Discos do Mês: CLÁSSICO, ELETRÔNICO WORLD FUSION & JAZZ

AUDIOFONE: Editorial: PARA QUE DIABO EU PRECISO DISSO?
setembro 14, 2021
PLAYLIST DE SETEMBRO
setembro 14, 2021

Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Indagado, novamente, sobre o sistema de ‘notas’ desta seção, para os discos – as ‘estrelas’ de um à cinco – me peguei pensando no futuro das gravações, e pensando que atingimos um certo patamar que parece intransponível.

Não falo de gravações comerciais, cuja tecnologia barateou muito e melhorou horrores, mas ainda é muito mal utilizada, filosoficamente falando: permanecem ideias de compressão misturadas à saturação excessiva, ao excesso de volume, e ao excesso de manipulação da gravação e uso de efeitos. Outro dia descobri que um de meus baixistas preferidos, Guy Pratt, baixista do Pink Floyd desde o final da década de 80, quando era baixista de estúdio e tinha gravado com uma boa quantidade de gente, chegou a tocar no disco Like a Prayer, da Madonna. Não faz parte da minha área de interesse musical, mas recentemente Pratt mostrou, em um vídeo no YouTube, como é a linha de baixo da faixa título Like a Prayer – e isso é muito interessante se você considerar que: 1) é uma linha de baixo sensacional, e 2) não dá quase para percebê-la ouvindo a faixa no disco, de tanta equalização, processamento e compressão que foi usado pelo produtor e engenheiro de gravação. Não tenho a menor dúvida na face da terra que muita música pop/rock seria mais apreciada e compreendida se fosse bem gravada. Mas, enfim…

Como eu procuro publicar aqui gravações que tenham um bom equilíbrio entre qualidade de som e qualidade musical, ainda não falei de nenhuma que tivesse recebido cinco estrelas (nota 5 de 5) de qualidade de som. Não é que elas não existam, porque conheço algumas, mas sim porque o foco é mais na qualidade musical.

Mas isso não me impede de pensar na tal ‘barreira intransponível’: será que um dia teremos gravações de ‘seis estrelas’? Acredito que sim, porque a tecnologia nunca fica parada – apesar de que eu acho que chegamos em um ponto onde será necessário revolucionar a tecnologia de microfones, mais do que simplesmente a de gravadores. Mas isso é assunto para outro tipo de artigo, se é que eu seja capacitado para escrevê-lo…

Mas, se um dia eu tiver em mãos uma gravação ‘seis estrelas’, de boa música, certamente compartilharei aqui na revista a existência da mesma. Tudo será revelado! rs…

Na edição deste mês, fuçando fundo na sacolinha, temos os seguintes. Primeiro, um disco de música clássica belíssimo, de um compositor austríaco, com uma qualidade de gravação estupenda, tocado por americanos, conduzidos por um maestro japonês. Em segundo, mais um disco que desafia rótulos, com música principalmente eletrônica combinada com uma voz para lá de especial. E, por último, um bom disco de jazz moderno com guitarra e violino.

Vamos à eles:

Mahler – Das Lied von der Erde – Minnesota Orchestra – Eiji Oue (Reference Recordings, 1999)

Meu pai costumava ouvir muito Mahler, principalmente a favorita dele, a 5a. Sinfonia. Portanto, foi parte da minha educação musical, desde a tenra idade, o gênio orquestrador desse compositor austríaco.

Com a idade, e eu mesmo procurando meus próprios favoritos do repertório clássico, dentre as composições de Gustav Mahler passei a me interessar mais pela 1a Sinfonia “Titã”, a 2a Sinfonia “Ressurreição”, e Das Lied von der Erde – a Canção da Terra – uma obra composta de seis canções para uma orquestra acompanhando dois cantores solistas: usualmente um tenor e uma contralto ou mezzo soprano. Uma obra belíssima, e emocionalmente densa, que combina uma delicadeza e melancolia com a célebre massa orquestral criada por Mahler.

E, um dia, descobri que meu selo favorito de música clássica, o Reference Recordings, tinha em seu catálogo essa gravação da Canção da Terra – minha gravação preferida não só musicalmente, pelo belo trabalho da Orquestra de Minnesota, como pela superior regência do japonês Eiji Oue, e a elogiadíssima performance dos dois solistas: o tenor Jon Villars, soando em sua plenitude, grande e sem esforço, e a mezzo soprano Michelle DeYoung, com uma voz quente e qualidades interpretativas que a tem comparado com a cultuada mezzo alemã Christa Ludwig.

E a qualidade sonora, absurdamente boa, contribui intensamente para a ligação do ouvinte com os intérpretes. Quem conhece um pouco do trabalho do selo Reference Recordings, do engenheiro de gravação Prof. Johnson, e de sua associação com Eiji Oue e a Orquestra de Minnesota, sabe da sonoridade superior de suas gravações, e de sua usual excelência musical. E este disco, como diria o Fernando Andrette: “amigo leitor”, é um dos maiores e melhores exemplares do selo.

Para quem é este disco? Para todos os amantes de Mahler, para os amantes de música orquestral e de cantores líricos, para os amantes do repertório pós-Romântico do início do século 20. Mesmo aqueles que tiverem pouca familiaridade com essa obra, com o repertório clássico – mas que são grandes amantes de boa música – irão se fascinar com a qualidade sonora incrível desse registro.

Nascido em Hiroshima, o maestro Eiji Oue começou seus estudos na Escola de Música Toho Gakuen, e em 1978 foi convidado pelo célebre maestro japonês Seiji Ozawa para os estudos avançados de música e o Festival de Música que ocorrem todos os anos em Tanglewood, Massachusetts, sob a curadoria da Sinfônica de Boston (que Ozawa liderava à época), onde Oue conheceu o grande compositor e maestro Leonard Bernstein, que passou a atuar como seu mentor, e com quem estudou no Instituto da Filarmônica de Los Angeles. Eiji Oue esteve ligado, como maestro ou diretor, à Filarmônica de Erie, Filarmônica de Buffalo, Orquestra de Minnesota, NDR Philharmonie Hannover, Filarmônica de Osaka, e Sinfônica de Barcelona – sendo atualmente diretor artístico desta última.

Gustav Mahler nasceu em 1860, na Boêmia, parte da Áustria – e que hoje faz parte da República Checa. Filho de um hoteleiro com a filha de um pequeno fabricante local de sabão, é o segundo de 14 filhos. Mahler aprendeu na infância a música de rua, as melodias folclóricas e as marchas militares, que começou sozinho a tocar no piano da família. Aos 15 anos entrou no Conservatório de Viena, estudando piano, música, composição e harmonia. Terminando os estudos, passou a dar aulas de piano e fazer pequenas composições.

Mahler foi um dos maiores orquestradores do período Romântico Tardio, e foi um dos mais conceituados regentes de orquestra do final do século XIX e início do XX, elogiado por luminares como Brahms. Trabalhou na Ópera de Leipzig, no Teatro Húngaro de Ópera em Budapeste, em Hamburgo, e na Ópera da Corte de Viena. Em 1898 passou a reger a Filarmônica de Viena, e logo começaram a ser apresentadas suas próprias obras na Europa. Entre 1908 e 1911, Mahler foi muito bem sucedido nos EUA, regendo a Metropolitan Opera, e a Sinfônica e a Filarmônica de Nova York. Em abril de 1911, Gustav Mahler começou a sentir-se mal, com uma infecção no coração, e partiu de Nova York para Paris, chegando no começo de maio daquele ano à Viena, onde desenvolveu uma pneumonia, entrou em um coma e veio a falecer em 18 de maio, aos 50 anos de idade.

Minnesota Orchestra

A Canção da Terra é considerada uma das obras mais importantes do compositor – baseada em antigos poemas chineses adaptados pelo poeta alemão Hans Bethge – e que foi uma das últimas obras terminadas antes de sua morte. Segundo a lenda, ele estava ciente da superstição em voga entre os compositores germânicos, que não ousavam ultrapassar a composição de nove sinfonias, que padeceriam sem chegar à sua décima. O fato é que vários compositores são usados como exemplo, principalmente Beethoven, Dvorak e Schubert.

De qualquer maneira, o nome oficial inicial da obra é Sinfonia para Vozes de Tenor e Alto e Orquestra – omitindo aí a numeração, e fugindo da ‘maldição’. O fato é que Mahler compôs 9 sinfonias, sendo que uma 10a acabou inacabada. Em seu formato de canções, a Canção da Terra é frequentemente chamada de “Sinfonia-Canção”, e o maestro e compositor Leonard Bernstein – um dos especialistas contemporâneos na obra do compositor austríaco, chamava a Canção da Terra de “A Maior Sinfonia de Mahler”.

Com mais de 140 gravações em seu portfólio, Keith de Osma Johnson – mais conhecido como Prof. Keith O. Johnson – é um dos maiores engenheiros de gravação da história, e é um dos meus grandes ídolos (juntamente com o fundador e engenheiro da Telarc Records, Jack Renner). Johnson é praticamente um sinônimo vivo de alta qualidade de som, é o fundador e um dos proprietários do selo Reference Recordings. Usando equipamentos de gravação que ele acaba por modificar ele mesmo, de acordo com suas necessidades, Johnson sempre teve por objetivo recriar em gravações músicos reais tocando em espaços físicos reais. Ou seja, de acordo com nossa Metodologia aqui da revista, ele é Rei da Organicidade! rs…

Atenção especial deve ser dada à faixa VI. Der Abschied: Schwer. É um tremendo disco! É uma das melhores execuções dessa obra, com uma das melhores qualidades de som. Ouça muito!

Pode ser encontrado em: CD / Download / Serviços de Streaming selecionados. Conheço bem o CD desse disco, um dos meus favoritos há muitos anos. O streaming está de boa qualidade – apesar de eu ter achado uma certa inconstância de qualidade entre os discos da Reference Recordings que estão disponíveis nos serviços de streaming. O download pode ser comprado diretamente na gravadora, em em lossless! Mas que esse disco merece um vinil, merece – é um dos grandes desse prestigioso selo.

Ouça um trecho da faixa “VI. Der Abschied: Schwer” no YouTube.

Lisa Gerrard & Pieter Bourke – Duality (4AD, 1998)

Muitos anos atrás, em uma galáxia muito distante, quando eu estava no meio da adolescência e ouvia uma mistura do bom eletrônico da época com muito rock progressivo, eu e amigos trocávamos fitas gravadas e, apesar de termos já uma boa discoteca, e gravarmos fitas também para outros amigos de escola, todos os discos nos quais pudéssemos por nossas mãos, novos, diferentes, interessantes, raros, difíceis (e os importados eram difíceis e caríssimos), que tivessem boa música, estavam na nossa mira. Hoje tudo é fácil, basta procurar no streaming e tudo está lá! Quer o CD? Fácil de comprar. Quer o vinil? Fácil de comprar – mas esse precisa do PIB de um país pequeno…

Por algum motivo, o irmão mais velho de um amigo tinha um bom gosto musical que era diferente do usual, diferente do nosso, e ouvia uma banda que eu aprecio até hoje, chamada Dead Can Dance, um duo de world music – com sonoridade e instrumentação particulares – que foi fundado na Austrália, mas acabou por se estabelecer no Reino Unido. Ele tinha todos os primeiros discos da banda, todos pelo selo britânico alternativo 4AD. Após um empréstimo dos discos – e a devida gravação de alguns deles – facilmente virei fã.

O Dead Can Dance é, ainda, composto por dois multi-instrumentistas, que além disso cantam: Lisa Gerrard e Brendan Perry. Só que Gerrard se sobressaia pela voz extraordinária, de enorme alcance e poder, e um uso muito pouco usual. É fácil, mesmo para quem não é inteirado da banda, distinguir ouvir a voz de Gerrard, pois ela consta proeminentemente na trilha sonora do filme Gladiador – e de outros filmes – e quem ouviu, não vai esquecê-la.

Claro que, desde então, procuro ouvir todos os projetos que envolvam Lisa Gerrard ou Brendan Perry, ou os dois juntos. E um dos projetos é este disco, deste artigo, feito por Gerrard com o, também australiano, tecladista Pieter Bourke, que foi um dos músicos de apoio do Dead Can Dance até os anos 90.

Lisa Gerrard & Pieter Bourke

O disco Duality, de 1998, foi o segundo projeto de Gerrard depois que iniciou-se o hiato após a dissolução do Dead Can Dance –
e que voltaria a se reunir depois, em 2005, e de 2011 até hoje. Uma boa parte da sonoridade deste parece-se com a trilha do filme
Gladiador, do cineasta Ridley Scott, feita apenas dois anos depois, em uma parceria entre Gerrard e o célebre compositor de trilhas Hans Zimmer. Tanto que uma das faixas de Duality, intitulada Nadir (Synchronicity), quase foi utilizada na trilha do filme. Duality foi gravado exclusivamente por Gerrard e Bourke, no estúdio caseiro de Pieter Bourke, em Melbourne, na Austrália.

Para quem é esse disco? Para todos os fãs de world music, de rock alternativo, de eletrônico elaborado, de belos vocais femininos (mas não espere de Gerrard uma voz graciosa, aguda e fininha, aveludada…). Em várias faixas, o disco parece, claro, com o som do Dead Can Dance – mas isso era de se esperar.

Se o Dead Can Dance é ‘etiquetado’ como neoclassical darkwave, world music, art rock, gothic rock, avant-garde, post-punk, etc, então este trabalho, Duality, de Gerrard e Bourke, é chamado de world fusion, ‘baroque orchestral’, eletrônico, modern classical, ambient, tribal, pop-rock, jazz, adult alternative, indie rock, global jazz. O que quer que ‘global jazz’ signifique. Como eu sempre digo, acho bizarra a quantidade de etiquetas, gêneros, que são atrelados a uma obra musical – mas, porém, acho que eles acabam ajudando o melômano interessado a entender a finalidade ou tonalidade musical de cada disco.

Nascida em 1961 em Melbourne, na Austrália, Lisa Germaine Gerrard foi agraciada com uma voz – e talento – que lhe dá tanto o alcance de contralto dramático quanto o de mezzo-soprano, e com um timbre sempre muito interessante, e que canta tanto em inglês quanto em uma língua inventada por ela, e sempre usando temperos trazidos do Dead Can Dance, que mistura folk europeu com mantras, com música do oriente médio, entre outros estilos.

O tecladista Pieter Bourke é também compositor, produtor e engenheiro de gravação – e, além de sua longa participação como um dos músicos de apoio do Dead Can Dance, tem uma lista extensa de colaborações com músicos da cena eletrônica, e trabalhos ligados a trilhas sonoras. Sua discografia compreende mais de 20 discos – incluindo Duality.

Destaque para as faixas Forest Veil, e Sacrifice – de um disco bonito, atmosférico, de bom gosto e bem gravado!

Pode ser encontrado em: CD / Serviços de streaming selecionados. Gostei do som no streaming, mas desconfio que o CD tocará melhor – como muitos discos da 4AD. Seria muito interessante se esse disco saísse em vinil, mas acho que seria ‘o nicho do nicho’ – ou talvez eu esteja subestimando os fãs de Dead Can Dance e de Lisa Gerrard.

Ouça um trecho da faixa “Forest Veil” no YouTube.

John Abercrombie – Cat ‘n’ Mouse (ECM, 2002)

Tive contato com o trabalho do guitarrista de jazz John Abercrombie graças a acompanhar, ainda que um tanto superficialmente, a gravadora alemã de jazz ECM Records – a qual já nos trouxe excelentes discos de Keith Jarrett, Jan Garbarek e Egberto Gismonti, entre muitos outros, ao longo mais de 50 anos de atividade.

Cat ‘n’ Mouse foi gravado em fevereiro de 2002, no Avatar Studios, em Nova York, com produção, claro, do chefão da ECM Records, Manfred Eicher, mas com engenharia de som de James Farber – que já trabalhou em estúdios famosos, como o Power Station e o Skyline, gravando nomes como Philip Glass, Carly Simon, Diana Ross, Bruce Springsteen, Stanley Jordan, e muitos outros, assim como vários artistas para o catálogo da ECM e da Blue Note.

Completando o quadro de músicos de Cat ‘n’ Mouse, está o violinista Mark Feldman (que já tocou com John Zorn, Uri Caine e Joe Lovano, entre outros), o baixista Marc Johnson (que já tocou com Gary Burton e Pat Metheny, e é casado com a pianista de jazz brasileira Eliane Elias), e o baterista Joey Baron (que já tocou com Carmen McRae, Al Jarreau, Chet Baker, John Zorn e Laurie Anderson). O álbum recebeu 4 estrelas do Penguin Guide to Jazz, recomendando o diálogo entre a guitarra e o violino.

Para quem é este disco? Para todos que gostam de jazz contemporâneo e post-bop, para todos os fãs de guitarristas de jazz – porém com adição de uma formação pouco usual com violino. Um outro fator que o recomenda, é a qualidade de gravação – no ótimo padrão ECM.

John Abercrombie tem uma extensa discografia, de mais de 60 discos seus, e outro tanto de participações, gravados entre 1975 e 2010, sendo a maioria pelo selo ECM, e muitos por selos conhecidos do jazz, como o Steeplechase, Enja, Blue Note, Prestige, Columbia e Atlantic – entre vários outros. Abercrombie tocou com vários luminares do jazz, como Richie Beirach, John Scofield, Larry Carlton, Dave Holland, Billy Cobham, Jack DeJohnette, Stanley Clarke – enfim, seu currículo é um ‘who is who’ do jazz dos últimos 50 anos!

John Laird Abercrombie nasceu em 1944 no estado de Nova York, e estudou no Berklee College of Music, em Boston, Massachusetts. Foi um apaixonado pelo começo do rock, nos anos 50 e 60, e depois pelo jazz de Dave Brubeck, Miles Davis e Sonny Rollins. Começou como músico de estúdio, até que Manfred Eicher lhe oferecesse para gravar pela recém inaugurada ECM – uma associação que perdurou por mais 40 anos. Abercrombie faleceu, em 2017, aos 72 anos, no interior do estado de Nova York.

O destaque especial deste disco vai para as faixas Soundtrack, e Show of Hands.

Pode ser encontrado em: CD / Streamings selecionados. No streaming está ótimo, porque a própria ECM tem tratado muito bem seu catálogo dentro dos serviços de streaming, tendo até inserido algumas remasterizações – mas não sei se é o caso deste disco, ou mesmo se ele precisaria de remasterização, por ser uma gravação bem recente. Muitos dos belissimamente bem gravados discos da ECM mereceriam um lançamento em vinil, mas eu não acho que este álbum esteja na lista de prioridades, infelizmente.

John Abercrombie

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