Teste 3: TOCA-DISCOS DE VINIL THORENS TD 202

Espaço Aberto: REGA QUEEN EDITION: TRANSFORMANDO UM ENTRY-LEVEL EM COISA SÉRIA
maio 14, 2020
Teste 2: REVEL PERFORMA F228BE
maio 14, 2020


Juan Lourenço
revista@clubedoaudio.com.br

Thorens é um dos nomes mais antigos do áudio hi-end. Fundada em 1883 por Hermann Thorens em Sainte-Croix, na Suíça, sua longa trajetória foi forjada por altos e baixos, dificuldades e grandes exitos. A Thorens nos acompanha desde os primórdios do áudio e, de lá para cá, ela jamais perdeu a bússola. Sua paixão é tão intensa quanto um amor de verão – só que na Thorens este amor é eterno. Em sua história vemos vários exemplos de coragem e inovação, sua busca pelo melhor som possível sempre a levou a esticar seus próprios limites.

A Thorens continua transitando muito bem entre o moderno inovador e o clássico com seus bons truques na manga. Seus modelos da década de 60, 70 e 80 ainda fazem audiófilos e melômanos suspirarem, e seus modelos recentes mantêm a mesma magia e engenhosidade do tempo em que o LP reinava absoluto. Prova disto é o TD 550, testado na edição 260 da revista, que mostra que a paixão não diminuiu e que a empresa está mais viva do que nunca, mantendo a tradição na excelência de seus projetos na busca pelo melhor som possível.

Outra tradição que a empresa não deixa de lado é a de produzir bons toca-discos de entrada e, neste quesito, a Thorens é uma das empresas que mais soube entender a importância de um bom conjunto, uma boa base a um custo realmente acessível para que o recém iniciado no mundo do vinil possa se aventurar no hi-fi com segurança. E é sobre estes bons conjuntos que vamos falar agora, avaliando o novo toca-discos de entrada da marca, o TD 202.

O TD 202 é um projeto novo lançado após a empresa passar para as mãos de Gunter Kürten, ex-diretor da Denon e mais recentemente ex-diretor da ELAC. Com um dono tão experiente na alta fidelidade, podemos crer que a empresa está em boas mãos e que o DNA Thorens certamente será mantido.

Este toca-discos foi concebido com o intuito de ser plug-and-play, tendo tudo o que precisamos dentro dele, e até um pouco mais.

Vemos, por exemplo, que ele já vem com um pré de phono embutido com a opção de desligá-lo e usar um pré externo, outra boa vantagem é que, diferente dos Rega, ele vem com o tão abençoado borne de aterramento separado dos canais RCA – muitos não imaginam a maravilha que este aterramento pode fazer em um toca-disco! Finalizando, temos uma saída USB caso queiram digitalizar seus discos em um computador.

O TD 202 vem embalado em uma caixa dupla: a primeira é basicamente uma couraça que protege a caixa principal das intempéries. E dentro dela, sim, vemos uma caixa muito bonita com grafias modernas e tudo. E dentro desta temos isopores moldados que garantem uma viagem segura em qualquer condição de transporte.

O arranjo dentro da embalagem é semelhante ao de muitos outros toca-discos: tampa feita em acrílico transparente fica na parte de cima, ladeada por isopores, e abaixo da tampa fica o manual, os cabos RCA com fio de aterramento, e o gabinete do TD 202. O prato em alumínio fica embaixo de tudo e, nas laterais do isopor direito, o contrapeso e o headshell montado em uma cápsula MM modelo AT-95E, da Audio-Technica.

O braço em alumínio de 8,8 polegadas, com sistema do tipo baioneta, já vem montado e fixado à base do toca-disco. Toda a geometria do braço já vem pré-ajustada de fábrica, a única coisa que fica a cargo do proprietário é o ajuste do contrapeso e do anti-skating, que depende deste primeiro para ser feito. Infelizmente estes ajustes não poderiam vir pré-ajustados de fábrica, pois ao chegar aqui no Brasil, tudo estaria desregulado devido aos trancos sofridos no transporte.

O gabinete tem boa rigidez, o acabamento pode ser em preto alto brilho ou mogno alto brilho, os controles de liga/desliga e de troca de velocidade 33-1/3 e 45 RPM dão um toque retrô ao aparelho. O prato em alumínio forjado arremata o design com um acabamento externo em cromo alto brilho. Por dentro do prato, um volumoso anel de borracha auxilia na contenção das vibrações e, acima do prato, o inconfundível tapete de borracha Thorens. A tração por correia fica por conta de uma polia que faz contato com o motor localizado dentro do gabinete. A fonte é externa e é parecida com uma fonte de celular. O conjunto todo pesa aproximadamente 10 kg.

COMO TOCA

Para o teste foram utilizados os seguintes equipamentos: amplificador integrado Sunrise Lab V8 MkIV Signature Special, Pré de phono Sunrise Lab The PhonoStage II SE. Caixas acústicas: Elipson Prestige Facet 8B, e Neat Ultimatum XL6. Cabos de força: Sunrise Lab Premium Magic Scope, Sunrise Lab Illusion Magic Scope. Interconexão: Sunrise Lab Premium Magic Scope RCA, Sunrise Lab Illusion Magic Scope XLR, Sax Soul Zafira III XLR. Cabo de Caixa: Sunrise Lab Reference Magic Scope e Quintessence Magic Scope.

O TD 202 chegou lacrado, sua montagem foi relativamente fácil, mas é preciso ter em mãos uma balança digital ou uma analógica do tipo da Ortofon para ajuste do contrapeso. Esta balança não vem com o toca-disco, uma falha que não é cometida apenas pela Thorens: quase todas cometem este erro.

A cápsula indica que a força de rastreio vai de 1.5 a 2.5 gramas, eu preferi colocar 1.5 g para fazer o amaciamento que, mesmo conhecendo bem a cápsula, demorou muito para amaciar: mais de 40 horas! Após este período mudei para 1.8 g e o antiskating ficou na posição 1.6.

No início do amaciamento, o som do TD 202 não agrada muito – tudo soa meio bagunçado, as freqüências não parecem se encaixar muito bem, os extremos são bastante velados os médios quase não aparecem direito, não parece que se está ouvindo um toca-discos, não tem aquele calor e som aveludado de um toca-discos, e esta sensação continua por 80% do tempo de amaciamento. Lá no final é que os extremos ganham definição e extensão, a região média ganha luz, a voz aparece sedosa e mais proeminente, dando mais equilíbrio ao conjunto. Algumas pessoas podem estranhar esta demora em tudo se encaixar, mas faz parte do processo, não há como fugir, o melhor mesmo é manter a calma e curtir o brinquedo novo (risos).

Com tudo encaixado e nos conformes, voltamos para os discos, e o primeiro disco foi Natalie Cole, Still unforgettable (DMI Records), para tirar a cisma do equilíbrio tonal, Como que se trata de uma versão gravada digitalmente, que depois passou para vinil, é uma boa pedida para quando estamos desconfiados que o toca-discos não esteja lá muito equilibrado – este disco denuncia rapidamente, pois ele não tem aquela porção extra de harmônicos típica em gravações analógicas, e se o toca-discos estiver ou for ‘mais ou menos’, soará como um CD. Minhas suspeitas não se confirmaram, e o TD 202 conseguiu trazer à superfície uma boa dose de harmônicos do disco. O próximo disco foi Sting, Nothing Like the Sun (A&M Records), última faixa do lado 1. Novamente o TD 202 demonstrou um bom equilíbrio e o violão com bom timbre e as vozes também. Faltou um pouco mais de silêncio de fundo, e um pouco mais de ambiência, para que esta música nos envolvesse como se deve, mas não há nada de desapontador nisto, pois basta que o futuro comprador troque de cápsula – por uma Grado Prestige Red ou Blue 2 por exemplo – para que esta magia apareça.

Uma coisa curiosa é que o TD 202 não casou em nada com o pré de phono Sunrise Lab the Phono Stage II SE. Outra coisa que me incomodou um pouco é que o motor tem apenas a força necessária para manter a rotação estável, mas até passando a escova de cerdas de fibra de carbono o motor desacelera, voltando à rotação normal depois do processo de limpar o disco. Sabemos que este é um toca-disco de entrada, não é um trator neste quesito, não dá para exigir muito principalmente por que ele não foi pensado para que se use clamp pesado. Por este motivo, se quiser fazer um mimo e adicionar um clamp, sugiro os modelos leves por pressão e não por peso, como os modelos Michell ou da Trumpet.

CONCLUSÃO

Mais uma vez a Thorens consegue entregar um bom conjunto: bom braço, boa cápsula em um gabinete muito bem estruturado. Ele não é como os antigos da década de setenta até final dos 90, que poderiam durar por cem anos, mesmo porque os materiais dos quais eram feitos já não são abundantes e muito menos baratos hoje em dia. Ainda assim a Thorens construiu um aparelho robusto, confiável e equilibrado o suficiente para iniciar seu sobrinho ou filho no bom e velho vinil.


Pontos positivos

Excelente casamento entre braço e cápsula. Ótimo acabamento.

Pontos negativos

Motor poderia ser mais potente.


ESPECIFICAÇÕES
TraçãoBelt-Drive
MotorDC
Velocidades33-1/3 RPM, 45 RPM
Variação de velocidade de rotação+/–2%
Wow & flutter0.2%
Relação sinal/ruído67 dB ou maior (A-weighted, 20 kHz LPF)
PratoAlumínio fundido
Diâmetro do prato12”, 300mm
Tipo de braçoTubo de alumínio reto, equilíbrio estático, comprimento de 8.8” (223.6 mm)
Braço aceita cápsulas com peso3.5 à 6.0 g
Ajuste de anti-skatingSim
Tipo e modelo de cápsulaMM (Moving Magnet), Audio-Technica AT-95E
Resposta de frequência da cápsula20 Hz to 20 kHz
Separação de canais da cápsula18 dB
Nível de saída da cápsula2.5 mV (1 kHz, 3.54 cm/sec.)
Força de rastreio da cápsula2.0 g (+/–0.5 g)
Peso da cápsula5.7 g (+/–0.5 g)
Peso do headshell11 g (incluindo parafusos e fios)
Alimentação do toca-discosAC de 100 à 240 V (50/60 Hz)
Consumo1.5W (menor que 0.5W em stand-by)
Dimensões (L x A x P)420 x 355 x 121 mm
Peso 3.9 kg

TOCA-DISCOS DE VINIL THORENS TD 202
Equilíbrio Tonal 8,0
Soundstage 7,5
Textura 7,5
Transientes 7,5
Dinâmica 7,5
Corpo Harmônico 7,5
Organicidade 7,5
Musicalidade 7,5
Total 61,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
OURORECOMENDADO



KW Hi-Fi
(48) 3236.3385
£1.960

1 Comment

  1. Marcelo Pinheiro disse:

    Prezados Senhores.
    Preciso reformar meu toca discos thorens aqui em São Paulo

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