Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
O leitor Rafael Lopes me enviou um artigo dando dicas de como deixar o volume do alto falante do iPhone e iPad, mais alto do que o que vem de fábrica, e me perguntou o que eu acho deste procedimento. Ainda que a pergunta, à princípio, não tenha absolutamente nenhuma relação com os assuntos tratados aqui na Audiofone ou na Áudio e Vídeo, me dei conta do grau de carência de informações seguras que o consumidor tem, apesar de tantos artigos publicados diariamente em veículos especializados ou não. O artigo enviado foi publicado na MacMagazine, e ensina o cliente de produtos Apple a realizar uma ‘gambiarra’ (palavra utilizada no artigo para ensinar a dica), de como ampliar o volume deixando ainda mais alto que o normal. E o jornalista escreve que este procedimento, além de simples, não precisa de instalação de apps ou muito menos jailbreak. O processo todo é feito especificamente no app nativo Música, no iPhone e iPad, abrindo os ajustes e toque em ‘Música’, na sequência ‘Equalizador’, e toque em ‘Música’ e coloque a opção “Madrugada”. Feito isso, segundo o jornalista que escreveu o artigo, você notará mais clareza de volume (palavras dele) – para, no final da dica, ele concluir que as diferenças não serão tão drásticas e dependerá do tipo de conteúdo que você está ouvindo. Mas que, na maioria dos casos, você notará diferença. Antes de responder minha opinião ao Rafael, eu me lembrei de respirar fundo, beber um bom gole de água, e passar na memória que leio e recebo este tipo de ‘desinformação’ ou, se quiserem, informação inútil, todo santo dia! E fico me perguntando o que leva esses veículos a compartilharem este tipo de desinformação? Falta de conteúdo? Subestimar a inteligência do consumidor? Acreditar que este tipo de dica seja realmente algo útil? E, finalmente: que diabos alguém que tenha um iPhone ou iPad, irá ouvir música pelos falantes do equipamento, e não através de um fone de ouvido? Isso me lembra minha infância, quando nos sentávamos depois da janta em volta de um rádio Telefunken, que pegava ondas médias e curtas (ainda não existia nem o Multiplex – o ancestral da Frequência Modulada, também conhecido como FM) e ouvíamos a BBC e as obras clássicas. Mal respirávamos para poder escutar os concertos, em que tudo que conseguíamos escutar era a região média, e olhe lá! Depois, chegaram os rádios portáteis e finalmente os rádios de pilha de bolso, que mostraram a arte dos japoneses em diminuir componentes até caberem na palma das mãos! Ouvir música em um desses rádios de pilha era desistir, assim que a música tocava seu segundo acorde. Em casa, ele só era usado aos domingos, para meu pai e meu irmão mais velho acompanharem os jogos da rodada. O resto da família abominava aqueles narradores gritantes, como se tivessem narrando corrida de cavalo e não uma partida de futebol! Eu erguia as mãos para o céu quando o narrador gritava: “Crepúsculo do jogo e fecham as cortinas”, era hora de jantarmos e ouvirmos música por duas horas, antes de irmos dormir, no sistema de casa. Por mais que os sistemas de falantes dos mais modernos celulares tenham melhorado e, muito, as limitações físicas dos micro falantes são um enorme obstáculo a quem realmente ama ouvir música. Então, ao leitor Rafael, expus todas essas questões e lhe disse tudo que aqui estou escrevendo. Não tem como melhorar o que já é tão limitado. E qualquer dica neste sentido será mais ou menos como enxugar gelo, e nada mais do que isso!
Invista em um bom fone de ouvido, não precisa gastar mais que 100 dólares, e desfrutar da qualidade que tanto o iPhone como o iPad oferecem em termos de seus DACs internos, de bom nível.
Essa é a dica mais honesta e segura que posso oferecer ao leitor Rafael e a todos vocês!