Discos do Mês: CLÁSSICO, MINIMALISTA & CLÁSSICO

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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Acompanho a feitura da coluna Playlist do intrépido Fernando
Andrette – vulgo, nosso editor -, e às vezes até dou sugestões, se bem que na maior parte do tempo, adiciono alguma coisa ou outra à minha discoteca – um termo que é tão velho que já chegou a ser usado erroneamente em mundos muito distantes, como o final da década de 70…rs… Apesar de eu não consigo pensar em outro nome para o meu conjunto de discos de apreciação musical, algum nome que não pareça que eu tenha meio século de idade…

Enfim, apesar de trocarmos figurinhas sobre áudio, mercado e, principalmente, música quase que diariamente, e termos um gosto musical parecido, me peguei notando que nossas seleções são basicamente diferentes (ou seriam “superficialmente diferentes”?). Mesmo no gosto por jazz há uma diferença entre coisas mais tradicionais e coisas mais moderninhas e misturadas. Ou mesmo, no clássico, um tem uma predileção por pianos solo e música de câmara, e outro curte mais o repertório sinfônico. Maneiras diferentes de ver o mundo: um não denigre o outro, e o outro não denigre o um. Tem pra todo mundo!

Ouço, eu diria, bastante música de câmara, um tanto de jazz tradicional, variados discos de música pop e rock de várias décadas, muito rock progressivo. Porém, quando me propus a fazer esta coluna (quando nosso amado e destemido líder me pediu que a fizesse) eu sempre tive em mente a ideia de sugerir música extraordinária – tanto no superlativo de qualidade quanto na definição de dicionário, de não ser banal. Por isso sempre falo que “peneirar” os discos para publicar aqui não tem sido nada fácil – não tem essa abundância toda, não.

O cardápio deste mês de agosto inclui: uma visão diferente, com toques contemporâneos, da música de um grande mestre do clássico da era do Romantismo. Um disco de música minimalista que é pouco conhecido e ainda menos ouvido. E, para finalizar, mais um grande clássico do repertório sinfônico russo. Quem não gostar, e quiser jogar pedras, avise antes que eu fecho a veneziana.

Vamos à eles:

Uri Caine Ensemble – Wagner e Venezia (Winter & Winter, 1997)

O amigo – e grande papo – Márcio Alemão, em uma das várias vezes em que tive o prazer de partilhar audições musicais com ele, me sugeriu o trabalho do pianista americano Uri Caine. A gente tinha acabado de ouvir a pouco ortodoxa “versão” – ou “recomposição” – das Quatro Estações de Vivaldi pelo alemão Max Richter (gravação já sugerida aqui nesta coluna). O Alemão, que sabe que eu gosto de boa música não-tradicional, puxou da prateleira o Uri Caine Ensemble: “você vai curtir isso”. Pura verdade!

O trabalho do Uri Caine nesse CD não é tão complicado de ouvir – muito pelo contrário! É muito bonito e acessível. Mas é controverso, principalmente para os puristas quanto à obra do compositor alemão Richard Wagner, com suas óperas longas, complexas, grandiosas, grandiloquentes. Wagner e Venezia, do Uri Caine Ensemble, na verdade é, para mim, um tremendo tributo à qualidade, beleza e imortalidade da obra de Wagner.

O Fernando Andrette vive falando de arranjos minimalistas, do “menos é mais” (em alguns casos, claro), que eu lembrei do Wagner e Venezia, uma redução de arranjo de vários trechos e aberturas de suas grandes óperas para um piano (o próprio Uri Caine), um acordeon (Dominic Cortese), um baixo acústico (Drew Gress), um cello (Erik Friedlander) e dois violinos (Mark Feldman e Joyce Hammann), todos músicos da cena novaiorquina. Quando falo “redução”, estou me referindo ao termo de redução da partitura de uma obra de muitos instrumentos para um grupo menor, não de qualquer redução na beleza e genialidade da obra em si – e esse é o maior mérito do pianista e líder Uri Caine, que também assina os arranjos. Richard Wagner pode recostar-se no caixão e sorrir sem problema algum.

A gravação de Wagner e Venezia é feita ao vivo, parte no Gran Caffé Quadri (na Piazza San Marco), e parte no Hotel Metropol (que havia sido a residência do grande compositor italiano Antonio Vivaldi) – ambos locais na bela e antiga cidade de Veneza (“Venezia”, em italiano). O registro aqui inclui, propositalmente, ruído da cidade e do próprio público e, maravilhosamente, sua reação às belas interpretações, trazendo enorme conexão emocional. Não consegui encontrar absolutamente nenhuma informação técnica sobre a gravação, a não ser o fato de ter sido totalmente feita em digital. Sugiro que aqueles que são detratores ou inimigos do digital, ouçam esse disco e vejam que pode ser bem feito e bem musical, com muita ambiência e atmosfera.

Se eu fosse músico, e alguém me perguntasse qual o gênero da minha música, eu responderia: “boa” (claro, se eu, nesse cenário hipotético, for talentoso, rs…). Claro que precisamos fazer alguma diferenciação entre obras musicais, catalogando-as por gêneros, mas desde que faço esta coluna, e tenho que ler críticas, informações de catálogo, anotações de encartes, etc, venho descobrindo uma abundância de sub-gêneros. Wagner e Venezia é, para mim, claramente música clássica, erudita, como Wagner a compôs, apesar do arranjo com um grupo pequeno de instrumentistas – do qual, aliás, apenas o acordeon é verdadeiramente “fora da norma”. Porém, alguns o catalogam como “Jazz” ou “Jazz Contemporâneo” – que eu refuto, pois não foi tomada licença poética o suficiente no arranjo e na interpretação, a não ser uma certa irreverência.

Aí virão os puristas e reclamarão dessa licença poética, que inclui a inserção do acordeon – às vezes acho que os puristas de hoje são mais “puros” que os das épocas passadas. Acontece que Richard Wagner era um grande frequentador de Veneza, sendo que finalizou lá a composição de sua ópera Tristão & Isolda. Wagner inclusive costumava sentar-se nos cafés e praças da cidade, onde já na época dele haviam pequenos grupos musicais tocando suas versões de obras famosas de vários compositores, inclusive do próprio Wagner. O que irritava Wagner nesses pequenos grupos eram os erros, principalmente de andamento, sendo que ele mesmo passou a ajudar os grupos a preparar suas apresentações – o que para mim indica que ele aceitava-as de bom grado.

Me ocorreu mais uma das críticas proferidas pelos puristas, sobre o disco em questão: certas passagens careceriam de paixão e, principalmente, de potência. Bom, considero esse um disco belíssimo, e muito emocional – então descarto da crítica da “paixão”. Mas, claro, Wagner sempre trouxe às suas obras uma grandiosidade de tamanho de orquestra e coro, e de sonoridade – o que fica claro vendo como é feito o fosso da orquestra em seu teatro de ópera de Bayreuth, na região da Baviera, na Alemanha, onde aliás é feito o Festival que toca o ciclo completo da óperas do mestre todos os anos, como regentes de primeiro time convidados. O fosso do teatro foi projetado não só para caber uma orquestra bem maior do que a comumente usada para a encenação ao vivo de uma ópera, como também tem um formato pensado para a projeção da potência sonora dessa orquestra. Tudo para trazer à vida a obra de Wagner como ele queria. Portanto, concordo que não há parâmetro nenhum pelo qual se possa comparar um cenário desses com a versão do Uri Caine Ensemble, em matéria de potência sonora – mas isso é “chover no molhado”.

Uri Caine

O compositor do período do Romantismo, Richard Wagner, nasceu em 1813 em Leipzig, no leste da Alemanha, vindo a falecer em 1883, coincidentemente, na cidade de Veneza, na Itália.

O trabalho de Wagner é conhecido, especialmente, pela dimensão gigante de suas óperas, por sua complexidade instrumental e sinfônica, pela riqueza de suas texturas e harmonias. No final de sua vida, em 1882, já cardíaco, Wagner mudou-se para Veneza – por não suportar mais o frio do inverno de Bayreuth. Lá ele, e sua esposa Cosima, eram visitados frequentemente por amigos como pianista Joseph Rubinstein, o regente Hermann Levi, o compositor Engelbert Humperdinck, o pintor Paul Jukovsky, e o célebre compositor e pianista virtuoso húngaro Franz Liszt. Em 13 de janeiro de 1883, exatamente um mês antes de Wagner falecer vítima de um ataque cardíaco, o amigo Liszt trouxe-lhe a obra La Gondole
Lugubre, composta de improviso e tocada com o compositor alemão na ocasião – e que chegou a ser vista como uma espécie de pressentimento por parte do amigo Liszt.

Filho de um professor e uma poetisa, Uri Caine nasceu na Filadélfia em 1956, começando a estudar piano aos 7 anos de idade, e tornando-se pupilo do pianista de jazz francês Bernard Peiffer aos 12 anos de idade. Depois foi estudar música na Universidade da Pensilvânia, sob a tutela do compositor moderno americano George Crumb. Nos anos 80, já músico profissional, mudou-se para Nova York, onde vive até hoje. Apesar de ser listado tanto como pianista e compositor clássico como também de jazz, Caine não tem o disco Wagner e Venezia como o único trabalho diferenciado feito com base em obras de compositores famosos da música clássica erudita: seus discos incluem arranjos de obras de Mahler, Bach, Schumann, Verdi, Beethoven e Mozart, entre outros. Sua discografia, começando na década de 90, inclui mais de 30 discos como líder de grupos, e mais de 15 participações em discos de nomes como John Zorn, o multi-instrumentista Donald Byron e o trompetista Dave Douglas.

Atenção especial deve ser dada à Tannhäuser: Overture, e a Tristan und Isolde: Liebestod, entre outras.

Pode ser encontrado em: CD / Serviços de Streaming selecionados. Infelizmente este disco só saiu em CD, e agora tem em uma variedade de serviços de streaming – ambos com excelente qualidade! Escrevendo este texto, estou ouvindo a versão que está no streaming, com muito prazer. Merecia uma versão bem feitinha em vinil, já que é uma gravação cheia e atmosférica.

Ouça um trecho de “Tannhäuser: Overture”

Bang on a Can – Music For Airports (Point Music, 1998)

Nunca tive, na vida, grande apreciação pelo gênero do minimalismo musical. Sempre gostei mais de obras e arranjos com instrumentação, ritmos e harmonias complexas. Gosto de algumas coisa do início da carreira do músico e compositor inglês Brian Eno, mas nem tanto de seu período como criador do gênero de música eletrônica Ambient.

Deixe-me explicar um pouco melhor: Brian Eno havia sido tecladista do grupo de rock inglês Roxy Music, e pouco tempo depois de entrar em carreira solo, nos anos 70, passou a gravar uma série de discos de música eletrônica atmosférica bastante minimalista, começando pelo Discreet Music, em 1975, e seguido pelo mais famoso Ambient 1: Music For Airports (de 1978), depois Ambient 2: The Plateaux of Mirror (com a participação do tecladista Harold Budd), Ambient 3: Day of Radiance (com Laraaji tocando cítara) e, finalmente, Ambient 4: On Land. Sua visão única do minimalismo através do uso de sintetizadores, e os nomes de seus álbuns, garantiram que os fãs e críticos cunhassem um nome de um novo sub-gênero da música eletrônica: a Ambient Music – em atividade até hoje, diga-se de passagem.

O mais famoso da série Ambient de Eno é, certamente, Music For Airports, feito todo com sintetizadores e loops de fita, composto para ser música reproduzida continuamente em uma instalação de arte, para “diminuir a atmosfera tensa e ansiosa de um aeroporto”.

E é aí que entra o grupo, ou “coletivo musical”, de Nova York, de música clássica contemporânea Bang on a Can, que resolveu fazer um tributo ao disco seminal da Ambient Music em seu aniversário de 20 anos de lançamento, em 1998. A grande sacada é que a versão do Bang on a Can é totalmente acústica! (ou quase, porque tem o uso de uma guitarra elétrica). E não é um rearranjo ou uma “versão”, mas sim é precisamente tocada para não mudar uma única nota da original, e manter o mesmo comprimento de cada uma das 4 faixas – aptamente nomeadas, por Eno, como 1/1, 1/2, 2/1, 2/2.

Nem é preciso dizer o quão mais rica de harmônicos e texturas, e mais orgânica, é a versão feita com instrumentos acústicos e vozes – especialmente estas últimas, na faixa 1/2, demonstram o cuidado e o trabalho que o grupo teve. Para a gravação do disco, o Bang on a Can arregimentou 24 músicos, compreendendo: cello, contrabaixo, trompete, vozes, flauta, trombone, pipa, piano, violino, percussão, bandolim, guitarra elétrica e clarone. Um trabalho hercúleo no tratamento do arranjo, no detalhamento e composição dos sons, nas texturas e harmônicos. O resultado? Fascinante e uma delícia de ouvir! Com uma gravação muito bem feita, o Music For Airports é um disco muito interessante sobre o qual, de novo, não achei nenhuma informação técnica sobre sua gravação.

O criador, o autor dessa música, que originou um gênero que sobrevive até hoje, é o músico e produtor inglês Brian Peter George Eno, nascido na região de Suffolk, na Inglaterra, em 1948, e ainda na ativa, com uma carreira de mais 50 anos. Como músico, além de seu trabalho como tecladista do Roxy Music, e de sua extensa carreira solo, Eno também gravou com Robert Fripp (do King Crimson), David Bowie, o trompetista Jon Hassell (o qual também produziu), David Byrne (líder do Talking Heads), entre vários outros. Na produção, mixagem e contribuições técnicas, Brian Eno trabalhou com U2, Genesis, Penguin Cafe Orchestra, Ultravox, Laurie Anderson, Coldplay, Paul Simon, entre muitos outros.

Encontra-se referências de Eno como músico, compositor, músico experimental, produtor musical, autor da musiquinha que toca quando entra no sistema operacional Windows 95 da Microsoft, pintor de quadros (formado na Winchester School of Art), é auto-descrito como “não-músico”, faz parte do Rock And Roll Hall of Fame desde 2019, é considerado um teórico musical, e ainda encontra tempo para dormir, fazer digestão e tomar banho.

Bang on a Can

Como teórico musical, Eno criou, em 1975, o Oblique Strategies, uma espécie de jogo de cartas para a promoção da criatividade, com o intuito do músico (ou artista) sair de uma situação onde está travado em seu processo criativo. O jogo oferece, aleatoriamente, sugestões como “Use uma Ideia Antiga”, ou “Exponha o Problema em Palavras com a Maior Clareza Possível”, ou “Use Apenas um Elemento de Cada Tipo”, entre várias outras.
Uma curiosidade é que, por ter sido educado no St Joseph’s College – uma entidade de ensino católica pertencente ao Instituto dos Irmãos da Escolas Cristãs, também conhecido como “Irmãos de la Salle” ou “Lassaristas” – Eno adotou, em sua crisma, o nome Brian Peter George St John le Baptiste de la Salle Eno.

Agora, sobre os intérpretes, o Bang on a Can é um grupo, um coletivo, uma organização musical que foi criada em 1987, em Nova York, pelos músicos Julia Wolfe (hoje também professora da New York University), David Lang (ganhador do Prêmio Pulitzer de Música), e MIchael Gordon (de longa carreira como compositor, professor de música, e marido de Julia Wolfe). O Bang on a Can é auto-descrito como sendo um multi-facetado grupo de música clássica contemporânea, com o intuito de apresentar nova música de concerto –
que é exatamente isso que este disco é. Além de se apresentar ao vivo numerosas vezes todos os anos, o Bang on a Can possui uma discografia com mais de 20 discos lançados em quase 30 anos de carreira.

Destaque para a faixa 1/1 – uma das mais interessantes em um disco muito pouco usual.
Pode ser encontrado em: CD / Serviços de Streaming selecionados. Outro disco que merecia um vinil, para melhor explorar sua natureza principalmente acústica, cheia de harmônicos. Mas o que foi disponibilizado em streaming está muito bom!

Ouça um trecho da obra

Tchaikovsky – Symphony Nº 6 Pathétique – Teodor Currentzis (Sony Classical, 2017)

Quando eu estava na tenra idade, meu pai – um aficionado profundo de música clássica – vendo que eu estava demonstrando um interesse além do usual em música, principalmente a clássica, permitiu-me escolher dois discos da coleção dele, e ainda me deu meu primeiro aparelho de som. Esse era o valor da música dentro da minha casa. Gastei de tanto ouvir os discos, sendo que um deles era a Quarta Sinfonia de Tchaikovsky, com o regente austríaco Herbert von Karajan regendo a Filarmônica de Berlim (selo Deutsche Grammophon). Depois de um tempo, o interesse por Tchaikovsky – ainda hoje um dos meus compositores clássicos preferidos – somente cresceu, e passou a abranger suas três mais famosas sinfonias: a Quarta, a Quinta, e a Sexta, que leva o subtítulo de “Pathétique”.

Minha referência para Sexta Sinfonia é a gravação com Karajan e Filarmônica de Berlim. Muito pode ser falado, tanto de bom quanto de mau, sobre o Karajan, mas eu considero que ele tem uma das melhores fluências que eu já ouvi, e acho que faz uma interpretação perfeita da obra, com o equilíbrio certo entre o emocional “pesado” e o peso sinfônico da evocativa música de concerto russa – e Tchaikovsky é altamente emocional, e é o rei da melodia. Tendo antepassados que nasceram e viveram na Rússia nessa época, a época Czarista, compreendo bem o russo como um povo muito mais sentimental do que lhes dão crédito.

Tendo ouvido várias dezenas de gravações dessa obra, com dezenas de regentes, descobri não ser tão fácil quanto parece encontrar boas combinações interpretativas – que coubessem nos meus critérios. Até que, um dia, estava fuçando na Internet e descobri o polêmico regente grego Teodor Currentzis. E como o melhor cartão de visita de um regente são suas gravações, lá fui eu ouvi-lo. A primeira gravação (e o primeiro impacto) já foram esta gravação da Sexta Sinfonia: vi tudo que me agradou, com fluência, com emoção, alta qualidade interpretativa, com uma leitura detalhada e complexa, com peso, com densidade – apesar de ligeiramente pouco usual, dando ênfase à fraseados e detalhes que outra gravações não davam. E, sob a batuta, um excelente grupo de músicos russos. Gostei muito do resultado, e compartilho-o aqui com vocês. Claro que a qualidade de gravação me chamou também muito a atenção, com excelente variação dinâmica e resposta em ambos extremos, além da boa ambiência e texturas.

Piotr Ilyich Tchaikovsky nasceu em 1840 na cidade de Votkinsk, na atual Udmúrtia, que fazia parte do Império Russo, de uma família com longas tradições no lado do pai, e origens franco-germânicas pelo lado da mãe. Piotr começou a aprender piano aos cinco anos de idade, e como era um estudante precoce (aos 6 já era fluente também em francês e alemão), aos 8 anos já lia partituras. Apesar do apoio da família nos estudos de música, a educação formal dele também foi levada à sério, com ele se tornando um funcionário público aos 19 anos de idade. No mesmo ano, a Grã-Duquesa Elena Pavlovna e o pianista Anton Rubinstein fundaram a Russian Musical Society, com o objetivo de fomentar talentos locais, em vez de promover talentos do resto da Europa. Ele pôde, então, estudar música com Nicolai Zaremba e composição com Anton Rubinstein, ingressando no recém criado Conservatório de São Petersburgo, possibilitando a ele passar a ganhar a vida como compositor. Com uma carreira que se estendeu até sua morte em 1896, Tchaikovsky compôs três balés, seis sinfonias, concertos para piano e para violino e numerosas obras orquestrais, como Manfred, Francesca da Rimini, Capriccio Italien e Romeo & Juliet – entre muitos outros – obras que fazem parte até hoje do repertório mundial da música de concerto.

Teodor Currentzis

Teodor Currentzis (Theodoros Kourentzis) é um músico e regente grego, nascido em Atenas em 1972, que frequentou o Conservatório Nacional de sua cidade a partir dos 12 anos, no estudo do violino. Depois, aos 15, estudou composição e, aos 22, começou os estudos de regência, já no Conservatório de São Petersburgo. Desde então, adotou a Rússia como país. Em 2004 passou a ser um dos regentes convidados da SWR Symphony Orchestra
Stuttgart – conjunto do qual é hoje o regente titular – além de ser diretor artístico do grupo MusicAeterna, sediado no Teatro de Ópera e Balé de Perm, na Rússia, desde 2011 – grupo com o qual faz turnês pela Europa e gravações pelo selo Sony Classical, além de reger como convidado orquestras como a Sinfônica de Viena, a Filarmônica de Berlim, Filarmônica de Paris, Baden-Baden Festspielhaus e La Scala de Milão, é uma presença em vários festivais e numerosas casas de ópera da Europa.

Currentzis, para começar, tem mais cara, roupa e corte de cabelo de líder de banda cover de algum grupo de rock gótico dos anos 80 ou 90, do que de regente de música clássica propriamente dito. Ele têm causado um certo impacto no meio mundial da música clássica, chegando ao ponto de ser chamado por uns de punk ou de anarquista, e por outros de guru. Currentzis faz concertos em galpões na Rússia, de música moderna, e rege a Nona de Mahler ou Idomeneo de Mozart com a mesma desenvoltura pessoal. Seu carisma e energia têm trazido resultados como grande aclamação pela sua execução de óperas de Verdi e de Mozart (eu mesmo posso atestar que gostei imensamente da sua leitura da Le Nozze di Figaro do compositor austríaco). Seguindo caminhos pouco ortodoxos no meio, Currentzis formou sua própria orquestra, a MusicAeterna, composta de bons músicos russos, e solta frases insólitas como “Eu vou salvar a música clássica!” e “Você pode chorar sozinho em frente ao seu toca-discos com essa música” – esta última sobre um disco que gravou com a música do compositor francês Rameau.

Salvador ou Charlatão? Você decide… Eu mesmo gostei muito da música!

Destaque especial para a faixa III Allegro Molto Vivace dessa obra – faz sempre o público aplaudir de pé, com entusiasmo!

Pode ser encontrado em: CD / Vinil / Serviços de Streaming selecionados. Só tive a satisfação de ouvir este disco no streaming, e já gostei bastante! Fiquei curioso quanto à edição em vinil.

Ouça um trecho do “III Allegro Molto Vivace”

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