Espaço aberto: COMO VOCÊ ESCOLHE SEU EQUIPAMENTO DE ÁUDIO?

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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

A primeira pergunta que meu pai fazia à um novo cliente era justamente essa.

Eu, na inocência dos 10 anos, ficava surpreso ao ver que a grande maioria se embaralhava ao tentar responder uma pergunta tão objetiva e direta.

Alguns levavam minutos para formular suas respostas, e quando e alcançavam os principais elementos para suas escolhas, muitas delas eram bastante bizarras, como: “Era o único equipamento que se encaixava naquele espaço” (um móvel improvisado ou uma velha prateleira montada na parede), “foi o único que a patroa aprovou”, ou até escolhas de caráter sentimental: “Lembra um equipamento que tínhamos na casa dos meus pais”.

E, ainda que tivesse muito pouca idade para entender os ‘meandros’ da mente humana para suas escolhas, foi ficando claro para mim que muitos dos clientes não sabiam exatamente o motivo de sua escolha. E talvez muitos deles quisessem ‘justificar’ a impossibilidade de um maior orçamento com saídas que pudessem sustentar o convívio com seus sistemas.

De lá para cá, revendo na minha mente todos esses momentos, acho que o comportamento humano na hora de suas escolhas não mudou muito. Diria apenas que se tornou bem mais variado. Afinal, o número de opções se tornou muito maior, independente se falamos em um produto de entrada ou um Estado da Arte. E com essa nova ‘variável’, o leque de justificativas obviamente também se ampliou.

Eu não utilizo mais essa pergunta no primeiro contato com um novo cliente – a substituí pela: “Me mostre os discos que mais lhe dão prazer escutar em seu sistema”. Sento ao seu lado e o acompanho, na sua viagem musical.

Após uma hora de audição, pergunto o que ele mais gosta no seu sistema ao ouvir aqueles discos e o que ele mais sente falta, ou gostaria de melhorar. Evito neste primeiro contato dar meu parecer do que avaliei do sistema, sala, acústica e elétrica, para não intimidar o cliente.

O que mais noto nas respostas é que, na maioria das vezes, ele tem desenvoltura para descrever o que aprecia, mas enorme dificuldade em detalhar o que falta. Perfeitamente natural que seja assim, pois muitas vezes o que sentimos falta ou não gostamos ainda se encontra no ‘campo gravitacional’ do subjetivo.

Para ter certeza de que o cliente ainda não codificou objetivamente os problemas, eu faço uma nova rodada de perguntas, como: seu sistema permite que ele escute toda a sua coleção de discos, ou limita a apenas algumas gravações que soam bem? Dentro dos gêneros musicais que ele aprecia, alguns estilos tocam melhor para o seu gosto? E, durante quanto tempo ele escuta, e a qual volume?

Com as respostas, consigo saber exatamente quais são as ‘queixas e frustrações’ e ‘a razão dele estar me contratando’. Trabalhar com a frustração humana (principalmente de um hobby como esse), necessita de muito tato, e principalmente de respeito.

Pois, chegar na casa de alguém que espera que você o ajude a encontrar soluções e simplesmente afirmar que está tudo errado, é uma afronta e falta de compaixão com o outro, sem fim.

Afinal, todos nós em inúmeros momentos cometemos erros e agimos estupidamente, então como diria minha avó: “Não faça ao outro o que não gostaria que fizessem com você”.

Levante a mão o leitor que já não foi destratado nessa busca pelo sistema perfeito! Felizmente, nem tudo são espinhos. Vejo hoje que parte dos nossos leitores e clientes já expõem seus problemas usando a terminologia da nossa Metodologia, e isso garante uma enorme assertividade na ajuda que podemos oferecer, seja ela por escrito e gratuitamente na revista, ou em uma consultoria contratada.

Como sempre escrevo: entender o que ocorre com o nosso sistema é uma bússola segura para focarmos no que precisa ser resolvido, e gastarmos o mínimo possível. E, à medida que sentimos que as correções e upgrades foram na direção certa, ganhamos confiança para andarmos com nossas próprias pernas.

Esse é o objetivo: chegarmos à ‘maturidade’ da jornada audiófila sabendo dos erros que cometemos por falta de conhecimento ou caprichos juvenis, e desfrutar de nossas conquistas cada vez que o resultado se apresenta como um consistente upgrade!

Então, minha dica para você amigo leitor, que está começando a dar os primeiros passos, é simples: o grande objetivo é, dentro do seu orçamento, montar um sistema que tenha como resultado a maior inteligibilidade possível com a menor fadiga auditiva.

Não perca de foco essa premissa e você seguramente chegará ao porto!

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