TESTE 2: TOCA-DISCOS MOFI STUDIODECK +M COM CÁPSULA MASTERTRACKER

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Teste 1: PRÉ-AMPLIFICADOR MARK LEVINSON Nº5206
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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Você irá cada vez mais ouvir falar dos produtos MoFi nas mídias especializadas – e aqui não poderia ser diferente. Apresentamos na edição de setembro a impressionante SourcePoint 10 do guru de caixas acústicas Andrew Jones, e nesta edição falaremos do toca-discos de entrada da MoFi, o StudioDeck, porém aqui com a melhor cápsula MM deste fabricante, a Master Tracker.

A estratégia da MoFi ao entrar no segmento de equipamentos de áudio hi-end, foi extremamente ousada e inteligente, pois resolveu se cercar de talentos aclamados no mercado para o desenvolvimento de seus produtos. Foi assim com a sua linha de prés de phono, para a qual convidou o falecido Tim de Paravicini, com as caixas acústicas que tivera a contratação em tempo integral de Andrew Jones, e os toca-discos com o recrutamento de Allen Perkins, famoso projetista da Spiral Groove, como engenheiro chefe dessa divisão.

A Spiral Groove foi fundada em 2005 e se dedica à fabricação de produtos analógicos, sendo o SG1.2 seu melhor toca-discos. Allen Perkins, em sua concepção, desenvolveu uma base com quatro camadas de alumínio em duas plataformas independentes. A metade superior da base isola o prato e o braço, mantendo o alinhamento crítico entre eles absolutamente isolados da vibração do motor. O prato deste revolucionário toca-discos é construído com formas irregulares, com materiais que misturam grafite e alumínio, em uma superfície não ressonante para o disco. Assim, toda a energia é transferida rapidamente do disco para o prato, e dissipada no interior do prato.

Com mais de 20 anos de experiência Allen Perkins, foi o escolhido para o desenvolvimento de todos os toca-discos da MoFi, e ele levou seu método – batizado de Balance Force Design – em que se procura uma interação total entre o design proposto e a busca de materiais, para se atingir uma engenharia equilibrada e funcional. O resultado buscado por Allen, é um equilíbrio entre física, engenharia, ciência, arte e intuição.

E que se traduz para o consumidor em produtos fáceis de operar, extremamente confiáveis e com alta performance. E o StudioDeck +M não decepciona em sua apresentação visual, e muito menos em sua performance.

Sua embalagem cumpre com a obrigação de proteger o produto, e seu acabamento surpreende pelos detalhes. Pesando no total quase 9 kg, sua base é de MDF de 35 mm de espessura com uma placa de alumínio colada nessa base, na parte superior, para criar maior massa e apoiar o braço. O prato é de Delrin de 18 mm de espessura, e foi escolhido por sua capacidade de rejeitar ruídos indesejados. O prato é acionado por uma correia de borracha em uma unidade Hurst síncrona AC de 300 RPM, isolada dentro da base do aparelho.

O rolamento invertido do prato utiliza aço, bronze e Teflon – para muitos e muitos anos de uso sem problemas, e ao mesmo tempo garantir estabilidade de rotação e maior silêncio ao girar.

O que mais impressiona neste toca-discos considerado de entrada, é seu braço de 10 polegadas e com rolamentos e esferas geralmente só utilizados em toca-discos muito mais caros. Mostrando que a MoFi economizou aonde poderia, e manteve a qualidade aonde é essencial!

O braço é de alumínio, e possibilita o ajuste de VTA, Azimute, contrapeso e antiskating.

E para isolar o toca-discos das vibrações externas, os pés antivibração foram desenvolvidos por Michael Latvis, da Harmonic Resolution Systems (HRS).

A MoFi propõe três pacotes de cápsulas – todas MM – para o StudioDeck: sua cápsula de entrada StudioTracker elíptica ‘bonded’, a UltraTracker elíptica ‘nude’, e a MasterTracker com diamante formato micro-line – que a que a German Audio optou para oferecer ao nosso mercado já instalada no aparelho.

A MasterTracker possui um gerador de ímã duplo V-Twin, que reflete o layout da cabeça de corte que originalmente faz as ranhuras do LP antes da prensagem. Com esses dois ímãs poderosos de baixa massa alinhados em uma formação em V paralela, a leitura do sulco é feita de forma mais precisa. Seu corpo é em alumínio, bem amortecido, que controla ressonâncias para que se tenha a melhor resposta possível nos graves. Seu diamante micro-line extrai as mais sutis informações do vinil. A tensão de saída é de 3mV, com resposta de frequência de 20 a 25.000 Hz, peso de 9.7 gramas, força de rastreamento de 1.8 a 2.2g, impedância de 47kOhm e capacitância de 100pF.

A montagem e afinação do MoFi foi toda feita pelo colaborador André Maltese, e como sempre foi minucioso tanto na montagem quanto na afinação.

Minha experiência com cápsulas MM atualmente é bastante restrita, já que não mantenho em meu set analógico dois braços para poder abrir o leque de opções de cápsulas, no pouco tempo que atualmente disponibilizo para fazer audições não comprometidas. Então todas as vezes que tenho a oportunidade de conhecer novas opções de cápsulas, abraço com enorme entusiasmo.

Para esse teste, tenho que confessar que isso foi um problema, pois foi difícil separar o que era a performance do toca-discos e braço, e o que era da cápsula.

Pois eles soando juntos dão um resultado surpreendente!

Lá fora, os principais testes desse toca-discos foram feitos ou com a cápsula de entrada, StudioTracker, ou com a intermediária, UltraTracker. Não li nenhum feito com a versão top de linha. O que significa para mim duas coisas: o Studio Deck possui fôlego para trabalhar com cápsulas mais refinadas, como essa MasterTracker, e que certamente essa cápsula tem ‘fôlego’ para equipar braços muito acima deste patamar.

Essa cápsula é a melhor MM que ouvi nos últimos anos, indiscutivelmente, e me deixou com vontade até mesmo de providenciar um segundo braço da Origin, mais simples, apenas para utilizar essa MM para ouvir música nos meus momentos de folga.

Mas vamos falar do conjunto Studio Deck +M, com essa MasterTracker, OK?

Existe no mercado (principalmente alimentado pelas mídias não especializadas), uma necessidade de afirmar que para o consumidor voltar a desfrutar do vinil, ele só precisa comprar um simples toca-discos e o ‘nirvana sonoro’ se materializará à sua frente!

Tenho visto até seleção dos 10 melhores toca-discos para quem quer se embrenhar nessa jornada, e as propostas são assustadoras (no sentido mais negativo é claro!). Vão de vitrolas com design ‘vintage’, à TDs de até 8 mil reais!
E alguns desses consumidores, antes de caírem nessa ‘arapuca’, têm o bom senso de pesquisar. E essas consultas têm nos chegado com certa recorrência.

É triste ‘colocar água no chopp’, mas temos que sempre alertar que não será uma boa ideia ouvir LPs nessas ‘vitrolas’! E as opções mais razoáveis de toca-discos novos começarão por volta de 15 mil reais!

E os vintage, antes de arriscar com eles, deveriam ser minuciosamente avaliados, para não adquirir um TD com folga de braço, problema de rotação, polias gastas, ruídos estranhos, etc.

E se você deseja realmente resgatar sua coleção de LPs, o toca-discos definitivo para proporcionar uma volta triunfal, custará pelo menos 20 mil reais. A partir dessa faixa de preço, as opções são realmente excelentes, e você terá a garantia que, se corretamente montado e ajustado esse toca-discos, não irá danificar seus discos.

Para o teste utilizamos os seguintes prés de phono: Gold Note PH-10 e PH-1000, Cambridge Audio Alva, e Nagra Classic Phono.

O cabo de interligação foi, o tempo todo, o que vem de fábrica com o produto. Amplificadores integrados: Line Magnetic LM-805lA (leia teste na edição 298), Gold Note IS-1000 e Sunrise Lab V8 Edição de Aniversário. Caixas: MoFi SourcePoint 10, Boenicke W5, e Audiovector R5.

O fabricante não especifica quanto tempo ele sugere de amaciamento da cápsula e do cabo de braço. Então, para o teste, depois de devidamente montado, eu e o Maltese colocamos os discos que sempre utilizamos para o ajuste fino, e passamos a seleção das faixas buscando detectar as qualidades e defeitos naquela primeira impressão – a qual foi muito mais positiva do que negativa.

Com zero de amaciamento, o corpo harmônico dos instrumentos já se apresentou de forma graciosa e realista. Assim como as texturas, com paletas de cores precisas e uma facilidade de acompanhar as linhas melódicas de cada instrumento sem nenhum esforço.

Pontos negativos: uma falta de maior extensão nas altas, e uma imagem mais frontalizada.

O que posso afirmar com segurança, é que o leitor que adquirir esse pacote, poderá desfrutar e se surpreender desde o primeiro momento com as qualidades desse setup. E poderá tranquilamente ir ouvindo e percebendo o som ir desabrochando, à medida que a queima se aproxima de 40 horas.

Depois do amaciamento estabilizado, o que sobrará serão audições repletas de descobertas de detalhes, e prazer em estar ouvindo como pela primeira vez aquele disco tão cheio de significados!

A leitura dessa cápsula MM com esse braço de 10 polegadas é realmente impressionante, pois consegue nos manter atentos sem, no entanto, exigir nenhum tipo de esforço adicional.

A música se forma à nossa frente como em uma apresentação ao vivo, em que os elementos musicais vão surgindo e não temos que perder o ‘todo’ para ouvir os detalhes.

Escuto por décadas que as cápsulas MM podem até ser muito musicais, porém lhes falta o refinamento e precisão das MC e por isso a ‘leitura’ de uma MM é sempre menos emocionante! Meu amigo, se você compartilha dessa opinião, sugiro você ouvir essa MM, pois esse argumento irá cair como um castelo de areia quando a maré sobe.

Ouvi detalhes nessa cápsula com esse braço, que só costumo ‘arrancar’ de cápsulas MC muito, muito caras! Não estou falando apenas de micro-dinâmica, falo de informações complexas em que inúmeros instrumentos estão em uníssono, e que é difícil organizar mentalmente aquele momento musical, e essa MM organiza e nos entrega com enorme autoridade e folga essas passagens.

Outra excelente característica das excelentes cápsulas MM, é que o volume correto das gravações é muito mais fácil de perceber e ajustar, então para determinados gêneros musicais em que predominantemente a gravação foi feita com muita compressão, o prazer de reproduzir esses discos com uma MM deste naipe, é muito mais inteligente.

Voltando ao conjunto, a estabilidade de rotação é muito boa, para sua faixa de preço, assim como o ruído de toda a parte mecânica do toca-discos é muito baixo. Nossa Sala de Testes possui um ruído de fundo de 35 dBs, e quando eu tirava um disco para colocar outro, eu conseguia ouvir o atrito da polia apenas ao chegar perto do aparelho e colocar um novo disco para tocar. O que não é comum em toca-discos mais simples. Aliás, conheço alguns até bem mais caros, onde é possível ouvir o atrito da correia no motor ou ruído do próprio motor há mais de 2 metros de distância!

Quem tem toca-discos com esse tipo de ruído, sabe do que estou falando, e o quanto isso é irritante em ambientes bem tratados acusticamente.

Ainda que esse setup não escolha gênero musical, ouvir gravações dos anos 50 a 70 foi simplesmente as melhores audições. E tive que desenterrar discos de rock progressivo que não escutava há muito tempo, como dos grupos Focus, Gentle Giant, Supertramp, Genesis e Yes.

Foi como fazer uma viagem no tempo, e reviver passagens da minha vida quase desbotadas ou esquecidas no fundo de uma gaveta.

Foi uma fase muito intensa de uma dezena de amigos que, no entanto, fazem parte apenas daquele período, e que mesmo que tentemos nos lembrar a razão de termos perdido contato, não conseguimos ter respostas.
Só sei que foi prazeroso recordar até mesmo a loja em que determinado disco foi comprado, e quem estava presente naquela primeira audição.
Esse setup possui um senso de precisão e organização que só ouvi em setups mais caros, até então.

O que me levou a querer buscar o seu teto em termos de performance, com um pré de phono mais compatível com seu preço: o Cambridge Audio Alva. Pois não imagino que algum leitor que se interesse por esse MoFi com essa cápsula, vá investir o mesmo valor em um pré de phono como o Gold Note PH-10. Se o fizer, estará montando um setup analógico definitivo e de excelente nível, mas acredito que a maioria esmagadora se contentará, após um esforço tão grande para pegar um setup de 20 mil reais, em usar ou o próprio pré de phono que tiver encostado em casa, ou o do seu amplificador integrado.

Então resolvi realizar o resto do teste com o MoFi ligado ao Cambridge, um produto honesto mais de entrada. E o que posso dizer é que, nesse caso, o melhor será pegar o TD da MoFi ou com a cápsula de entrada ou a intermediária. Pois a MasterTracker foi a grande prejudicada nesse casamento com um pré de phono mais simples.

Pois sua beleza na apresentação de um equilíbrio tonal aberto, com graves precisos, região média detalhada e agudo com enorme extensão, foi ceifado. O mesmo ocorreu com os médios que, com a perda dos extremos, se tornaram mais proeminentes, ficando cansativos em gravações com muita compressão.

Então, a dica que dou é a seguinte: tem um pré de phono de maior qualidade, como o PH-10, então pode ir sem risco para a MasterTracker, do contrário invista na cápsula de entrada ou na intermediária.

Com o Alva, o setup MoFi se tornou mais ‘pé no chão’ – o que seria o argumento perfeito para os que acreditam que as MM são muito limitadas.

Continua sendo um bom investimento? Claro que sim, mas não com essa super MM.

O que não se pode negar, com nenhum dos prés de phono utilizados, é como esse setup é bom em transientes, dinâmica, corpo harmônico e musicalidade.

E como esses atributos só podem ser realizados com um setup analógico que já esteja em um alto nível de performance.

CONCLUSÃO

O StudioDeck com a cápsula MasterTracker não pode de maneira alguma ser confundido como um toca-discos de entrada, pois pelas suas qualidades pode perfeitamente ser o definitivo para 90% dos nossos leitores que ainda ‘teimam’ em ouvir sua coleção de LPs.

Agora, como todo toca-discos definitivo, se você deseja extrair o máximo de todo o seu potencial, lembre-se que ele merece um pré de phono do seu nível.

Depois de testar esse toca-discos, fiquei muito curioso em testar os prés de phono – um desenvolvido pelo Tim Paravicini e outro por Peter Madnick – pois acredito que estejam no mesmo nível de seus toca-discos, e possuem preços bem interessantes.

Quem sabe a German Audio se anima e traz.

Com o Gold Note PH-10 o casamento foi estupendo, e foi com ele que fechamos a nota do conjunto TD e cápsula. Mas sei que esse setup é bastante salgado, porém tudo no hi-end deve ser pensado a médio/longo prazo (principalmente aqui nesse terceiro mundo).

Se você deseja extrair o máximo de sua coleção analógica, esse setup deve estar em sua lista de audições.


TOCA-DISCOS
Motor300 RPM AC Síncrono
Velocidades33 1/3 RPM, 45.0 RPM
Prato1.76kg em Delrin
Wow & Flutter0.017% – 0.025%
Relação Sinal/Ruído72dB
Alimentação120V 60Hz, 220-230V 50Hz, 100V 50Hz
Consumo< 5W
Dimensões (L x A x P)50 x 13.65 x 36.2 cm
Peso8,7kg
BRAÇO
Tipo10” reto em alumínio, rolamentos em gimbal
Overhang18mm
Ângulo de offset22.8˚
Para cápsulas5g a 10g de peso
CÁPSULA
TipoMM – Moving Magnet com duplo ímã em V
AgulhaMicro-Line
Voltagem de saída3mV
Resposta de frequência20 a 25.000Hz
Peso9.7g
Peso de tracionamento1.8 a 2.2g
Impedância47kOhm
Capacitância100pF
Compliância• Estática: 40 x 10e-6/dyne
• Dinâmica: 10 x 10e-6/dyne

TOCA-DISCOS MOFI STUDIODECK +M COM CÁPSULA MASTERTRACKER
Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 11,0
Textura 11,0
Transientes 11,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 11,0
Total 89,0

 

VOCAL                    
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German Audio
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(+1) 619 2436615
Preço com cápsula: R$ 18.900

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