Teste 1: CAIXAS ACÚSTICAS DYNAUDIO EVOKE 50

Teste 2: AMPLIFICADOR CAMBRIDGE AUDIO EDGE W
agosto 16, 2019
TOP 5 – AVMAG
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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

A Dynaudio, nesses últimos dez anos, produziu profundas modificações na suas linhas de caixas, eliminou algumas, lançou toda uma linha de novos falantes e apostou forte em um design mais próximo das tendências com linhas curvas, abandonando aquele conceito de caixas quase que produzidas de forma artesanal por experientes marceneiros dinamarqueses, do início de sua bela trajetória.

Há quem aprecie esta modernização, e outros não. O importante é que a ‘fila ande’, como dizem os mais jovens, e que os avanços tecnológicos justifiquem as mudanças.

Pelo jeito, a aposta da Dynaudio nessa modernização vem dando bons frutos, já que as novas linhas Contour e Confidence têm recebido mundo afora excelentes elogios e críticas muito positivas. E com tantas mudanças em tão pouco tempo, era de se esperar que a linha Focus, com mais de uma década de excelentes modelos lançados, seria a próxima bola da vez, a ser totalmente revista.

Para os que apostaram em uma linha Focus repaginada, o lançamento da linha Evoke em substituição à Focus deve ter sido uma enorme surpresa. Para os que acompanham de perto os novos passos estratégicos da Dynaudio, não!

A Dynaudio, em cada novo avanço tecnológico de seus falantes nas séries superiores, à medida em que conseguia volume de vendas, utilizava esses avanços também em suas linhas de entrada. Foi o caso dos famosos tweeters Esotar 1 e 2, que foram sendo incorporados às séries abaixo e deram à Dynaudio a fama e o respeito que ela desfruta hoje.

A Dynaudio aposta muito que a nova linha Evoke não só substituirá com méritos a Focus, mas vai atender a um mercado muito mais amplo que a linha anterior atendia. Mas essa minha afirmação tentarei explicar mais à frente.

Sugiro que os interessados na linha Evoke leiam também o teste da Evoke 10, publicado na edição 253, pois o nosso colaborador Juan Lourenço passou muitos detalhes interessantes do desenvolvimento tecnológico dos novos falantes.

A Evoke 50 é uma coluna de três vias muito esguia, com 1,16 metros de altura. O fabricante disponibiliza os seguintes acabamentos: nogueira mate, carvalho claro, preto e branco de alto brilho. A frente é ligeiramente arredondada, e como na Dynaudio 40 Anos, a traseira é mais estreita. Os novos falantes agora possuem um anel plástico que impede de vermos os parafusos de fixação, e as telas são fixadas por imã.

Os novos falantes são os mesmos utilizados na linha acima, Contour. Os dois woofers de 6 polegadas mantém o cone MSP usado pela Dynaudio há mais de duas décadas, porém, por trás do cone foram completamente modificados. O guarda-pó é bem menor, sendo parte integrante do cone. O fabricante afirma que este cuidado torna toda a construção dos cones mais rígida, sem aumentar o peso ou mudar a sonoridade do cone.

A bobina também sofreu alteração, diminuindo de tamanho mas ampliando a excursão do cone em mais um centímetro. Tudo em vista de diminuir a distorção, dar resposta mais linear e maior precisão nos transientes. As novas bobinas são enroladas em fio de cobre nos woofers, e no falante de médio em fio de alumínio banhado a cobre. Tudo para a diminuição do peso do falante de médio, com melhora (segundo o fabricante) no nível de distorção e em uma resposta ainda mais linear.

Com os fios de cobre, o woofer ficou mais pesado e então, para manter tudo sob controle, o fabricante investiu no desenvolvimento de novos imãs feitos de uma mistura de carbonato de estrôncio e Ferrita+, compactados em uma espécie de cerâmica para suportar altas temperaturas sem fadiga e sem distorção.

O falante de médio, além da nova bobina, também recebeu um imã de neodímio grande, extremamente mais caro que as versões anteriores da linha Focus, e mais resistente.

Mas a maior mudança está no novo tweeter, o Cerotar (que substituiu a linha Esotar na série Contour). O Cerotar (Carbonato de estrôncio, ferrite e cerâmica) baseia-se no tweeter da nova série Confidence (Esotar 3), com uma nova forma de imã (com menor refração na sua traseira) e um novo material magnético que foram desenvolvidos na Dynaudio para o domo batizado de Hexis.

O Hexis é um disco de plástico pequeno e curvo (convexo) que é fixado atrás do tweeter de cúpula de seda e segue a forma de uma membrana. Possui um padrão sofisticado de buracos que se assemelha à superfície de uma bola de golfe. Com isto, as ondas sonoras irradiadas para trás são desviadas mais rapidamente, fornecendo uma limpeza audível nas altas frequências e melhora da dispersão no eixo lateral e horizontal.

O desenvolvimento deste disco de plástico de tamanho tão reduzido custou tempo e dinheiro, mas sua tecnologia será utilizada nas futuras séries de falantes, reduzindo seus custos.

Uma coisa que a Dynaudio não abre mão é que todas as suas caixas não aceitem bi-amplificação ou bi-wire. Pois eles sempre lembraram que o melhor é investir em apenas 1 bom cabo de caixa para extrair todo o potencial de uma Dynaudio.

O crossover da Evoke 50 é de segunda ordem para os graves, e terceira ordem para os médios e agudos. Os spikes são fornecidos e devem ser montados com muito cuidado as caixas – o fabricante fornece a chave para a fixação das bases para os pés.

Feita toda a montagem, e instalada no lugar da Kharma Exquisite Midi, anotamos as primeiras impressões. Na maior parte do tempo o sistema utilizado foi o nosso de referência, e também utilizamos o power Cambridge Edge W (leia Teste 2 nesta edição), o integrado Hegel H590 e o power valvulado AL-KTx2-KT 150, do projetista André de Lima, de Lins, interior de São Paulo.

Os cabos de caixa foram: Nordost Tyr 2 e Sunrise Lab Quintessence. De interconexão: Sunrise Lab Quintessence, Sax Soul Ágata 2, Transparent Opus G5 e Nordost Tyr 2.

A boa notícia é que mesmo quando sai da embalagem zerada, a Evoke 50 pode tranquilamente ser ouvida enquanto amacia. Claro que não dá para querer que saia já com a mesma performance que desfrutamos após 300 horas de queima, mas o consumidor pode tranquilamente desfrutar de duas a três horas diárias enquanto vai ouvindo sua evolução no amaciamento.

Minha última experiência com a linha Focus foi com a 360 de um amigo e leitor da revista para quem prestei consultoria. Tocava muito bem, com excelente equilíbrio tonal, ótimo controle dinâmico e um palco e corpo muito corretos para o seu preço e tamanho!

A Evoke 50, além de todas essas virtudes, é mais refinada (principalmente nas altas) e possui uma região média translúcida! Os graves, até o amaciamento, pareciam ser da mesma ‘forma’ que a Focus 360, com excelente velocidade e extensão, mas com um médio-grave um pouco mais recuado e com menor corpo.

Mas, pelas qualidades da Contour 60 testada por nós na edição 240, descobri que se teve uma característica que a Dynaudio mudou em termos de assinatura sônica foi justamente no corpo dos médios-graves. Então achei por bem esperar toda a queima antes de sair tirando conclusões.

A primeira mudança auditiva se deu com 80 horas de queima. O palco recuou, levantou a altura e alargou para mais de 1 metro para fora das caixas. A altura se mostrou essencial para as audições de cantores/cantoras e para a percepção dos ambientes em que as gravações foram realizadas. Os graves, ainda que engessados, com 80 horas já estão soltos e com velocidade suficiente para nos fazer acompanhar tempo e ritmo com precisão. Os médios se tornam tão orgânicos que são praticamente ‘palpáveis’, e os transientes fazem justiça à este fabricante, pois estão entre os melhores e mais naturais possíveis. Dá gosto ouvir pianos solo, percussões e violões na Evoke 50.

Com 150 horas a mudança mais significativa, para o meu gosto pessoal, foi o recuo da região média-alta e o encaixe perfeito com os agudos. Esse ajuste é imprescindível para começarmos a escolher o posicionamento ideal das caixas na sala de audição. Pois fazer este ajuste, antes deste encaixe, é outra perda de tempo, porque se recuamos as caixas do ponto de audição antes do encaixe, mudamos todo o equilíbrio tonal da mesma, hora sentindo que os agudos estão com pouca extensão, hora sentindo que os médios estão projetados em demasia para frente. Então o melhor é esperar.

Alguém aí do outro lado deve estar se perguntando: como eu sei que encaixou? Ouvindo instrumentos que tenham extensão para trabalhar com a primeira oitava no médio e a segunda ou terceira oitava nos agudos (tweeter). Piano, sax soprano, flautim, violino, trompete com surdina, são ótimos exemplos. Se você sentir que estes instrumentos solo, quando passam de um falante para o outro, perdem o foco (como se tivessem a mudar de posição em relação ao microfone – e não for problema de fase no setup), a região média ainda não encaixou com os agudos. Geralmente quem encaixa é o falante de médio, recuando a partir do amaciamento, mas também ocorre o contrário, com o tweeter começando muito à frente e só à medida que amacia recua para encaixar perfeitamente (os tweeters tipo corneta, alguns projetos com tweeters de berílio ou titânio, se comportam desta maneira – mais frontais e só depois de totalmente amaciados, recuam).

Ainda que na Evoke este encaixe tenha acontecido com 150 horas, minha experiência achou melhor esperarmos um pouco mais (220 horas) para iniciar o ajuste de posicionamento em nossa sala. A razão para adiar este processo foi exatamente para aguardar a outra ponta (graves e médios-graves) também se equilibrar tonalmente para, aí sim, fazer o ajuste e começar a avaliação auditiva.

Aqui também vai uma dica, para saber se estabilizou o corpo dos graves e médios-graves: pegue alguma gravação que tenha um contrabaixo acústico e um cello. Observe como se comportam ambos instrumentos nas suas oitavas, subindo e descendo. Está evidente que o contrabaixo tem maior corpo que o cello, ou às vezes os dois instrumentos parecem ter o mesmo tamanho? Se, mesmo depois de todo o amaciamento, os corpos forem similares, aí é provavelmente uma limitação de resposta na última oitava do grave (as boas bookshelfs conseguem, mesmo com a apresentação de corpos diminutos, ainda assim, manter uma proporção entre o tamanho do contrabaixo em relação ao cello), ou também pode ser um problema de projeto da caixa se for uma coluna e esta tiver uma resposta linear de 30 Hz para cima, ou problema da sala ou do equipamento.

Não é o caso da Evoke 50. Ainda que ela não tenha o mesmo corpo da Contour 60 (e nem poderia, pois os woofers da Evoke são menores) a proporção de corpo é totalmente audível. Com 220 horas finalmente posicionamos a caixa em nossa sala, com 3,50 m entre elas (de tweter a tweeter), 1,90 m da parede atrás delas, e um leve toe-in para o centro de apenas 15 graus.

O resultado foi espetacular, para a reprodução de música clássica e grandes big bands! Palco amplo, camadas e mais camadas, com excepcional recorte, foco e localização 3D dos solistas. Arejamento perfeito, sensação muito precisa dos ambientes e um silêncio de fundo em torno dos solistas perfeito.

Para os apaixonados por soundstage, a Evoke 50 é uma caixa com preço intermediário e com performance de caixas top neste quesito. Fácil de instalar, graças ao seu design slim, a Evoke 50 some na sala assim que a música surge!

Seu equilíbrio tonal é excelente, e se o ouvinte quiser mais energia entre as caixas nos médios e nos graves, basta fechar um pouco mais a distância entre elas. Respondem imediatamente a tudo que você faz em seu benefício, como melhoria de cabos, troca de eletrônica e posicionamento.

Sua região média tem o equilíbrio perfeito entre transparência e musicalidade, permitindo que as texturas sejam realçadas com enorme precisão. Tanto na qualidade do instrumento, virtuosidade, como na captação e na intencionalidade da composição.

A dinâmica – tanto a macro como a micro – são espetaculares e fica difícil acreditar que suportem e controlem com tanta eficácia gravações complexas como a Sagração da Primavera de Stravinsky, o Concerto para Piano e Orquestra de Bela Bartok, ou a Sinfonia Fantástica de Berlioz. Sua macro possui folga suficiente para permitir ao ouvinte escutar essa obras em volume adequado, sem sustos com distorção, endurecimento ou frontalização.

O corpo harmônico não possui a mesma precisão e tamanho realístico da Contour 60 e da Platinum, porém na sua faixa de preço faz verdadeiro milagre neste quesito! Escutei alguns tambores japoneses, de sentir o deslocamento de ar no peito, sem nenhum descontrole das caixas! E olha que nossa sala de referência tem 50 m²!

O que poderia ser uma barreira para os woofers de 6 polegadas da Evoke 50, mas ela não se intimidou de forma alguma.

A materialização física do acontecimento musical (organicidade) é um ‘fato consumado’ para a Evoke 50. Não precisam ser gravações impecáveis tecnicamente. Basta que sejam corretas, para você ter o acontecimento musical todos os dias ali à sua frente!

E a musicalidade só dependerá do setup ligado à ela, do seu tratamento acústico e elétrico. Tudo correto e coerente e a música fluirá com uma clareza sem fim!

CONCLUSÃO

A série Evoke da Dynaudio mirou no público alvo da Focus e atingiu o coração também dos que têm ou tiveram as antigas Contour 3.0, 5.8 etc… São caixas adaptadas aos dias de hoje (salas menores e com a necessidade de ter aprovação da família), que atendem a uma faixa muito ampla de audiófilos e melômanos.

É capaz de presentear a todos apaixonados por música com audições precisas, cristalinas e com grande prazer auditivo. São extremamente compatíveis com inúmeros amplificadores (até com o valvulado tocou extremamente bem, algo inimaginável nas Dynaudios de uma geração atrás) e muito fáceis de serem posicionadas em até salas grandes como a nossa, sem nenhum problema. Basta ler os inúmeros reviews já publicados desta nova série, para se ter uma ideia do impacto causado pela sua relação custo/performance.

Se você sonha em ter uma Dynaudio, possui um sistema Estado da Arte montado com enorme sacrifício e deseja fechar este ciclo com uma caixa exuberante e com um valor que cabe no seu orçamento, ouça a Dynaudio Evoke 50.

Uma caixa, que certamente terá uma trajetória de sucesso vertiginosa!


Pontos positivos

Excelente relação custo / performance.

Pontos negativos

Nenhum.


ESPECIFICAÇÕES
Sensibilidade87 dB (2.83 V/1 m)
Potência 260 W
Impedância 4Ω (3Ω mínimo @100 Hz)
Resposta de frequência (±3dB) 35 Hz – 23 kHz
Gabinete Bass reflex com duto traseiro
Tipo de Crossover 3 vias
Frequências de corte 430 / 3500 Hz
Topologia de crossover 3ª / 2ª ordem
Woofer 2x 18 cm (cone MSP)
Médio 1x 15 cm (cone MSP)
Tweeter 28 mm Cerotar (com Hexis)
Peso 26.9 kg
Dimensões (L x A x P) 215 x 1140 x 307 mm

CAIXAS ACÚSTICAS DYNAUDIO EVOKE 50
Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 12,0
Textura 11,0
Transientes 12,0
Dinâmica 10,5
Corpo Harmônico 11,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 11,0
Total 89,5
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
Teste 1: CAIXAS ACÚSTICAS DYNAUDIO EVOKE 50



Impel
(11) 3582.3994
R$ 38.030

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