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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Que diabos é isso, Fernando Andrette? Esse é o nome que a ciência deu para qualificar as pessoas que não gostam de ouvir música em hipótese alguma. E, segundo dados mais recentes, 350 milhões de seres humanos não gostam de música.

Segundo a neurociência, o causador dessa parcela da população não curtir música tem o nome de: Núcleo Accumbens. Uma parte específica do cérebro que controla os disparos e a quantidade de dopamina. O Núcleo Accumbens se conecta à outras partes do cérebro responsáveis por captar estímulos externos, convertendo-os em sensação de prazer.

É este estímulo que nos faz se sentir bem ao comer algo que gostamos, viajar, ouvir música e namorar. Mas o que os pesquisadores da Universidade de McGill, no Canadá, descobriram é que os cérebros menos “sensíveis” à música possuem uma atividade menos intensa entre o Núcleo e o córtex (o responsável por estímulos auditivos). No entanto, o que ainda não foi bem explicado é a razão das pessoas que possuem aversão a música não terem nenhuma dificuldade em disparar a dopamina para outros tipos de prazeres.

Claro que esses 350 milhões de indivíduos não terão o menor interesse por esta publicação, então porque diabos estou escrevendo à respeito na seção Espaço Aberto?

O motivo é que estudar os não apaixonados por música irá ajudar a ciência a resolver questões complexas e sem respostas, como do autista que tem enorme aversão e inabilidade ao ouvir vozes humanas. E também estudar o efeito reverso, de como o Núcleo Accumbens pode se conectar de forma mais efetiva ao córtex e gerar maior quantidade de dopamina em que ama a música e melhorar seu estado físico e emocional.

À medida em que os estudos avancem em ambas as frentes, será possível compreender como ampliar a percepção auditiva e o gosto por diversos estilos musicais, e a razão de sermos tão resistentes a determinados gêneros e sonoridades.

Esses estudos podem também ampliar nosso conhecimento para compreender as bases neurais da música e como um conjunto de notas é traduzido em emoções.

Sabe-se, por inúmeros estudos e pesquisas efetuados nos últimos 20 anos, que o sistema de recompensa do cérebro varia do relaxamento à euforia, quando estimulado através da música. E criamos sempre o desejo de repetir essa sensação novamente. Quando a neurociência decifrar os diferentes estímulos modais existente na melodia, criando padrões, esses poderão perfeitamente e com uma margem enorme de segurança ajudar no controle de distúrbios do humor (hoje tratados com terapia e medicamentos).

Descobrir as melodias que liberam mais hormônios do prazer pode ser um tratamento muito mais eficaz e barato para qualquer sistema de saúde.

Os avanços são cada vez mais consistentes nessa área de mapeamento neurológico e a importância da música em nossas vidas hoje é fato provado!

Todos que se dedicam à este hobby (sejam audiófilos ou melômanos), tem cada vez mais “bons” argumentos para explicar a seus familiares o motivo de se dedicarem de corpo e alma a ouvir música diariamente.

Talvez seja este o argumento que necessitávamos para reunir a família em audições que podem trazer bem estar e felicidade a todos.

Em um momento de quarentena como esse, pode existir álibi melhor?

1 Comment

  1. Katia M Devechi disse:

    Ola, essa foi a melhor explicação que tive. Eu nao gosto de musica, a musica me deprime. Lembro que ate certo momento da minha vida (na infancia) ainda ouvia e gostava de musica. Hj em dia fico triste por nao poder usufruir de algo que as pessoas falam ser maravilhoso!

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