Teste 3: CAIXA ACÚSTICA COAXIAL SEM FIO CABASSE THE PEARL AKOYA
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Teste 1: CAIXAS ACÚSTICAS ESTELON XB DIAMOND MKII
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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

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Como já relatei no teste do pré de phono PH-1000, este foi um ano repleto de produtos analógicos, e acredito que daqui para frente será cada vez mais frequente a presença de toca-discos, cápsulas, acessórios, braços e prés de phono.

Mês que vem, ainda teremos o Gold Note PH-10 ‘revisitado’, agora junto com sua fonte externa.

Quando a Mediagear nos disse de seu interesse em testarmos o pré de phono V10 da Hegel, aceitamos prontamente, com um misto de curiosidade e de interesse em ver o patamar com que a Hegel entrega ao mercado seu primeiro pré de phono. Li algumas resenhas e dois testes já publicados lá fora e, pelo visto, a repercussão foi bastante favorável.

Acho que sou um dos revisores de áudio que mais acesso teve aos produtos da Hegel nos últimos cinco anos, pois de cabeça acho que testamos todos os seus integrados, e eu tive o power top de linha, o H30, por mais de três anos, além de testarmos seu pré,
também top de linha, assim como seu DAC. Dessa grande lista só não testamos o CD-Player que, nesta altura, nem sei se ainda continua em linha ou não.

Se me pedissem uma opinião direta sem rodeios sobre os produtos da Hegel, o que me vem à mente com bastante consistência é: produtos com uma assinatura sônica forte e muito bem apresentada. Pois foi exatamente isso que ouvi de todos os seus produtos nos últimos anos: enorme coerência e uma estratégia de mercado muito bem traçada e seguida à risca.

Não se trata de produtos que primam pelo acabamento ‘sublime’ que salta aos olhos, mas possuem recursos e performance que atendem integralmente aos seus consumidores. E digo mais: podem surpreender em termos sonoros aos que não escutam equipamentos de áudio ‘com os olhos’ ou com ‘o quanto custam’.

Outra característica que me chama atenção em seu caráter sônico, é que soam exatamente como foram idealizados, e dificilmente se escuta um setup Hegel com uma sonoridade torta ou com alguma incompatibilidade com caixas acústicas (no caso específico de seus integrados e power).

Agora, o que percebo claramente é que muitos usuários não entendem que eles são exigentes com seus pares de cabos (principalmente de força e caixa), e ‘pecam’ em não extrair dos Hegel todo seu potencial sonoro. Pois se assim o fizessem, se assustariam como sobem de patamar com esses cuidados adicionais. E se o usuário de um Hegel colocar na ponta do lápis o que economizou na eletrônica, e abrir a mão e colocar cabos de melhor qualidade, eu garanto que ele não irá se arrepender. Tenho diversos leitores que seguiram essa cartilha, e estão felizes com o resultado e conseguem provar aos amigos audiófilos que esses cuidados valem muito a pena.

Segundo o fabricante, o V10 foi desenvolvido do zero, já que nunca antes tiveram o interesse de lançar um pré de phono no mercado.
O chassi, ainda que de dimensões reduzidas, foi dividido ao meio em dois compartimentos, separando fisicamente as fontes de alimentação do circuito de amplificação, que é bastante sensível a ruídos de radiofrequência e campos eletromagnéticos. No estágio de entrada foram utilizados transistores JFET discretos de ruído ultra baixo, para as entradas Moving Magnet (MM) e Moving Coil (MC).

Como o sinal de MC é ultra baixo, nessa entrada foram utilizados quatro desses transistores conectados em paralelo. As fontes de alimentação de ultra baixo ruído utilizam transistores bipolares discretos para manter o ruído ao mínimo. Segundo a Hegel, o resultado foi uma amplificação extremamente precisa e limpa do sinal que recebe do toca-discos.

Sua fonte externa, de alimentação CA linear, utiliza um transformador E-core de design personalizado, colocado na própria caixa da fonte para eliminar qualquer possibilidade de interferência.

Se o usuário optar por uma cápsula MM, existe a possibilidade de alterar a capacitância entre 100 e 467 pF, e ao usar uma MC, a impedância pode ser definida entre 33 e 550 Ohms, ou fixada em 47 kOhms. Tanto no MM como MC, o ganho pode ser aumentado em 5, 10 ou 12 dB.

Também foi instalado um filtro subsônico para remover o ruído de baixa frequência, e ele se desliga automaticamente depois de um tempo sem receber sinal.

Seus terminais, banhados a ouro, são de boa qualidade, e o V10 dispõe de saídas RCA e balanceada.

Na apresentação do V10 ao mercado, o CEO da Hegel – Bent Holter – disse que o conceito principal era não ‘reinventar a roda’, mas oferecer um pré de phono acima da média dos prés de entrada a um preço moderado, para os fãs da marca e de analógicos.

Em termos de design, o V10 segue o padrão de todos os produtos Hegel: um gabinete sólido, porém simples e discreto, com sua frente ligeiramente convexa, e apenas um interruptor para ligar e desligar ao centro do painel, e um LED discreto em tom acinzentado logo acima do botão.

Na parte traseira temos a entrada do pino da fonte, as entradas RCA MM e MC, as saídas RCA e XLR e, abaixo dos conectores de ambos os lados, os interruptores DIP, numerados de 1 a 10 e que, além de minúsculos (como todos os interruptores DIP), são muito próximos e as letras de cada chave, minúsculas.

O diagrama das chaves está desenhado na tampa debaixo do V10. Então minha sugestão é que, antes de ligar a fonte externa (que também é chatinha pois vem um cabo da fonte que depois de divide em duas pontas para alimentar o canal direito e esquerdo), o usuário veja com atenção o diagrama de ajustes e já monte, antes de ligar, os cabos da fonte e instalar o V10 no rack.

Com os interruptores dip pré-ajustados, é só conectar a entrada desejada para a respectiva cápsula, definir a saída, e ligar o V10.

Utilizamos no teste nosso setup analógico de referência (toca-discos e braço Origin Live) e as cápsulas ZYX Bloon 3, ZYX Ultimate Omega 3 e Hana Red Umami. Ou seja, todas cápsulas MC. Tentei conseguir uma MM, mas desta vez foi impossível. Felizmente as três trabalharam bem com impedância de 300 Ohms, e o maior ganho possível (12 dB).

Como a Hegel não fala em tempo de amaciamento, seguimos a regra de todos os outros produtos deste fabricante e deixamos primeiro 100 horas e, depois, mais 50 horas até perceber que não havia mais alterações.

Desde o momento que foi ligado ao nosso Sistema de Referência, mesmo com o volume aberto do pré de linha Nagra Classic, o silêncio de fundo do Hegel foi excelente. Tive que encostar o ouvido no tweeter de diamante da Estelon XB Diamond MkII (leia Teste 1 nesta edição), para me certificar que o V10 estava realmente conectado ao pré de linha.

Ficou claro, nessa primeira audição, que o caráter sônico tinha algumas características dos produtos da Hegel, mas não todas, pois soou muito mais suave do que estou acostumado a extrair dos integrados e do power H30 – que tão bem conheço.

Seria apenas falta de amaciamento? Foi a pergunta que deixei em aberto no meu caderno de anotações.

O que me chamou muito atenção neste primeiro contato, foi uma suavidade que não está presente em outros produtos da marca,
assim que saem da embalagem. Mas, em compensação, o foco e recorte, assim como aquela ‘organização’ do palco entre as caixas, tão comum em toda eletrônica Hegel, já se fez presente.

Ao ouvir gravações dos anos 60, com trios e quartetos de jazz, ficou nítida a facilidade em mostrar as ambiências das salas de gravação, assim como o corpo tão predominante nas gravações deste período.

Antes de encerrar este primeiro contato, escutei duas faixas de um LP da Cassandra Wilson e um lado de um LP do Frank Sinatra, e foi notório como, através dos anos, a captação de vozes foi alterada. Mostrar para um jovem não habituado com vinil, ouvir essas duas vozes e lhe perguntar qual é mais presente e materializada, dará um nó na cabeça dele. A materialização física do Frank Sinatra na sala é imediata, já a Cassandra precisa despistar o cérebro para ele se convencer que ‘quase’ a Cassandra Wilson esteve aqui!

Aí iniciamos o tempo de amaciamento, que precisa ser o tempo todo sentado esperando para virar ou trocar o disco a cada 20 minutos – e neste aspecto o V10 não foi dos mais cruéis, pois a suavidade apresentada em qualquer tipo de gravação permitiu audições de espera de queima sem o incômodo de ficar duro, brilhante ou causar fadiga auditiva. A questão é que fomos nos aproximando das 100 horas, e essa característica de suavidade, não foi sendo alterada. Tanto que, ao colocar gravações que exigiam mais energia e deslocamento de ar, como os discos do grupo Shakti, essa energia não brotou.

Foi aí que me lembrei do teste na Hi-Fi News, em que o revisor também notou essa maior suavidade. Com 150 horas, e sem alteração na suavidade, resolvi mudar de cápsula e defini que a Bloom 3, por ser por natureza uma cápsula mais nervosa, deveria ser o ideal para se tirar essa dúvida. Com certeza houve uma melhora, com os mesmos discos do Shakti ganhando maior deslocamento e energia nas tablas, mas ainda de maneira mais comedida.

Então, a primeira dica que posso dar aos leitores: busquem uma cápsula que tenha como característica um som mais ‘enérgico’, para contrabalançar essa característica que é do V10.

Em termos de equilíbrio tonal, o V10 é muito correto, com ótima extensão em ambas as pontas e uma região média de extrema naturalidade e conforto auditivo.

Sua capacidade de mostrar os detalhes e a microdinâmica certamente é consequência de seu baixíssimo ruído de fundo.

Como já descrevi, em termos de foco, recorte e apresentação de planos ele é uma referência em sua faixa de preço. Os transientes também são corretos, nos permitindo acompanhar sem esforço o tempo e andamento da música em qualquer estilo musical.

O que sua suavidade interfere um pouco é na reprodução de macrodinâmica. Aqui ficou evidente que os crescendo são mais ‘comedidos’ que em outros prés de phono de sua categoria. Eu usei muito como referência de comparação o Gold Note PH-10, que também está sendo reavaliado (e sem sua fonte externa também soa mais suave, e se transforma em outro pré quando alimentado por sua PSU). Ainda assim, o PH-10 possui mais energia e degraus de crescendos mais bem definidos sem a fonte externa.

A apresentação de corpo harmônico do V10 é excelente, assim como a materialização do acontecimento musical (Organicidade) nas excelentes gravações analógicas.

A musicalidade, acredito que parecerá muito mais sedutora ao melômano do que para o audiófilo, e explico. O melômano geralmente deseja que seu pré ‘suavize’ os discos tecnicamente ruins, então neste caso o V10 irá ser uma ferramenta e tanto. Já o audiófilo procura dar aos seus discos bem gravados o ímpeto e a pujança captada na gravação, o que pode frustrar quando o V10 tem essa leve tendência de suavizar.

CONCLUSÃO

É interessante ser testemunha de um fabricante com larga escala em amplificação, e que fez seu nome construindo belos amplificadores ao longo dos anos, se aventurar em um segmento que nunca atuou.

Se tivesse que dar uma nota de zero a dez para essa primeira iniciativa a Hegel, eu daria 7,5 – pelo seu empenho em não fugir da sua filosofia de produtos bem construídos, e voltados ao audiófilo que deseja uma performance de alto nível que caiba em seu bolso.

Acho sinceramente, que as ‘limitações’ desse primeiro projeto são extremamente pontuais, e tenho certeza que em uma versão Mk2, ou em um novo pré de phono mais sofisticado, eles certamente irão estar atentos a tudo que é possível aprimorar.

Ainda que meu conhecimento técnico seja zero, cravaria que um estudo de que uma fonte mais ‘robusta’ pode fazer uma enorme diferença nesta mesma topologia usada no V10, com resultados que deixariam o pré de phono com uma sonoridade mais próxima dos seus integrados H390 e H590.

E também pensaria em pelo menos mais dois ajustes de impedância, para atender a uma mais ampla quantidade de cápsulas MC.

Mas, voltando ao V 10 como ele é neste momento, suas virtudes como silêncio de fundo, equilíbrio tonal, e seu amplo e refinado soundstage, com uma cápsula mais adequada em termos de energia, como é o caso da Bloom 3 da ZYX ou cápsulas semelhantes, já podem dar uma boa amenizada nessa suavidade do V10.

Ou, no caso dos nossos leitores que ‘clamam’ por essa suavidade para poder ouvir seus LPs que estão na prateleira há anos pegando pó, o V10 pode ser essa carta de ‘alforria’ para esses discos.


PONTOS POSITIVOS

Pré de phono muito bem construído, minimalista e com uma sonoridade que jamais irá causar fadiga auditiva.

PONTOS NEGATIVOS

Os interruptores DIP muito próximos, e com letras minúsculas para o ajuste


ESPECIALIZAÇÕES
Tipo de usoCápsulas Moving Coil e Moving Magnet
TecnologiaDual mono simétrico – topologia transistor discreta
ConexõesRCA (entrada), RCA/XLR (saída)
Carga MC30 a 550 Ohms
Capacitância MM100, 147, 220, 247, 420, 457 pF
Ganho MMXLR (40 / 45 / 50 / 52 dB), RCA (34 / 39 / 44 / 46 dB)
Ganho MCXLR (60 / 65 / 70 / 72), RCA (54 / 59 / 64 / 66 dB)
OutrosFonte externa, filtro subsônico (-3 dB @ 20 hz, -18 dB octave)
Dimensões (L x A x P)21 x 6 x 28 cm
Peso2.2 kg

PRÉ DE PHONO HEGEL V10
Equilíbrio Tonal 10,0
Soundstage 13,0
Textura 12,0
Transientes 11,0
Dinâmica 10,5
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 11,0
Total 91,5
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADODAARTE



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