equipamentos utilizados nesse teste foi grande. Amplificadores integrados Norma Audio Revo IPA-140, Soulnote A-3, Arcam SA45, Sunrise Lab V8 Anniversary SE, e Alluxity Int One MkII. Powers Air Tight monoblocos ATM-2211 (leia Teste 1 nesta edição) e Nagra HD. Pré de linha Nagra Classic, e pré de phono Soulnote E-2. No digital, Streamer Nagra, Transporte CD Nagra, e TUBE DAC Nagra. Cabos de interconexão da Dynamique Audio linha Apex, e Zavfino Silver Dart RCA e XLR (leia Teste 3 nesta edição). Cabo de caixa Dynamique Audio Apex. Cabos de força Dynamique Audio Apex, Transparent Reference G6 e Zavfino Silver Dart. E cabos de rede Dynamique Audio Apex (leia teste na edição de agosto de 2026).

Vou direto ao ponto: corações ansiosos não poderão ouvir as primeiras 100 horas da Trapeze, pois será uma ‘montanha russa’ de sustos.

Pois nesse período a caixa varia muito, hora sobrando grave e faltando agudo, e depois os médios saltam à frente, dando a imaginarmos que ficarão assim para sempre, rs.

Eu cheguei a duvidar que nesse período a caixa ficaria no ponto em que foi apresentado no Workshop. Pois ainda que a quisesse mostrar, já que a QR 7 no ano passado fez tanto sucesso junto aos participantes do Workshop, a data do evento deste ano estava cada vez mais próxima, e tanto a Trapeze como o Arcam SA45, teimavam em não entrar nos eixos.

Quem ouviu como tocou este setup no Workshop, não tem ideia do sufoco que foi preparar ambos para uma performance tão impecável.

Felizmente deu tudo certo, e hoje enquanto finalizo esse teste, me pergunto como tem pessoas que não acreditam em amaciamento, e como um produto pode melhorar tanto depois de feita sua queima.

O audiófilo ansioso, se ouvir a Trapeze antes das primeiras 100 horas, sairá detonando a caixa.

Ossos do ofício, meus amigos.

Depois de tudo encaixado, seu equilíbrio tonal é corretíssimo, sem vales ou picos e com uma naturalidade que encanta. Seja para vozes, instrumentos acústicos ou eletrônicos.

Ela não escolhe estilos musicais, e muito menos se intimida com gravações complexas e com enorme variação de tempo e dinâmica. Seus graves são corretos, com enorme energia, deslocamento de ar e velocidade.

A região média segue a regra da Audiovector, de realismo e precisão, sem passar do ponto e cair no analítico. E seus agudos nos mostram a razão da Audiovector apreciar tanto os tweeters AMT – são velozes, com corpo, decaimento suave e arejamento suficiente para nos apresentar detalhes do tamanho da sala de gravação e até mesmo a quantidade de reverb digital utilizado na mixagem.

Zero de brilho indevido ou dureza na reprodução das altas frequências.

As texturas são ricas, e a qualidade das intencionalidades nos mostra o quanto este fabricante é atento na recriação deste quesito e à importância do nosso cérebro reconhecer as sutilezas de cores da paleta, para termos uma noção exata da qualidade e riqueza tímbricas de cada instrumento.

É um deleite ouvir instrumentos acústicos na Trapeze, justamente por essa facilidade em nos apresentar este quesito.
Os transientes são sedutores, em termos de marcação de tempo e variação rítmica. O ouvinte nunca terá a sensação de um andamento arrastado ou letárgico, se depender da Trapeze. Você facilmente se verá batendo o pé na marcação do tempo, enquanto saboreia sua música.

Eu, na introdução, já falei do quanto a Trapeze é brilhante na apresentação do palco sonoro, planos, largura e profundidade, mas sobretudo em manter o foco e recorte tanto dos solistas como de todo o acompanhamento, sem achatar nos fortíssimos a imagem, como muitas caixas infelizmente fazem (até caixas muito mais caras).

Não imagino prova de fogo maior deste quesito, do que na sala (um verdadeiro ‘corredor polonês’) do Workshop no Hotel Bristol, em que a Trapeze mostrou o quanto ela é versátil e competente em manter os planos solidamente à nossa frente.

Dinâmica idem.

E não imagino exemplo mais contundente do que o Copland utilizado no Workshop, e como ela se manteve íntegra, sem nenhum resquício de desconforto auditivo, mesmo nos fortíssimos com uma sala com 60 pessoas!

Que autoridade, para uma caixa de dimensões tão pequenas!

Seu cérebro demora para entender que aquela caixa a sua frente tem esse grau de imponência e autoridade na apresentação da macro-dinâmica.

E quanto à micro, usarei um termo que meu pai sempre citava quando ouvia algo fácil de ser executado: “mamão com açúcar”.

Você sonha em ver materializados em sua sala de audição os músicos à sua frente?

Junte essa Trapeze com uma eletrônica a sua altura, e esse desejo será realizado. Eu fiz isso nos quatro dias do evento, com todas as faixas utilizadas para explicar assinatura sônica.

A Trapeze não terá dificuldade alguma em materializar o acontecimento musical. Desde que a gravação tenha essa magia. E não estou falando de gravações ultra audiófilas, apenas de gravações bem-feitas, em que o engenheiro de gravação não colocou dois instrumentos na mixagem no mesmo espaço físico.

Com esse cuidado, e uma boa captação, a Trapeze recria o evento musical para você.

A apresentação de corpo harmônico em uma caixa de tamanho ‘modesto’ será um acontecimento, pois ela não só recria o tamanho dos instrumentos, como os coloca com enorme precisão à sua frente. Seja um instrumento solo, ou um naipe de cordas.

É amplo, arejado, permitindo a seu cérebro acreditar que o que está ouvindo é verossímil com uma apresentação real!

CONCLUSÃO

Achar uma caixa acústica no nosso mercado hoje, acima de 100 pontos, não é mais uma raridade como era cinco anos atrás.

Todas as caixas apresentadas no evento estavam acima de 100 pontos. E como expliquei na introdução de cada apresentação do Workshop, a vantagem de ouvirmos caixas acima de 100 pontos, é que não temos mais que nos preocupar se ainda existe ‘pontas soltas’ nos oito quesitos da Metodologia.

Pois tudo está devidamente correto e coerente, permitindo o ouvinte se preocupar apenas com o que deseja extrair do seu setup.

Caixas neste nível são impactantes, emocionantes e nos permitem entender o quanto a música que amamos pode ficar ainda mais intensa e genuína.

Com isso podemos finalmente exercer nosso direito de buscar apenas a assinatura sônica que desejamos, e passamos anos procurando.

Para os que desejam uma caixa que não escolhe gêneros musicais, toca equilibradamente em qualquer volume ‘seguro’, e nos faz ouvir com prazer redobrado nossa coleção, eu sugiro que a Trapeze Reimagined entre na sua mira de escuta.

Pois pode perfeitamente ser a caixa ideal para quem quer som de colunas maiores, porém tem restrição a espaço e grana.

De olhos vendados, eu lhe garanto que ninguém jamais acertará o tamanho da Trapeze. Pois ela realmente é notável em fazer coisas que muitas caixas bem maiores não fazem!

Dê a ela uma eletrônica compatível (não falo de pré e power, e sim de um ótimo integrado acima de 100 pontos) e você irá se surpreender dia após dia com o quanto a Trapeze Reimagined é impressionante!


PONTOS POSITIVOS

Não cometa o erro de julgá-la pelo seu tamanho.

PONTOS NEGATIVOS

Precisa de salas de no mínimo 20m para dar o seu melhor.


ESPECIFICAÇÕES

Resposta de frequência23Hz a 53kHz
Impedância média8 Ohms
Impedância mínima6.5 Ohms (a 20kHz)
Sensibilidade88 dB SPL (a 1 m / 2,83 Vrms)
Distorção<0.2% THD (a 90 dB SPL)
Potência máxima de pico450 W
Frequência de Crossover500 e 3.000 Hz
Unidade de graves12 polegadas com bobina de 4”
Unidade de médiosNeodímio de alta resolução de 5”
Unidade de agudosAMT 3800 mm2 da Audiovector
TerminaisBornes de ligação de cobre/latão banhados a ouro de alta corrente, para plugues ou spades de 4 mm
Dimensões (L x A x P)42 x 87,5 x 43,5 cm
Peso25kg (cada)
CAIXAS ACúSTICAS AUDIOVECTOR TRAPEZE REIMAGINED
Equilíbrio Tonal 13,0
Soundstage 13,0
Textura 13,0
Transientes 13,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 13,0
Total 102,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
SINFÔNICA                    
ESTADO DA ARTE SUPERLATIVO



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