Espaço Aberto: FILARMÔNICA DE GOIÁS – A GARRA DEU O TOM

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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Sabe aquele time que, tecnicamente, não é o favorito, mas vai lá e joga com garra, com vontade, com paixão, e vence? Esse time é a Orquestra Filarmônica de Goiás, nas mãos do maestro inglês Neil Thomson, em concerto ao vivo dia 15 de julho, no Festival de Inverno de Campos do Jordão deste ano, na conhecida estância climática, a 200 km de São Paulo.
O programa foi bastante ousado, porque em vez de tocar obras queridas do público erudito em geral, a Filarmônica de Goiás trouxe apenas compositores brasileiros, incluindo uma fanfarra do catarinense Edino Krieger, uma abertura do paulista Camargo Guarnieri (com competentíssimo trabalho da percussão da orquestra), e nos brindou também com um concerto para violoncelo do amazonense Cláudio Santoro – que dá nome ao Auditório e também fundou e passou seus últimos anos de vida frente à Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília – belamente tocado pela cellista Marina Martins, uma filha de brasileiros nascida na Nova Zelândia. Completando o programa com chave de ouro, estava a Sinfonia Popular No.1, do gaúcho Radamés Gnatalli, que traz várias temáticas brasileiras. Uma grande noite!

O Festival foi fundado em 1970 pelo então Secretário Estadual da Fazenda, Luiz Arrobas Martins, depois como núcleo pedagógico (seguindo o exemplo de festivais como o de Tanglewood, nos EUA) em 1973 pelo Maestro Eleazar de Carvalho, e desde 1979 tem uma casa própria: o belíssimo Auditório Cláudio Santoro, que com sua arquitetura modernista de concreto e vidro abriga mais de 800 pessoas, situado no meio de uma área de 35 mil metros quadrados de exuberante Mata Atlântica.

O núcleo pedagógico, além de estudantes de regência e de todos os naipes da orquestra, traz todo ano músicos da OSESP – Sinfônica do Estado de São Paulo, e músicos e grupos internacionais, atuando como professores e como atrações.

Todos os anos o Festival tem, também, apresentações das melhores orquestras paulistas – como a OSESP e a Sinfônica do Teatro Municipal de São Paulo – e, também, este ano, duas orquestras excelentes de outros estados chamaram a atenção: uma é a Filarmônica de Minas Gerais, sob a regência do Maestro Fábio Mechetti, que eu já considero há muito tempo uma das melhores orquestras brasileiras.

E, surpreendendo positivamente, a Filarmônica de Goiás, que está sob a batuta e direção artística do maestro inglês Neil Thomson há praticamente 10 anos – e seu trabalho de erguer e incentivar esse grupo é muito especial!

É extremamente importante, em um grupo grande como uma orquestra sinfônica, o trabalho de equipe e de entrosamento, o trabalho para que cada um faça a sua parte direito, e essa parte se ‘relacione’ com as outras partes, não só como um ‘reloginho’ mas também com a emoção e paixão que são inerentes à música.

Para tal feito, ou você pode ser uma das grandes orquestras existentes, ou pode ser uma orquestra que está encontrando seu espaço e cuja vontade de se dedicar e apresentar um grande concerto, de grande música, está latente.

E a Orquestra Filarmônica de Goiás, com a liderança de Neil Thomson, é certamente esse segundo exemplo – e está a caminho de se tornar um dos primeiros exemplos!

E isso me dá grande satisfação.

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