Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br
Música de graça mensalmente na Internet ao alcance dos nossos dedos!
O YouTube, que todos nós acessamos gratuitamente todos dias, contém muito conteúdo interessante para o melômano, em todos os gêneros! São vídeos de música ao vivo, com qualidade pelo menos decente de imagem e som, de apresentações feitas para TV ou para canais do próprio YouTube – um material de divulgação para os músicos! Só ao vivo você percebe o verdadeiro entrosamento entre os músicos, sua linguagem corporal e suas verdadeiras capacidades!
COMO E ONDE OUVIR
Basta qualquer computador ou smartphone, onde eles podem ser escutados com bons fones de ouvido – ou mesmo conectando os próprios ao DAC de nosso sistema de som, fisicamente, por wi-fi, por Chromecast ou por Bluetooth. Uma segunda opção, mais difundida hoje em dia, é assistir esse conteúdo em uma TV tipo smart, no aplicativo do YouTube, e conectar a saída ótica de áudio digital dela ao sistema de som, de home-theater ou mesmo à uma soundbar.
Para quem são os vídeos deste mês? Para todos os fãs de jazz bem feito – e para os específicos fãs que gostem de um jazz trio mais moderno com ‘temperos’, de um fusion avant-garde com influências fortes de jazz (ou será vice-versa?), e de um jazz trio mais tradicional e intimista, mas não menos brilhante.
Yaron Herman Trio – Jazz à Vienne (2017, 60 min)
Yaron Herman é um pianista israelense de alto nível, que começou a estudar piano assim que conheceu o instrumento, em 1997, após ter se machucado praticando esportes. Sua discografia, iniciada em 2003, já chega a 10 discos. E por dois anos consecutivos – 2015 e 2016 – Herman foi Presidente da Academia de Jazz de Montreux, e Presidente do Concurso de Piano Solo de Jazz de Montreux.
Em cada período de sua produção musical – ou em cada disco – ele mudava a formação, trabalhando diferentes sonoridades, como diferentes formações de trio, solo, em dueto com bateria, jazz trio somado a um quarteto de cordas, quinteto com sax alto e tenor, baixo e bateria e, depois, dueto com violino.
Feita com extremo bom gosto, a instrumentação de seu trio neste show de 4 de julho de 2017, na cidade de Vienne, na França, é moderna e pouco convencional, com um contrabaixista elétrico que também insere elementos de sintetizador em algumas faixas – assim como o próprio Herman também complementa seu piano com um teclado, mais no estilo Ambient do que fusion, quando o grupo acaba soando quase progressivo!
O Yaron Herman Trio usa a formação de trio de seu álbum Y – também de 2017 – com o baixista francês Bastien Burger e o baterista israelense Ziv Ravitz. Este foi o único trabalho de Burger com Herman, mas Ravitz é seu colaborador frequente, fazendo parte de quatro de seus discos.
Sobre o “Jazz à Vienne” – Não confundir com Viena, na Áustria, pois este é um festival de jazz anual, no verão, na cidade de Vienne, na região de Isère, no leste da França, próximo à cidade de Lyon. O festival é realizado desde 1981 no anfiteatro romano da cidade, e em pequenos concertos espalhados pela cidade. Dentre os vários nomes augustos que já se apresentaram no Jazz à Vienne – alguns várias vezes – estão Miles Davis, Herbie Hancock, Stan Getz, Ella Fitzgerald, Sonny Rollins, Joe Zawinul e Brad Mehldau.
Mezzo Live: TATRAN – Sarajevo Jazz Festival (2019, 70 min)
Mais um grupo que eu nunca tinha ouvido falar, que encontrei através de um longo garimpo internético. TATRAN é um dos meus achados preferidos dos últimos tempos, pois traz uma sonoridade moderna de um tipo bem pessoal de jazz-fusion com improvisação, temperado com (lá vem a ‘sopa de letrinhas’) rock avant-garde, alternativo, art rock, experimental, psicodélico, progressivo, com toques de eletrônico. Como já disse antes, esse monte de rótulos, por mais bizarro que ele possa parecer, é informativo – como se um prato no restaurante tivesse a lista completa de temperos usados nele. É um trio de guitarra e baixo elétricos – carregados de efeitos bem trabalhados de maneira melódica – e bateria bastante criativa e complexa.
Formado em Tel-aviv, TATRAN tem uma discografia bastante longa para idade, sendo seus quatro primeiros lançados de maneira independente, a partir de 2014. O grupo é composto pelos israelenses Tamuz Dekel na guitarra, o baixista Offir Benjaminov, e o baterista Dan Mayo.
Sobre o “Sarajevo Jazz Festival” – Anualmente, desde 1997, em novembro, este festival acontece em Sarajevo, na Bósnia & Herzegovina, com uma semana inteira de concertos que trazem artistas de mais de 60 países, focados em jazz e improvisação – incluindo nomes como John Zorn, Uri Caine, John Medeski, Miroslav Tadic, Terje Rypdal, Al Di Meola, John McLaughlin, Dianne Reeves, e muitos outros.
Stefano Battaglia Trio – Live at The PianoForte Studios (2015, 90 min)
Conhecer o trabalho de Battaglia é mais um fruto de garimpo na Internet – e depois vim a saber que ele grava pela alemã ECM Records há duas décadas!
Como eu gosto muito de jazz trio – piano, baixo, bateria – eu sempre procuro ouvir quando acho um pela frente. E sinto dizer que o filtro tem que ser grande, porque vejo demais atualmente esse tipo de formação fazendo o ‘arroz com feijão’, e isso significa que quase nunca é tão bom quanto o que já teve antes – então porque ouvir algo que não é tão bom quanto o que já está na discografia básica? Porque na minha opinião, jazz trio tem que ser moderno e um pouco inovador na sonoridade e linguagem – como o próprio Yaron Herman Trio sugerido aqui – ou tem que fazer algo tradicional muito bem feito, com boas improvisações, entrosamento e fluência, sendo sutil em suas inovações, como este Stefano Battaglia Trio.
O italiano Battaglia, nascido em Milão em 1965, começou a aprender piano aos sete anos de idade, e também já foi pianista clássico, tendo tocado como solista na European Youth Orchestra em Barcelona, e chegou a ser premiado no J.S. Bach Festival em Dusseldorf, e recebido o Brussels National Radio Award de melhor jovem pianista da Europa, em 1997.
Gravando desde 1987, o pianista Battaglia tem gravações solo, em duos (com bateria, percussão, sintetizadores, guitarra), em trios (desde o tradicional com baixo & bateria, até violino & percussão), em quintetos e em sextetos (que incluem violino, clarinete, trompete, além dos instrumentos do trio).
Ao longo dos anos, ele trabalhou com sete diferentes formações de trio, sendo a oitava com Salvatore Maiore no contrabaixo acústico, e Robert Dani na bateria – e é a que figura neste sensacional vídeo.
Sobre o “Live at PianoForte Studios” – Apesar do nome, que associado ao trio de Battaglia, poderia ser considerado italiano, o PianoForte Studios é uma fundação sediada em Chicago, nos EUA, que promove concertos para a preservação da performance pianística. Este concerto específico foi idealizado em colaboração com o Italian Cultural Institute, de Chicago.
E a música não pode parar!