AUDIOFONE – Teste 1: FONE DE OUVIDO MEZE EMPYREAN

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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Você já viu macaco recusar banana?

Então como recusar a proposta do Fábio Storelli de, na sequência do fone 99 Classics, enviar o fone top de linha da Meze?

Se o 99 Classics já havia sido um deleite para os olhos e ouvidos, como descrever o recebimento do Empyrean, em sua magistral caixa com uma mala de metal digna dos filmes de James Bond, em que você abre e descobre uma ogiva de plutônio já em contagem regressiva de acionamento!

Para descrever em detalhes todos os atributos deste fone, somente em um contato tête-à-tête, meu amigo. Pois ele é lindo por qualquer ângulo, e ainda mais belo quando você o escuta! Caro? Sim, mas nada exorbitante frente a alguns de seus principais concorrentes diretos e indiretos.

No site do fabricante, Antonio Meze o descreveu da seguinte maneira: “O Empyrean nasceu da paixão, curiosidade e inovação. Para gerar algo verdadeiramente notável, é preciso ousar e explorar. E foi isso que fizemos, impulsionamos e refinamos os padrões da indústria de fones e alcançamos uma verdadeira “virada de jogo” para os audiófilos”.

Para se atingir este tão alto objetivo, Antonio Meze se associou à Rinaro Isodynamics, que está na vanguarda do desenvolvimento magnético-planar desde os anos 80. A arquitetura usada no desenvolvimento do Empyrean foi uma topologia híbrida batizada de Arquitetura Isodynamic Hybrid Array Driver.

A estrutura da cúpula do fone é ABS fundido em fibra de vidro, com o diafragma isoplanar de espessura de 0,16 g e uma área ativa de 465 mm². Com um ímã híbrido estrategicamente colocado na cúpula em cada lado do diafragma – ímãs de neodímio especificamente organizados para criar um campo magnético isodinâmico, eficiente para uma ativação uniforme em toda a superfície do diafragma. Segundo o fabricante, a principal vantagem deste modelo híbrido é o fato de combinar duas bobinas de voz de formatos independentes, proporcionando desempenho acústico mais seletivo para toda a superfície interna da estrutura do ouvido. Com isso, a distorção harmônica total (THD) é menor que 0,1% em toda a faixa de resposta.

A cúpula é extremamente leve, possibilitando audições muito mais prolongadas. Ultra eficiência (100 dB@ 1 mv/1 khz), alto desempenho sem necessidade de amplificação.

A Meze já solicitou a patente deste primeiro fone magnético-planar híbrido do mundo.

Nos diversos testes já publicados, os revisores citam o impacto e o direcionamento do som, o que permite um melhor senso de localização e um grau de naturalidade e conforto auditivo superior. Para o fabricante, este efeito é conseguido justamente pela maneira que as bobinas são dispostas dentro da cúpula, em forma de espiral, melhorando a imagem e a localização, diminuindo o impacto de atrasos de ondas curtas, causados por reflexões de campos difusos.

O diafragma deste fone é fabricado à partir de um polímero isotrópico termicamente estabilizado, desenvolvido sob medida com uma camada condutora. Com isso se conseguiu (segundo o fabricante) um diafragma ultra leve, porém rígido o suficiente.

Mas o grande “pulo do gato” está no uso de uma bobina de switchback para a reprodução de frequências baixas, e posicionada na parte superior do fone. E a bobina espiral para a reprodução das frequências médias e altas, posicionada diretamente sobre o canal auditivo, permitindo que as ondas sonoras mais diretas entrem nos ouvidos sem atrasos.

Outra abordagem para o Empyrean foi o estudo de ergonomia do ouvido. Eles fizeram protótipos com cúpulas: circular, retangular, elíptica e oval. E chegaram à conclusão que, para o melhor resultado, o driver precisaria maximizar a saída de energia enquanto reduzia o peso, o máximo possível. E conseguiram: ao escolher uma estrutura magnética em torno da forma oval, que se ajusta melhor à orelha. Com isso optou-se por uma bobina que otimizou a área ativa utilizável neste formato.

Outra patente requerida pelo fabricante é um recurso inovador, que utiliza o campo de desmagnetização gerado pelo driver para manter o fone de ouvido em perfeito funcionamento. Suas almofadas ferromagnéticas diminuem o campo de dispersão magnética que afeta a cabeça do ouvinte – essas placas canalizam o campo magnético de volta para o driver. Segundo o fabricante, essa placa ferromagnética de desmagnetização consegue aumentar a eficiência em 1 dB – ou 12% – a eficiência dos drivers, e desviam 95% dos campos perdidos por vazamento lateral dos fones.

Cada driver isodinâmico é montado manualmente dentro da Rinaro, e leva quase 13 horas para ficar pronto. Mas o requinte não termina no desenvolvimento técnico de 30 anos de pesquisa! As hastes de sustentação do fone na cabeça também foram meticulosamente estudadas, para a aprimoração do ajuste perfeito deles, e o uso correto da placa ferromagnética.

Eles perceberam que as hastes utilizadas na esmagadora maioria dos fones não permitem o encaixe perfeito nas orelhas. Com a curvatura desenvolvida, a área de superfície de contato do encosto da cabeça, feito de couro, não só alivia os pontos de pressão como faz que o fone esteja sempre bem encaixado. Posso dar meu testemunho, já que minha vivência com fones não é das mais amigáveis por longos períodos: o conforto deste fone superou todos os fones que já tive ou testei, por longa margem de superioridade!

A estrutura que envolve a cabeça é de fibra de carbono, o esqueleto da cúpula de alumínio esculpido com tempo de CNC de 20 horas, o chassis também em CNC de alta precisão fresado de uma única peça de alumínio sólido, fazem com que este fone tenha um peso final de apenas 430 gramas!

Para o teste utilizamos exclusivamente o amplificador de fone de ouvido do pré Nagra Classic, e as fontes foram: streamer Innuos Zen, transporte CD dCS Scarlatti, com TUBE DAC Nagra, e o analógico foi o toca-discos Timeless Ceres (leia Teste 1 nesta edição) com pré de phono Boulder 508.

Na minha humilde opinião, não há muitos fones concorrentes para este top de linha da Meze. Não por uma questão de superioridade sônica, e sim pela maneira que este fone trata a música e os cuidados que o fabricante teve ao buscar soluções tão inovadoras e eficientes.

Como tudo na vida, a subjetividade é algo que sempre irá prevalecer, principalmente nas escolhas, pois sabemos que apenas eficiência não é a razão principal para se bater o martelo. Existe outras questões que têm o mesmo peso da performance, como: design, acabamento, custo, expectativas, status, etc.

O que me parece óbvio é que o Empyrean, tirando o custo, atende integralmente a todas as outras questões, deixando-o em uma situação confortável em relação a concorrência direta e indireta.

Mas, voltando à questão central – sua performance – tenho que dizer que este fone não é para todos! Ainda que o saldo da conta bancária seja o suficiente para tê-lo. Pois como todo fone deste fabricante, ele não foi feito para estragar nossa audição com volumes acima do limite de segurança. Se o amigo leitor ainda não entendeu os perigos de audições acima de 80 dB de pico em fones, nenhum Meze será uma opção.

Mas, se tens consciência do uso seguro e do prazer que um fone correto tonalmente pode lhe proporcionar, eu recomendo ouvir os fones deste fabricante romeno. Eles foram feitos para quem deseja ouvir sua música com total inteligibilidade e conforto auditivo.

E o Empyrean extrapola tudo o que descrevi sobre o 99 Classics, exponencialmente! Trata-se de uma categoria à parte, e eu o coloco apenas abaixo do inacessível Sennheiser HE 1 – sendo que, em termos de conforto auditivo, o coloco no mesmo patamar do Sennheiser. E no conforto físico, peso, ergonomia, encaixe na cabeça e na orelha, o Empyrean é superior! Todo este pacote por menos de 10% do valor do Sennheiser! É por essa perspectiva que este fone precisa ser avaliado.

E se você levar em consideração que alguns dos seus concorrentes precisam de amplificadores especiais, sua relação custo / performance se torna mais interessante ainda!

O que eu já havia achado excelente em termos de equilíbrio tonal, conforto auditivo, inteligibilidade e ergonomia no 99 Classics, no Empyrean tudo ganha uma nova dimensão. E poder fazer um “a X b” instantâneo é simplesmente dos deuses, pois todas as dúvidas são tiradas imediatamente.

A primeira faixa que ouvi em streaming foi o cover Bohemian Rhapsody (Acoustic), de John Adams – só ele e o piano e cordas muito sutis bem ao fundo. Fácil de reproduzir e um grau de inteligibilidade “pêra doce”, até para um sistema modesto. Quando ouvi no Empyrean, tomei um susto com a quantidade de informação a mais, como o reverb na voz do John Adams, que está separada, deixando suas inflexões ainda mais presentes e a relação de volume das cordas com o piano, que não são tão sutis assim, como qualquer um dos nossos fones mostra.

Com este primeiro baque, foi fácil deduzir o que viria pela frente, com temas mais complexos.

Dito e feito.

O segundo streaming foi do trombonista Nils Landgren (disco Fonk da Word) – Riders on The Storm – de 2003. Essa faixa é cheia de efeitos eletrônicos que, quando o equilíbrio tonal é pobre, a sensação é que esses efeitos foram mixados mais alto do que deveriam. O 99 Classics e o Sennheiser HD 800 resolvem melhor essa questão, mas foi o Empyrean que colocou “a casa em ordem”. É um baita trabalho de mixagem, e o equilíbrio tonal é muito correto. O que mais chamou a atenção nesta faixa foi o trabalho do baixo com a bateria, que são muito mais presentes e precisos no Empyrean.

A terceira faixa foi o disco solo do pianista francês Jacky Terrasson – Mirror – na faixa Caravan, de 2007. Meu amigo, que gravação espetacular! Obra que colocará seu sistema à prova em termos de equilíbrio tonal, textura, macrodinâmica e transientes. Vou resumir o que se passou em uma única frase: nos nossos fones de referência (HD 800, 99 Classics e Grado SR325e) o resultado impressiona, cada um com sua assinatura sônica particular. Mas nenhum dos três no transporta para a sala de gravação (não estou falando da técnica, e sim de estar alí com o pianista, sentado confortavelmente em um sofá à três metros do piano). Pois este fone nos coloca nessa posição privilegiada.

Passando para música clássica, tanto em LP como CD, brinquei com o Chris Pruks, que não sabia que todos os maestros gemiam e sussurravam enquanto regem! Todos sem exceção geram ruído, alguns quase que inaudível, outros poderiam concorrer com o pianista Keith Jarrett, rs!

Neste fone, independente do volume, o grau de inteligibilidade será pleno. Tornou-se para mim o melhor fone para monitoração de gravação que conheço na atualidade. E, se um dia tiver o prazer de encerrar minha carreira voltando a gravar, certamente farei um baita esforço para ter um Empyrean para monitorar e mixar minhas gravações! Como a esperança é a última que morre, quem sabe consigo ainda realizar ambos!

Mas, voltando à questão de inteligibilidade, não pensem que que ele se torna um fone analítico e frio. Pelo contrário! Seu equilíbrio tonal não permite que ele se perca neste meandro da ultra transparência. O que ocorre é que ele só devolve à tona o que estava submerso, tanto pelo seu silêncio de fundo, pela sua incrível resposta linear, seu grau de neutralidade e, claro, pela topologia desenvolvida.

Este “pacote” de qualidades é que o fazem um fone único em sua forma de esmiuçar e nos entregar todas as qualidades e defeitos existentes em todas as gravações.

Porém, o que mais me agradou foi o fato de que neste fone os volumes de audição podem ser reduzidos ainda mais do que no Meze 99 Classics. Isso para mim é um marco, pois consegui no Nagra reduzir em quase 2 dB o volume que utilizo nos meus outros fones de referência, sem perder nada do equilíbrio tonal, dinâmica ou inteligibilidade.

Seu silêncio em volta de cada instrumento é uma qualidade rara, que só havia notado no top de linha da Sennheiser. As ambiências são divinas, ampliando o gosto por audições de música clássica, já que os solistas não se misturam ou se sobrepõe à orquestra.

CONCLUSÃO

Disponibilizar 30 mil reais em um fone de ouvido pode parecer algo inconcebível nos dias de hoje, e entendo perfeitamente a indignação de muitos de vocês.

Mas estamos falando de um fone com uma topologia nova, feito de maneira artesanal, e que ainda assim não é dos mais caros, já que ele custa 3.000 dólares, e existem muitos concorrentes que custam duas, três, dez vezes mais.

Não é um fone para ser usado na rua, com o celular, ou em um sistema modesto. É um fone para quem possui um sistema Estado da Arte Superlativo e deseja, nas horas que não pode escutar seu sistema, desfrutar de sua música em um fone excepcional. Tudo nele foi pensado para que o ouvinte escute sua música de maneira integral com absoluto conforto auditivo.

Se podes ter este “mimo” em sua vida, faça-o!


PONTOS POSITIVOS

Um excepcional fone de ouvido em todos os sentidos

PONTOS NEGATIVOS

Preço.


ESPECIFICAÇÕES
Tipo de driverRinaro Isodynamic Hybrid Array, Oval, 102 mm x 73 mm, massa acústica de 10.7 kg/m4
Tipo de operaçãoAberto
AcoplamentoCircumaural
Resposta de frequência4 à 110.000 Hz
Impedância31,6Ω
SPL nominal100 dB (1 mW / 1 kHz)
SPL máximo130 dB
Distorção harmônica total (THD)<0.1%
Peso~ 430g

FONE DE OUVIDO MEZE EMPYREAN
Conforto Auditivo 12,0
Ergonomia / Construção 12,0
Equilíbrio Tonal 12,0
Textura 13,0
Transientes 13,0
Dinâmica 11,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 13,0
Total 98,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADODAARTE



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