Espaço Aberto: O PROBLEMA NÃO É ERRAR E SIM PERSISTIR

Editorial: EVOLUÇÕES EXIGEM AJUSTES
julho 16, 2020
Teste 5: PRO-JECT STREAM BOX S2 ULTRA
agosto 16, 2020


Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Não tem como não errar neste longo caminho de buscar o sistema que tanto desejamos. E os erros, quando assimilados corretamente, podem nos ajudar muito lá na frente, pulando etapas ou nos lembrando que determinados caminhos ou soluções são vias sem saída.

Meu pai sempre me avisou que os erros são as lições mais consistentes, desde que você tenha a coragem de assumir os percalços sem jogar a culpa nas costas de ninguém.
Então, sabendo que os erros existem e certamente nos pegarão em algum momento, o importante é não nos deixarmos “paralisar” pelo risco iminente.

A primeira dica que posso dar à quem queira: teoria sem ser provado na prática, é a pior das teorias. Cresci ouvindo como solucionar os problemas com caixas “muito vivas nas altas”, falta de grave em caixas seladas, como montar a eletrônica perfeita com pré valvulado e power transistorizado.

Tudo perfeito na teoria, e que na esmagadora das vezes na prática se mostrou decepcionante. Então vamos para a segunda dica: não existe uma receita pronta.

Cansei de ver audiófilos comprarem o mesmo setup do amigo, na esperança de sentar rapidamente na “janelinha” e dar com os burros n’água, pois esqueceu que sua sala não é idêntica a do amigo (nem a decoração, os móveis, ou o piso e o teto).

Claro que, se você gosta da assinatura sônica do sistema do seu amigo, este pode ser um excelente começo, porém lembre-se que se o seu gosto musical não for idêntico, muitas questões virão à tona.

Lembro-me em um dos Cursos de Percepção Auditiva, que dois amigos relataram sua experiência e cometeram este equívoco. Pois um dos amigos era amante da música clássica e montou seu sistema para ouvir este estilo. O amigo, porém, tinha um gosto muito mais eclético, e “teorizou” que se o sistema tocava bem música clássica, seria excelente para qualquer outro estilo musical. Só tinha um pequeno detalhe: o amigo ouvia basicamente pequenos grupos em música de câmara, barroco e período clássico. Nada de grandes exigências em macrodinâmica, como o rock progressivo do amigo, e o rock pesado.

Muitos leitores ficavam indignados com minhas respostas nas seções de cartas, quando eu pedia detalhes do tamanho da sala, gosto, musical e altura que eles escutavam música. Esses leitores achavam que eu estava querendo fugir da pergunta, com outras perguntas. Demorou para entenderem que, sem essas respostas, eu jamais poderia indicar absolutamente nada.

Pois um sistema hi-end só faz sentido se for para tocar muito bem os estilos musicais do gosto de quem investe tempo e dinheiro em um hobby tão caro. Do contrário, será uma busca sem fim e fatalmente muito decepcionante, depois de várias tentativas sem nenhum acerto. Todos conhecemos histórias de audiófilos que gastaram anos e anos de suas vidas montando e desmontando sistemas, até chegar à conclusão que este hobby não vale a pena. O triste é ver o sujeito iniciar essa jornada, buscando melhorar a forma de ouvir música, e à medida que os resultados não são gratificantes, ele abandona a busca e, pior até, o prazer de ouvir música.

Então vamos à minha última e mais importante dica: nunca perca de vista e foco, que você só está querendo um sistema que permita ouvir seus discos com a melhor inteligibilidade e o conforto auditivo possível, dentro do seu orçamento.

E a boa notícia é: nunca o hi-end teve tantas opções como hoje! Se meu pai estivesse vivo, certamente soltaria um sonoro “UAU”! É realmente um fato a ser comemorado, por todos que amam a música e desejam ouvir seus discos no conforto de seu lar.

E se você ainda se sente inseguro para “andar” com as próprias pernas, estamos aqui à sua disposição para orientar e ajudar a avaliar por si mesmo o que lhe agrada, e o que lhe parece mais correto para a reprodução de seus discos. Fazemos este trabalho mensalmente há
24 anos, e nos orgulhamos da quantidade de leitores que ajudamos a encontrar sua própria estrada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *