Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Quando iniciamos nossa jornada de revisores de áudio, sonhamos com o dia em que iremos avaliar equipamentos consagrados e ter a oportunidade de ficar com aquele produto por alguns dias ou semanas. Esse período durou apenas três anos na revista, pois com a apresentação de nossa Metodologia, ficou claro que para seguirmos à risca o que acreditamos, todos os RCAs (Revisores Críticos de Áudio) necessitariam ter sua referência para receber produtos condizentes com o nível de seus sistemas. Pois um dos erros mais ‘primários’ que vejo em inúmeras mídias especializadas, é o revisor receber um produto para teste muito acima do seu sistema e, ainda assim, considerar que suas observações são consistentes. Esse é um erro recorrente que não vejo sequer ser questionado pelo leitor dessas mídias. O que me leva a concluir que esse leitor também não acha nada de ‘estranho’ nas conclusões publicadas, e deve repetir os mesmos procedimentos quando pega um produto para ouvir em seu sistema, sem se perguntar se ele está ou não acima do seu setup em termos de performance.
Assim como tem objetivistas que não creem em diferenças na performance de cabos ou amplificadores, também existe uma legião de audiófilos que não acredita em ‘elo fraco’. Aliás, até revisores já vi questionando se existe o elo fraco. Quando não damos importância a questões essenciais, fatalmente chegaremos a conclusões duvidosas ao avaliarmos a performance de produtos superlativos. Pois como uma balança digital de precisão, tudo em um produto Superlativo precisa ser medido e pensado antes de sentarmos para escutá-lo.
Aceite você essa verdade, ou não!
Pois quando recebemos produtos com esse grau de requinte, temos a responsabilidade editorial de estarmos aptos a realizar esse trabalho.
Felizmente não é todo o dia que o mercado apresenta produtos realmente Superlativos, pois manter um sistema ajustado para a avaliação convincente desses produtos, é trabalhoso. E é extremamente caro manter um Sistema de Referência que atenda às exigências desses equipamentos.
Mais raro ainda é recebermos, na mesma Edição, dois produtos desse nível. Que me lembre de cabeça, nunca ocorreu antes!
E o interessante é ser uma caixa acústica e um fone de ouvido!
Eu me esforcei para mostrar no nosso primeiro Workshop, realizado em abril em São Paulo, aos nossos leitores as diferenças entre sistemas acima de 90 pontos, e o que representa em termos de performance apenas 2 pontos.
Agora, a todos que assistiram nosso Workshop e ouviram as diferenças, imagine o que representa acima de 100 pontos uma diferença entre a melhor caixa pontuada até hoje pela revista, e a que apresentamos nesta edição com 10 pontos acima!
Para a realização deste teste, tivemos que nos cercar de inúmeros cuidados: nos assegurar que o produto estivesse integralmente amaciado, que tínhamos em mãos o melhor setup possível compatível com a caixa (ou o mais próximo possível em termos de performance), de retirar da sala todos os equipamentos não utilizados no teste, e de avaliar todas as melhores posições em relação ao ponto ideal de audição.
O mesmo procedimento utilizamos para o teste do fone de ouvido, buscando as melhores fontes digitais e analógicas, e a certeza de o fone estar 100% amaciado.
Espero que você goste de nossos esforços e possa ter ‘um gostinho’ do enorme potencial de ambos. Afinal, produtos Superlativos exigem dedicação integral do revisor e uma estrutura compatível com seu nível de performance!