A seleção deste mês, do carioca Heitor Villa-Lobos, que é provavelmente o maior nome da música erudita brasileira, foi feita habilmente pelo nosso editor Fernando Andrette, mostrando aproximadamente 40 anos da carreira dele, abrangendo obras compostas entre 1913, em um período pouco antes da estreia de Villa-Lobos como compositor para o público carioca, e 1953, quando já estava sofrendo do câncer que o levaria seis anos depois. É a obra de uma vida, da primeira até a última maturidade de um grande artista.
Inspirada pela admiração de Villa-Lobos pelo violoncelo e, especificamente, pelo compositor e violoncelista tcheco David Popper, demonstra a segurança técnica que o compositor já tinha à época. Foi a primeira composição publicada de Villa-Lobos, composta para violoncelo e piano, que ainda não mostra a conciliação da tradição musical europeia com a influência brasileira, algo que depois viria ser latente em sua obra.
Aos 16 anos de idade, Villa-Lobos saiu de casa e passou a conviver com músicos da noite carioca, como o chorão Anacleto de Medeiros. A sofisticação e a virtuosidade do choro, que mistura instrumentos de origem europeia com alguns de origem africana, viriam a ser parte integrante da formação musical do compositor, tanto que algumas de suas obras mais famosas são seus 14 Choros, compostos entre 1920 e 1929, para diferentes conjuntos de músicos. O primeiro dos Choros, de 1920, composto para violão solo, é hoje parte integral do repertório do instrumento no mundo inteiro.
Composto em 1925, antes dos Choros 4 e 6, o Choros nº 8 é umas das obras mais complexas de todo o ciclo. É uma obra para grande orquestra, dois pianos e uma seção completa de instrumentos de percussão brasileiros, evocando o Carnaval carioca. Villa-Lobos começou a obra quando estava em Paris, mas finalizou-a quando retornou ao Rio de Janeiro.
Segunda de uma série de nove obras compostas entre 1930 e 1945, inicialmente concebida para orquestra de câmara foi, depois, adaptada também para violoncelo e piano. As Bachianas buscavam unir o estilo de Johann Sebastian Bach com a música brasileira, ou uma tentativa de livre adaptação de harmonias e contrapontos barrocos à música brasileira. A Bachiana número 2 é composta de quatro movimentos, sendo que o quarto, intitulado O Trenzinho do Caipira é, quase certo, a obra mais conhecida de Villa-Lobos, onde a orquestra imita o movimento e os ruídos de uma locomotiva de trem a vapor, comum no interior do Brasil da época. No ano de sua autoria, Villa-Lobos apresentou sua versão para violoncelo e piano, mas a versão orquestral somente estreou em 1934, no Festival Internacional de Veneza, sob a regência do maestro grego Dimitri Mitropoulos.
Em uma fase especialmente nacionalista, no primeiro governo do presidente Getúlio Vargas foi incentivado o cinema sobre temas brasileiros. Nesse cenário, o diretor de documentários Humberto Mauro convidou Villa-Lobos para fazer a trilha sonora de seu filme Descobrimento do Brasil, sobre a travessia da frota de Pedro Álvares Cabral até a chegada ao Brasil. A estreia do filme foi em 6 de dezembro de 1937. No ano seguinte, o compositor rearranjou toda a música que havia sido composta para o filme em quatro suítes para orquestra, enriquecidas por instrumentos de percussão típicos brasileiros.
Introdução à quarta das nove Bachianas, composta inicialmente para piano em 1939 foi, em 1942, totalmente orquestrada pelo próprio compositor. O movimento Prelúdio foi dedicado por Villa-Lobos ao pianista e professor de piano espanhol Tomás Terán.
A obra de Villa-Lobos é por vezes vista como mormente nacionalista, porém, boa parte dela ficaria desconhecida se fôssemos defini-lo apenas com esse rótulo. Sobre o formato de sinfonia, o compositor definiu-o como música superior ou intelectual, ‘música pela música’. Entre suas primeiras quatro sinfonias – e mais a perdida Quinta Sinfonia – e a Sexta Sinfonia aqui apresentada, há um intervalo de 24 anos. Com o subtítulo ‘Sobre a Linha das Montanhas’, a madura Sexta Sinfonia de Villa-Lobos usa o singular processo chamado de ‘milimetrização’, criado para o estímulo criativo das crianças, onde a melodia é obtida a partir de uma imagem, com um papel quadriculado transparente onde as linhas verticais designavam as alturas e as horizontais das durações – esse gabarito era posto em cima de uma imagem, e de seu contorno surgia a melodia.
Villa-Lobos considerava a sua Sétima Sinfonia como uma de suas melhores obras. Foi composta para um concurso de composição promovido pela Sinfônica de Detroit, dos EUA, mas não arrebanhou prêmio algum. Por curiosidade, o segundo lugar desse mesmo concurso foi dado a uma sinfonia de Camargo Guarnieri dedicada a Villa-Lobos. A Sétima Sinfonia foi composta para uma grande orquestra, com número de músicos duplicado, piano, duas harpas e ampla percussão. Sua estreia foi em 1949, com o próprio Villa-Lobos regendo a Sinfônica de Londres.
Encomendada a Villa-Lobos pela UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, estreou em Paris em 3 de outubro de 1949, na Salle Gaveau, junto com uma série de outras peças encomendadas a outros compositores com um mesmo propósito: comemorar o aniversário da morte do compositor e pianista francês Frédéric Chopin. Dos dois movimentos da obra, o A La Balada é o que melhor evoca o estilo do compositor francês.
Encomendada a Villa-Lobos pela Orquestra de Louisville, do Estado de Kentucky, nos EUA, e pelo seu fundador e regente Robert Whitney, a abertura Alvorada na Floresta Tropical é uma peça lírica e clássica em sua forma, porém, com o uso de escalas ameríndias, trazendo sons de pássaros tropicais e danças exóticas. Estreou em 1953 sob a batuta de Robert Whitney.
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