AUDIOFONE – Teste 2: PS AUDIO STELLAR GAIN CELL DAC

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Juan Lourenço
revista@clubedoaudio.com.br

TESTE ORIGINALMENTE PUBLICADO NA EDIÇÃO 247.

A German Audio trouxe para o Brasil uma excelente novidade, tanto para os amantes do áudio digital quanto do analógico. Trata-se do Stellar Gain Cell DAC, da PS AUDIO.

Quando li no site da PS Audio a descrição do novo DAC da linha Stellar confesso, amigo leitor, que fiquei confuso, procurando por onde começar o texto, pois se tratava de um aparelho realmente fora da curva por muitas razões. Após divagar por um tempo sobre qual seria a melhor definição para ele, me veio à mente a icônica frase dos quadrinhos do Superman: “É um pássaro? É um avião? Não. É o PS Audio Stellar Gain Cell DAC!”

Seria este um DAC (conversor de áudio digital para analógico) com superpoderes de pré-amplificador? Ou um pré-amplificador com superpoderes de DAC? Um pré-amplificador e DAC com superpoderes de amplificador de fone de ouvido? Ou um amplificador para fone de ouvido com superpoderes de pré-amplificador e DAC? Eu ainda não sei, mas parece-me que estas divagações também permearam as cabeças da turma de marketing da PS Audio, pois no site o aparelho se encontra na sessão de DACs, mas na descrição na foto do site é chamado de pré-amplificador, ou seja, jogaram a peteca para nós consumidores decidirmos o que queremos que ele seja. Mas não se desespere, a PS Audio adicionou em seu site a seguinte frase, como pista para os confusos de plantão, como eu (risos): “Pense no Stellar Gain Cell DAC como um centro de controle analógico completo, com um DAC excepcional em seu coração.” Fica a dica…

Eu fiquei com a frase do Superman na cabeça, porque não dá para se ter uma definição clara do que ele realmente é. São três aparelhos em um, e todos desempenham suas funções com extrema competência. Tanto que, chamá-lo simplesmente de DAC chega a ser um crime com o cuidado que a PS Audio teve em cada parte deste belo sistema, abordando cada desafio inerente a cada uma das três facetas do aparelho, como se fosse um só! Por exemplo, se quisermos começar pelo DAC, veremos ótimas soluções na parte digital, a começar pelas entradas de áudio digitais: uma entrada USB para PCM (384kHz), DSD64 (DoP) e DSD128 (DoP), uma entrada ótica PCM (96kHz), uma entrada dupla coaxial digital PCM (192kHz), e uma entrada I2S padrão HDMI 1 PCM (384kHz), DSD64 e DSD128 compatível com o DirectStream Transport SACD para reprodução de DSD nativo sem qualquer tipo de alteração no sinal.

O DAC Stellar utiliza o chip FPGA Lattice, da Digital Lens, que basicamente analisa a integridade do sinal, diminui o jitter e passa o sinal digital para o chip ES9010K2M SABRE, que faz a conversão de digital para analógico.

Na parte analógica, as coisas ficam ainda mais interessantes. Temos três entradas RCA e uma balanceada XLR que são suficientes para ligar qualquer transporte como toca-discos através de um pré de phono externo, CD-Player ou ligar o sistema multicanal. Uma saída RCA, uma balanceada XLR e, no painel frontal, próximo ao mostrador, um conector para headphone de 1/4. O controle de volume da sessão de pré-amplificação é totalmente analógico, utiliza uma tecnologia proprietária desenvolvida pelo próprio Paul McGowan, fundador e CEO da PS Audio nos anos 2000. O nível de saída do pré é totalmente balanceado, controlado por duas células de ganho (uma para cada canal), ligadas diretamente ao botão de volume – estas células são responsáveis por fornecer os níveis de ganho do sinal, fazendo com que qualquer movimento no botão resulte em um ganho de sinal mais estável e limpo na saída.

O gabinete do Stellar GCD é produzido inteiramente na fábrica da PS Audio, e é construído com uma espessura de alumínio que impressiona! Tudo em nome da contenção das vibrações que tanto nos atormentam. Suas medidas são generosas para acomodar a fartura de entradas e saídas: seu tamanho (43 x 34 centímetros) é condizente com a sua proposta de ser um três-em-um robusto, feito para audiófilos.

A tampa superior se encontra com a inferior na parte frontal do gabinete, formando uma linha escura e profunda que percorre toda a frente, expandindo apenas para acomodar o mostrador OLED azul. Ao lado da tela, um discreto botão de seleção e, no outro, o knob de volume.

O acabamento do gabinete é texturizado com duas opções de cores: a cor tradicional prata e o preto. O controle remoto é bastante completo e funcional, ergonômico e leve. O que não gostei é que os botões de entradas e saídas estão identificados por números, que também estão identificados assim no painel traseiro do aparelho. Por exemplo, o número oito representa o coaxial. É um jeito novo de fazer, que talvez seja melhor, mas eu não achei.

COMO TOCA

Para o teste utilizamos os seguintes produtos e acessórios. Fontes: toca-discos de vinil Reloop TURN5 com cápsula 2M Red, 2M Bronze e Quintet Black + Pré de phono The Phonostage II SE, Notebook HP i7 “modado” (+ SSD, Windows 7, Roon Server + HQ Player), CD-Player Luxman D-06, DAC Hegel HD30. Amplificação: Hegel H300, Sunrise Lab V8 MkIV, integrado Anthem STR. Cabos de força: Transparent MM 2, Kubala Sosna Elation, Sunrise Reference Magic Scope. Cabos de interconexão: Crystal Cable Absolute Dream XLR, Sunrise Lab Reference Magic Scope RCA e Coaxial digital, Sunrise Lab Quintessence RCA e Coaxial digital, Sax Soul Cables Zafira III XLR, TotalDAC d1 USB, Sax Soul Zafira III USB. Cabos de caixa: Argento Flow, Transparent Reference XL e Sunrise Lab Quintessence Magic Scope. Caixas acústicas: Dynaudio Confidence C4 Signature, Neat Ultimatum XL6, Dynaudio Emit M30. Fone de ouvido: Sennheiser HD-700.

O Stellar Gain Cell DAC é muito gostoso de ouvir. Por causa da sua topologia totalmente balanceada e sua parte analógica muito bem resolvida, ele não dá trabalho com acerto. Todas as fontes, e cabos que foram adicionados a ele, tocaram muito bem, mostrando assinaturas próprias dos respectivos produtos, demonstrando que se tratava de um aparelho neutro com ótimo refinamento.

Começamos os trabalhos com Bozzio Levin Stevens, disco Black Light Syndrome, faixa 3. Uma música pauleira para qualquer sistema, e para este pré com poderes de DAC ainda mais pois seu calvário seria dobrado! Devo dizer que fiquei duplamente surpreendido, pois a combinação do digital com o pré analógico ficou muito boa, o tempero entre musicalidade e pegada do pré classe A com a clareza nas altas do DAC digital, fica muito bom!

O violão ficou rápido e bastante musical, e a bateria então, nem se fala… os timbres são muito bons. Como DAC, soava levemente aberto para o meu gosto pessoal, mas com certeza existe uma legião de audiófilos que irão adorar esta característica.

No disco da Patricia Barber, Companion, faixas 1 e 2, percebe-se uma excelente formação de palco, com bastante holografia, o contrabaixo tem ótima extensão, tudo é muito agradável, mas fiquei com aquela sensação de que o som puxava para o lado digital quando pelo DAC. Via pré-amp não, soava lindamente! Palmas da platéia, órgão eletrônico e a percussão soavam muito próximo do ideal, mas ainda não tanto quanto achava que poderia. Foi então que decidi trocar o Transparent de força pelo Sunrise Reference Magic Scope. Melhorou muito! É comum de acontecer do Transparent não encaixar muito bem com digitais fora da sua faixa de pontuação – ele é mais crítico no casamento com alguns equipamentos, não são todos que ele abraça e acolhe. Já com o Rerefence Magic Scope o casamento foi muito bom, as altas ganharam corpo e os graves, extensão e ótimo decaimento. O mesmo aconteceu utilizando o Kubala Elation de força. Ele deu uma “adocicada” no som, ganhou nuances e calor na medida certa para o DAC.

Já com cabos de interconexão, o Stellar GCD mostrou enorme compatibilidade com todos os cabos utilizados, mostrando as características sônicas de cada cabo com muita sinergia, atestando o seu alto grau de refinamento e neutralidade. Outra boa surpresa foi perceber o quanto ele casa bem com amplificadores de características tão diferentes. Tirando a minha rabugice com o integrado Anthem por ter uma sonoridade complexa, a compatibilidade com Hege H300, Sunrise Lab V8 e Anthem foi muito boa. Tanto que o Anthem, que tem fortes semelhanças sônicas com o Stellar GCD, se beneficiou enormemente do seu pré e do DAC. Suas semelhanças não se amontoaram nem mexeram na balança do equilíbrio tonal. Isto foi uma surpresa para mim, pois estava receoso desta combinação. Ele trouxe, por exemplo, macro-dinâmica melhor e maior extensão nos extremos, palco mais largo e mais profundo, ao Anthem.

Agora, a maior surpresa mesmo foi ouvi-lo como amplificador de fone de ouvido. Para os amantes do headphone, sugiro fortemente que escutem o Stellar Gain Cell DAC. Se ele é bom como DAC e como pré-amplificador, empurrando fones de ouvido ele é simplesmente maravilhoso! Tenho certeza que, se colocar este DAC com seu headphone, as chances de aposentar o amplificador dedicado para fone de ouvido é muito grande. Mesmo porque poucos amplificadores de fone de ouvido chegam nesta pontuação por este preço, que ainda leva de brinde toda a conveniência do pré e DAC.

Ele comandou o Sennheiser HD 700 com maestria, controlando cada excursão do fone, grandes massas sonoras como as contidas em muitas músicas eruditas e big bands. Ele demonstrou ser autoritário, e ao mesmo tempo bastante condescendente com gravações difíceis, trazendo um enorme conforto auditivo, diminuindo a fadiga pelo uso do fone.
Não tinha gênero musical que ele não tocasse com muita desenvoltura e fidelidade. Claro que as músicas pedreiras como Joe Zawinul Brown Street, disco 2 faixa 1, e Rachelle Ferrell Live in Montreaux faixa 10, e outros, ele suava para entregar as passagens difíceis, mas entregava e com ótima pegada, sempre com folga e boa pegada. Os trabalhos de prato, peles de bateria e percussão, e de piano, ficaram simplesmente maravilhosos. É sem dúvida a melhor parte deste equipamento!

CONCLUSÃO

O Stellar Gain Cell DAC faz parte desta nova geração de produtos “tudo em um”, mas com certeza ele sai muito na frente de seus concorrentes porque foi pensado não como um “tudo em um”, mas sim como um “três em um”. Três aparelhos distintos com desafios de projeto diferentes mas que, no final, são equivalentes em qualidade. Se você procura enxugar o seu sistema, reduzindo o número de cabos de força e interconexões e abrindo espaço na prateleira, sugiro que ouça o Stellar Gain Cell DAC e comprove por si mesmo o quão versátil e poderoso ele é.


PONTOS POSITIVOS

Construção minimalista, tanto no design externo quanto no caminho do sinal. Tela do visor OLED. Menu de fácil operação. Alta compatibilidade com cabos de força e interligação. Boa quantidade de entradas e saídas.

PONTOS NEGATIVOS

Controle remoto possui números ao invés de indicar o nome das entradas e saídas.


ESPECIFICAÇÕES
Alimentação120 VAC ou 230 VAC (50 ou 60 Hz) de fábrica
Consumo20 W
Fusíveis120 V (1.6 A Slow Blow)
230 V (1.0 A Slow Blow)
Entradas analógicas3 RCA / 1 XLR
Entrada I2S1 PCM (384kHz max), DSD64 e DSD128, compatível com DirectStream Transport SACD para reprodução de DSD
Entradas Coaxiais2 PCM (192KHz max)
Entrada Ótica1 PCM (96KHz max)
Entrada USBPCM (384KHz max)
DSD64 (DoP) DSD128 (DoP)
FormatosPCM, DSD
Saídas Analógicas1 RCA, 1 XLR, 1 para fones de ouvido (¼)
Ganho12 dB +/-0.5 dB
Saída máxima20 Vrms
Sensibilidade5.3 Vrms
Impedância de entrada47 KΩ RCA
100 KΩ XLR
Impedância de saída100Ω RCA
200Ω XLR
Resposta de frequência20 Hz a 20 KHz (+0/- 0.25 dB)
10 Hz a 100 KHz (+0.1/-3.0 dB)
Ruído20 a 20 KHz (< -90 dBV)
Relação sinal / ruído1 KHz > 110 dB
Separação de canais1 KHz > 90 dB
Separação de entradas1 KHz > 90 dB
Distorção harmônica e por intermodulação1 KHz < 0.025 %
20-20 KHz < 0.05 %
Saída para fones de ouvido300 Ω / 300 mW
16 Ω / 3.25 W
Relação sinal/ruído para fones de ouvido95 dB
<-80 dBV
Ruído para fones de ouvido300 Ω < 0.05 %
16 Ω < 0.06 %
Distorção harmônica e por intermodulação para fones de ouvido<4 Ω
Impedância de saída para fones de ouvido0-100 (passos de 1/2 e
de 1 dB – total de 80 dB
Controle de volume24 dB em cada direção em passos de 1/2 dB
Controle de balançoDesignável à qualquer entrada analógica
Modo Home TheaterAjustável, via menu, para qualquer nível
Controle de polaridade (fase)Somente fontes digitais
Controle de filtro3 filtros digitais selecionáveis (apenas para fontes PCM)
Saída trigger(3.5mm 5-15VDC)
Controle remotoInfravermelho
Dimensões (L x A x P)43.2 x 30.5 x 7.6 cm
Dimensões da embalagem (L x A x P)58.4 x 45.7 x 22.9 cm
Peso6.1 kg
Peso embalado

NOS QUATRO TIPOS DE USO, O PS AUDIO STELLAR TIROU AS MESMAS NOTAS DE ESTILOS MUSICAIS.
DIAMANTEREFERENCIA
ESTADODAARTE
ESTADODAARTE
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADODAARTE



German Audio
contato@germanaudio.com.br
US$ 15.900

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