Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
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Ser o primeiro a publicar um teste de um novo produto recém lançado, já não traz aquele frio na barriga como anteriormente, pois já tivemos esse privilégio algumas vezes. Mas gosto de saber o que outros revisores de áudio observarão posteriormente a respeito do produto.
De cabeça, não me lembro de nenhuma observação feita que fosse muito diferente das conclusões que cheguei, ainda que o produto testado tenha tido setups completamente distintos dos usados por nós, e salas de dimensões bem variáveis em tamanho e tratamento.
E sabemos o quanto isso pode influenciar nas observações subjetivas de qualquer produto avaliado. No entanto, não deixa de ser uma honra sermos escolhidos para realizar o primeiro teste mundial de um produto, e quanta responsabilidade está envolvida nessa escolha.
No caso do cabo de caixa Apex da Dynamique Audio, certamente o que deve ter pesado nessa escolha foi o fato de já termos testado os Apex de interconexão e usá-los em nosso setup de Referência. Então, quando o Daniel Hassany, CEO da Dynamique, nos comunicou que nos enviaria o cabo recém lançado para ser avaliado, fiquei muito feliz. Pois poderia avaliar o quanto um set completo de Apex faria pelo sistema, e à que nível poderíamos galgar da tão desejada “neutralidade” que tanto busco para facilitar o nosso trabalho no dia a dia.
Passando na memória os sets de cabos que utilizamos nos 24 anos da revista, de tudo que avaliamos o caminho foi longo e bastante diversificado. Nossos sistemas de Referência utilizaram sets de cabos da: van den Hul, NSB, Kimber Kable, Siltech, Purist Audio, Nordost, Transparent Audio, Crystal Cable, Kubala Sosna, e os nacionais: Timeless, Sax Soul Cables, Sunrise Lab Quintessence, e Logical Design. Esses são os que estiveram por mais tempo com sets completos em nossos sistemas de Referência, e se formos contar os pontuais, entre um transporte e um DAC, ou cabo de braço, essa lista se amplia rapidamente. Todos, sem exceção, sempre contribuíram à sua maneira para o nosso trabalho e o ajuste fino do sistema. E todos sempre “colocaram” sua assinatura sônica ou ajudaram a “moldar” o que necessitava ser moldado para a realização do nosso trabalho.
O que eu quero dizer com “moldar”? É justamente dar ao sistema sua assinatura sônica final. E, no nosso caso, a busca incessante foi sempre, dentre as condições possíveis, alcançar a maior neutralidade possível para o teste de todos os produtos enviados. Essa busca foi permanente, porém muitas vezes frustrante, pois cabos também sofrem de compatibilidade, como todo componente de áudio. E justamente por este motivo é que mantivemos ao longo de nossa história mais de um set de cabos, para tentar contornar esse difícil obstáculo.
De todos os fabricantes de cabos que testamos e tivemos, o que se mostrou mais neutro e com maior compatibilidade, até bem pouco tempo foi sem dúvida os Transparent Cables. Principalmente seus cabos de força e caixa, possibilitando o seu uso em diversos produtos de diferentes níveis. Diria que foram essenciais para a precisão de nossas observações auditivas e fechamento de nota de centenas de produtos testados nos últimos anos.
Mas o ideal é sempre uma meta a ser alcançada, e toda regra sempre tem alguma exceção, não é verdade? E nessas horas, em que você dá de frente com um “entrave”, é que você se pergunta: haverá algum fabricante que deu um passo à frente? Existirá o cabo que consiga um degrau a mais de neutralidade e compatibilidade, que consiga nos ampliar a margem de segurança no momento de fechar as notas dos quesitos da Metodologia? Esses pensamentos logo se dissipavam, afinal a fila não para. Produtos entram e saem para teste, como uma esteira de biscoitos a caminho do ensacamento em uma fábrica.
Dizem que o universo conspira a nosso favor (prefiro pensar que ele assopra aos nossos sentidos através da intuição, o que me parece mais realista), e eis que recebo um e-mail pedindo ajuda para arrumar um distribuidor no Brasil para os seus “cabos”. Trocamos várias mensagens, ele me enviou alguns testes, contou sua trajetória e enviou para teste sem compromisso um set completo de Halo 2, e seu mais novo produto: o cabo de interconexão Apex.
O resto vocês já conhecem – leram nas edições passadas minhas observações a respeito dos cabos das séries Halo 2, Zenith 2 e Apex interconexão. E também já sabem que usamos atualmente em nosso sistema de Referência dois Apex de interconexão XLR, e os motivos dessa escolha.
O que mais chama a atenção nos cabos da Dynamique das três linhas testadas, é a capacidade de soarem sem impor nenhuma assinatura sônica ao sinal. O que vem da fonte, seja ela digital ou analógica, irá soar sem interferência nenhuma do cabo, tornando-se a ferramenta mais imprescindível há quem testa equipamentos!
E para o usuário, qual a sua função? A mesma que para o articulista, desde que você deseje entender os erros, acertos e elos fracos de seu sistema. Agora, se você ainda usa cabos como “equalizadores”, não terá o menor interesse em ouvi-los ou tê-los.
E o que difere cada série? Apenas o grau de neutralidade. Você não encontrará em um cabo Dynamique uma série que tenha especificamente um padrão sônico diferente da série acima. Ele é uma ponte entre dois pontos, não floreia, não cria artifícios ou impõe algo ao sistema. Para alguns, essa apresentação “nua e crua” pode parecer cruel e sem sal. Mas quem lhe disse que isto é função de um cabo? Quem tem que ser correto antes de tudo é sua eletrônica, sua elétrica e sua acústica.
Em todo o tempo de convivência com os cabos deste fabricante (já são mais de 9 meses), eles nos simplificaram demais o trabalho de avaliação de todos os produtos que chegaram para teste neste período. Vou dar um exemplo: usamos no total 100 faixas entre CDs e LPs para fechamento de nota de cada produto testado. Depois do produto previamente amaciado, antes de iniciarmos a audição dessas 100 faixas, passávamos dois a três dias buscando o melhor set de cabos com a melhor compatibilidade com o produto e os melhores pares eletrônicos disponíveis naquele momento. Essa etapa de dois a três dias, acabou!
O uso da série Dynamique mais condizente com a performance do produto em teste é o único trabalho que temos, e isso não leva mais do que algumas horas para decidirmos!
Acredito que o amigo leitor agora tenha ideia de minha expectativa em relação à chegada do cabo de caixa Apex, afinal se ele mantivesse todas as características dos de interconexão, seria uma mão na roda sem precedentes!
E finalmente chegou. Em uma manhã de julho fria recebi o pacote com o Apex em uma mala de metal, devidamente protegido. Como estava de saída, só deu tempo de tirar da embalagem, desenrolar o cabo para diminuir o stress mecânico e o deixar tocando na caixa da Q Acoustics em amaciamento (cujo teste sairá na próxima edição).
Simultaneamente com o cabo, recebo uma mensagem do Daniel me passando as especificações dele. Os condutores são 4 x 16 AWG de prata pura (5N) de núcleo sólido, 4 x 18 AWG de ródio sobre prata pura (5N) com núcleo sólido, 4 x 19AWG ouro 24K sobre prata pura (5N) com núcleo sólido, e 2 x 22/3 AWG Pure Silver (5N0 multicore). Bitola: 6AWG por canal com isolamento PTFE Teflon, super espaçado com ar. Construção: Matriz helicoidal contrabalanceada, bitola distribuída em geometria específica. Amortecimento: 2 filtros de ressonância por canal. Terminações: Plug banana de baixa massa Dynamique (Ródio/Ouro/Prata/Cobre), ou terminação em forquilha (Ródio/Ouro/Prata e Cobre, PTFE Teflon).
Junto com as especificações técnicas, o Daniel enviou o seguinte texto: “O nosso cabo Zenith 2 e o Celestial 2 de caixa eram nossas referências absolutas, mas sabíamos que poderíamos oferecer ainda mais otimizando a geometria e, por sua vez, a topologia das bitolas distribuídas internamente. Testamos diversas formulações de condutores diferentes com ouro puro, platina pura, paládio puro, ródio puro e liga de metais nobres, utilizamos até algumas formulações de grafeno, e cada protótipo trouxe pontos fortes, mas também pontos fracos. Decidimos, então, utilizar apenas os metais que se mostraram sinergicamente melhores, e que elevaram ainda mais nosso grande diferencial em relação aos cabos similares da concorrência”.
Acredito que conheça um pouco do método de trabalho do Daniel, pelos diversos e-mails trocados desde que nos conhecemos. E que, até chegar ao resultado final, dezenas de protótipos foram construídos e meses se passaram até definir o caminho a seguir. Pois ele é um perfeccionista nato, capaz de testar uma linha de raciocínio à exaustão, até ter a certeza absoluta que extraiu daquela linha todo o seu potencial.
A grande vantagem do atual estágio em que a Dynamique se encontra é a de já ter estabelecido o “conceito” de neutralidade de forma muito eficaz. Então já existe um “norte” bem definido, o que ajuda a não perder a mão e nem mudar de rumo.
O Daniel também me solicitou que deixasse o cabo no mínimo por 100 horas de amaciamento antes de colocá-lo em avaliação, e que até 200 horas haveriam sutis mudanças.
Nunca escutei o cabo de caixa Zenith 2, só conheço bem o Halo 2, então comparar o Apex com o Halo 2 é meio que covardia. Pois o grau de neutralidade é muito maior. Porém, como as características são idênticas ao Apex de interconexão e o Zenith 2 de interconexão que foi testado recentemente, acredito que alguns parâmetros possam ser avaliados.
Como escrevi, o Zenith 2 está muito mais próximo do Apex do que do Halo 2, então aos interessados por uma cabo de caixa em que seu maior mérito é não alterar o sinal enviado do seu amplificador para a sua caixa, o Zenith 2 certamente terá muito mais a oferecer do que o Halo 2.
Mas não pense que as diferenças são “circunstanciais” ou sutis, pois não são. Com o set todo Apex entre a fonte digital, pré e power e caixa, atingimos um grau de naturalidade e conforto auditivo jamais experimentado em nenhum outro setup de Referência que tivemos! O Apex consegue nos mostrar com exatidão o nível de qualidade de cada componente, nos levando a sensação de música real e não reproduzida eletronicamente, nos levando a confirmar tudo que escrevemos a respeito tanto dos Nagras, quanto das caixas Wilson Audio Sasha DAW.
E quando trocamos o pré da Nagra pelo Leben (leia Teste 1 nesta edição), ficou evidente a assinatura sônica do Leben, com maior eufonia, mostrando em detalhes suas qualidades e defeitos tão “explicitamente” que poderíamos perfeitamente diminuir o número de faixas utilizadas para o fechamento da nota de cada quesito, pela metade.
Dizem que junto com a liberdade, também aumenta a responsabilidade. Nada mais correto, pois à medida em que fomos conhecendo o potencial de um set completo Apex, percebemos que os pequenos detalhes precisam ser revistos periodicamente.
O que são esses pequenos detalhes? Cabos de força, cabos digitais, elos fracos, posicionamento das caixas, etc. É como se o set Apex colocasse tudo sob o campo de visão de um microscópio eletrônico de última geração. Pois seu grau de transparência, silêncio de fundo, corpo harmônico, textura, equilíbrio tonal, será o que a eletrônica em que ele está instalado pode reproduzir. Ele não deleta nada e nem tão pouco acrescenta um fio de cabelo.
O sistema estando condizente com o termo “superlativo”, tudo soará neste nível!
O sistema estando com alguma aresta ou elo fraco muito evidente, não haverá como esconder o problema debaixo do tapete, pois estará presente e audível o tempo todo.
Geralmente o audiófilo nessa situação procura alguma medida paliativa, como usar cabos que “diminuam” o problema, ou até medidas mais drásticas como eliminar aquele disco de suas audições.
Com o Apex, nem uma dessas soluções será possível, pois ele irá pôr o “dedo na ferida” sem dó nem piedade! Simples assim!
No entanto, se você é um audiófilo que está há muito tempo nesta estrada cansado de tantas tentativas infrutíferas, saber que existe um “ferramental” que pode lhe ajudar a detectar elos fracos com precisão e que, depois de corrigidos, seu uso irá lhe proporcionar o maior prazer possível, o que temos a perder? Absolutamente nada!
E para os inteligentes, que aprendem com o erro dos outros, ter um set Apex em um sistema Estado da Arte Superlativo irá valer cada centavo investido!
Nas últimas semanas recebi, por vários motivos, fabricantes nacionais, importadores e amigos de longa data que conhecem quase tão bem meu sistema como eu. Todos, ao escutarem o sistema, disseram que estava soando com uma naturalidade nunca antes tão evidente. Naturalidade foi a palavra mais usada para descrever o “efeito Apex” no sistema, mas o mesmo também foi descrito com outros adjetivos, como: expandido, primoroso, refinado, etc. As observações estão corretas, dentro das condições que ouviram. No entanto, o mais paradoxal dessas conclusões é que o mérito é da eletrônica e do ajuste fino do sistema.
O trabalho dos cabos Apex foi o de não interferir ou colocar “condimento” aonde não há necessidade. E, no entanto, ao focarmos na história dos cabos na audiófilia, quantos fabricantes não chamam para si essa conquista de terem desenvolvidos cabos suficientes neutros para desfrutar apenas da assinatura sônica do sistema? Acredito que todos almejam este mérito, e quantos conseguiram efetivamente? Diria, por experiência, que muitos chegaram muito próximo, no entanto esbarraram em outro problema: compatibilidade.
Sabe quando eu escrevo que musicalidade é a soma de todos os outros sete quesitos? Pois descobri na prática que compatibilidade depende integralmente da neutralidade. Quanto mais neutro, melhor a compatibilidade com diversos produtos, independente da topologia. E aí está o “pulo do gato” da Dynamique: para cada nível de sistema, um cabo compatível e neutro na medida certa.
Nos testes que li dos cabos da Dynamique, os revisores falam das melhorias que escutaram em seus sistemas, conforto auditivo, precisão, mas poucos citam a questão da neutralidade (ainda que isso esteja muito bem descrito no site do fabricante, e o Daniel enfatize muito essa características em nossas conversas). Acredito que seja uma questão de tempo para que os revisores entendam o que a Dynamique alcançou.
Como sempre escrevo, existem inúmeras formas de avaliar um produto de áudio, e também existem as expectativas e gosto pessoal do articulista ao escrever suas impressões. Mas, no momento que está “ficha” cair, acredito que a Dynamique irá se estabelecer como a referência das referências neste mercado tão competitivo. Pois o caminho que o Daniel encontrou é extremamente consistente, e abre uma janela para que mais fabricantes de cabo trilhem o caminho da neutralidade.
Afinal, menos é mais. São tantas etapas para o ajuste de um sistema (qualidade elétrica, tratamento acústico, sinergia do sistema, escolha da assinatura sônica) se tirarmos os cabos dessa lista, usando-os apenas para saber se fizemos a “lição de casa” corretamente, será um grande salto no tempo gasto e no dinheiro despendido.
Imagine o dia em que cabos serão a última coisa a ser colocada no sistema, como a final “prova dos nove”! Apenas para saber o quanto acertamos ou erramos. Como um exercício de matemática em que não existe meio certo!
Se você sempre sonhou com essa possibilidade, como eu amigo leitor, saiba que este cabo já existe! Ele se chama Dynamique Audio, e eles possuem uma linha extensa e, com certeza, uma série serve para o nível do seu sistema.
E se ele simplesmente mostrar que você ainda não chegou lá, não o acuse, não faça como aqueles audiófilos que sempre culpam a mídia, dizendo que é mal gravada, para justificar não tocar bem no seu sistema. Pois eles apenas estão indicando que existe um elo fraco, e este ainda é bem evidente.
E se você tiver um sistema Estado da Arte de nível Superlativo, e quer extrair cada gota dele, sugiro que você escute um set de Zenith 2 ou Apex da Dynamique Audio. E se o sistema tocar divinamente, como jamais você imaginou ouvir, saiba que o mérito também é deles, afinal não interferir, alterar ou impor uma assinatura sônica é tudo que um cabo deveria ser, e até este momento não era!
A neutralidade desejada por todos os fabricantes já existe.
O preço.
Condutores | • 4x 16 AWG de prata pura (5N) de núcleo sólido • 4x 18 AWG de ródio sobre prata pura (5N) com núcleo sólido • 4x 19 AWG ouro 24k sobre prata pura (5N) com núcleo sólido • 2x 22/3 AWG Pure Silver (5N) multicore |
Bitola | 6 AWG por canal equivalente |
Isolamento | PTFE Teflon, super espaçado com ar |
Construção | Matriz helicoidal contrabalanceada, bitola distribuída |
Amortecimento | 2x filtros de ressonância por canal |
Terminações | • Plug banana de baixa massa Dynamique (Ródio / Ouro / Prata / Cobre, PTFE Teflon) • Plug tipo forquilha Dynamique de baixa massa (Ródio / Ouro / Prata / Cobre, PTFE Teflon) • WBT Nextgen 0610/0681 AG (opção de atualização disponível) |
CABO DE CAIXA APEX DA DYNAMIQUE AUDIO | ||||
---|---|---|---|---|
Equilíbrio Tonal | 15,0 | |||
Soundstage | 13,0 | |||
Textura | 15,0 | |||
Transientes | 14,0 | |||
Dinâmica | 13,0 | |||
Corpo Harmônico | 13,0 | |||
Organicidade | 13,0 | |||
Musicalidade | 16,0 | |||
Total | 112,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
German Audio
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£ 15.900