Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Sempre produzimos CDs para ajudar nossos leitores na delicada tarefa de montar seus sistemas. No total, entre os discos da série Audiophile, feitos em parceria com a gravadora Movieplay, e os lançados pelo nosso selo Cavi Records, foram 6 discos (além do disco de teste específico para avaliação acústica de sala e posicionamento de caixas).
Este novo CD tem por objetivo ajudar toda a legião de novos leitores que conquistamos nos últimos dois anos a ter uma ‘ferramenta de trabalho’ que os ajude na escolha de todos os seus futuros upgrades de equipamentos eletrônicos, caixas acústicas, fones de ouvidos e cabos. Tivemos o cuidado de escolher e produzir faixas para avaliação de Equilíbrio Tonal (graves, médios e agudos) utilizando instrumentos solo como violão, voz à capela, cello, contrabaixo, pratos, etc. Para o leitor que está galgando os primeiros degraus se sinta encorajado a desenvolver sua memória auditiva plenamente sem nenhum tipo de ‘muleta’ dos amigos audiófilos.
Em um sistema bem equilibrado tonalmente, todas as frequências são inteiramente audíveis (desde que a captação e a mixagem também tenham tido este cuidado com o Equilíbrio Tonal, obviamente). Esta é uma pergunta que o leigo sempre nos faz: “como sei que meu sistema está equilibrado tonalmente?”. Simples: comece a ouvir em volume moderado seus discos (em torno de 65 dB), e se seu sistema reproduzir todas as frequências dos instrumentos gravados com alto grau de inteligibilidade, seu sistema ‘chegou lá’!
Agora, se você precisa ir aumentando cada vez mais o volume para ouvir determinados instrumentos como contrabaixo, bumbo de bateria, etc, seu sistema está desequilibrado. Mas, calma, que daremos todas as explicações passo a passo do que você precisa para tirar o máximo de proveito deste novo CD de teste.
Como o meu tempo livre é cada vez mais escasso com viagens, consultorias e a produção mensal da revista, pedi a ajuda do meu filho, João Vitor, que além de músico também é produtor musical (filho de peixe…) e, pacientemente, com o seu olhar crítico e antenado nas novas tendências, ajudou-me a selecionar as 13 faixas deste CD.
Expliquei a ele que não poderíamos utilizar gravações com instrumentos elétricos ou sampleados, pois para a escolha de um componente hi-end, somente instrumentos acústicos devem ser utilizados como referências sonoras. Ele entendeu perfeitamente o briefing, e dentro do universo de possibilidades de excelentes gravações, colaborou muito na definição de cada faixa.
Para facilitar ao leigo e ao nosso leitor audiófilo mais rodado, demos grande ênfase aos quesitos da nossa Metodologia: Equilíbrio Tonal e Textura. Sendo cinco faixas dedicadas a Equilíbrio Tonal (separadas por agudos, médios e graves) e duas faixas para Textura.
Optamos também para facilitar ao marinheiro de primeira viagem, trazendo exemplos com instrumentos solo, como diversos pratos de bateria para os agudos e voz, e instrumentos acústicos de sopro e cordas para os médios e os graves.
Textura também: uma faixa só com instrumento solo de cordas (violino e cello) e a outra faixa com um trio (piano, violino e cello).
Nossa sugestão: no momento do upgrade, peça sempre para escutar dois produtos concorrentes (na mesma faixa de preço), para poder perceber as diferenças entre eles no Equilíbrio Tonal. Para os agudos, a primeira dica: os agudos não podem ‘espirrar’, ‘endurecer’ ou ter decaimento rápido. Em um produto hi-end de bom nível, o decaimento (proposital) que deixamos permite ouvi-lo até chegar no silêncio absoluto.
Juntamos vários exemplos de pratos idênticos, com assinaturas sutilmente distintas, para que você possa perceber o grau de refinamento do produto que você está ouvindo. Em equipamentos com baixa qualidade na reprodução dos agudos, essas sutis diferenças entre os pratos dificilmente serão notadas com facilidade. Se sentir que parecem todos iguais, nem perca tempo com este produto. Seja equipamento eletrônico, caixa acústica, fone de ouvido ou cabos.
Fizemos o teste em diversos produtos, utilizando nosso celular (para o teste de fones de ouvido) e queimando uma mídia para ouvir em CD-Players. Disponibilizamos no site duas versões: em Flac (a que indicamos ainda que seja pesado o arquivo) e MP3 (para os que utilizarão para avaliação de fones mais simples).
Na região média os exemplos são: violão (um instrumento que todos temos gravado em nossa memória auditiva), voz feminina e clarinete. Dicas: em um médio correto, será evidente como os instrumentos soam naturais (sem nenhum tipo de sibilância ou com sensação de um ‘véu’ na frente deles). E quanto mais natural for o médio, maior a sensação dos instrumentos em nossa frente ou em nossa cabeça (no caso de fones).
E para os graves, os instrumentos escolhidos foram: contrabaixo acústico, clarone e sax barítono. Aqui, em um fone com Equilíbrio Tonal correto, os três instrumentos terão peso, energia, corpo e sensação de enorme deslocamento de ar. Equipamentos que borrem o som, ou dificultem o entendimento das notas, devem ser descartados. Principalmente no exemplo do contrabaixo, que não pode soar cheio de ‘hum, hum, hum’. As notas, ainda se tocadas com arco, devem soar precisas e inteligíveis!
Outra dica importante: se sentir a necessidade, nos exemplos dos graves, de aumentar o volume em relação aos exemplos dos agudos e médios, o Equilíbrio Tonal é incorreto na reprodução nas baixas frequências – fuja dessa opção, pois se com um instrumento você teve necessidade de aumentar o volume, imagine no dia a dia com música composta de vários instrumentos!
Toda a séries de exemplos de Equilíbrio Tonal devem ser escutadas no mesmo volume (de preferência entre 70 e 75 dB de pico). Aí, nosso leitor que quer seguir à risca nossas dicas, deve estar se perguntando como saberá ajustar o volume para 70 dB? Baixe um aplicativo no Play Store de ‘Decibelímetro’ – existem mais de uma dezena de opções, e escolhemos um que além de indicar a pressão sonora, simultaneamente mostra um gráfico com todas as oscilações dinâmicas da música: bem interessante!
Fizemos o teste comparando com o nosso decibelímetro Audio Shack, e é bastante razoável em termos de precisão (variando apenas 1 a 1,5 dB de diferença com a nossa referência).
Nossa dica: escute o CD em seu sistema residencial, na distância em que você regularmente senta para ouvir seus discos. Faça a medição e mantenha o volume nos 75 dB indicado de pico. Depois é só repetir este mesmo volume na casa do amigo, ou na loja. Claro que tudo dependerá do grau de ruído externo, pois muitas vezes o volume de ruído na rua já ultrapassa os 75 dB. Neste caso esqueça, ou volte em algum outro momento em que o ruído externo tenha diminuído drasticamente.
Os exemplos de Texturas dependerão extremamente da qualidade do Equilíbrio Tonal. Se este for bom ou excelente, os exemplos irão soar quentes, com enorme facilidade de se ouvir a qualidade do instrumento, o virtuosismo do músico e a complexidade da obra. Uma dica: se as cordas (em ambos os exemplos) soarem brilhantes, estridentes ou duras, tanto o Equilíbrio Tonal como as Texturas do produto em teste não são corretos!
Os dois exemplos de Transientes (violão e piano) são realmente para colocar a prova a qualidade de qualquer produto neste quesito. Quando os transientes não são precisos em termos de resposta, o andamento da música fica totalmente comprometido. Como percebemos este fenômeno? De duas maneiras: com a sensação de que o músico está tocando de forma displicente (uma certa letargia, como se faltasse pegada e precisão) e ‘comendo notas’, dificultando o entendimento do discurso musical. O violão, devido à enorme virtuosidade do executante, terá que soar preciso, com extrema inteligibilidade de todas as notas e acordes. E o exemplo com piano solo, idem. Observe a mão direita e a mão esquerda do pianista. Tempos diferentes que se intercalam, e ainda que a digitação seja entre o suave e o enérgico, o tempo, andamento são precisos, proporcionando enorme conforto auditivo e inteligibilidade.
A faixa de Dinâmica (para avaliação de micro e macro), foi escolhida entre 15 opções. Queríamos algo no qual, mais que grandes alternâncias entre piano e fortíssimo, o fortíssimo não ultrapassasse 89 dB de pico. E o piano não fosse menor que 67 dB. Nossa escolha teve um motivo muito simples: no volume correto da gravação um produto hi-end – em reprodução de micro e macrodinâmica – precisa suportar sem o usuário ter que ficar o tempo todo mexendo no volume.
Na variação dinâmica, você não pode ficar ‘pilotando’ o volume para acompanhar a música. Então, a dica aqui é: ajuste o volume para ouvir as passagens mais baixas e as mais altas sem ter que ficar mexendo no volume. Claro que, em um ambiente com muito ruído externo, será mais difícil escutar com precisão a microdinâmica, por isso nossa escolha por um exemplo em que a micro não é tão micro assim!
Ajustado o volume, observe como o produto se comporta na macro – ele distorce, endurece o sinal, torna desconfortável a ponto dos instrumentos virarem uma maçaroca? Se isto ocorrer, esqueça este equipamento As passagens macro precisam soar confortáveis e possibilitar ouvir todos os naipes da orquestra sem dificuldade alguma!
Veja como o Equilíbrio Tonal é o ‘alicerce’ de toda esta estrutura, pois quanto melhor ele for, todos os outros quesitos se beneficiam!
Para o quesito Musicalidade, meu filho e eu escolhemos uma verdadeira ‘pedreira’! Pois ele irá testar absolutamente todos os quesitos de maneira inquestionável! Equilíbrio Tonal, Textura, Transientes, Dinâmica, Corpo Harmônico e Organicidade. Se o produto desejado passar, parabéns, pois você certamente escolheu o melhor dos melhores em sua categoria. Aqui a dica é o seguinte: nada de endurecimento, nada de brilho excessivo, nada de dificuldade em ouvir toda a orquestra e de tudo soar com enorme inteligibilidade e conforto auditivo! Se todos esses itens forem alcançados: parabéns, você chegou lá! O produto escolhido lhe proporcionará muitas e muitas horas de audições inesquecíveis e, ao mesmo tempo, lhe dará a segurança tão eminente na preservação de sua audição. Pois você não precisará abusar do volume para resgatar frequências escondidas ou mal apresentadas. Seu sistema de áudio hi-end, ainda que você tenha passado duas ou três horas em sua companhia, não lhe trará fadiga auditiva, fazendo-o querer repetir a dose diariamente.
Mas, para garantir que você realmente está cuidando de sua saúde auditiva, adicionamos uma faixa com ondas senoidais para análise dos graves, médios e agudos, de 20 Hz à 20 kHz, para você fazer duas coisas: uma avaliação audiométrica de tempos em tempos (o ideal é esta avaliação pelo menos duas vezes ao ano) e para você também checar a resposta de frequência de suas caixas acústicas e fones de ouvido.
E, nas duas últimas faixas, um último presente: amaciamento de qualquer componente eletrônico de áudio, sejam caixas acústicas, cabos, fusíveis e, claro, fones de ouvido! O ideal é o uso destas duas faixas por pelo menos 24 horas. Para não deixar ninguém louco ou ter a reclamação dos vizinhos, dívida em períodos mais curtos, de duas a três horas por dia. Para os leitores apressados, não existe solução melhor, acreditem!
Esperamos que este Disco seja a ferramenta que você precisa para a escolha de seu futuro fone de ouvido. Para baixar o disco, basta clicar na imagem do CD e você será redirecionado para a página do CD de Teste 4 em nosso website. Você terá duas opções de download: formato FLAC (em alta qualidade e sem compactação) e para aqueles que tem limitações em sua banda de internet ou de espaço de armazenamento em seu dispositivo, o formato MP3 em 320 kbps. Basta descompactar o arquivo ZIP, e desfrutar dessa ferramenta tão essencial.
Na página do CD de TESTES 4 também disponibilizamos um arquivo compactado que contém CAPA e CONTRACAPA para impressão, para uso na embalagem do CD que será gravado com as faixas abaixo relacionadas.
Desejamos a todos Boas Festas e um ótimo 2020!
1 Comments
É possível fazer o download do CD de teste nª 4, mas apresenta erros quando tentamos gravar o mesmo em CD.