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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

É pública minha admiração por caixas bookshelf – testei ao longo dos 27 anos inúmeras, das mais baratas a algumas bem caras.

E tenho dito exaustivamente o quanto as books evoluíram, e podem ser a caixa definitiva de inúmeros leitores com salas de até 16 metros quadrados, dedicadas ou compartilhadas com a família.

A resistência a escolher uma book está muito mais no preconceito ou em referências de antigas books dos anos 80 e 90, de que algo irá faltar, em determinados estilos musicais. Quando deparo com esse tipo de resistência, muitas vezes infundada, sugiro que o leitor leve seus discos e ouça apenas, antes de firmar posição que books não são sua opção.
Books sem grave e sem corpo, fazem parte de um passado que não predomina mais.

Hoje qualquer book decente responde pelo menos a partir de 50 Hz, e bem posicionadas em salas pequenas sem tratamento acústico, são muito mais fáceis de ajustar que qualquer coluna nesse mesmo espaço.

Outra vantagem é que podem ficar mais próximas as paredes e entre elas, e ainda assim reproduzir uma imagem 3D com respiro, foco, recorte e planos hiper detalhados.

Eu só não recomendo books para os grave-dependentes, pois esses não irão jamais ter uma convivência prazerosa com essas pequenas monitores.

Para todos os outros, independente de gosto musical, há opções excelentes que vão de 4 a 60 mil reais!

As Books, assim como as Torres, possuem sua assinatura musical, portanto é importante antes de bater o martelo ouvir algumas opções que atendam a seu bolso e a seu gosto e expectativa.

Como sempre digo: a caixa é que dará a assinatura final ao sistema. Se achar uma caixa que tenha uma assinatura mais para o quente, e por com uma eletrônica valvulada, pode ficar excessivamente quente. Ir para uma caixa com hiper transparência e uma eletrônica transistorizada, pode ficar cansativo.

E se tiver a sorte de encontrar uma que busque se manter na neutralidade, será preciso buscar uma eletrônica parecida com essa assinatura.

Tive mais de uma dezena de books em minha vida. E todas que tive, as escolhi por um conjunto de qualidades que, além de me seduzirem, permitiam ser também um instrumento de trabalho (fosse em nossas gravações ou como referência para testes).

As books que mais tempo ficaram comigo, foram as que me permitem, em minhas horas de lazer (que sempre foram raras), poder ouvir meus discos preferidos sem o lado ‘revisor crítico de áudio’ ser acionado (rs…).

Pois, depois de 30 anos fazendo isso, nos momentos de paz e sossego quero, como todos vocês, apenas sentar, fechar os olhos, apertar o play e me encantar com a música que estou ouvindo.

Dentre as books dos últimos anos que conseguiram realizar esse desejo com enorme prazer, foram duas: uma Harbeth testada recentemente da linha DX (leia o teste 3 nesta edição), e a Boenicke W5SE – que já comentei inúmeras vezes o quanto ela me seduziu e ficou lacrado em minha memória musical!

Ambas são books caras, rs…, que conseguem ultrapassar a barreira de serem eficientes em sua proposta e nos atingir em cheio no aspecto auditivo/emocional.

A única semelhança entre elas, é que ambas tendem muito mais para a neutralidade.

Mas a Harbeth tem muito mais o DNA de um monitor de estúdio hi-end, e a Boenicke de nos colocar no mesmo espaço físico do acontecimento musical.

Para o meu momento atual, em que desejo que a hora de lazer seja repleta de emoção (falo da emoção que nos remete a revisitar momentos marcantes e ainda repletos de detalhes, do tempo e espaço em que ocorreram), a W5SE é a companhia perfeita!

Tive a oportunidade recentemente de ter a companhia da W5, e como testei a versão SE, minha curiosidade em ouvir as diferenças foi determinante para pedir ao importador emprestado. Como todos revisores que tiveram a oportunidade de ouvir ambas, concordo que a maior diferença está na extensão das duas pontas.

Entretanto, no resto, são absolutamente idênticas – o que me fez novamente perceber o quanto essa microbook é surpreendente e única! Adoro ver o ar de desprezo das pessoas ao verem seu tamanho e o grau de desconfiança de que ‘aquilo’ possa tocar ‘de verdade’!

Ainda mais em uma sala de 50 metros!

O desprezo muda instantaneamente para torpor ao ouvir as primeiras notas e perceber que aquilo que estão escutando não pode estar vindo de caixas tão minúsculas! Já tive ouvintes que levantaram e foram averiguar se eu não estava lhes pregando uma peça!

Os graves são sólidos e corretos, mostrando ser ela a exceção à regra da física que nos diz que um falante de 5 polegadas não pode responder baixas frequências com tanta precisão, velocidade, corpo e deslocamento de ar.
E o que dizer daquele mini-falante de 3 polegadas para responder de 1600 Hz até quase 19 kHz?

E de onde vem a materialização do ambiente de gravação em um palco que ultrapassa em mais de 1 metro as caixas nas laterais, e aquela profundidade quase que real dos naipes de metais e percussão, a soarem no fundo do palco? É de um minúsculo tweeter atrás da caixa, logo acima dos bornes, que nos dá esse arejamento absurdamente orgânico e real!

Poderia escrever (como fiz no teste da W5SE, na edição 211), páginas e páginas das suas habilidades quase que metafísicas, mas não iria adiantar muito, eu sei! Pois estamos ‘anestesiados’ de ouvirmos todos os dias que o novo produto ultrapassou os limites até então existentes em termos de performance, que não acreditamos mais que isso seja fato.

Eu te entendo perfeitamente, e não o crítico, pois está cada vez mais difícil acreditar nas promessas que nos bombardeiam diariamente.

Então, o que me consola é saber que cada vez que tenho a oportunidade de conviver por algum tempo com a W5, convido amigos queridos a ouvirem e descobrirem seus encantos e poderem, com seus próprios olhos e ouvidos, descobrir que existe uma book, ou melhor uma microbook, que faz coisas que até Deus duvida!

Se você ler meu teste da Boenicke W5SE, verá que eu também fui cético ao retirá-las da embalagem, e hoje sou talvez o seu maior admirador!

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