Editorial: SERÁ QUE TEREMOS A CHANCE DE OUVIR VINIL HD EM BREVE?

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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Essa notícia não é nova – escrevemos a respeito cinco anos atrás, quando a empresa austríaca Rebeat anunciou que estava trabalhando no projeto de lançar o vinil em HD. Desde então, as poucas notícias vazadas davam conta que aportes milionários estavam sendo feitos, mas ainda não havia nada de concreto a ser mostrado ao mercado. No lançamento do projeto, as pretensões eram realmente grandes, como por exemplo: aumentar o tempo de duração dos discos para quase 60 minutos, maior extensão em ambas as pontas do espectro audível, prensagem de discos mais rápidas, com menos compostos químicos e menos etapas na fabricação. E o melhor: sem os banhos tóxicos de sulfamato de níquel, e com um processo semelhante à fabricação dos CDs. E o que mais chamou a atenção do mercado, foi que o Vinil HD poderia ser tocado em qualquer toca-discos atual! Günter Loibl, o CEO da Rebeat e o mentor da ideia, explicou na ocasião como seria o processo. O primeiro passo seria inserir um software CAD batizado de The Perfect Groove, que converteria os sinais gravados em um mapa tridimensional com a posição exata de cada sulco como temos hoje nos vinis – para que o processo de leitura desses discos continue sendo o mesmo. Depois, com este mapa tridimensional impresso, ele será gravado fisicamente por meio de uma máquina laser de altíssima precisão, em uma master de cerâmica, substituindo o atual uso de laca. E desta master de cerâmica se prensa os LPs HD. Com este novo processo, a Rebeat diz que conseguirá ter maior controle de qualidade nas prensagens e uma fidelidade muito superior às prensagens atuais. A novidade é que a Rebeat comunicou que, finalmente, o software já está pronto, e que a próxima etapa é o desenvolvimento do processo de corte dos moldes e a prensagem. Como ninguém do mercado de áudio ouviu nenhuma amostra, este atraso no lançamento (que era previsto para 2019), gerou enorme desconfiança no mercado. A Rebeat culpou o atraso à pandemia, e ao ajuste e aprimoramento do processo de prensagem, já que os primeiros moldes geraram, segundo a fábrica, ruídos na reprodução dessas prensagens que estão sendo corrigidos – sem, no entanto, especificar que ‘ruídos’ foram esses, e como se corrige sem alterar o sinal gravado. Outra incerteza gerada com as novas informações, é que não se fala em prazo de ‘correção’ dos problemas e, quando corrigidos, quanto tempo levará para o Vinil HD entrar no mercado. Na teoria, depois de ler e reler tudo que já foi comunicado à imprensa, a ideia parece muito interessante, o que resta saber é se na prática tudo funcionará como o esperado. Claro que o mercado de áudio hi-end, se tudo for a contento, terá inúmeras razões para comemorar. Minha dúvida pessoal é: qual será a política de parcerias, e se os pequenos selos (se tudo for às mil maravilhas), em termos de performance terão acesso, pois o que mais me chamou a atenção no novo comunicado é que a Rebeat afirma que sua capacidade de produção na primeira fase será limitada. E sabemos muito bem como isso funciona em termos de demanda e oferta. Só olhar o custo de uma fita de rolo gravada da master para ver o que pode custar um Vinil HD quando for lançado.

Cautela e desconfiança neste caso, são mais do que convenientes.

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