Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Caixas acústicas são como instrumentos musicais! Ouvi pela primeira vez esta frase quando tinha apenas 7 anos de idade. Meu pai a dizia a todos os seus clientes e amigos. Com o passar dos anos e acompanhando seu trabalho, fui assimilando que seu ponto de vista além de correto, era um apelo para que os audiófilos e melômanos levassem aquele alerta à sério. Afinal, grande parte da assinatura sônica de qualquer sistema será a soma das duas pontas (caixas acústicas e fonte). E, se queremos que todo nosso esforço e investimento tenham um final feliz, cuidemos para que essas duas pontas trabalhem em conjunto e não se degladiando.
Caixas acústicas foi o produto que mais testei nesta vida de articulista. Já ouvi de tudo, tudo mesmo. Dos projetos mais exóticos aos mais simples e singelos (como a pequena coluna da JVC com cone de madeira) e se tem algum produto no áudio que não tem uma única receita, este produto são as caixas acústicas.
Aqueles que defendem que os gabinetes precisam soar como instrumentos musicais têm exemplos de sucesso. Assim como os que defendem que o gabinete tem que ser o mais inerte possível. O mesmo podemos dizer em relação ao material utilizado nos tweeters de domo: seda, diamante, berílio, titânio, etc. Então, meu amigo, se quiser uma dica: esqueça os ‘prés conceitos’ que você possa ter, e ouça-as antes de julgar se é bom ou ruim.
Agora, uma coisa é fato incontestável: são exigentes ao extremo. Não existe nem um componente de áudio mais exigente do que caixas acústicas. Pois necessitam de cuidados extremos, com a colocação na sala, amplificação, cabeamento e, como já disse, a fonte inevitavelmente precisa remar na mesma direção em termos de assinatura sônica.
Sem esses ‘esmeros’, você pode ter uma jóia rara sendo tratada como bijuteria barata!
Em nossos Cursos de Percepção Auditiva, no nível básico, muitos leitores se espantam quando afirmo que um sistema deveria começar a ser definido pelas caixas e depois a fonte. E que para definir a caixa, o consumidor deveria fazer um pente fino no seu gosto musical e nas deficiências do ambiente em que o sistema será usado. Pois o que já vi de ‘bode’ enfiado no meio da sala de audiófilo, daria para escrever um livro de mais de 200 páginas.
E o audiófilo é um bicho que deveria ser estudado a fundo, pois em vez do ‘mea culpa’, está sempre botando a culpa no equipamento, e as pobres caixas são as que mais levam chumbo.
Gosto muito de ouvir caixas (ainda que seja o produto que dê mais trabalho para o amaciamento), pois ouvi muitas que me encantaram pela sua sonoridade, equilíbrio e musicalidade. Sim, as caixas possuem uma magia, totalmente distinta de qualquer outro produto. Podem nos fazer repensar até mesmo como ouvimos nossa música preferida (principalmente se o seu equilíbrio tonal for de alto nível), pois aquela música que tínhamos que ouvir em volume mais acentuado, pode dar o mesmo prazer em volumes mais baixos.
Outras nos levam a descobrir camadas e camadas de informações que estavam ‘opacas’ ou submersas em informações com maior dinâmica. E uma qualidade que todo audiófilo adora: uma apresentação exuberante de um grandioso soundstage, com foco, recorte, planos e ambiência que dissolvem as paredes laterais e a dos fundos de nossa sala de audição! Por todas essas qualidades, é que as caixas também carregam nas costas tantas responsabilidades e expectativas.
Testei oito caixas da Wilson Audio em 23 anos da revista. Começando pela CUB em 1998 e tendo a honra de sermos a primeira revista no mundo a testar a Alexia. Tive a CUB por três anos como referência em caixas bookshelf e depois nunca mais tive nenhuma caixa deste fabricante. Mas alguns modelos me balançaram (como a Alexandria XLF), porém muito longe da minha capacidade financeira.
Então, ainda que tivesse a oportunidade de ouvir em nossa sala de testes os modelos mais recentes deste fabricante, sempre soube que por mais impressionante que fosse a impressão deixada, elas tinham dia e hora para partirem.
Percebi que a Wilson estava em processo de ‘transformações’ ao ouvir a Alexandria XLF, com o novo tweeter de seda e logo em seguida a Alexia, já com este novo tweeter. Escrevi no teste da Alexia que achei um salto e tanto em termos de equilíbrio tonal de ambas as caixas, e que aquela direção me agradava e muito, tanto como articulista, como consumidor.
Lembro, ao mostrar a caixa Alexia para o nosso colaborador Christian Pruks, dele ter virado para mim e dito: “Um dos melhores médios que ouvi em toda a minha vida”. E balancei a cabeça, concordando integralmente com ele.
A Alexia tinha uma magia difícil de traduzir em palavras, mas muito fácil de reconhecer auditivamente. Com a morte do fundador David Wilson, no final de 2018, seu filho Daryl, o novo CEO da empresa que já havia finalizado os projetos da Sabrina e Yvette (leia teste na edição 255), resolveu prestar sua homenagem ao pai e definiu que o ideal seria desenvolver uma nova Sasha, e a batizou de Sasha DAW (as iniciais de David Andrew Wilson). Ainda que muitos possam pensar que se trata de uma Sasha 3, a ideia é manter a Sasha 2 em linha.
O projeto da Sasha DAW teve a colaboração direta de Vern Credille (responsável pelo projeto da Alexia 2). Definida a equipe, Daryl deu as coordenadas do que tinha em mente em termos deste novo projeto: nenhuma restrição orçamentária e uso de todo o conhecimento adquirido com a WAMM e as novas caixas Alexx e Alexia 2, tanto em termos de uso de componentes como de tecnologia.
Ainda que em termos estéticos a DAW seja muito semelhante à Sasha 2, as modificações e o resultado distanciaram muito uma da outra. Tudo é novo: os woofers de 8 polegadas, que foram redesenhados para ter uma maior linearidade nas baixas frequências com a nova câmera com 13% a mais de volume, o painel frontal que acopla os woofers agora possui uma inclinação de 3 graus para trás, para uma perfeita integração temporal com o cabeçote em que o médio e o tweeter se alojam.
As paredes internas do gabinete de graves utiliza o Material X, mas agora ainda mais reforçado (como na caixa WAMM). A base que suporta o cabeçote também foi redesenhada e recebeu reforço para evitar que a interferência de vibração do módulo de graves passe para o cabeçote, além do desenvolvimento de um novo mecanismo de degraus para o apoio do cabeçote e sua facilitação no ajuste do módulo superior (ver foto).
O cabeçote também foi completamente redesenhado, as paredes mais espessas ganharam um novo padrão interno de recorte para diminuir ainda mais (em relação à Sasha 2) as reflexões internas, e houve um aumento de volume em 10%. O falante de médio e o tweeter são os mesmos utilizados na WAMM. O gabinete foi construído com o Material S (proprietário da Wilson Audio).
O crossover também é completamente novo, assim como o pórtico em que estão instaladas as resistências de agudos para ajuste fino em relação à sala de audição. Na Yvette, este tampo do pórtico é de metal e precisa ser desparafusado para se ter acesso às resistências. Na DAW, foi colocada uma tampa de acrílico e esta pode ser retirada manualmente (ver foto).
A equipe de engenharia também melhorou toda a cabeação que vai do módulo de graves para o cabeçote, e ‘finalmente’ mudaram os terminais de cabo, que agora aceitam plugue banana.
Mas o que mais me chamou a atenção foi o novo degrau para determinar o ângulo de alinhamento temporal do cabeçote. Agora muito mais prático e preciso, e com um erro máximo de 8 milissegundos. Esta precisão permite um ajuste temporal perfeito para que a caixa soe na sala como um único falante full-range. Foi um dos maiores acertos (na minha opinião) da Sasha DAW, pois pude ouvir, na prática, a diferença que faz quando encontramos o ponto exato para a audição.
Em termos de resposta, a Sasha DAW, segundo o fabricante, responde de 20 Hz a 30 kHz (+- 3 dB). Possui uma impedância nominal de 4 Ohms (sendo o mínimo 2,48 Ohms em 85 Hz), e sua sensibilidade é de 91 dB/w/m. Montada, a Sasha DAW pesa 107 kg.
Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos:
Sistema analógico: toca-discos Storm da Acoustic Signature, cápsula Soundsmith Hyperion 2 (leia teste 3 nesta edição), braço SME Series V. Pré de fono: Boulder 500 com cabos de interconexão Sunrise Lab Quintessence e Sax Soul Ágata 2. Fontes digitais: dCS Vivaldi e Scarlatti. Pré-amplificadores: Dan D’Agostino Momentum Reference, e Nagra HD. Powers: Hegel H30 e Nagra monoblocos Classic Amp. Cabos de caixa: Dynamique Audio Halo 2 e Sunrise Lab Quintessence. Cabos de interconexão: Dynamique Audio Apex, Transparent Opus G5, Sunrise Lab Quintessence e Sax Soul Ágata 2.Cabos de Força: Transparent PowerLink MM2, Sunrise Lab Quintessence e Dynamique Audio Halo 2.
Enquanto testávamos a Yvette, fomos amaciando a DAW com o Hegel H590 (leia teste 2 nesta edição). Foi um aprendizado e tanto, ter as duas Wilson Audio ao mesmo tempo em nossa sala de teste. Acho que isto jamais voltará a ocorrer. É que nem o cometa Halley: acontece uma vez por século! E ainda desfrutamos por uma semana, antes da Yvette ir para o seu dono, de ambas amaciadas, para poder fechar a nota da Sasha DAW.
Foram mais de 20 páginas de anotações pessoais, para quando estivesse a escrever este teste, tivesse a mão todos os detalhes observados desde a queima inicial até às 300 horas de amaciamento, quando ela finalmente entrou em teste.
Como sempre faço com toda Wilson Audio, só tirei as ‘benditas’ rodinhas quando tive a certeza que nada mais havia para amaciar. E, ao contrário da Yvette, que já sai tocando bonito, a DAW precisa de pelo menos 100 horas de rodagem para começar a mostrar suas ‘impressionantes’ qualidades.
E o fato da Yvette ser um único gabinete, o ajuste desta na sala é muito mais simples e amigável. A Sasha DAW, ao contrário, é preciso esperar toda a queima antes de realizar todos os ajustes de posicionamento, e o do cabeçote para o alinhamento de tempo.
Sabendo desses macetes desde o teste da Sasha 2, resolvi fazer as primeiras impressões bem curtas (apenas 4 horas), e a coloquei junto com o Hegel H590, para ambos amaciarem simultaneamente.
Fiquei tão impressionado com a Yvette, que achei que a Sasha DAW teria apenas maior poder dinâmico, maior refinamento nas altas e maior peso e energia nos graves. Voltei a ouvir a DAW com 100 horas e percebi que estava completamente errado nas minhas expectativas iniciais, pois sua sonoridade tinha algo ainda mais cativante que a Yvette. A música parecia brotar de um silêncio ainda mais intenso, sem esforço ou qualquer tensão.
Tudo fluía com tamanha naturalidade que o que era para ser uma audição de apenas 6 faixas, se estendeu por quase 7 horas. Como a Yvette tinha apenas mais duas semanas antes de ser devolvida, tratei de acelerar o amaciamento, pois não poderia perder a oportunidade de compará-las. Estipulei, então, o próximos encontro para as 250 horas. E tratei de encerrar o teste da Yvette, já sabendo que viria ‘chumbo grosso’ mais adiante.
Com as melhoras audíveis com as 250 horas, decidi retirar as rodinhas e colocar os spikes e tentar o primeiro ajuste de alinhamento temporal na DAW, e depois esperar a visita do querido amigo Fred Ribeiro para realizar o ajuste final. O único detalhe é que a posição da DAW, já com os spikes, era muito semelhante com a Yvette, então o trabalho de colocar uma e tirar a outra, impediu aquela audição aXb como eu desejava. Então remarquei para o último final de semana em que a Yvette estaria conosco.
Foi muito elucidativa esta audição, pois permitiu entender claramente as diferenças e semelhanças entre as caixas e para mim ficou bem claro a direção que os novos projetos deste fabricante querem imprimir e mostrar ao mercado.
Ambas as caixas possuem um grau de musicalidade que só tinha visto (em tamanha proporção) na Alexandria XLF. E quando falo em musicalidade, estou inserindo neste contexto os nossos 7 quesitos da metodologia (equilíbrio tonal, soundstage, textura, transientes, corpo harmônico, organicidade e dinâmica).
A DAW vai muito além da correção e conforto auditivo da Yvette, pois possui performance de caixas Wilson Audio muito maiores (como a Alexia 2 e a Alexx). Ela não se intimida com absolutamente nada, nenhum gênero musical, mesmo com obras de inteira complexidade dinâmica.
Mesmo em nossa sala de 50 m², em que já tivemos e testamos caixas de maior gabinete, a Sasha DAW se comportou como ‘gente grande’ de verdade. Certamente grande parte desta incrível performance se deve aos detalhes que foram muito pontuais e assertivos.
Busquei nas minhas anotações as faixas que mais trabalho deram para a Sasha 2 e para a Alexia, e lá fui eu repassar todas essas faixas, com o mesmo SPL, nas DAW. E para meu espanto e surpresa, o comportamento foi primoroso. Total controle dinâmico e tonal, nenhuma ‘rusga’ ou qualquer tipo de endurecimento no sinal. Impávidas e sempre prontas para o próximo desafio.
Seu equilíbrio tonal nos faz repensar muitas coisas, pois é difícil deduzir como essa nova Wilson Audio consegue ter tamanha extensão e corpo nas altas e nunca endurecer o sinal, mesmo em gravações que tecnicamente falharam na escolha do microfone adequado. Ouvi dezenas de gravações em que a última oitava da mão direita do pianista quase endurece, retirando todo o feltro do martelo e nos ‘brindando’ com um som de vidro. Na DAW, a reprodução ainda que não seja correta, não nos agride e nem tão pouco diminui a intensidade do ataque, extensão e decaimento.
É absolutamente incrível o que este novo tweeter da Wilson Audio é capaz de nos mostrar em termos de correção e precisão. Achei que os agudos da minha Kharma Exquisite Midi eram o ‘suprassumo’ em termos de clareza e conforto auditivo, e agora essa ganhou um concorrente à altura. E com uma vantagem: o corpo dos pratos, a embocadura de instrumentos de sopro como sax soprano, flauta e trumpete, são ainda mais corretos!
A região média tem muito do realismo da Alexia, mas achei que alguma coisa foi ainda mais aprimorada em relação à primeira Alexia, pois a velocidade, ambiência, textura e organicidade, são ainda mais verossímeis. O acontecimento musical se materializa a nossa frente de forma tão palpável, que nosso cérebro demora um lapso de segundos para entender o que está ocorrendo. Algo nos avisa, interiormente, que estamos recebendo sensações auditivas que ainda não haviam sido escutadas e depuradas!
Minha única esperança de que vocês entendam o que aqui escrevo, é que possam um dia escutar esta espantosa caixa em um setup e sala adequados. E se tiverem essa oportunidade, tenho absoluta certeza que suas referências a respeito de caixas acústicas sofrerão alguns abalos, pois tocam como caixas muito maiores, possuem um controle dinâmico inimaginável e o fazem com uma ‘finesse’ inacreditável!
Um amigo, ao escutar, teceu o seguinte comentário: “Possuem a energia de PA, com o refinamento de caixas Hi-End Estado da Arte!”. Esta observação foi compartilhada depois de ouvirmos a faixa 8, Dangerous Curves, do disco do King Crimson – The Power To Believe.
Quem conhece esta gravação, sabe o quanto é difícil estabelecer um volume e não ter que diminuir quando a música atinge seu clímax final. O sistema, e principalmente a caixa, precisam ter ‘muita folga’ para transmitir o que os engenheiros captaram nesta difícil gravação. Mas, a DAW vai mais adiante que sua irmã Yvette e que a minha caixa de referência, ao nos mostrar detalhes quase que subterrâneos nos riffs e na condução de tempo do baterista. Robert Fripp nos brinda com sutis variações no tempo forte, que passam completamente despercebidas em todas as outras caixas em que já ouvimos este disco. Essas micro variações aparecem no meio de uma parede de distorções em um crescendo semelhante ao do Bolero de Ravel, versão eletrônica.
É isto que denominamos com entender a intencionalidade por trás da obra, da virtuosidade do músico, do arranjo, etc. E os graves da Sasha DAW, para decifrar como conseguem com dois falantes de oito tamanha precisão, velocidade e deslocamento de ar, recorri de novo as anotações dos testes da Sasha 2 e da Alexia. E posso garantir que ambas não tinham este grau de requinte e emoção. Mesmo a Alexia com um woofer de 8 e um de 10 polegadas!
O que os engenheiros da Wilson conseguiram neste projeto é um assombro de avanço tecnológico de quebrar com paradigmas da física em relação ao tamanho dos falantes e área do gabinete. Mas esqueçam aquele grave balofo, que você sai da sala e quando volta ele ainda está soando. Nada disso! É um grave incisivo e cirúrgico, que não embola, não colore e não ofusca o médio-grave. Está ali pelo tempo em que o engenheiro de gravação e os músicos queriam que estivesse.
Seu soundstage só não será impressionante se não foi feito o alinhamento temporal correto, ou a sala tiver problemas sérios de acústica, como por exemplo não dar o espaço mínimo necessário para as caixas respirarem. É preciso entender que é uma caixa de porte médio, mas que resulta em uma sonoridade de caixa grande. Então são essenciais as mínimas condições necessárias de arejamento entre elas, entre as paredes laterais e às suas costas.
Dadas as condições, o ouvinte terá um palco monumental, tanto em largura, como altura e profundidade. Seu foco, recorte e reprodução de ambiência eu só havia escutado na Alexandria XLF, com tanto respiro e silêncio entre os instrumentos. Um foco e recorte tão preciso que é possível ‘ver’ enquanto ouvimos que no CD The Civil Wars – Barton Hollow, a voz masculina é alguns centímetros mais alta que a voz feminina (veja a foto na contracapa do disco, e terão uma ideia do que estou dizendo). A DAW é capaz de nos mostrar em detalhes até essas sutis diferenças de altura nas vozes.
Agora transporte essa preciosidade para reprodução de música sinfônica e você terá em sua sala todos os planos dispostos como foram captados pelos microfones, todos os naipes devidamente apresentados, tanto em largura, como altura e profundidade! Agora vá somando todos esses atributos, e imagine como seu cérebro se sente depois de se acostumar com tamanha interação e conforto auditivo! Você não quer de forma alguma voltar a nada inferior a isto. Este é o problema! (ou a solução, dirão outros!).
Agora falemos da apresentação de texturas: geralmente as grandes caixas e os projetos mais corretos apresentam texturas sublimes na região média (onde está concentrada 70% de toda informação da música). Dificilmente notamos as variações de pele de instrumentos de percussão (não falo de afinação), a qualidade das peles, a qualidade dos músicos, dos microfones escolhidos, enfim de informações que muitas vezes nos passam batido. Para a DAW tudo é muito relevante para ficar em segundo plano, tão relevante que obras que escutamos centenas de vezes como Música para Cordas, Percussão e Celesta de Bartok, ganham uma dimensão em termos de apresentação dos solos que você pensa estar ouvindo uma nova versão daquela obra. Tudo é mais presente, refinado. A sensação é que os músicos estão tocando com maior atenção e precisão (claro que parte deste efeito é consequência da qualidade dos transientes, mas ambos se juntam nesta obra de maneira a nos fazer perceber um mar de nuances, nunca antes observadas), e a tonalidade e a paleta de cores nos diversos instrumentos utilizados nesta obra, ganham enorme evidência.
O mesmo fenômeno ocorreu com todos os exemplos de gravações de quartetos de cordas. É possível perceber até mesmo se a crina do arco dos instrumento está muito velha ou se é ainda muito nova (os músico dizem que o ideal é quando a crina está com alguns dias de uso, assim a sonoridade, além de mais viva, exprime melhor as qualidades do instrumento).
Parecem apenas detalhes certo? Mas são detalhes que, se somados, exprimem exatamente o ‘caráter’ sônico da Sasha DAW. Como já adiantei, os transientes são irretocáveis. Aliás isto talvez explique o fato de todos os articulistas que tiveram o prazer de testar esta caixa, escrevem que sua reprodução de instrumentos de percussão são as mais corretas, precisas e naturais que já tiveram o prazer de escutar.
E que melhores exemplos do que instrumentos de percussão para se testar transientes? E quando falamos de instrumentos de percussão, estamos incluindo, é claro, o piano. E as apresentações de pianos nesta caixa são de nos fazer, literalmente, prender a respiração. Você escuta em detalhes o corpo do instrumento, a digitação e técnica nos pedais do pianista, a qualidade do piano, a qualidade da captação e até o respirar do músico enquanto executa a obra solo. Achava que a respiração evidente do pianista só aparecia nas gravações da Philips do Claudio Arrau. Para minha surpresa, na esmagadora maioria das gravações solistas que escutei na Sasha DAW, é possível escutar a respiração de todos eles! O que torna a sensação de materialização física do acontecimento musical ainda mais realista, pois temos o corpo exato do piano a nossa frente, a precisão na apresentação das texturas e transientes, o mais perfeito equilíbrio tonal em todas as oitavas do instrumento, e ainda ouvimos o pianista respirando enquanto executa a obra!
O que mais nosso cérebro e nossos ouvidos podem desejar? Foi esta a pergunta que um amigo me fez, depois de ouvir Claudio Arrau, Nelson Freire e Hèlène Grimaud. Só pude balançar a cabeça positivamente e concordar que ouvir nossos discos desta maneira vai muito além de ter um sistema perfeitamente ajustado, pois extrapola nossas expectativas e nos apresenta uma nova ‘realidade virtual’.
Sim entramos em uma nova era em que ‘vemos’ o que ouvimos, e isto fará uma mudança significativa em como serão trabalhado, daqui para a frente, os sistemas Estado da Arte de padrão superlativo.
Como o sistema da Nagra que estamos testando também se encontra neste mesmo patamar das caixas DAW, resolvi descer o nível e às liguei no nosso sistema de referência (Pré Dan D’Agostino e power Hegel), e para minha surpresa o comportamento da DAW em todos os quesitos da nossa Metodologia não sofreram grandes alterações. Claro que, com os Nagras, a DAW se sente muito mais confortável, pois são do mesmo nível. Mas com o Hegel, por ter o dobro de potência que os monoblocos da Nagra, a Sasha DAW pôde mostrar sua capacidade de tocar nos volumes das gravações sem mostrar nenhum tipo de saturação.
O nosso leitor assíduo deve estar se perguntando: se a Yvette já foi tão impressionante, o que a Sasha DAW pode ter de tão melhor? Eu também me fiz esta mesma pergunta, meu caro. E algumas respostas são dadas como um soco capaz de nos levar à lona no primeiro segundo ao soar o gongo.
As Yvette são caixas com enorme apelo, e que conseguem mostrar o que uma caixa acústica pode realizar com as suas músicas preferidas. Mas a Sasha DAW vai muito além, ao mostrar o que existe na música e que ainda não foi apresentado com tanto requinte e precisão. Ela não se intimida em ser comparada com nenhuma outra grande caixa, seja da própria Wilson Audio ou de outros fabricantes também altamente conceituados. E pode acreditar, se você der essa chance a ela, de ser comparada com a caixa que você julga ser de um nível também superlativo, ela não fará feio de maneira alguma.
Para mim é de todas as caixas da Wilson Audio que testei, de longe, a que achei mais impressionante. Claro que tenho que deixar de lado a Alexandria XLF, pois está fora das minhas possibilidades totalmente, mas se formos avaliar apenas por custo e performance, é a melhor caixa da Wilson Audio que podemos sonhar em ter (desde que este seja o objetivo, a melhor caixa Estado da Arte pelo menor valor). Se o critério for performance, a Sasha DAW me parece imbatível em sua faixa de preço.
Suas qualidades se mostram por todos os ângulos: construção, tecnologia, capacidade de ajuste para diversas salas e, claro, sua performance de caixas muito mais caras e maiores. Ela me convenceu completamente e depois de 4 anos e meio com a Kharma Exquisite Midi, passa a ser nossa nova caixa de Referência.
Veja que estamos falando de uma caixa que custa, nos Estados Unidos (Exquisite Midi), mais que o dobro da Sasha DAW, e ainda assim este modelo da Wilson Audio se mostrou inteiramente superior. Se eu não tivesse ouvido, eu não acreditaria isto ser possível!
Uma caixa Estado da Arte capaz de concorrer com caixas até mesmo custando o dobro dela.
Pela sua performance, absolutamente nada.
Drivers por Caixa | |
Woofers | 2x 8 polegadas |
Médios | 1x 7 polegadas |
Tweeters | 1x domo de 1 polegada |
Gabinetes e Materiais | |
Modulo Superior | Duto traseiro, Materiais X&S |
Modulo de Graves | Duto traseiro, Material X |
Medições | |
Sensibilidade | 91 dB (1 Watt a 1 metro a 1 kHz) |
Impedância nominal | 4 Ohms (mínimo 2.48 Ohms @ 85 Hz) |
Amplificação mínima | 25 Watts por canal |
Resposta de frequência | 20 Hz a 30 kHz (+/- 3 dB) |
Dimensões (L x A x P) | 36.83 x 113.67 x 58.26 cm |
Peso (cada) | 107.05 kg |
Peso do par embalado (aprox.) | 322.05 kg |
CAIXA ACÚSTICA SASHA DAW DA WILSON AUDIO | ||||
---|---|---|---|---|
Equilíbrio Tonal | 13,0 | |||
Soundstage | 13,0 | |||
Textura | 13,0 | |||
Transientes | 13,0 | |||
Dinâmica | 12,0 | |||
Corpo Harmônico | 13,0 | |||
Organicidade | 13,0 | |||
Musicalidade | 13,0 | |||
Total | 103,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
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