Música de graça: WORLD MUSIC, JAZZ & CLÁSSICO – UM POUCO PARA CADA GOSTO

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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Música de graça mensalmente na Internet ao alcance dos nossos dedos!

O YouTube tem muito conteúdo interessante para o melômano. São vídeos de música ao vivo, com qualidade pelo menos decente de imagem e som, de apresentações feitas para TV ou para canais do próprio YouTube.

Só ao vivo você percebe o verdadeiro entrosamento entre os músicos, sua linguagem corporal e suas verdadeiras capacidades!

COMO E ONDE OUVIR

Através de um computador ou smartphone, com bons fones de ouvido – ou mesmo conectando eles ao DAC de nosso sistema de som, fisicamente, por wi-fi, por Chromecast ou por Bluetooth. Uma segunda opção é assistir esse conteúdo em uma TV tipo smart, no aplicativo do YouTube, e conectar a saída ótica de áudio digital dela ao sistema de som, de home-theater ou mesmo à uma soundbar.

Para quem são os vídeos deste mês? Este mês temos para todos os gostos, já que esse exemplar de World Music interessa também aos fãs de rock/pop e eletrônico. O vídeo de jazz traz um trio moderno eletroacústico que agradará até fãs de jazz mais tradicional. E, para finalizar, uma das grandes e mais complexas obras do repertório da música clássica orquestral do século 20.

Dead Can Dance: Morning Becomes Eclectic – KCRW Studios (2013, 22 min)

O Dead Can Dance é um duo – Lisa Gerrard e Brendan Perry – que começou sua vida na Austrália, em 1981, e fazendo música eletrônica entremeada por vocais ‘exóticos’ e, no caso de Gerrard, muito especiais.

Logo se estabeleceram em Londres, onde eles passaram a adicionar à sua sonoridade instrumentos acústicos, como vários tipos de bateria e uma enorme lista de percussões étnicas, com Gerrard tocando o yangqin, que é um instrumento chinês de cordas percutidas, e Perry tocando vários tipos de flautas e instrumentos de corda. Assim como o grupo usa – tanto ao vivo como em estúdio – um time de instrumentistas no cello e violino, oboé, hurdy-gurdy, metais, etc – sempre bem temperados com um trabalho de sintetizadores feito com bom gosto.

O som do Dead Can Dance traz uma enormidade de influências e estilos sonoros, como polirritmos africanos, folk gaélico, canto gregoriano, música do oriente médio, mantras, música medieval européia e até rock progressivo – além do eletrônico experimental.

Além do Dead Can Dance estar em atividade por mais de 40 anos, Lisa Gerrard gravou vários discos em parceria com músicos da cena alternativa – mas é mais conhecida por sua participação em trilhas sonoras de filmes, como a parceria com Hans Zimmer na premiada trilha do filme O Gladiador, de 2000. Brendan Perry tem, também, vários discos lançados em carreira solo e em participações.

Este vídeo foi gravado em 19 de abril de 2013, nos estúdios da rádio KCRW de Santa Monica, na Califórnia – que tem uma longa tradição em apresentar música nova e diferente.

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Marc Cary – Focus Trio (2014, 52 min)

Minha paixão por música ao vivo – e pela real dinâmica entre os músicos, que ela proporciona – me levaram a conhecer o trabalho do pianista e tecladista de jazz post bop Marc Cary, da cena de Nova York.

No caso, a apresentação de seu Focus Trio foi no Pori Jazz Festival, em 17 de julho de 2014, pleno verão europeu, na cidade litorânea de Pori, na Finlândia – um festival que ocorre anualmente desde 1966! E chegam a ter um público de 160.000 pessoas! Para os fãs de jazz, o nirvana deve ser passar o verão da Europa indo de um festival para outro…

Entre os grandes nomes que já se apresentaram em Pori, estão Benny Goodman, Buena Vista Social Club, Chick Corea, Herbie Hancock, e muitos outros do jazz, e muitos outros nomes que eu nunca poria em um festival de jazz – mas, enfim… modernidades…

Com uma sonoridade que por vezes evoca jazz fusion – e de repente volta a um trio mais tradicional – esse trabalho de Marc Cary recebe rótulos também de jazz contemporâneo, folk e world music. Ele tempera seu piano acústico com um sintetizador e um piano elétrico Rhodes, acompanhado de seu baterista mais ou menos fixo Sameer Gupta, e do baixo elétrico (e em algumas faixas, acústico) de Rashaan Carter.

Como tem acontecido com muitos pianistas líderes, Cary – em sua discografia de 13 discos, desde 1995 até agora – trabalhou com formações variáveis, como sextetos com trompete, baixo, bateria, sax e voz. Ou sextetos com baixo, bateria, flauta, percussão e trompete. E várias formações de trio, onde o baterista Sameer Gupta era o membro mais frequente. Tanto que o disco de estúdio da época desse show, traz essa formação do trio do vídeo, mas com as funções de contrabaixo divididas entre Rashaan Carter e Burniss Earl Travis II. E, em seu mais recente disco, de 2018, Cary traz uma formação de trio totalmente diferente.

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Stravinsky: The Rite of Spring – LSO – Simon Rattle (2017, 36 min)

Igor Fyodorovich Stravinsky nasceu em 1881, próximo à São Petersburgo, na Rússia Czarista. De uma família de músicos com longa linhagem e influência política russa, polonesa e lituana, ele começou a aprender piano e composição na tenra idade, e estudou com Rimsky-Korsakov, até sua morte em 1908.

Em 1909, Stravinsky conheceu Sergei Diaghilev, empresário de balé e proprietário dos Ballets Russes, que contratou-o para escrever a música de três balés – sendo terceiro, o mais famoso deles, The Rite of Spring (A Sagração da Primavera), que estreou em 1913 no Théâtre des Champs-Élysées, em Paris, causando uma certa comoção por parte da platéia, muito mais pela natureza avant-garde da coreografia, do que por seus temas baseados em mitos pagãos. O fato é que A Sagração da Primavera, assim como seus balés anteriores – O Pássaro de Fogo e Petrushka – sobreviveram como obras emblemáticas do novo século, e obras registradas até hoje no repertório tradicional da música clássica mundial.

Este vídeo mostra bem as capacidades da que é, hoje, a principal e mais tradicional orquestra britânica, a London Symphony Orchestra – sob a batuta segura de seu regente titular e diretor artístico, Sir Simon Rattle.

A apresentação, ao vivo, foi registrada em 24 de setembro de 2017, no excelente Barbican Hall – sede da orquestra – em Londres. A London Symphony que já tem o costume de registrar bem seus concertos ao vivo, muitos deles já lançados em CD pelo selo próprio LSO Live, também tem ótimos vídeos de várias apresentações, como esta excelente Sagração da Primavera.

E a música não pode parar!

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