Sempre seleciono os discos para esta coluna de maneira instintiva: ou seja, o que eu achar interessante, sem preocupações de combinação ou mesmo comerciais.
Porém, este mês eu percebi que trazia a obra de duas cantoras, duas vozes femininas – um dos maiores fetiches do audiófilo mundial. Bom, para começar, nenhuma dessas duas vozes, e suas obras, são de jazz tradicional – ou seja, acho que não poderiam constar em coletâneas como Best Audiophile Voices, não por não serem vozes belas e excepcionais (e são!) mas sim porque não fazem o “bê-a-bá” do jazz tradicional, muito pelo contrário! E eu sempre prezo quem faz música diferente nova – e boa!
Queria poder fazer, como fez este mês o inenarrável Fernando Andrette em sua coluna Playlist: trazer somente discos que existem em vinil. Na verdade, isso seria até fácil, mas eu gostaria de fazer a seleção de tais discos especialmente por sua sonoridade em vinil, e para isso precisaria ter os ditos vinis em mão, e ouvi-los – o que está se tornando incrivelmente impossível.
Coincidentemente, ainda agora meu amigo Francisco Mendonça me mandou uma lista de vinis 180 gramas seminovos à venda, discos que são reedições audiófilas feitas nas duas últimas décadas, e que trazem etiquetas de preço de R$700 cada (facilmente encontráveis no exterior, no mercado de usados, por pelo menos US$200). Por essa, cunhei a frase: “Me dê 20 discos de vinil usados, que eu passo um mês mochilando na Europa” – e ouvindo muita música ao vivo por lá.
É… A dimensão de certas coisas estourou as barreiras do aceitável. E impede articulistas não-milionários de escrever seis ou sete colunas sobre vinil mais interessantes em revistas de áudio (ou de passar 30 dias na Europa).
Para nós, audiófilos melômanos empobrecidos, resta a ferramenta do século XXI: o streaming. O salvador streaming. Que tem ficado cada vez melhor nos últimos anos, permitindo que muitos foquem seus sistemas, sua paixão e seu hobby nesse fácil e prático acesso à um gigantesco acervo musical.
Faz alguns dias que eu estou tentando lembrar como foi que tive contato com o trabalho da cantora sul-coreana Youn Sun Nah. Cada vez mais típico da minha idade, é claro que eu não lembrei… Me parece um pouco aquelas conversas sobre cinema ou séries de TV: “você está vendo aquela série com aquele ator, aquele que fez aquele outro filme com aquele cara famoso, como é mesmo o nome dele?”… “Ah, sim, claro, você está falando daquele que é casado com aquela atriz que fez aquele filme daquele diretor famoso, que ganhou o Oscar com aquele filme comprido, como é mesmo o nome dele?”. Os jovens devem estar rindo-se à valer com nós anciãos. Não se preocupem, vocês chegam lá!
O que temos pra hoje, nesta edição, é: um jazz de voz feminina contemporâneo e cheio de personalidade. Temos a sinfonia mais longa do repertório Romântico, composta no final do século XIX. E, para finalizar, temos um jazz muito particular de uma pianista e cantora de ascendência armênia.
Vamos à eles:
Do trabalho da Youn Sun Nah, devo já ter ouvido uns três ou quatro CDs, bem consistentes e que me impressionaram de várias maneiras. Uma delas é pela qualidade de gravação. Podemos falar o que quiser, podemos até (e devemos) nos dedicar a obter e ajustar sistemas que toquem de maneira minimamente decente e musical praticamente todos os níveis de qualidade de gravação (ou quase todos, pelo menos) – quem não quer poder ouvir bem a maioria dos discos que interessam musicalmente?
Mas a gente ainda adora pegar nas mãos – e no streaming – discos que impressionam com uma captação moderna, feita com bons microfones, boa ambiência, em que tudo soa com bom tamanho, Gostamos sim senhor! E esse disco da Youn Sun Nah é um desses. E não há nada, para mim, que me conecte mais com a música, do que “soar grande”. Entenda: o Fernando Andrette vive falando sobre o invólucro harmônico ter que ter o “tamanho” correto, ou seja, ter minimamente a quantidade de harmônicos correta para o som de um específico instrumento tenha seu tamanho correto, soe harmonicamente rico o suficiente para que se saiba que instrumento é e, se possível, para que soe o mais próximo de como ele é presencialmente (isso, claro, sabendo-se como soa o instrumento acústico na vida real, coisa que está muito longe de ser difícil de se aprender, basta ter vontade para tal). Quando eu falo que uma gravação – ou sistema – soa grande, estou falando informalmente, e parte disso é quanto a seu invólucro harmônico, mas outra parte é quanto ao tamanho “físico” captado (ou reproduzido, quando se fala de sistemas de áudio). Vê-se muito isso, hoje em dia, de instrumentos soando enormes em gravações audiófilas hi-end modernas, sendo que algumas soam grandes de maneira irreal – mas, não se preocupe, esse não é o caso deste disco, que soa dentro dos padrões de correção.
Outra coisa que chama a atenção é que Youn, com sua bela e cheia voz de contralto, canta com intensidade emocional e física muito grandes – aí eu fiquei pensando: não dá para ser assim e não fazer caras e bocas, ou para não deixar transparecer essa energia (positiva!) fisicamente. Curioso, fui procurar apresentações ao vivo dela no YouTube e… dito e feito! Ela sorri quase o tempo todo, demonstra paixão e amor pela música, pelo que faz, o tempo todo, e não se economiza em nada quando canta. Isso me lembrou de duas historinhas. A primeira é de um cantor de ópera que “se economizava” em suas apresentações, que não dava tudo de si, e parte disso por achar que aquela apresentação específica não era relevante ou importante o suficiente. O resultado? Ele não se tornou relevante o suficiente. A segunda história é de um grande cantor de rock chamado Meat Loaf, um vozeirão e uma presença de palco fenomenais, que quando perguntado porque não iria em uma festa pós concerto, respondeu que quando se apresentava, dava absolutamente tudo de si, sem restrições, fisicamente também, e por isso não tinha mais energia para gastar pós-concerto. O resultado? Sucesso há quase quatro décadas. Meus amigos (como costuma dizer o Fernando Andrette), a Youn Sun Nah não se economiza, não poupa sua voz, nem sua emoção.
A cantora Youn Sun Nah nasceu e foi batizada como “Na Yoon-Sun”, em Seul, na Coréia do Sul, em 1969 – e de jeito nenhum, pelas fotos e vídeos dela, ela aparenta ter mais de 50 anos! Quanto à diferença entre o nome artístico e o de batismo, descobri que na Coréia é semelhante à China, onde o sobrenome vem primeiro. No caso, o nome de família é “Na”, e “Youn Sun” ou “Yoon-sun” é o nome próprio dela. Vinda de uma família musical, Youn é filha de um regente de corais e uma atriz de musicais. Soltando a voz em casa desde criança, ela acabou indo atuar em musicais, mas em 1995 mudou-se para Paris, onde estudou a chanson francesa e jazz – e foi aí que começou sua educação em jazz, já que em casa suas influências eram outras. Na França estudou na CIM Jazz School, no Instituto Nacional de Música de Beauvais, e no Conservatório Nadia & Lili Boulanger. Essa afinidade com a França e sua música se deu porque Youn cursou uma faculdade de Literatura Francesa, ainda na Coréia. Após formada, ela montou seu quinteto e passou a se apresentar em vários bares, jazz clubs, teatros e festivais na França, e nos anos seguintes tornou-se muito conhecida na Europa.
Em 2007, já com alguns álbuns lançados, principalmente na Coréia, Youn assinou com selo audiófilo alemão de jazz ACT Music, lançando seu primeiro disco, Same Girl em 2010 (e que foi o primeiro disco que eu ouvi dela, muito bom!). Nos anos seguintes, sua notoriedade permitiu que ela fizesse mais de 200 apresentações por ano.
Este disco, Lento, é o oitavo disco de estúdio de Youn – contando com os lançados na Coréia e em seu tempo na França. Ele traz uma série de técnicas de jazz, dela e da banda, incluindo também influências como uma versão de uma faixa do grupo de rock Nine Inch Nails, uma faixa de música folclórica coreana, versões de música clássica, faixas autorais, e algumas compostas por membros de seu quinteto, o qual inclui o acordeonista francês Vincent Peirani (da cena jazzista francesa), o guitarrista sueco Ulf Wakenius (que fez parte do último quarteto de Oscar Peterson e do Ray Brown Trio), o percussionista Xavier Desandre-Navarre, e o baixista e violoncelista sueco Lars Danielsson (que já tocou com luminares como John Scofield, Jack DeJohnette e Mike Stern). Aliás, com tanto sueco no pedaço, o disco acabou sendo gravado no estúdio Nilento, na Suécia. O engenheiro de gravação foi Lars Nilsson, que tem um currículo extenso com gravações para os selos Naxos, ACT Music, Blue Note, Proprius, Virgin, e uma infinidade de selos locais suecos, já que ele é proprietário do estúdio Nilento. Mais do que qualquer tipo de “receita” para uma boa gravação, acredito que o trabalho de Nilsson tem sua boa qualidade por uma simples questão de usar bons equipamentos e microfones, e fazê-lo com critério e bom ouvido.
Em 2009 Youn Sun Nah, por sua contribuição musical à França, recebeu a honraria “Chevaliers of the Ordre des Arts et des Lettres”, dada pelo Ministério da Cultura do governo francês desde a década de 1950. Para não chover no molhado e dizer que ela tem um futuro brilhante pela frente, eu diria facilmente que seu tempo presente já é brilhante.
Atenção especial deve ser dada às muito boas faixas Lament, e Ghost Riders in the Sky, entre outras.
Pode ser encontrado em: CD / Vinil de 180 gramas / Serviços de Streaming selecionados. Conheço o CD e a versão Streaming, ambos muito bons – a gravadora ACT tem um grande capricho nesse sentido. O vinil, portanto, deve ser muito interessante!
A partir do título “Mahler 3”, do marketing da bonita capa deste disco, entenda-se que é a Terceira Sinfonia de Gustav Mahler, para Côro e Orquestra, aqui parte do ciclo completo das sinfonias do compositor austríaco, gravado na década passada pelo regente italiano Riccardo Chailly, em seu período frente à Orquestra Sinfônica do Royal Concertgebouw de Amsterdã, na Holanda. Na minha opinião um dos melhores ciclos já gravados dessas sinfonias, aliás.
Reger Mahler é para poucos regentes. E tocar Mahler é para poucas orquestras. E muitos famosos já falharam nessa empreitada. Muitos falham na devida fluência, no peso necessário, na complexidade e grandiosidade das obras, no nível de empenho dos membros da orquestra e no “azeitamento” entre seus naipes. Dito isso, saibam que eu já pus meu capacete de aço – portanto podem jogar pedrada o quanto quiserem, rs. Chailly é um regente top e experiente, e a Orquestra do Concertgebouw é uma das grandes orquestras antigas em atividade hoje no mundo – ou seja, uma das melhores, e com grande histórico e tradição em gravações.
As minhas sinfonias preferidas de Mahler são a Primeira, a Segunda, a Terceira e a Quinta. Dessas eu sempre estou disposto a ouvir alguma gravação nova que eu ainda não conheça. Neste caso, achei na casa do meu amigo Renato Okamoto, muitos anos atrás, a caixa completa com todas as sinfonias, lançada pela Decca Records. Não lembro por qual motivo, a que eu acabei ouvindo primeiro foi esta, a Terceira: impressionante coesão e capacidade da orquestra, impressionante domínio e condução por parte do regente. É a sinfonia mais longa de Mahler, e uma das obras mais longa do repertório orquestral padrão, podendo chegar à 105 minutos de duração!
Como qualidade sonora de gravação, é a minha preferida para teste da capacidade de um sistema em lidar com uma grande obra sinfônica. Este disco não tem nada de turbinado, e traz a interessante combinação de ter grande dinâmica com também necessitar de muita folga do dito sistema para manter volumes realistas e condizentes mesmos nos trechos mais baixos. Ou seja, já vi caixas, amplificadores ou mesmo sistemas completos não conseguindo demonstrar peso e presença realistas o suficiente para uma orquestra sinfônica pesada (e vai se abrindo o volume, para tentar compensar) e, logo nos maiores crescendos ou picos de dinâmica, eles abrem o bico no outro extremo.
Gustav Mahler nasceu em 1860, no então Reino da Boêmia, região que fazia parte na época do Império Austro-Húngaro (desmembrado em 1918) – portanto parte da Áustria – e que hoje faz parte da República Checa. De uma família de origens humildes, de uma minoria de judeus que falavam alemão, Mahler é filho de um hoteleiro com a filha de um pequeno fabricante local de sabão, é o segundo de 14 filhos do casal – sendo que apenas seis sobreviveram além da infância. Com a família prosperando, Mahler aprendeu na infância a música de rua, as melodias folclóricas e a marchas militares, que começou sozinho a tocar no velho piano da família, sendo considerado uma espécie de criança fenômeno. Tanto que foi aceito, aos 15 anos de idade, no Conservatório de Viena, estudando piano, música, composição e harmonia. Terminando os estudos, começou sua carreira musical dando aulas de piano e fazendo pequenas composições – e na mesma época estudando brevemente literatura e filosofia na Universidade de Viena.
Mahler foi um dos maiores sinfonistas e orquestradores do período Romântico, ainda que “Romântico Tardio”. Mas, além disso, foi um dos mais conceituados regentes de orquestra do final do século XIX e início do XX, elogiado por muitos compositores – como o alemão Johannes Brahms. Mahler começou sua carreira como regente de ópera, chegando a trabalhar na Ópera de Leipzig, depois no Teatro Húngaro de Ópera em Budapeste, em Hamburgo e, finalmente na Ópera da Corte de Viena – mantendo seu interesse e dedicação à composição como uma espécie de trabalho extracurricular, um hobby. Em 1898 passou a reger a Filarmônica de Viena, na série de concertos sinfônicos, e no ano seguinte começaram a serem apresentadas sua próprias obras, em Munique, Colônia, Essen, Viena, Praga, entre outros lugares, trazendo notoriedade ao músico. Entre 1908 e 1911, Mahler foi muito bem sucedido nos EUA, regendo a Metropolitan Opera, a Sinfônica e também a Filarmônica de Nova York.
Em abril de 1911, Gustav Mahler começa a sentir mal, com uma infecção no coração, e parte de Nova York para Paris, chegando no começo de maio à Viena, onde desenvolveu uma pneumonia, entrou em um coma e veio a falecer em 18 de maio, aos 50 anos de idade.
Vários dos estudantes, professores e historiadores da obra de Mahler dizem que ele havia jogado fora muitos dos manuscritos de obras não publicadas, por estar descontente com elas, ou por problemas com a direção do Conservatório de Viena, por exemplo. Considera-se, assim, que muitas obras do compositor foram perdidas – apesar de alguns historiadores dizerem que muitos de seus manuscritos teriam sobrevivido arquivados em Dresden, e que teriam sido destruídos com o bombardeio da cidade em 1945, durante a Segunda Guerra.
Com ascendência francesa, o regente italiano Riccardo Chailly é um dos grandes maestros e atividade hoje – sendo que ele também começou sua carreira como regente de ópera (sendo assistente de Claudio Abbado no Teatro La Scala de Milão) e, aos poucos, estendeu seu domínio ao repertório sinfônico. Formado pelos Conservatórios de Perugia e de Milão, Chailly curiosamente também chegou a ser – quando jovem, baterista de uma banda de rhythm-&-blues! Riccardo Chailly dirigiu a Gewandhausorchester de Leipzig de 1986 à 2015, e a Orquestra do Concertgebouw de Amsterdã de 1988 à 2004.
Uma das maiores estrelas do CD em questão aqui é a orquestra. A Royal Concertgebouw – que significa, em português, “Sala de Concertos Real” – foi fundada em 1888 na cidade holandesa de Amsterdã, e é considerada uma das salas de concerto com melhor acústica do mundo, e abriga uma das melhores e mais sólidas orquestras do mundo, que leva o seu nome. A orquestra tem uma longa tradição de gravação com grandes regentes, tanto para o selo holandês Philips Records quanto para a inglesa EMI. No período com Riccardo Chailly como regente, as gravações foram feitas para a Decca, devido à seu contrato de exclusividade com o selo. A Orquestra do Royal Concertgebouw tem historicamente uma profunda relação com Gustav Mahler, tendo apresentado várias de suas sinfonias e, depois da morte do compositor, fez o Mahler Festival de 1920, além de sempre manter as obras do austríaco em seu repertório ativo em suas gravações.
Não consegui obter nenhuma informação sobre a técnica de gravação utilizada pela Decca na gravação deste disco – mas podem ter certeza de que sua qualidade técnica faz jus à fama da gravadora.
Destaque para a faixa 1, Pt.1 Kräftig. Entschieden, grandiosa abertura de uma sensacional sinfonia.
Pode ser encontrado em: CD duplo / SACD duplo / Serviços de Streaming selecionados. Mais um disco que merecia um vinil, para melhor explorar a dimensão de uma grande orquestra sinfônica. Normalmente, no caso do CD, esta sinfonia é encontrada em uma caixa com o ciclo completo das sinfonias de Mahler com essa orquestra e regente. Mas eu acho que é possível achar separadamente os CDs só da Terceira (sim, como é uma sinfonia longa, teve que sair em um CD duplo).
Estou me tocando agora que eu deveria começar a anotar onde eu acho cada disco, onde começa meu contato e conhecimento com aquela obra ou, até mesmo, com o artista. Falo isso à título de informação para esta coluna. Este caso é diferente do disco da Youn Sun Nah – esse eu esqueci mesmo. Mas no caso da Areni Agbabian, eu lembro que foi em algum fórum ou grupo de discussão, ou blog audiófilo, que me indicaram esse lindo disco. E lá fui eu procurá-lo no streaming!
Claro que discos que são lançados pela gravadora alemã ECM Records não são exatamente um “garimpo” – nem antigamente e nem recentemente – a alta qualidade musical e sonora desse selo é notória. O trabalho da gravadora do alemão Manfred Eicher é muito difundido no meio audiófilo, desde a era do vinil, passando pelos tempos do CD, entrando na era do streaming e, dizem, alguns títulos estão voltando ao vinil.
Além da beleza latente e etérea das composições (a maioria esmagadora autoral da própria Areni) e da voz e interpretação, a qualidade de gravação é ótima, cheia e musical, transportando o ouvinte para outro lugar, trazendo imersão – uma característica que eu gosto muito em gravações.
Areni Agbabian, com esse nome, esses olhos, essas vocalizações… Eu fiquei embasbacado de saber que ela nasceu e foi criada onde? Em Santa Monica, na California, EUA! Brincadeiras à parte, a americana Areni faz um bom trabalho com sua voz, e com a mistura que são suas raízes. Ela começou em casa, aos quatro anos de idade, brincando com um xilofone e algumas percussões, cantando com uma tia especialista em música armênia e uma mãe especialista em folclore armênio. Aos 7 começou o piano clássico, dando recitais e concertos já aos 15 anos de idade, e também cantando em corais armênios, búlgaros e americanos. Além da música étnica, a exploração da voz e do piano – e de improvisos em ambos – levou-a à cena jazz e experimental de Nova York e, na sequência, foi à Europa estudar o Canto Litúrgico Armênio. Nesse meio tempo, participou bastante do grupo de jazz-rock Tigran Quintet, do pianista Tigran Hamasyan e, em 2014, lançou um disco independente, Kissy (Bag), totalmente financiado, tocado e improvisado por ela.
E, logo, veio o disco aqui em questão – logo de cara através de um dos mais tradicionais selos de jazz e música moderna. O disco Bloom é todo desenvolvido em cima da voz e piano de Areni, acompanhada por apenas um músico: o baterista e percussionista suíço Nicolas Stocker – que já participou de alguns discos da ECM, além de outras participações e outros trabalhos com bandas próprias, e tem uma longa educação, na Europa e nos Estados Unidos, em ensino de música e composição, além de cursar “Performance de Jazz” na Universidade de Lucerna, na Suíça.
E informações técnicas sobre a gravação do disco? Não, não achei não. A não ser que foi gravado no Auditorio Stelio Molo – RSI (o que dá conta da boa ambiência por ser um auditório e não uma sala de acústica seca de um estúdio) em Lugano, na Suiça, pelo engenheiro Stefano Amerio, que é o produtor e engenheiro de gravação chefe do estúdio italiano Artesuono, que originou quase quatrocentas gravações comerciais lançadas – muitas para o próprio selo ECM Records.
O destaque especial vai para as faixas Patience, e Garun a, desse belo disco.
Pode ser encontrado em: CD / Serviços de Streaming selecionados. Só tive a satisfação de ouvir este disco no streaming, e é muito bom, muito bonito e muito bem gravado! Fiquei curioso quanto à uma possível edição em vinil – já que é por uma gravadora significativa.