Teste 2: CAIXA ACÚSTICA ROCKPORT AVIOR II

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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Comecei a acompanhar os produtos deste fabricante americano de caixas mais recentemente (para ser exato, no final de 2017) ao ler algumas resenhas de suas participações em feiras, com excelente repercussão de público e crítica especializada.
Naquelas felizes coincidências, ao receber o toca-discos Acoustic Signature Storm (leia teste na edição de novembro), o importador também nos enviou as caixas Rockport modelo Avior II, para conhecermos (sem a obrigação de testá-las). Olhei para aquelas radiantes caixas de formas imponentes, e pensei: “uma caixa de 150 kg não pode entrar em nossa Sala de Testes apenas para conhecer, embalar novamente e agradecer todo o esforço do importador”. Assim, ainda que estivéssemos em uma maratona de testes, para encaixar todos os produtos que chegaram no último trimestre, dei um jeito de também ouvir a Rockport e colocá-la nesta última edição de 2019.

A sorte é que a Avior II veio inteiramente amaciada, pois estava tocando no showroom do importador. O que viabilizou totalmente o teste.

A Avior II é uma imponente coluna de três vias com dois woofers de 9 polegadas, um falante de médio de 6 polegadas e um tweeter de 1 polegada de berílio. Seu projetista e fundador, Andy Payor, é que cuida de todo o desenvolvimento dos projetos e supervisiona no chão da fábrica a montagem de uma a uma de suas crias, deste a marcenaria, fabricação dos falantes e montagem dos crossovers de todos os modelos da Rockport – já que todos os crossovers são feitos ponto-a-ponto, sem placas em série.

Andy Payor afirma que a grande mudança do modelo original para a versão MkII foi a adição do guia de ondas, no qual está inserido o tweeter de berílio. A grande sacada é que o tweeter é parte integrante desta unidade, e não apenas encaixado em seu centro. Segundo Andy, as melhorias foram tão significativas que passou a ser utilizado em todos os modelos do fabricante.

O guia de ondas possui dois propósitos, esclarece Payor: “Ele restringe a dispersão do tweeter na parte inferior da banda passante, para torná-lo mais parecido com a dispersão do falante de médio (que corta em 2000 Hz) melhorando a transição acústica entre o intervalo do médio e o tweeter. E este guia de ondas aumenta a sensibilidade do tweeter em cerca de 5 dB na parte mais baixa de sua faixa de operação, com isto o tweeter precisa de menos energia do amplificador para produzir um determinado nível de saída, e os benefícios se traduzem em: maior extensão com muito menor distorção, pois o guia de ondas melhora a correspondência de impedância acústica do tweeter na extremidade baixa de sua faixa e permite maior expressão dinâmica do próprio tweeter”.

Os falantes de médios e graves foram integralmente projetados pelo Andy Payor. Seus cones são de pele de tecido de fibra de carbono, pré impregnadas com uma resina epóxi endurecida, formulado sob encomenda, e consolidadas em um núcleo Rohacell, sob alta pressão e calor. O objetivo de Andy foi dar a maior proporção de rigidez por peso, com a maior extensão possível a cada cone, com baixo estresse mecânico.

O falante de 6 polegadas possui uma estrutura de alumínio fundido, uma aranha de tamanho grande, uma bobina de titânio, anéis em cobre e ventilação, sempre objetivando o menor índice de distorção para que, sonicamente, esses enormes cuidados se traduzam na capacidade de reproduzir nuances da música que outras caixas acústicas não conseguem.
Os woofers de 9 polegadas, são muito semelhantes ao driver de médio, tanto em conceito como em execução. As bobinas são de 2 polegadas, extremamente potentes e com uma ampla dispersão de calor, mesmo em volumes acentuados.

Andy também sempre foi um ‘perfeccionista’ no desenvolvimento de seus crossovers. Cada componente é soldado ponto-a-ponto para evitar problemas com as construções em placa de circuito impresso. Andy só utiliza capacitores de filme fabricados com exclusividade para a Rockport, assim como indutores e resistores Caddock – todos medidos e com tolerância de 1%. Depois de montado, todo crossover é selado em uma câmera na base do gabinete.

Feito de MDF, o gabinete da Avior II possui um defletor frontal de 6 polegadas de espessura, as paredes laterais são feitas em laminação tripla, amortecidas em pontos estratégicos, painéis laterais curvados e a tampa superior com uma superfície ascendente – em que a traseira é mais alta que a parte frontal. Andy explica que embora a Avior II utilize um gabinete de MDF, sua rigidez é enorme devido a sua grande espessura de seção.

Segundo o fabricante, a resposta de frequência da Avior II é de 25 Hz a 30 kHz (3 dB), sensibilidade de 88 dB/2,83 V, e sua impedância de 4 Ohms. O fabricante recomenda potência mínima de 50 Watts.

Para o teste disponibilizamos um arsenal de opções, como os powers Nagra Classic Amp (leia teste 1 nesta edição), Hegel H30 e integrado Sunrise Lab V8 SS. Prés de linha: Nagra HD e Dan D’Agostino. Fonte digital: dCS Scarlatti. Fonte Analógica: toca-discos Acoustic Signature Storm MkII, cápsula Soundsmith Hyperion 2, pré de phono Boulder 500. Cabos de caixa: Sunrise Lab Quintessence e Dynamique Audio Halo 2. Cabos de interconexão: Transparent Opus G5 XLR, Dynamique Apex XLR (leia teste 3 nesta edição), Sax Soul Ágata 2 XLR, Sunrise Quintessence (RCA e XLR) e Dynamique Halo 2 (XLR e RCA). Cabos de força: Transparent Audio PowerLink MM2, Sunrise Lab Quintessence e Dynamique Halo 2. Cabos digitais: Transparent Reference XL.

A Avior II é uma caixa que precisa de respiro para dar o seu melhor. Então nada de a confinar em salas pequenas, em que ela não tenha no mínimo 1 m de distância da parede a suas costas, 2,80 entre elas e pelo menos 1 m das paredes laterais. Com este cuidado, o usuário terá um soundstage magnífico em largura, altura e profundidade. E com uma maior abertura entre as caixas: um recorte e foco de nível cirúrgico! Elas realmente encantam por esse seu grau de holografia sonora e materialização física do acontecimento musical à nossa frente (Organicidade).

Eu sempre lembro aos nossos leitores, em nossos Cursos de Percepção Auditiva, que caixas são como instrumentos musicais e, por este motivo, deveriam ser a primeira escolha em qualquer setup. Existem caixas que trazem o acontecimento musical à nossa sala, e outras, ao contrário, nos transportam até o ambiente da gravação.

Pode parecer sutil demais a diferença destas duas possibilidades, descrevendo aqui no papel, mas de fácil observação auditiva quando se tem a possibilidade de estar frente à frente com ambas opções. Qual irá te agradar mais? Só você poderá responder meu amigo. Pois depende de inúmeros fatores como: estilo de música que você mais gosta, tamanho e qualidade acústica de sua sala, sinergia do seu sistema com a caixa escolhida e a pressão sonora na qual você gosta de ouvir seus discos. Então, esta escolha diria estar na esfera das subjetividades pela cultura e gosto de cada um.

O que posso lhe dizer é que a Avior II se sentirá em casa e dona total da situação em uma sala de dimensões corretas para o seu porte e, claro, um sistema à altura de suas inúmeras qualidades. Pois como todo produto de ponta, necessita totalmente de condições para justificar seu investimento.

Em nossa sala, para extrairmos todo seu arsenal de qualidades, perdemos quase uma semana testando posições – mas todo o tempo e paciência valeram pelo resultado alcançado. No final as Avior II ficaram a 3,20 m entre elas (medido do centro do tweeter), 1,89 m da parede às costas das caixas, 1,10 m das paredes laterais, com um toe-in de 25 graus apontando para a posição ideal de audição. Nesta posição, ganhamos a possibilidade de escutar as caixas com maior pressão sonora, sem nenhum grau de fadiga auditiva mesmo a picos de 95 dB (algo raro, e que poucas vezes me dou o direito de fazer, afinal tenho que preservar ao máximo minha ferramenta de trabalho).

A Avior II, permite esses ‘arroubos’ se assim você desejar e seus vizinhos não se incomodarem. Mas o que mais apreciei nessas caixas foi que em volumes mais ‘sensatos’ (com picos de 80 a 85 dB), você ouve absolutamente tudo com um grau de transparência e inteligibilidade impressionantes.

Em termos de Equilíbrio Tonal, a Avior II se comporta de maneira muito correta e segura. Você realmente não escuta os pontos de transição de um falante para o outro, tudo ocorrendo de forma muito natural. Os graves possuem peso, autoridade e velocidade que nos fazem acompanhar tudo que ocorre sem esforço adicional algum.

A região média é de uma finesse que nos seduz pela facilidade que reconstrói as mais sutis nuances e nos joga a luz necessária em passagens que, em muitas outras caixas, parecem imprecisas.

Aos amantes de total transparência, a Avior II deve ser ouvida com esmero e cuidado! Os agudos, possuem enorme extensão, decaimento suave e uma capacidade de dispersão impressionante. Gravações em que os engenheiros abriram 100% o panpot (recurso panorâmico, para distribuir os instrumentos entre as duas caixas na hora da mixagem) para um dos canais, tudo que esteja na região aguda na Avior II, soa a mais de 1 metro para fora das caixas. Isto dá um arejamento espacial e de proporção da sala de gravação espetaculares!

Outra excelente característica é a capacidade dessa caixa de ser bastante coerente na apresentação do corpo nos agudos. Em gravações em que o baterista utiliza inúmeros pratos de tamanhos distintos, muitas caixas tem a limitação em mostrar essas diferenças de corpo de cada um deles. Este não é o caso desta Rockport – escutando vários discos do trio de Keith Jarret com o baterista Jack DeJohnette, é possível observar o arsenal de pratos de tamanhos distintos que Jack utiliza. Pode, para muitos de vocês, parecer mero preciosismo citar esses detalhes, mas são nos detalhes, meu amigo, que nosso cérebro pode ser enganado e esquecer que o que estamos a ouvir é reprodução eletrônica! E como já escrevi centenas de vezes, seu cérebro não se engana facilmente (principalmente se sua referência for música ao vivo não amplificada).

E não adianta nada ter enorme naturalidade (Equilíbrio Tonal), texturas precisas, transientes corretos, boa micro e macrodinâmica, se o corpo de todos os instrumentos soarem a sua frente como pizzas brotinhos!

Seu cérebro não irá cair nesta! Sistemas hi-end Estado da Arte possuem esta denominação, justamente por terem atingido este grau de performance. E quando você escuta pela primeira vez um sistema com todos esses ‘predicados’, você nunca mais irá esquecer ou se equivocar com o que falta em relação a todos os outros sistemas que não chegaram a este nível de performance.

As texturas são apresentadas na Avior II de forma muito contundente, porém mais pelo lado da intencionalidade e qualidade dos instrumentos, virtuosidade e complexidade da execução da obra do que pela timbragem. Nos inúmeros quartetos de cordas que utilizo para avaliação deste quesito de nossa Metodologia, observei muito mais as nuances técnicas de execução do que a timbragem dos instrumentos (se mais quentes, sedosos, rugosos, etc.). Arrisco dizer que talvez esta sensação tenha derivado do grau absurdo de transparência que esta caixa permite ao ouvinte. O que me levou a escrever em minhas anotações pessoais, que o nível de observação e precaução com a escolha da eletrônica deva ser muito criteriosa, pois se o audiófilo optar por uma eletrônica que também tenha essas características de integral transparência, muitas gravações tecnicamente mais limitadas poderão ser excluídas. No entanto, as gravações de ótimo nível técnico soarão gloriosas!

Esta é uma escolha que sempre teremos que fazer, mas é sempre bom estar prevenido, afinal, imagino que todos que se aventurem a adquirir uma caixa deste valor, encarem o investimento como definitivo (pois subir deste patamar para o próximo é opção apenas para milionários). Então toda dica é extremamente válida.

A Avior II, em termos de resposta de transientes, é excepcional. Nada parece letárgico em termos de andamento, a sensação é que os músicos estavam realmente ligados e o que ouvimos foi realmente a melhor gravação executada. O tempo e ritmo são precisos milimetricamente, permitindo audições regadas a bater os pés e abrir aquele sorriso de orelha a orelha!

Sua apresentação de microdinâmica é espetacular, e nuances sutis são apresentadas com enorme inteligibilidade. Algumas surpresas irão fatalmente ocorrer, como ouvir ruídos de vazamento de canais em gravações multipista, vazamento pelo fone de ouvido do cantor (foi o caso de um CD do Ben Harper, em que escutei a faixa guia com o andamento, para marcar a entrada do cantor no tempo certo). Ou barulhos estranhos, como tosses vindas de um músico no meio da orquestra e não da plateia. Cito esses fatos bizarros para você ter uma ideia fidedigna do que a Avior II será capaz de lhe proporcionar em termos de transparência.

Já na macrodinâmica suas qualidades foram reveladas quando escrevi que me permiti ‘arroubos sonoros’ de picos de 94 dB (algo que dá para contar nos dedos ao ano). Sua capacidade de trabalhar com complexas variações dinâmicas é surpreendente, pois não houve qualquer resquício de endurecimento ou agressividade (que nos levaria a baixar o volume imediatamente).

Outro quesito que já dei uma boa adiantada é o Corpo Harmônico. Aqui encontra-se, na minha opinião, uma das maiores virtudes da Avior II. Todos os instrumentos (quando devidamente captados na distância certa) soam muito próximos ao corpo do instrumento ao vivo. Com destaque para gravações de piano solo e contrabaixo acústico, picollo, chimbau, cravo (todos instrumentos fáceis de reconhecer os seus tamanhos reais). Com uma apresentação tão boa do corpo harmônico, fica muito mais fácil seu cérebro acreditar que está frente a frente com os músicos!

A materialização física do acontecimento musical, também não é nenhum problema para a Avior II. Dê a ela uma excelente gravação, e os músicos estarão sempre à sua disposição!

Em relação à musicalidade, tudo irá depender do quanto você deseja dosar entre transparência e calor. Então só depende de você e não da caixa. Eu gostei muito da Avior II com o sistema Nagra, muito mais que o nosso de Referência, ou o nosso pré Dan D’Agostino com os powers da Nagra. Achei com os Nagras o sistema mais musical, com uma sonoridade mais natural para as minhas referências de música ao vivo não amplificada. Mas aqui, novamente, entramos na subjetividade, então o que importa realmente será única e exclusivamente seu gosto e suas expectativas!

CONCLUSÃO

Trata-se de uma caixa Estado da Arte com todos os atributos superlativos, de construção, projeto, conhecimento e performance. Os cuidados, como com todos os produtos deste nível (principalmente caixas) será a assinatura sônica de todo o sistema, a qualidade acústica e elétrica da sala mas, principalmente, usá-las em salas com, no mínimo, 28 a 30 metros quadrados. Colocar esta caixa em um ambiente menor, é subtrair delas um dos seus maiores atributos: arejamento e holografia sonora!

Dê a ela todas as condições para render seu enorme potencial e terá sua caixa definitiva!


Pontos positivos

Uma caixa estado da arte.

Pontos negativos

Precisa de, no mínimo, uma sala com 25 metros quadrados para mostrar todos os seus inúmeros atributos.


ESPECIFICAÇÕES
Resposta de freqüência25 Hz a 30 KHz (-3 dB)
Impedância nominal 4 Ohms
Sensibilidade89,5 dB SPL / 2,83 V
Miníma potência do amplificador50 Watts
Dimensões (L x A x P)38 x 118 x 62 cm
Peso 99,8 kg cada

CABO DE INTERCONEXÃO APEX DA DYNAMIQUE AUDIO
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 13,0
Textura 13,0
Transientes 13,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 13,0
Musicalidade 12,0
Total 101,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADODAARTE



Performance AV Systems Ltda
US$ 59.960

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