Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Eu imagino o quanto, para muitos de vocês, publicarmos um fone acima de 3 mil reais pode ser frustrante, por isso mesmo tento sempre que possível, na edição seguinte, trazer algo que atenda a todos os que se sentem ‘abandonados’.
E dessa vez fui fundo nessa busca, e estabeleci que faria o teste de um fone Bluetooth 5.3, com cancelamento de ruído, bem construído, confortável e por menos de 400 reais!
E o principal: que tivesse um bom equilíbrio tonal, e que pudéssemos ouvir qualquer estilo musical em volumes seguros. Ele existe, Andrette? Sim, e atende pelo nome de Edifier TWS1 Pro 2.
Claro que, por esse preço, haverá sempre compromissos, mas sua performance é um verdadeiro alento aos olhos e ouvidos.
Ainda que muitos o acusem de ser uma imitação barata de um Apple, eu só posso ver isso como um elogio, pois ele o faz com identidade e propriedade de quem vem galgando passos nesse competitivo nicho de mercado, e mostrando resultados surpreendentes.
Eu achei o TSW1 Pro 2 de um design simples, inteligente e funcional, e por menos de 400 reais é um verdadeiro achado!
O Edifier usa um diafragma composto com titânio, e seu acabamento externo é em plástico duro e bem acabado, sem rebarbas. Seu encaixe no ouvido é perfeito, e oferece um espaço que muitos fones concorrentes e bem mais caros não oferecem.
O fabricante diz que o cancelamento de ruído é superior a 40 dB, o que acho suficiente para ambientes muito ruidosos, sem tornar o cancelamento claustrofóbico (assim que me sinto se o fone cancelar completamente o ruído externo).
Para esse fone ser ‘perfeito’ em sua faixa de preço, adoraria que houvesse uma opção Flat de equalização, que não há. Mas consegui driblar essa questão usando, das quatro opções pré existentes, a Classic ou a Classical, ambas muito semelhantes, com a sensação de um pouco mais de corpo e peso nos baixos na opção Classic.
Já a Pop ou a Rock, mesmo que para ouvir esses dois gêneros, achei que desequilibram demais a região média-alta e os agudos. E com gravações com muita compressão ficou fatigante.
Então, se você não for um grave dependente, e estiver disposto a ‘reeducar’ sua audição e aprender a ouvir em volumes seguros e confortáveis, sugiro que você mantenha sempre a equalização em Classic ou Classical, OK?
E minha sugestão para a Edifier: façam uma versão com a opção Flat. Pois as gravações atuais de música rock e pop já têm graves em abundância, não precisando ser ainda mais turbinadas.
Ouvi faixas do mais recente álbum Cowboy Carter da Beyoncé, e na equalização Pop é simplesmente desconfortável o nível de distorção e saturação dos graves. Já na opção Classic, é possível um grau de inteligibilidade e conforto auditivo muito bons.
Vamos à questão que sempre me perguntam: Andrette, a versão Bluetooth 5.2 já está mais próxima de ser considerada hi-fi? Menos, meu amigo, menos – mas ao menos é possível ouvir com maior prazer sem aquela sensação de uma big band toda entupida em um elevador para seis pessoas.
Entende o que quero dizer com essa analogia? O Bluetooth comprime e compacta o sinal, e isso ainda não foi solucionado completamente. Mas está caminhando, isso é fato!
O que para mim é essencial, é como a Edifier conseguiu entregar uma performance tão convincente por esse preço? E aqui está o maior mérito desse fone. E olhe que fui, como sempre, bastante criterioso na avaliação, ouvindo inúmeros discos de vários períodos da história da música, e o TWS1 cumpre com mérito sua proposta.
Tudo neste fone foi muito bem pensado: da caixa compacta, o case de plástico que recarrega os fones e, claro, o principal: o próprio fone, sua ergonomia e suas opções de ponteira de silicone para o encaixe perfeito na orelha.
Eu sempre tive dificuldades com esses fones, por nenhuma ponteira ser adequada o suficiente, e não começar a escorregar da orelha com movimento. Dessa vez, tive a sorte de uma ponteira perfeita, que se encaixou e me permitiu total liberdade de movimento por mais de duas horas.
O TWS1 Pro 2 tem um modo Game, que não tive como testar, mas li em alguns reviews ser excelente para jogar com baixa latência.
As pessoas sempre me pedem gravações legais para avaliar fones nos graves, médios e agudos. Fui bombardeado com essa solicitação no nosso Workshop, por vários visitantes que estiveram ali muito mais para ouvir fones que prestar a atenção em um ‘tiozão’ falando de equilíbrio tonal e mostrando sistemas fora da realidade desses jovens.
Prometi que iria nos novos testes passar alguns desses discos para eles – e aqui vamos nós.
Para avaliar os graves em termos de correção, peso, inteligibilidade e sobretudo velocidade, uso muito a gravação de dois excelentes baixistas virtuosos: Edgar Meyer e Christian McBride (leia a Playlist deste mês). O disco se chama: But Who’s Gonna Play the Melody.
O legal dessa gravação é que ambos vão se alternando nos solos, exigindo bastante dos fones ou caixas acústicas. Comece pela faixa 1 – Green Slime, ela será suficiente para saber se o seu fone está ou não a altura do desafio na resposta de graves. Se ele passar pela primeira faixa, escute a segunda – Barnyard Disturbance, e se tudo estiver OK, parta para a próxima gravação para análise dos médios.
Aqui vou pegar pesado, pois se trata de uma gravação que começa com um grave totalmente saturado e distorcido, até entrar a voz do cantor e tudo ser absolutamente limpo e cristalino. Falo do disco Money For All da banda Nine Horses, faixa 1.
David Sylvian é acompanhado de vozes femininas, guitarras, sopros, vibrafone, contrabaixo e bateria – aqui não existem reféns, meu amigo, ou se escuta tudo sem fadiga auditiva ou perda de inteligibilidade, ou seu fone não passará no teste.
E para os agudos? Aqui eu reservei outra pedreira para o TWS1 Pro2 – o disco do violinista Nemanja Radulovic – Journey East, tocando a faixa 3 – Swan Lake Opus 20 de Tchaikovsky.
Meu amigo, antes que saia urticária em sua pele por ter que ouvir música clássica, lembre-se de ser por um excelente motivo: Avaliar os agudos de seu estimado fone!
As notas mais agudas do violino de Nemanja Radulovic não podem soar duras, vítreas ou com excesso de brilho, OK?
E como o TWS1 Pro2 soou com esses exemplos, Andrette? Surpreendente bem, passou com méritos, o que não só me deixou surpreso, como passou a ser o fone Bluetooth de menos de mil reais a nova referência nesse disputado segmento.
CONCLUSÃO
Se você sonha com um fone como esse Edifier, que te dê mobilidade, possa ser usado em locais barulhentos e deseja preservar sua audição com níveis de volume seguro, e enorme conforto auditivo, o TWS1 Pro 2 precisa entrar na sua lista de ‘sonhos possíveis’.
PONTOS POSITIVOS
Cumpre o que promete com grande mérito.
PONTOS NEGATIVOS
Seria perfeito se tivesse a opção de desligar as equalizações.
ESPECIFICAÇÕES
Versão Bluetooth | 5.3 |
Perfil Bluetooth | A2DP, AVRCP, HFP |
Codecs de áudio | SBC |
Driver | 10mm |
Capacidade da bateria | • ANC ligado: 4h (fones de ouvido) + 12h (Case de carregamento) • ANC desligado: 6h (fones de ouvido) + 18h (Case de carregamento) |
Resposta de frequência | 20Hz – 20kHz |
Nível de pressão de saída | 94dB (+/-3dBSPL) |
Entrada | 5V/200mA (fones de ouvido) | 5V/1A (Case de carregamento) |
IP Rating (proteção) | IP54 |
Porta de carregamento | USB Type-C |
Peso | 44.5g |
FONE DE OUVIDO EDIFIER TWS1 PRO 2 | ||||
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Conforto Auditivo | 10,0 | |||
Ergonomia / Construção | 10,0 | |||
Equilíbrio Tonal | 10,0 | |||
Textura | 10,0 | |||
Transientes | 10,0 | |||
Dinâmica | 10,0 | |||
Organicidade | 10,0 | |||
Musicalidade | 10,0 | |||
Total | 80,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
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