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Juan Lourenço
revista@clubedoaudio.com.br

O Sony WH-1000XM3 é o rei dos fones Bluetooth com cancelamento de ruído. Ao longo dos dois últimos anos ele vem sofrendo ataques de todos os seus concorrentes, que querem destroná-lo a todo custo, mas sem muito sucesso.

É sem sombra de dúvida o fone mais completo da categoria, com muita tecnologia embarcada e uma lista enorme de assistentes eletrônicos, que faz qualquer canivete suíço se sentir constrangido.

Para começar ele pesa apenas 255 gramas, 20 g a menos que o seu antecessor, o XM2 – muito disto se deve ao material de acabamento do arco agora ser em plástico, o restante continua utilizando os mesmos metais: alumínio e aço nos copos e no arco.

Os drivers de 1,57 polegada tipo domo (com voice coil CCAW) utilizam imãs de Neodímio e diafragmas LCP revestidos com alumínio, que respondem de 4 Hz a 40 kHz, com sensibilidade de 104 dB via Bluetooth e 101 dB por cabo. A amplificação agora é analógica, o que confere ao fone uma assinatura sônica mais orgânica e envolvente. Por falar em Bluetooth, o 1000XM3 está equipado com a versão 4.2, e conexão por NFC.

A autonomia da bateria é de 30 horas com o cancelamento de ruído ativo, e 38 horas com o mesmo desligado.

As conchas multi-articuladas possuem boa isolação natural, não tão eficiente quanto o PX7 da B&W, mas ainda assim muito boa. Assim que é ligado, o fone entra no modo mais alto do controle de ruído, e é preciso desativá-lo se quiser testar a opção natural. As almofadas são confortáveis e a espuma possui ótima memória, porém ela não deixa passar muito ar para dentro, o que em dias quentes pode incomodar um pouco.

As ligações atendidas no WH-1000XM3 são das melhores que já escutei. Graças ao sistema de multi-microfones que filtra o ruído de fundo enquanto capta sua voz durante as chamadas, não ouvimos retorno da nossa própria voz ou os barulhos externos que tanto incomodam. O conforto auditivo também é de ótimo nível. Os comandos continuam na concha e são do tipo sensível ao toque, um pouco desajeitados no início, mas logo nos acostumamos.

ressionando o copo direito ativa o modo “atenção rápida”: com ele a música passa para um modo “som ambiente” e o barulho externo torna-se audível. Com o mesmo gesto podemos iniciar o assistente de voz do celular: Siri, Google Assistant ou Alexa da Amazon.

O fone vem em dois acabamentos: preto com detalhes em cobre, e platinum silver com detalhes em bronze.
O aplicativo Headphone Connect é bastante completo e intuitivo, e com ele é possível configurar o nível de cancelamento de ruído. A novidade é que agora é possível deixar o cancelamento ativado por tempo indeterminado, assim podemos desfrutar do silêncio em uma viagem longa, por exemplo. E para quem viaja bastante de avião ou desce com freqüência as estradas da serra de Santos, o fone conta com um otimizador de pressão atmosférica que dá uma bela ajuda naquele probleminha de surdez temporária.

Na parte de configuração da curva de equalização, é preciso tomar cuidado e observar bem como estava a curva de equalização antes de alterá-la, pois não há a opção de retornar à curva anterior. Eu faria um printscreen da tela para ajudar na comparação.

COMO TOCA

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Fontes: Astell&Kern modelo Kann, Sony Walkman NW-A45, smartphone Samsung A7 (2018) e Samsung S10+, IPhone 8 Plus.
O fone utilizado estava amaciado – e isso nos poupou bastante tempo – graças ao nosso amigo e leitor Alicio Reginatto.

Comecei com as mesmas músicas que utilizei no fone PX7 da B&W: Dominique Fils-Aimé – The Red faixa 1 e Birds. É impossível não comparar o PX7, concorrente direto com ele. São dois produtos com assinaturas sônicas diferentes, mas com um enorme respeito pela música, pelas intenções e interpretações que músicos e engenheiros quiseram nos passar. A fluidez e o relaxamento do WH-1000XM3 é impressionante! Com ele você tem velocidade na medida certa sem deixar escapar nada da intencionalidade do artista, dos falsetes de vozes ou de instrumentos, ao mesmo tempo em que ele produz transientes maravilhosos e uma ambiência muito bonita. A região média dele é bastante clara, não nos permitindo perder nada da dicção do cantor ou, como disse acima, nenhum falsete.

A transição do médio para o médio-alto e alto é muito boa, não há buracos nem excesso de brilho que nos chame a atenção mais para um prato de bateria que para o conjunto dos músicos como um todo. O que pega mesmo é dos médios para baixo. Existe uma “assinatura Sony” que acompanha praticamente todos os fones modernos da marca, uma espécie de sub-graves que permeiam a transição entre médios-graves e graves, que não abandona a audição por nada. É gostoso quando ouvimos hip-hop ou bandas pop e até rock mais comprimido, mas não é legal quando queremos sentar e ouvir jazz, blues ou gêneros musicais mais complexos que exige uma passagem musical mais limpa, sem ajudas ou reforços, para que possamos entender melhor a música e suas intenções. Neste quesito o PX7 soa mais fiel à música.

A amplificação analógica do WH-1000XM3 ajuda e muito na dinâmica musical. O fone tem fôlego, está sempre pronto a responder com enorme folga nas passagens complexas de orquestras, big bands e em solos mais vigorosos, como os do trompetista Wynton Marsalis nas faixas 1, 2 e 6 do disco The Magic Hour – o Sony deixa claro porque ele é o rei dos fones de ouvido com cancelamento de ruído: os instrumentos ficam mais afastados uns dos outros e com uma ótima proporção em termos de tamanho de corpo. A altura das vozes e dos instrumentos também surpreende bastante, em alguns momentos parecendo até ser um fone aberto.

Por conta deste sub-grave que mencionei acima, os extremos – graves e agudos – não possuem tanta precisão em termos de corpo e de extensão como eu gostaria. Não chega a ser uma questão de gosto, mas sim um pequeno desequilíbrio nas proporções de todo o espectro sonoro audível do fone. Em muitas músicas passa despercebido, em outras sentimos falta principalmente de tamanhos de pratos de bateria e no posicionamento mais focado e vincado de contrabaixos acústicos em algumas músicas.

Ainda na faixa 2 do disco The Magic Hour, a voz da Dianne Reeves, que trava um verdadeiro duelo de floretes com Wynton Marsalis, percebemos a folga com que o WH-1000XM3 lida com várias dinâmicas diferentes ao mesmo tempo, com velocidades próprias e com tamanhos de corpo próprios, sem que para conseguir tamanho realismo tenha que sacrificar o posicionamento de ambos no palco, não tem esta de um deles achatar, ou do foco da Dianne ou do Wynton dar uma leve borradinha, uma apagadinha para que o outro se saia melhor – fica cada um no seu quadrado, cada um com o seu espaço imaculado na música. As peles de bateria parecem estar esticadas ao máximo e a baqueta bate com gosto e mesmo assim, diante de todas essas dinâmicas únicas, o Sony WH-1000XM3 parece não se abalar com nada disto.

CONCLUSÃO

O Sony WH-1000XM3 continua com seu reinado intocado, líder em seu segmento sem jamais conhecer a derrota. Os adversários chegaram, mas como se diz na gíria da F1 ou da MotoGP: “uma coisa é chegar próximo, outra é ultrapassar”. E, nenhum que ousou tocar em seu manto, o ultrapassou. Se você quer o melhor da tecnologia com mimos dignos de lord inglês e um som poderoso, siga o rei, vá de WH-1000XM3.


Pontos positivos

Muita tecnologia embarcada. Ótima construção, sem detalhes. Novas almofadas. Bateria para 30 horas de uso.

Pontos negativos

Em dias quentes, as conchas podem incomodar.


ESPECIFICAÇÕES
Tamanho do driver40 mm, tipo dome (bobina de voz CCAW)
DSEE HXSim
Entrada(s)Minitomada estéreo
Resposta de frequência4 Hz-40.000 Hz
Resposta de frequência (comunicação bluetooth®)20 Hz – 20.000 Hz (amostragem de 44,1 kHz) / 20 Hz – 40.000 Hz (amostragem LDAC 96 kHz, 990 kbps)
Resposta de frequência (operação ativa)4 Hz-40.000 Hz
Operação passivaSim
NFCSim
Comprimento do caboCabo de headphone (aprox. 1,2 m, fios OFC, miniplug estéreo banhado a ouro)
FONE DE OUVIDO BLUETOOTH SONY WH-1000 XM3
Conforto Auditivo 9,0
Ergonomia / Construção 9,0
Equilíbrio Tonal 10,0
Textura 9,5
Transientes 9,5
Dinâmica 10,0
Organicidade 9,5
Musicalidade 9,5
Total 76,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
DIAMANTERECOMENDADO



Sony
www.sony.com.br
A partir de R$ 1.799

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