VENDA DE CD ESTÁ CAINDO TRÊS VEZES MAIS RÁPIDO DO QUE O LP ESTÁ CRESCENDO

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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Esta notícia foi divulgada nas principais mídias do mundo na semana passada. Lendo o título da matéria apenas, pode-se ter a impressão que o LP voltou ao topo das mídias físicas, 33 anos depois de ser desbancado pelo CD. Mas não é bem assim. Basta olhar para os números divulgados pela RIAA (Associação Americana da Indústria de Gravações) para entender que o LP irá provavelmente passar o CD em termos de faturamento, e não de volume de unidades. Os números divulgados do primeiro semestre falam de US$ 224 milhões faturados com a venda dos bolachões, contra US$ 247 milhões de vendas de CDs. Mas o LP, em termos de unidades, está muito distante: 8,6 milhões de unidades, contra 18,6 milhões de CDs. E o que chama muito a atenção, é que somando LPs e CDs vendidos, estes números representam apenas 4% do faturamento total do primeiro semestre. Os serviços pagos de streaming continuam ferozmente abocanhando o mercado, integralmente. Então o que esses números nos mostram? O óbvio: que tanto o LP como o CD serão, nas duas próximas décadas, nichos de mercado. Que deve se estabilizar em torno de 10 milhões de consumidores que não irão abrir mão de possuírem mídia físicas de seus artistas preferidos. E o maior fenômeno que estamos vendo no momento (parece digno daquele personagem do Jô Soares: o general que esteve em coma por um tempo e quando acorda vê o mundo a sua volta completamente mudado) é o fechamento de inúmeras fábricas de CD, para o ressurgimento de fábricas de LP (no último relatório da RIAA, até 2020 serão mais seis fábricas em funcionamento, totalizando 126 fábricas). Ou seja, atenta às mudanças de mercado e ao valor do LP, que é o dobro do valor do CD, as gravadoras estão apostando alto nesta nova tendência. E razões não faltam para as gravadoras incentivarem o ressurgimento do vinil em larga escala, pois é a mídia que cresce a números superiores a 10% ano após ano – 2019 fechará com um crescimento de 12,9%, repetindo praticamente o feito de 2018, que fechou em 12%. E números como este, em uma economia global andando de lado, são para comemorar. E que peso este movimento tem para o mercado hi-end? Um impacto enorme, que já vemos ocorrer há mais de cinco anos. Um crescimento vertiginoso na venda de eletrônicos já preparados para as novas plataformas digitais, e um volume de vendas de toca-discos e cápsulas crescente e consistente. E a produção e opções cada vez mais restritas de CD-Players e Transportes. É o mercado se adequando às novas tendências. E, a meu ver, o crescimento na venda de LPs só não é maior devido a ganância das gravadoras em insistirem em colocar a venda do vinil a preços estratosféricos, pois se fossem menos gananciosos, o volume de vendas já teria passado de 12 milhões de unidades ano! Pois, segundo a própria RIAA, as 120 fábricas já existentes dariam conta de fabricarem 10 milhões de novos discos ano! Os dados da Associação Americana não estão levando em conta o mercado chinês, que nos últimos anos também voltou a produzir LPs para o seu público, e começa em passos tímidos a apresentar seus ‘LPs Audiófilos’ em feiras internacionais, como a de Denver que acabou de ocorrer.

São notícias importantes para o mercado hi-end, pois a definição de como o mercado de música se comportará na próxima década, permite um planejamento de longo prazo, com um olho nos novos potenciais consumidores e nos já existentes. Eu não compartilho da ideia de que o hi-end está morrendo. Pelo contrário, acho que apenas está passando por um momento de transição. Sinto exatamente este fenômeno, com a passagem da revista do físico para o digital. Com a ampliação do número de leitores de forma exponencial, o que percebemos é uma aproximação lenta, mas consistente, do leitor que é apaixonado por áudio e vídeo, mas achava que o universo hi-end era inacessível a ele. Então não gastava seu suado dinheiro comprando uma revista que não atendia aos seus anseios de consumo. Agora que ele não tem que usar parte do seu orçamento, ele não só se interessa cada vez mais como também começa a se manifestar e se comunicar conosco. O mercado não reage nunca de forma sólida e sempre na mesma direção. Parece mais como ondas que vão e voltam, e cabe a quem está neste mercado há tanto tempo como nós, compreender como este processo funciona.

Para esta edição, tivemos o privilégio de testar cinco excelentes produtos. Uma caixa hi-end de um dos mais conceituados fabricantes de todos os tempos, o primeiro toca-discos de um fabricante alemão de produtos eletrônicos hi-end, uma cápsula de entrada que irá atender a todos que desejam um setup analógico de alto nível a um baixo custo, um acessório de filtragem de aterramento que diminui o ruído de fundo, ampliando a percepção de microdinâmica e espacialidade e, finalmente, um televisor 4K de alto nível que todos podemos ter em nossa sala de vídeo. Espero que algum desses equipamentos testados, estejam na mira de consumo de todos vocês, amigos leitores.

Ótima leitura a todos!

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