Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Demorou, mas finalmente conseguimos testar o Ágata II da Sax Soul. O Jorge, em uma visita realizada no final do ano passado, já havia nos informado que uma nova versão do Ágata já estaria em produção e etapa de audição. Como sempre, as informações foram poucas, apenas confirmando que a geometria seria a mesma do Ágata, mas com diferenças pontuais.
Como o tempo voa e as contas não esperam para serem quitadas, quando o Jorge ligou falando que enviaria o Ágata II para teste, já estávamos na primeira semana de abril! Pedi apenas que o cabo viesse com a queima inicial de ao menos 100 horas, pois já conheço a fama de todos os cabos da Sax Soul, que precisam de mais de 300 horas para darem seu máximo! O Jorge fez a gentileza e enviou o cabo com 125 horas de queima, o que permitiu que, já nas primeiras impressões em uma audição entre Ágata original e Ágata II, pudéssemos observar as diferenças entre as duas versões.
O Ágata II utiliza 240 fios de cobre trançado por seção, no positivo e negativo. Mas o ‘pulo do gato’, segundo o fabricante, está no uso composto por ouro, paládio e prata, que é dobro de fios em relação ao Ágata original. E a utilização de mais um fio só de ouro (que não existe no Ágata).
Para os nossos leitores que não conhecem os produtos da Sax Soul, sugiro a leitura dos testes dos cabos Zafira e Ágata publicados na edição 233.
Fui, por mais de dois anos, usuário dos cabos Ágata, utilizando três em nosso sistema de referência (dois RCA no setup analógico e um XLR no setup digital). E os escolhi justamente pelas suas inúmeras qualidades como: excelente equilíbrio tonal, velocidade, corpo harmônico, soundstage, energia e folga nas passagens com macrodinâmica.
Foi o primeiro cabo nacional a entrar em nosso sistema de referência, mostrando o nível de performance alcançado pelo produto. Só que, como a garotada diz: “a fila anda”. E no hi-end a fila anda em uma velocidade de carros de Fórmula 1. Depois do Ágata outros cabos também nacionais foram testados e vieram fazer parte do nosso sistema, como o Guarneri da Timeless e os Quintessence da Sunrise Lab. O que demonstra claramente o avanço e a competitividade deste mercado. Pensar que utilizaria em nosso setup principal três marcas de cabos nacionais, era inimaginável cinco anos atrás!
E acredito que a utilização destes cabos nacionais em nosso setup tenha, de alguma forma, contribuído para diminuir a resistência que muitos ainda têm em relação aos produtos Made in Brazil! Pois os tempos mudaram, e acredito que daqui para a frente iremos ouvir muitos produtos que estarão se juntando à Audiopax para criar uma indústria hi-end nacional que oferecerá: cabos, eletrônicos, caixas acústicas, condicionadores, acessórios, etc. E isso é muito positivo, afinal em tempos de crises intermináveis não depender da variação do dólar faz bem para o nosso bolso.
Vamos ao teste!
O Ágata II, visualmente, não difere do Ágata original. Mas, basta um teste a X b, para vermos que sonicamente o salto foi significativo! Antes de debulhar os quesitos da Metodologia, preciso descrever o que para mim foi o maior feito nesta nova versão: a distribuição de energia.
Antes que algum leitor ache que fiquei louco, espere. Em sistemas com 98 pontos para cima, um fenômeno auditivo muito interessante e prazeroso é como o som é organizado entre as caixas e para fora das caixas.
Esse equilíbrio se dá quando o sistema tem autoridade para reproduzir as passagens mais dinâmicas sem perder o fôlego ou deixar difuso ou comprimido o som, dificultando a inteligibilidade.
Porém, vários sistemas (muitos colocam a culpa só nas caixas, mas o sistema todo participa desta compressão), conseguem ir bem nos crescendos dinâmicos, mas no ápice do fortíssimo jogam a toalha!
Se o sistema estiver coeso e tiver a folga necessária, a distribuição desta energia e a organização dos planos, foco, recorte, arejamento, se dará de forma que o ouvinte não sinta que o som ficou momentaneamente frontalizado e tudo compactado.
O ideal para esta avaliação é obviamente música sinfônica, e com grandes variações dinâmicas. Pois bem: o Ágata sempre conseguiu com maestria trabalhar esses exemplos, porém a organização da energia sempre era concentrada entre as caixas. Diminuindo a lateralidade do acontecimento musical (para fora das caixas).
Excelentes exemplos são obras clássicas com a captação bem larga, em que os contrabaixos estão no canal direito para fora da caixa, e no canal esquerdo, os instrumentos que ficam atrás dos violinos e violas. Quando o sistema organiza e mantém a fidelidade do que foi gravado, mixado e materializado, esses instrumentos soarão para fora das caixas, o que nos dá um enorme conforto auditivo.
Em pianíssimo, tudo será um mar de rosas, mas no fortíssimo é que ouviremos se o sistema possui ‘bainha’ ou não! O Ágata original era excelente em distribuir a energia entre as caixas, mas fora delas sua dependência da folga do sistema era maior.
No resto, nunca tive do que reclamar, tanto que adquiri três unidades para uso no sistema (se você tiver um sistema analógico bem ajustado e de bom nível, irá perceber que esta questão de lateralidade é ‘pêra doce’ para qualquer bom setup analógico. Enquanto que para o digital é sempre uma conquista. Ainda irei escrever um artigo a respeito).
E foi exatamente neste item que prestei mais atenção assim que liguei o Ágata II entre o DAC dCS Scarlati (depois no MSB Select, e depois no dCS Vivaldi), para escutar a Nona de Beethoven e ouvir como os contrabaixos soavam no canal direito.
Bingo! Soaram com a mesma folga, tamanho (corpo), e energia que ouço na versão analógica!
Também foi possível perceber que a organização do acontecimento musical, entre as caixas, era muito mais profunda, com planos mais arejados e um recorte e foco de tirar o fôlego!
Com apenas 125 horas, faltava abrir os extremos. Fiz minhas anotações iniciais e o deixei em queima por mais 100 horas. Com 225 horas os graves, na primeira oitava, ganharam uma energia e precisão que o Ágata original não possui.
A velocidade é impressionante – permitindo que solos de contrabaixo, independente da virtuosidade, sejam acompanhados sem nenhuma atenção especial do ouvinte. Tudo acontece no palco imaginário à nossa frente, com um controle e folga que nosso cérebro simplesmente deseja mais e mais.
É realmente viciante.
E quando passamos para o MSB Select, simplesmente todas as virtudes do Ágata II foram ampliadas exponencialmente, já que o Select encontra-se em um patamar muito superior ao DAC dCS Scarlatti!
Mas, deixemos as observações auditivas do assombroso MSB Select para a próxima edição.
Voltando ao Ágata II: faltava, com 225 horas de queima, aquele toque final no arejamento e extensão nos agudos, que tanto aprecio no Ágata original. Eram corretos, naturais sem nenhum tipo de estridência ou dureza, mas sem aquele toque final que separam os cabos de nível superlativo dos corretos! Pus novamente em queima por mais 100 horas. E eis que se fez a luz!
O Ágata II deveria ser descrito como o cabo que permite destrinchar a música por inteiro sem a despedaçar (sem tornar o som analítico). Nada que esteja registrado se esconde, porém o todo é organizado de forma a ser uma audição sempre cativante e relaxante.
O ‘truque’ para este conforto auditivo, meu amigo, está na correta distribuição de energia e precisão e no perfeito equilíbrio em todos os quesitos. E ainda que você seja completamente cético em relação a cabos, este equilíbrio, quando alcançado, muda por completo sua percepção de como ouvir música em um sistema hi-end.
Como escrevi, aqui está o divisor de águas entre o correto e o superlativo. Os articulistas internacionais batizaram esses componentes de ultra-hi-end. Pessoalmente não gosto, pois amanhã com o avanço tecnológico aparecerá o ‘super-ultra’, depois o ‘magnânimo-super-ultra’. Prefiro o termo ‘superlativo’, que apenas separa o excelente do que é ‘ponto fora da curva’.
O Ágata II pertence a esta safra de cabos que conseguem se manter isentos de qualquer desafio, desde que seus pares façam a sua parte. Sua sonoridade é rica, detalhada, sem cair na transparência ou na pirotecnia. Só aparecendo quando necessário, se escondendo atrás da reprodução musical, para que o ouvinte só perceba sua importância na hora que o retira do sistema. É o melhor cabo de interconexão feito aqui no Brasil, neste momento.
Se você leitor tiver um sistema também de nível superlativo, bem ajustado e com uma acústica e elétrica bem feitas, dê uma chance e o escute. E ainda que o julgue caro, por ser nacional (a matéria-prima utilizada no cabo é toda importada e com preço em dólar – mas muitos julgam que por este motivo não pode ser caro) em comparação com os tops importados, ele custa um quarto do preço!
O que pode animar muitos que sonham com o cabo que traga aquela musicalidade e equilíbrio tão almejado em seus sistemas, e que finalmente possa ser comprado.
O Ágata original recebeu em nossa metodologia 99 pontos. Em nossos Cursos de Percepção Auditiva (aos 162 já pré-inscritos para participar do curso, aguardem que estou em fase final de fisioterapia e tenho esperança de em breve poder iniciar as primeiras turmas), sempre mostramos com exemplos que, acima de 98 pontos, em cada três a quatro pontos o salto é significativo, porém o custo é muito elevado para se conseguir esses suados pontos a mais.
No caso do Ágata II, foram quatro pontos a mais, o que significa que além de um salto consistente, sua performance em relação ao Ágata original é muito maior do que imaginávamos!
A todos os leitores que possuem o Ágata original, sugiro uma audição do Ágata II, e a todos que possuem sistemas com 98 pontos e desejam um upgrade em cabos por um quarto do valor que pagariam em qualquer cabo top importado, que também ouçam o Ágata II.
No nosso sistema ele veio para ficar (entre o DAC e o pré de linha), os leitores que se inscreveram para o nosso Curso de Percepção Auditiva poderão escutar e tirar suas conclusões.
Um cabo de nível superlativo, com uma sonoridade em que a naturalidade e o conforto auditivo se sobressaem de maneira estupenda!
Um cabo em que você esquece que está ouvindo música reproduzida eletronicamente.
O preço.
Composição | – 240 fios de cobre trançado por seção no Positivo e Negativo – O dobro de fio especial Ágata composto por Ouro – Paládio – Prata e mais 1 fio de ouro |
Tipo de Blindagem | Tripla |
CABO DE INTERCONEXÃO SAX SOUL ÁGATA II | ||||
---|---|---|---|---|
Equilíbrio Tonal | 10,0 | |||
Soundstage | 10,0 | |||
Textura | 10,0 | |||
Transientes | 13,0 | |||
Dinâmica | 13,0 | |||
Corpo Harmônico | 13,0 | |||
Organicidade | 13,0 | |||
Musicalidade | 12,0 | |||
Total | 103,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
Sax Soul
(11) 3227.1929 / 98593.1236
RCA - 1m - R$ 24.400
XLR - 1m - R$ 25.800
Power - 1,5m - R$ 18.200
Jumper - 20/25 cm - R$ 4.300