Teste 2: AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H390

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janeiro 13, 2021

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

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Ainda que tenhamos tido um ano completamente atípico, muitas surpresas agradáveis vieram dar uma colorida em um ano tão cinzento e pesado.

A primeira pergunta que me fiz ao desembalar o novo H390 foi: “ele é uma pequena melhora do H360 ou realmente os caras da Hegel se tocaram que poderiam ganhar ainda mais este mercado de integrados, deixando-o mais próximo do H590?”

Pois uma das várias observações que recebi de leitores que ouviram os dois integrados, é que o H360 era muito distante do H590. Então, com essa pergunta na cabeça, lá fui eu tentar descobrir a resposta.

Vendo o site do fabricante, algumas pistas foram dadas, como por exemplo o apelido de “Robin Hood” ou de “Rebelde”. Questionados pela imprensa, os noruegueses da Hegel disseram que o apelido era pelo fato do H390 ser um “redistribuidor de riquezas”, já que mais pessoas poderiam tê-lo gastando um pouco mais de 50% do valor do H590, com muitos dos recursos do top de linha e sua aclamada assinatura sônica!

Lançado em maio de 2019, na feira de Munique, o H390 foi um sucesso instantâneo com pedidos de todos os representantes. E esse sucesso se deu por dois motivos: ele manteve tudo que havia de positivo no H360, como versatilidade e mobilidade, e acrescentou muito da tecnologia do H590, começando pela plataforma de streaming utilizada no H590. Assim, o H390 também é uma opção streaming de rede completo, como o top de linha.

A grande facilidade para o usuário é poder transmitir sinal usando UPnP/DLNA de drives NAS, acessar serviços online incluindo Spotify, Tidal e rádio internet, sob o controle de um aplicativo como Kinsky / Kazoo da Linn, ou o Bubble UPnP. Podendo, se assim desejar, até mesmo transmitir música sem fio para o amplificador através da rede usando o Apple AirPlay.

O H390 também pode ser personalizado usando uma interface de navegador em um computador ou tablet conectado à mesma rede, e ainda receber atualizações de firmware. Permitindo que seja ajustado e aprimorado à medida que haja avanços ou upgrades nesta área.

Uma das melhorias recentes, após seu o lançamento no ano passado, foi o AirPlay 2, com capacidade Roon Ready e compatibilidade de instalação personalizada do Control4.
E, no caso do H390 e H590, os engenheiros da Hegel fizeram atualizações na qualidade do sinal recebido via Ethernet (sendo que este upgrade na minha opinião foi o grande pulo do gato – mais adiante compartilho minhas impressões com vocês).

A seção digital do H390 é muito similar à placa do H590 (não idêntica). O H390 aceita até DSD256 em USB, até DSD64 em todas as outras entradas digitais (usando DSD sobre PCM, ou DoP), e MQA em todas as entradas digitais, sem exceção.

A Hegel se gaba de também ter produzido seus clocks para se conseguir, mesmo em sinais de baixa resolução, um som mais analógico e natural, com um palco mais 3D e maior organicidade (materialização do acontecimento musical).

Segundo o fabricante, o H390 possui 250 Watts por canal em 8 Ohms, e também utiliza a topologia SoundEngine. Essa topologia patenteada visa buscar o total cancelamento de distorção, deixando o ruído de fundo o mais silencioso possível dentro do espectro audível. Cada fabricante sério neste segmento tem sua fórmula ou seu ponto de vista para defender suas topologias, então o que é importante para cada ouvinte é saber o quanto a topologia A, B ou C, lhe parece mais natural e confortável. Pois caso a escolha se dê apenas por parâmetros objetivistas, ela será muito mais complexa e tortuosa (acredite, têm muitas opções “teoricamente” fabulosas).

E entre o que eu ouço e o que eu meço, ainda fico com o que meu sistema auditivo me mostra!

Como todo Hegel, seu painel frontal é bastante simples com um display centralizado, circundado por dois grandes botões: o da esquerda para escolha da entrada e o direito para o volume. O botão de liga/desliga fica embaixo, mais à direita, bem na frente.

Nas costas, os terminais das caixas, tomada IEC, e 4 entradas (três RCA e uma XLR). E entradas digitais: BNC, coaxial, ótica e USB-B. Também uma entrada “bypass” para processadores de home-theater.

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Toca-discos Timeless Ceres com diversas cápsulas (leia Teste 1 nesta edição), toca-discos Acoustic Signature Storm com braços Origin Live e SME Series V, com as cápsulas Hana ML e Soundsmith Hyperion 2, e pré de phono Boulder 508. Music Server Innuos Zen (leia Teste na edição de janeiro/fevereiro próximo), e transporte dCS Scarlatti com TUBE DAC Nagra. Caixas: Q Acoustics Concept 300, Elipson Legacy 3230, e Wilson Audio Sasha DAW. Cabos de Força: Sunrise Lab Quintessence, Transparent PowerLink MM2 e Reference G5.

Para o teste, fui buscar minhas anotações tanto do H360 como do H590. Essas anotações sempre me salvaram, pois como anoto tudo minuciosamente, basta ouvir o mesmo disco para “reavivar” a memória e buscar as diferenças e semelhanças. Realmente não sei o que seria de mim sem essas extensas anotações, que às vezes dão mais trabalho do que escrever o teste (principalmente se o produto tem grandes virtudes).

O produto mais uma vez veio lacrado, o que demandou uma longa queima de 280 horas. Como tínhamos também recebido, em conjunto com a Q Acoustics e, na sequência, as Elipson, fizemos um pacote só de amaciamento, o que ajudou a acelerar o processo de queima em conjunto.

Interessante que, se você utilizar o H390 somente como amplificador, a queima será bem menos dramática. Agora se você precisar amaciar simultaneamente o DAC interno, aí se prepare meu amigo, pois a espera será bem mais longa.

Depois de amaciado por 150 horas o amplificador, para acelerar o processo deixava-o ligado de dia com o Inuuos no Tidal na entrada USB, e a noite depois do jantar eu ouvia somente analógico para acelerar a queima das duas caixas e entender o Timeless Ceres com as três cápsulas. Em alguns momentos fiquei completamente atordoado com tantas frentes abertas e os prazos apertados. Mas o prazer de depois ouvir cada um desses produtos, compensou plenamente o esforço!

Comecemos pelas verdades: sim, o H390 está muito mais próximo do H590, e mais distante do H360. Isso é a melhor notícia, na minha opinião, pois certamente possibilitará muito mais consumidores realizarem o sonho de ter um Hegel.

Ele tem mais energia que o H360, é muito mais bem resolvido na macrodinâmica, e a música soa sempre confortável e precisa como no H590. A assinatura sônica é muito semelhante em termos tonais, no corpo, nos transientes e na musicalidade. Deixando aquela sensação de ouvir sempre mais um disco, ainda que os compromissos diários sejam inadiáveis.

As texturas (principalmente do amplificador) são muito refinadas, tanto em termos de detalhes de paletas como de intencionalidade. Acho difícil não se deixar seduzir pela mescla de transparência e musicalidade.

Sua autoridade com caixas distintas, como as três utilizadas no teste, foi muito mais próxima do H590 do que do H360. O que também certamente é uma excelente notícia para os que possuem um maior ecletismo musical.

Já os transientes, achei mais próximos do H360 do que do H590, não que haja alguma coisa de errado, pelo contrário, mas o H590 é um pouco mais preciso neste quesito.

Queria realmente ter um H590 para entender essa diferença. Busquei respostas nas minhas anotações e acabei por optar pelo mesmo cabo de força utilizado no teste do H590 – o Transparent PowerLink MM2. Mas realmente neste quesito, com as referências analógicas, não cheguei lá! Isso é um problema? Logicamente que não, é apenas a busca de “pelo em ovo” que todo revisor tem que fazer. Afinal, se tocasse idêntico, apenas com potência distinta (250W x 310W em 8 ohms), não se venderia mais H590. Pois para a esmagadora maioria das salas atuais, 250 Watts é mais do que suficiente. Por isso que o fabricante escreve na descrição do produto: “muitas qualidades bem próximas do nosso top de linha, e não as mesmas qualidades”.

Faço questão de pontuar as diferenças, para que o leitor entenda que “similar” não é “idêntico”. Em termos de organicidade (materialização física do acontecimento musical) a maior virtude deste quesito da metodologia é que o H390 é muito surpreendente! Pois mesmo com gravações “normais”, a sensação dos músicos ali na sala conosco é impressionante!

E isso se deve a outra excepcional qualidade deste produto: seu soundstage, em termos de foco, recorte e planos. Com LPs, a profundidade e o posicionamento no espaço físico dos músicos foram realmente primorosos! Planos e mais planos dos naipes de orquestra,
reprodução do tamanho da sala de gravação e o silêncio em volta de cada instrumento (principalmente nas gravações dos anos de ouro: 50 à final de 70) de tirar o fôlego!

Faltava ouvir seu DAC interno, seu streamer, e comparar com o Inuuos e com o TUBE DAC. Se saiu melhor que o H360, mas aí a distância não foi tão grande. O que falo ser o maior problema do streamer ainda é justamente a pobreza do soundstage, o corpo harmônico e a apresentação das texturas. Esses quesitos, quando comparados com a mídia física, ainda soam pobres (claro que estou falando de um bom setup Estado da Arte).

O que isso atrapalha? É o que mais ouço de leitores pretensos a só usar streaming. Seu cérebro não se engana, só isso. Ele sabe que algo está faltando. Se seu envolvimento com a música e seu sistema não busca essa “imersão”, você tenha certeza que estará muito bem servido com o DAC interno e o streaming do H390. Agora, se você tiver uma relação com a música mais intensa, eu recomendo o uso de um DAC externo.

E a razão de insistir nessa linha de raciocínio, é pelo fato do amplificador H390 ser muito bom e um genuíno Estado da Arte de bom nível. Então se beneficiar deste amplificador é usar um DAC à altura de sua amplificação.

Agora, se a grana está curta, não há nada de errado em utilizar seus recursos até poder comprar um DAC à altura do amplificador. Pois este pode ser o integrado definitivo para uma legião de audiófilos e melômanos que desejam simplificar seus sistemas e ter algo minimalista e moderno.

CONCLUSÃO

É perceptível o esforço dos engenheiros da Hegel, à cada nova série, em dar um consistente passo à frente. E pelos resultados e prêmios conquistados e sucesso de crítica, é inegável que todo esse esforço está gerando enorme reconhecimento.

Para os que desejam, como escrevi, simplificar tudo e ter uma central de entretenimento de alto nível, o H390 é uma opção realmente muito interessante. Se é este o seu caso, não deixe de ouvir o H390, ele pode ser o que você tanto queria para fechar seu ciclo de upgrades!


PONTOS POSITIVOS

Excelente pacote com um amplificador refinado e muito versátil.

PONTOS NEGATIVOS

Um pré de phono seria muito bem vindo, e uma entrada digital AES/EBU também.


ESPECIFICAÇÕES
Saída de potência2x 250 W em 8 Ω, Dual Mono
Entradas analógicas1x balanceado (XLR), 2x RCA
Saídas digitais1x coaxial (BNC)
Entradas digitais1x coaxial (BNC), 1x coaxial (RCA), 3x óticas, 1x USB
Saídas analógicas1x fixa RCA, 1x variável RCA
Suporte MQAUSB, BNC, ótico
Resposta de frequência5 Hz à 180 kHz
Relação sinal/ruído100 dB
Distorção<0,005% a 50 W / 8Ω / 1 kHz
Intermodulação<0,01% (19 kHz + 20 kHz)
Fator de amortecimento4000 (estágio principal de saída)
Dimensões (L x A x P) (incluindo pés)43 x 14,5 x 44 cm
Peso20 kg
AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H390 (COM DAC E STREAMER)
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 11,0
Textura 11,0
Transientes 12,0
Dinâmica 10,5
Corpo Harmônico 11,0
Organicidade 11,5
Musicalidade 12,0
Total 91,0
AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H390
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 12,0
Textura 12,0
Transientes 12,0
Dinâmica 11,5
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 12,5
Musicalidade 13,0
Total 97,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADODAARTE



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