Christian Pruks
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Outro grande prazer foi selecionar este CD da complexa, rica e detalhada música do início do século XX, de compositores influenciados pelos movimentos Impressionista e Simbolista, assim como obras com sonoridade praticamente neoclássica. As obras do russo expatriado Igor Stravinsky, principalmente O Pássaro de Fogo e A Sagração da Primavera, são bastante apresentadas – para não dizer da cantata Carmina Burana do alemão Carl Orff, já usada até em trilhas sonoras de filmes e comerciais de TV. Mais surpreendente é a belíssima obra dos compositores húngaros Zoltán Kodály e Béla Bartók, que trouxeram a música e a cultura de seu País para o mundo.
FAIXA 1 – ZOLTÁN KODÁLY (1882-1967) – ADAGIO PARA VIOLONCELO E PIANO (1905) – (NAXOS 8.554039, FAIXA 4)
Uma das primeiras obras de Kodály, que ainda não reflete seu interesse pela música folclórica de seu País. Foi inicialmente concebida para viola e piano, mas depois o compositor reescreveu a mesma tanto para violino e piano quanto para a versão aqui exemplificada, para violoncelo e piano. Quando a reescreveu para violino e piano, Kodály dedicou a obra ao violinista Imre Waldbauer, do Quarteto Waldbauer-Kerpely, conjunto que estreou várias obras de câmara tanto de Kodály quanto de Béla Bartók.
FAIXA 2 – IGOR STRAVINSKY (1882-1971) – O PÁSSARO DE FOGO – DANÇA INFERNAL DO REI KASTCHEI (1910) – (NAXOS 8.553274, FAIXA 5)
Escrito para a temporada de 1910 de Paris da companhia Ballets Russes de Sergei Diaghilev, que havia ficado impressionado com a obra Fireworks, do compositor, que havia sido apresentada no ano anterior. Foi o primeiro dos três balés inicialmente encomendados a Stravinsky por Diaghilev, sendo os outros Petrushka e A Sagração da Primavera. A estreia de O Pássaro de Fogo foi em Paris, em 25 de junho de 1910. A obra cativou plateias, e foi tal sucesso que Stravinsky logo fez um arranjo dela como suíte orquestral, para ser apresentada como concerto. Duas novas revisões ou rearranjos de O Pássaro de Fogo foram feitos depois em 1919 e 1945, pelo próprio compositor.
FAIXA 3 – IGOR STRAVINSKY (1882-1971) – A SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA – PARTE I – ADORAÇÃO DA TERRA: OS CÍRCULOS DA PRIMAVERA (1913) – (NAXOS 8.557501, FAIXA 4)
Terceiro balé encomendado por Diaghilev a Stravinsky, para sua célebre companhia Ballets Russes, A Sagração da Primavera é por muitos considerada o ícone da música do século XX – e certamente uma das mais influentes peças musicais de seu tempo – devido a uma série de fatores, como inovações rítmicas e na coreografia, esta criada por Nikinsky para a estreia, que ocorreu em 29 de maio de 1913, no Teatro dos Champs-Élysées, em Paris, causando tamanha sensação na plateia que quase resultou em tumulto. Posteriormente, a versão para concerto obteve um reconhecimento praticamente igual. Com o subtítulo de ‘Retratos da Rússia Pagã’, seu cenário remete aos rituais tribais pré-históricos da chegada da primavera, que culminavam com o sacrifício humano.
FAIXA 4 – ZOLTÁN KODÁLY (1882-1967) – SONATA PARA VIOLONCELO SOLO – III. ALLEGRO MOLTO VIVACE (1915) – (NAXOS 8.553160, FAIXA 6)
Com influências de Debussy, Bartók e da música folclórica húngara, é considerada uma das maiores obras para violoncelo solo desde as Suítes de Johann Sebastian Bach, de tal maneira que estudiosos declararam que se Kodály só tivesse composto essa obra, ainda assim seria um dos maiores gênios musicais da Hungria. Sua primeira apresentação foi em 1918, por causa da Primeira Guerra Mundial, com o violoncelista Jenõ Kerpely, e só foi publicada em 1921, em Viena. Uma das obras que se tornaram obrigatórias no repertório do instrumento, chegou a ser a peça principal da Competição Casals, na Cidade do México, em 1956.
FAIXA 5 – IGOR STRAVINSKY (1882-1971) – A HISTÓRIA DO SOLDADO – PARTE II: TANGO (1918) – (NAXOS 8.553662, FAIXA 20)
Uma obra para ser lida, tocada e dançada, para três atores e dançarinos acompanhados de um septeto de músicos – violino, contrabaixo, clarinete, fagote, trompete, trompa e percussão. É baseada na obra do folclore russo sobre o soldado que dá seu violino ao diabo em troca de ganhos econômicos ilimitados. Sua estreia foi em Lausanne, na Suíça, em 28 de setembro de 1918, e teve como regente o célebre Ernest Ansermet. A História do Soldado foi dedicada por Stravinsky ao amigo e filantropo suíço Werner Reinhart – para quem o compositor inclusive presenteou o manuscrito original da obra. Reinhart também financiou uma série de concertos de música de câmara, que incluíam uma versão de A História do Soldado rearranjada para clarinete, violino e piano – ele era conhecido por ser um excelente clarinetista amador.
FAIXA 6 – BÉLA BARTÓK (1881-1945) – O MANDARIM MARAVILHOSO – ABERTURA (1924) – (NAXOS 8.557433, FAIXA 1)
Influenciado pelo trabalho de Stravinsky, Richard Strauss e do compositor austríaco Arnold Schoenberg, Bartók começou a escrever esse balé em um ato em 1918, mas por causa de seu conteúdo sexual só foi finalizado em 1924, e estreado em 27 de novembro de 1926, na cidade de Colônia, na Alemanha, causando escândalo e sendo banido. A versão de concerto, que contém aproximadamente dois terços da música do balé, acabou sendo a mais apresentada durante a vida do compositor. Baseada na obra do dramaturgo húngaro Melchior Lengyel, O Mandarim Maravilhoso conta uma história moderna de prostituição, roubo e assassinato.
FAIXA 7 – ZOLTÁN KODÁLY (1882-1967) – SUÍTE HÁRY JÁNOS – V. KOZJATEK (INTERMEZZO) (1926) – (NAXOS 8.572749, FAIXA 5)
Háry János é originalmente uma ópera em quatro atos com um libreto em húngaro escrito por Béla Paulini e Zsolt Harsányi, baseado no épico cômico O Veterano, do poeta e escritor húngaro János Garay. É a história de um camponês que é veterano do exército austríaco, que fica sentado em uma estalagem contando histórias fantásticas sobre suas aventuras, como a que afirma ter conquistado o coração da Imperatriz Maria Luísa, esposa de Napoleão. De sua ópera, Kodály extraiu a suíte orquestral, que se passou a fazer parte do repertório clássico. Estreou no Grand Teatro del Liceo, em Barcelona, em 24 de março de 1927, sob a regência de Antal Fleischer.
FAIXA 8 – IGOR STRAVINSKY (1882-1971) – APOLLON MUSAGÈTE – CODA: APOLO E AS MUSAS (1928) – (NAXOS 8.557502, FAIXA 9)
Parte de seu período Neoclássico, o balé Apollon Musagète, depois renomeado apenas Apollo, foi coreografado em 1928 pelo russo radicado nos EUA, George Balanchine, um dos mais prolíficos coreógrafos do século XX. Estreou em 12 de junho de 1928, no Théâtre Sarah Bernhardt em Paris, com a companhia Ballets Russes de Sergei Diaghilev. A história é centrada em Apollo, o deus grego da música, que é visitado por três musas: Terpsichore, Polyhymnia e Calliope. Apesar do tema ser da antiguidade clássica, a trama tem toques contemporâneos. A obra usa apenas uma orquestra de cordas, com 34 instrumentistas. Para a apresentação do ano seguinte, a estilista francesa Coco Chanel, amiga do compositor, redesenhou os figurinos.
FAIXA 9 – BÉLA BARTÓK (1881-1945) – MÚSICA PARA CORDAS, PERCUSSÃO E CELESTA – IV. ALLEGRO MOLTO (1936) – (NAXOS 8.572486, FAIXA 9)
Obra de um período mais maduro de composição de Bartók, e uma de suas obras-primas, foi uma encomenda do mecenas, empresário e regente suíço Paul Sacher para comemorar o décimo aniversário de sua orquestra de câmara, a Basler Kammerorchester, estreando em 21 de janeiro de 1937. De grande popularidade, trechos da obra foram usados em vários filmes, como O Iluminado e Quero Ser John Malkovich.
FAIXA 10 – CARL ORFF (1895-1982) – CARMINA BURANA – VERIS LETA FACIS (1936) – (NAXOS 8.570033, FAIXA 3)
FAIXA 11 – CARL ORFF (1895-1982) – CARMINA BURANA – REIE (1936) – (NAXOS 8.570033, FAIXA 9)
Cantata finalizada em 1936, baseada em 24, de um total de 254, dos poemas da coleção medieval de mesmo nome, originários dos séculos XI, XII e XIII. A cantata faz parte de uma trilogia que compreende também as obras Catulli Carmina e Trionfo di Afrodite. Os temas abordados nas canções são sorte, riqueza, a natureza efêmera da vida, o retorno da primavera e os prazeres de comer, beber, jogar e da luxúria. Estreou na Ópera de Frankfurt em
8 de junho de 1937, sob a regência de Bertil Wetzelsberger, com grande sucesso, sendo uma das obras do repertório clássico mais apresentadas até hoje.
FAIXA 12 – BÉLA BARTÓK (1881-1945) – CONCERTO PARA ORQUESTRA – V. FINALE: PRESTO (1943) – (NAXOS 8.572486, FAIXA 5)
Com a saúde começando a ficar debilitada, Bartók dedicou todas as suas energias para a composição de suas obras-primas finais, como é o Concerto para Orquestra, uma encomenda do maestro russo Serge Koussevitzky, que a estreou em dezembro de 1944 frente à Orquestra Sinfônica de Boston. Rapidamente tornou-se a mais popular obra do compositor, que não chegou a viver o suficiente para saber o quão popular ela foi. Apesar de não haver solistas, como requer um ‘concerto’, Bartók chamou a obra assim porque cada seção de instrumentos da orquestra é tratada, segundo ele, como um solista virtuoso.
FAIXA 13 – IGOR STRAVINSKY (1882-1971) – SINFONIA EM TRÊS MOVIMENTOS – III. CON MOTO (1945) – (NAXOS 8.553403, FAIXA 7)
Também no período Neoclássico de Stravinsky está sua Sinfonia em Três Movimentos, uma encomenda da Sociedade Filarmônica de Nova York, estreando em 24 de janeiro de 1946 com o próprio compositor no comando, sendo considerada a primeira grande composição dele depois que emigrou para os EUA. A obra utiliza material composto para trilhas sonoras de filmes que foram abortadas, e leva uma boa influência da Sagração da Primavera, que Stravinsky estava revisando novamente à época. O compositor se referia a ela como uma sinfonia de guerra, uma resposta direta aos eventos da Segunda Guerra Mundial.
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Ouça um minuto de cada faixa do CD história da música – O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (II) – VOL. 13: