AUDIOFONE – Editorial: RETROSPECTIVA 2020 – UM PROJETO EDITORIAL MUITO ALÉM DE TODAS AS EXPECTATIVAS
dezembro 15, 2020
Discos do Mês: INSTRUMENTAL, JAZZ CUBANO & ROCK PROGRESSIVO
dezembro 15, 2020
FONE DE OUVIDO JBL LIVE 300TWS

Juan Lourenço

A JBL disponibilizou para testes o fone de ouvido Bluetooth modelo Live 300TWS. Trata-se de um fone de ouvido in-ear sem fio, pequeno e discreto, acompanhado de um estojo do tipo casca de ovo que oferece proteção e uma carga extra de bateria. Uma coisa boa neste fone é que você sempre saberá onde os fones estão.

Os drivers de 5,6 mm respondem de 20 Hz à 20 kHz sem fazer feio, pois a amplificação dá conta de suprir bons graves e uma velocidade condizente com a proposta do fone, que não chega a ser modesta – está mais para enxuta. A começar pelo suporte ao Bluetooth 5.0, mas não ao AptX, ele suporta codecs AAC, SBC e possui classificação IPX5 – o que significa que o fone é resistente ao suor e garoa fina, ideal para quem gosta de fazer exercícios ou fazer aquela caminhada em um dia de sol, e no final da tarde cai aquela chuvinha marota. Mas bem que poderia ter a classificação IPX7, totalmente vedado, assim poderíamos “cantar na chuva” sem problemas.

O Live 300TWS está disponível nos acabamentos preto (que está mais para grafite), azul, lavanda e branco, com ponteiras em silicone nos tamanhos PMG. Os comandos do fone são sensíveis ao toque: basta dar dois toques nas extremidades à frente do fone direito para avançar a música, três toques para trás e irá retroceder a música, para cima ou para baixo para diminuir volume, e um toque longo pausa ou inicia a música. Já no fone esquerdo, um toque longo aciona os comandos para acessar o Google Assistant ou a Alexa. Não é tão simples quanto parece, justamente por conta do tamanho do fone. Ou se tem tamanho ou se tem espaço para manusear os sensores, não é mesmo? Isso exige um pouco mais da memória muscular e um pouco de disciplina, mas é possível se acostumar.

O fone se encaixa perfeitamente na orelha, seu pouco peso bem balanceado contribui para que o fone se mantenha firme na orelha, mesmo em movimentações bruscas, e a bateria dura cerca de 10 horas e mais 14 horas do estojo, enquanto transporta o fone na mochila ou no bolso, já que é super compacto.

Com o aplicativo JBL Headphones é possível ajustar ganho de equalização, modificar a ordem dos botões sensíveis ao toque, e fazer atualização de firmware, além de configurar o acesso ao Google Assistant e à Alexa no fone esquerdo.

COMO TOCA

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Fontes: Sony Walkman NW-A45, Astell & Kern modelo Kann, smartphones Samsung S10 plus e iPhone 8 Plus.

Este é um caso raro em que um fone Bluetooth chega lacrado e, ao colocarmos para tocar, ele toca como os fones que possuem cabos, ou seja: duro e sem extensão. Até achei que seu som seria oitenta por cento desta dureza, mas não. Ele realmente se transforma durante o amaciamento que, pelas minhas contas, durou cerca de 120 horas. Após este período, o fone desabrochou, ganhando extensão nos extremos e uma região média equilibrada e um pouco mais recuada que na primeira audição.

Começamos então com Holly Cole – It Happened One Night, faixa 2. A bateria tem bom ataque, o piano tem bom peso e a voz dela não soa agressiva. O conforto auditivo é muito bom, mas falta um pouco mais de médio-grave para ajudar o equilíbrio tonal a se manter nos eixos em gravações ao vivo. Continuamos nas faixas quatro e seis, onde o fone nos mostrou uma micro-dinâmica comportada, sem excessos, e com uma clareza que surpreende pelo tamanho do fone.

Mudamos para Dominique Fils-Aimé, música Birds, e aqui tivemos um baixo pulsante e rápido com um pouco do DNA do Everest 150NC. Ele não desce como o Everest, mas as texturas lembram o 150 e isso é muito bom para seu preço.

O Live 300TWS vai muito bem com gêneros musicais como rock, pop e blues. Ouvindo Dua Lipa, por exemplo, as batidas são firmes e rápidas, a voz dela ganha uma atenção especial sem perder os efeitos dramáticos que ela adora colocar nas músicas. Outra voz que fica muito bem no Live 300TWS é a da Rihanna, e também o hip-hop do Eminem, pois estes não se excedem tanto nos graves, fazendo com que todo o resto e principalmente a região média borre ao ponto de perder a inteligibilidade.

O fone foi pensado para ser usado em celulares, tanto que ao utilizar o Astell & Kern o ganho foi bem pouco. O negócio é utilizar smartphones ou DAPs mais comuns, e desfrutar das capacidades do fone, pois ele sofre pouca influência dos dispositivos externos.

CONCLUSÃO

O JBL Live 300TWS é um fone versátil, leve e resistente à água, perfeito para o dia-a-dia, oferece liberdade e proteção ao adicionar mais 14 horas de música com seu case recarregável, além de muito estilo ao passear por aí. É perfeito para os jovens, de corpo e mente.

Nota: 56,0
AVMAG #267
Harman
www.jbl.com.br/
R$ 899,10
FONE DE OUVIDO SONY WI-C200

Juan Lourenço

Em novembro de 2019, a Sony lançou no Brasil o fone Bluetooth intra-auricular WI-C200. Um fone com fios, mas que utiliza a tecnologia Bluetooth para conexão com outros dispositivos. Pequeno e extremamente leve, seu design é perfeito para quem pratica esportes ou adora fazer caminhadas ao ar livre.

A embalagem do WI-C200 é minimalista, não tem firulas ou saquinhos de tecido – nela cabe apenas o fone, o cabo de alimentação e os três auriculares tamanhos P, M, G, e o manual dobrado praticamente como um origami.

O formato esguio e arredondado dos compartimentos eletrônicos fez com que a Sony colocasse as funções mais importantes em apenas três botões: Ligar, Desligar, atender chamadas. Assistente de voz e parear ficam no botão do meio, aumentar e diminuir volume ou mudar faixas ficam à direita e à esquerda deste botão central. Como se achasse pouco, ainda colocou a porta USB-C para alimentação da bateria também no mesmo compartimento, do lado esquerdo. No segundo compartimento do lado direito, não há botão algum – ele abriga a bateria e funciona como elemento estético e funcional, contrabalançando o peso em dois pontos iguais.

Talvez pelo seu tamanho mínimo não tenha sobrado espaço para outras tecnologias que comumente acompanham os fones Bluetooth da Sony, como cancelamento de ruído ativo, NFC e Quick Attention, que permite conversar sem precisar tirar os fones do ouvido.

Como dito acima, a Sony fornece um cabo de alimentação, mas não o carregador. Esta é prática comum entre todos os fabricantes, sendo assim, é necessário utilizar um computador ou o carregador do smartphone para alimentar a bateria do WI-C200. A bateria tem duração de quinze horas e devo dizer que é bastante pelo tamanho da mesma.

Os drivers de 9mm, de neodímio, além de serem extremamente eficientes, pesam 9 gramas apenas, e com eles a Sony resolveu aquele velho problema dos fones se enrolarem todo nos fios. Como o neodímio é um imã super potente, quando não em uso, os dois fones se mantém sempre unidos.

COMO TOCA

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Fontes: Sony Walkman NW-A45, Smartphone Samsung A7 (2018).

O fone chegou amaciado, então rapidamente o colocamos para tocar por duas horas para estabilizar as partes mecânicas e, em seguida, iniciamos a avaliação.

A vedação do auricular de silicone é muito boa. Além disso, ele não interfere na propagação das freqüências, com isto se ganha um arejamento e uma velocidade e clareza na região média e nas altas que faz o WI-C200 lembrar um fone aberto (claro, guardadas as devidas proporções) – mas, certamente, neste quesito ele é um dos melhores de seu tipo que já escutei!

As músicas ganham uma clareza e um senso rítmico muito interessante. O grave tem menos textura do que gostaria, achava que ele pudesse se igualar ao JBL Everest 150 NC, mas não. Os harmônicos dos graves e subgraves estão lá, sentimos descer, mas se comportam como graves de uma nota só, embora se esforce bastante para diferenciar as notas, os semitons ficam levemente perdidos na música.

A leveza deste fone é algo invejável – o JBL Everest Elite 150NC perto dele é um elefante! Com este atributo à favor, as audições só se encerravam por conta do meu limite pessoal de adicionar pausas de pelo menos duas horas às audições com fone de ouvido.

Os gêneros musicais que mais se dão bem com o C200 são os gêneros pop, rock e também o blues e jazz. Por conta de seu elevado grau de arejamento e ambiência, ele até se sai relativamente bem com música de câmara, mas música de concerto só para audições mais descompromissadas.

CONCLUSÃO

A Sony acertou com o modelo WI-C200, e seu maior trunfo é o seu som cativante e animado. A leveza e a sensação de que estamos com um fone ‘aberto’, por vezes nos fazer esquecer que estamos com um fone intra-auricular. Seu design enche os olhos, ao mesmo tempo em que é extremamente discreto: em contraste com a camiseta ou casaco ele some das vistas! O que com certeza nos faz pensar que este pode mesmo ser o fone que nos acompanhará todos os dias.

Nota: 57,0
AVMAG #262
Sony

www.sony.com
R$ 199,99

HEADPHONE JBL EVEREST ELITE 150NC

Juan Lourenço

A JBL é uma das maiores fabricantes de fones de ouvido do mundo. A mais bem-sucedida, sem sombra de dúvida. Uma empresa que fez seu nome ao longo dos anos com caixas acústicas lendárias como a JBL L100, L300 e a 4430, entre tantas outras, não costuma brincar em serviço, e quando se propõe a fazer algo, faz bem-feito. Com a linha Everest não é diferente, trata-se da linha Premium da JBL e o fone Bluetooth Everest Elite 150NC com cancelamento de ruído adaptável é um deles.

O Elite 150NC é um fone intra-auricular (in-ear) projetado para atender aqueles que estão sempre em movimento, seja na academia, fazendo esportes ou na correria do dia-a-dia, e adora ouvir suas músicas durante suas atividades. Seu design e ergonomia privilegiam o conforto em qualquer condição de uso. Da haste sedosa com toque emborrachado, que liga as duas extremidades até os drivers dinâmicos de 12 mm, com ponteiras de silicone em três tamanhos diferentes, que se ajustam ao contorno da concha do ouvido, e o cabo de boa espessura que une o fone à toda eletrônica, tudo foi muito bem projetado. Como ele foi pensado para atender atletas, é essencial que possua botões físicos, e neste modelo os botões de comando ficam nas extremidades da haste: temos os botões de volume, ligações e o prático botão de pareamento do Bluetooth. Lá também se encontra a bateria com duração de 16 horas, 14 com cancelamento de ruído ativado, e o microfone para ligações telefônicas com cancelamento de eco (quem usa fone Bluetooth sabe que o eco na chamada telefônica é um baita incômodo), além de poder atender ligações por comando de voz.
Por meio do App My JBL Headphones é possível ajustar o nível de atuação do cancelamento de ruído, além de fazer ajustes mais complexos, como ajuste de grave e os modos de equalização pré-fixados e atualizações over-the-air que tornam esses fones de ouvido duráveis.

COMO TOCA

Para o teste, utilizamos os seguintes equipamentos. Fontes: Sony Walkman NW-A45, Astel & Kern modelo Kann, Smartphone Samsung A7 (2018), e iPhone 8 Plus.

O Everest Elite 150NC tem um som encorpado, com uma boa inteligibilidade do acontecimento musical. As freqüências baixas provenientes dos drivers de 12 mm são comparáveis às de fones tipo concha de 40 mm. Sua conexão Bluetooth é excelente, mesmo que o aparelho celular ou outro esteja fora do alcance visual, em outro cômodo com porta fechada, por exemplo.

Este é um fone dinâmico e bastante esperto, embora seja agradável ouvir clássicos ou pequenos conjuntos eruditos, ele se sente em casa mesmo é reproduzindo jazz, rock e música pop – mais para estes dois últimos. Ele possui um ótimo arejamento: as freqüências altas são bastante claras. A região média não costuma saltar à frente, como é comum aos fones pequenos. Em resumo é um fone equilibrado, não há nada de novo ou espetacular, mas cumpre seu papel com enorme competência. A seleção musical foi de Shirley Horn à Deadmau5, passando por John Lee Hooker, Eminem, e outros. Todas as canções foram executadas com qualidade sonora boa o suficiente para te fazer se desligar do mundo exterior.

Nota: 58,0
AVMAG #260
JBL

www.jbl.com.br
R$ 880

Headphone Sony WH-CH510

Juan Lourenço

No início de 2020, a Sony trouxe ao Brasil seu novo fone Bluetooth de entrada, o modelo WH-CH510 do tipo supra-aural ou on-ear (do inglês, “sobre a orelha”).

Este é um modelo de fone (formato geral do design) bastante comum entre os concorrentes e o mais pirateado também. Talvez por ser um meio termo entre os fones intra-auriculares e os circumaurais e, para muitos, isto é uma boa coisa.

O WH-CH510 é uma evolução do modelo WH-CH500, que fez muito sucesso por aqui. A bateria me parece ser o maior avanço, pois o CH500 durava no máximo 20 horas, e com o CH510 passou a durar até 35 horas! Outros atrativos continuam, como no anterior, só que foram melhorados conforme a tecnologia avançou. É compatível com o sistema SIRI e Google Assistant, o Bluetooth 5.0 tem resposta de frequência de 20 Hz à 20 kHz (amostragem de 44.1 kHz, resolução de CD). Os drivers são de 30 mm, a bateria é de lítio com capacidade de reprodução de até 35 horas e recarregada por uma entrada do tipo USB-C que, infelizmente, possui cabo curto demais: menos de 20 cm. A concha é bem acolchoada, macia ao toque e cobre bem a orelha deixando livre a região interna do ouvido. O arco não é acolchoado e, para os ‘pouca telha’ como eu estou ficando, pode marcar a pele com o uso prolongado. Todo o fone é revestido por um composto termoplástico com uma ótima sensação ao toque com padrões que quebram um pouco a sensação de que é um fone de entrada. Tudo isso pesando cerca de 130 gramas, o que é uma ótima coisa, pois não incomoda durante o uso prolongado.

Com ele é possível atender chamadas ao toque do botão central, se pressionado novamente a chamada é encerrada, e segurando por dois segundos é possível transferir a chamada para o telefone celular. Os dois botões ao lado são para volume e mudança de faixas das músicas.

O microfone interno é muito bom, tem boa clareza na voz e sem metalização, porém esta captação transfere parte do ruído externo para o fone e acaba por se misturar com a conversa.

A articulação das conchas é muito boa e a pressão exercida aos ouvidos é bastante suave. A almofada cumpre um papel acústico importante dando equilíbrio entre a música e o ambiente externo. Em casa ele é bastante silencioso, na rua é possível ouvir os carros um pouco mais que o necessário.

COMO TOCA

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Fontes: Sony Walkman NW-A45, Smartphone Samsung A7 (2018), iPhone 8 Plus.

O fone WH-CH510 chegou lacrado e foi preciso cerca de 150 horas para amaciá-lo totalmente. Durante o amaciamento, as mudanças aconteceram com suavidade – ele parte de um bom equilíbrio, mas sofre com falta de extensão nos graves e o agudo metaliza, algo normal para o amaciamento. Após este período as frequências se encaixam melhor e a região média recua de maneira a começar a aparecer planos, formar palco sonoro. Diria que ele separa com bastante competência quartetos de jazz e grupos de música pop e outros, destacando o intérprete principal com boa distância entre eles. A largura de palco também é boa, nada espetacular, soa bastante coerente.

Ouvir Misa Criolla na voz da Mercedes Sosa é algo bastante curioso, pois é uma gravação com muitos músicos, um coral grande em um espaço enorme. O WH-CH510 separa um pouco a Mercedes do restante do coral, nos dá uma boa dose de espacialidade e de ambiência, ao mesmo tempo em que os timbres são bastante acolhedores. Não há sobras de grave ou buracos profundos nas frequências, tudo se mantém com um bom equilíbrio tonal, muito parecido com os fones da linha superior.

CONCLUSÃO

Fiquei com este fone por mais de 15 dias ouvindo, em média, 5 horas por dia – porém o deixando tocar música 24 horas por dia – azendo caminhadas para o trabalho (cerca de 3 km) e fazendo caminhadas pelo meu bairro. Somente em duas ocasiões é que o fone me incomodou: dias muito quentes por conta da temperatura na orelha, já que a almofada aquecia – ainda assim, era bem menos que os fones de outras marcas. E, o ruído externo acentuado quando atendia ligações em áreas externas. Fora estas duas ocasiões, o fone é ótimo para o que foi concebido: ouvir música! E neste quesito ele com certeza está bem acima da média.

Nota: 58,5
AVMAG #261
Sony

www.sony.com
R$ 299,99

FONE DE OUVIDO WIRELESS TCL ELIT400NC

Juan Lourenço

A TCL Corporation é um gigante chinês que atua fortemente no setor de equipamentos domésticos de áudio e vídeo, sendo o segundo maior fabricante de televisores do mundo e o quinto maior fabricante mundial de painéis de LCD. No Brasil, em julho de 2016, iniciou-se uma joint-venture entre a multinacional chinesa TCL Corporation e o gigante nacional SEMP, formando então a SEMP TCL, que produz desde televisores, rádio portáteis, mini system, eletroportáteis, até ares-condicionados e smartphones.

Além da grande quantidade de produtos fabricados no país, a TCL irá trazer o fone de ouvido ELIT400NC. Trata-se de um fone articulado Bluetooth com cancelamento ativo de ruído. Seu alvo neste concorrente segmento dos fones Bluetooth são os fones de até 600 reais, como o Sony WH-XB700 e JBL Duet NC.

O ELIT400NC oferece um pacote robusto, sério e bastante focado na qualidade da reprodução musical, oferecendo a maior parte dos mimos que um fone moderno desta categoria precisa oferecer. Conforto, conectividade e poder receber chamadas telefônicas são alguns de seus atrativos. Claro, o cancelamento ativo de ruído também é – e aliado à praticidade do sistema de conchas articuladas, o torna ainda mais atraente por um preço muito competitivo.

Este fone é um produto importado, trazido oficialmente pela TCL. O melhor é que seu preço acaba girando em torno dos 100 dólares. Uma ótima já que seus concorrentes aqui custam por volta de 600 reais.

Os números do ELIT400NC são bem interessantes: os drivers possuem diâmetro de 40 mm, tamanho já consagrado entre os melhores fones de ouvido desse segmento. Impedância de 86 Ohms e sensibilidade de 94 dB e, segundo consta no site da TCL, ele vai de 9 Hz a 40 kHz. A potência máxima de entrada é de 50 mW. A bateria de lítio tem duração de 22 horas em modo normal de uso, 16 horas aproximadamente com o sistema de cancelamento de ruído ativo. Um pouco baixo – esperava que durasse mais – porém para o caso da bateria acabar na melhor hora, ele também possui entrada para cabo no padrão P2. O peso da bateria é de 13,5 gramas aproximadamente. O Bluetooth versão 4.2 possui alcance de até 10 metros. Andei por toda a casa, inclusive no andar de cima, com o player no térreo, e ainda assim o sinal se manteve limpo e estável. Até em chamadas telefônicas ele mantém a integridade da voz intacta.

As conchas possuem bom tamanho. As almofadas são bem acolchoadas, possuem boa densidade e memória, porém como são grossas acabam por restringir um pouco o encaixe da orelha na parte interna da concha, nada que não dê para se acostumar. A isolação do ruído é muito boa, e o que vaza de som dele em altos níveis de volume também é aceitável.
Na parte de cima o arco de aço-mola tem boa elasticidade e não aperta o fone contra os ouvidos, é revestido com o mesmo couro almofadado das conchas, compondo um visual discreto e limpo. Na parte de cima é recoberto pelo mesmo termoplástico rígido que compõe todo o fone.

Na concha esquerda temos a entrada mini USB para carregar a bateria e o botão deslizante que aciona cancelamento de ruído. Na concha do lado direito temos os botões liga/desliga, o recuo de entrada para cabo padrão P2, uma discreta luz LED com microfone interno ao lado. O botão de play também atende e encerra chamadas telefônicas, e os botões de avançar e retroceder funcionam como teclas de volume. Quando em uma chamada, o botão de liga / desliga aciona o ‘mute’ do microfone interno, basta que se dê dois cliques rápidos para ativar ou desativar a função.

Para parear com outro dispositivo Bluetooth, basta que o fone esteja desligado, toque no botão de ligar e mantenha-o pressionado até que o fone apareça em seu dispositivo.
Dar cliques no TCL não é exatamente uma experiência tão intuitiva como se espera. As membranas dos botões são mais rígidas do que o necessário, forçando o usuário a pressionar o botão com uma força extra.

COMO TOCA

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Fontes: Sony Walkman NW-A45, Astel & Kern modelo Kann, Smartphone Samsung A7 (2018), IPhone 8 Plus, CD-Player Luxman D-06, DAC Hegel HD30. Amplificador para fone de ouvido: TEAC HA-501. Cabos: Sunrise Lab Premium headphone, Klipsch M40 cable, Kimber Axios prata/cobre. Cabos de força: Transparent MM2 e Sunrise Lab Ilusion Magic Scope. Interconect: Sunrise Lab Quintessence.

O fone chegou amaciado, mesmo assim deixamos algumas horas para estabilizar seus componentes mecânicos para então darmos início nas audições.

Iniciamos com o álbum Bridges da cantora Dianne Reeves, faixa três, que dá nome ao disco. Nesta faixa os músicos parecem relaxados, mas esta sensação de relaxamento esconde uma quantidade enorme de detalhes e de intencionalidades. O violonista e, principalmente o pianista, nos presenteiam com uma digitação limpa, extremamente fluida e simples (no bom sentido) que nos relaxa, faz ouvir a música como um todo e não o instrumento que está solando naquele momento. Quando há ‘buracos’ no equilíbrio tonal ou um brilho ou outro em excesso causado pelo headphone e ou sistema, a música perde parte de seu encanto. Começamos a focar naquela freqüência ou na falta dela, e toda a leveza flui ralo abaixo.

No ELIT400NC tudo fica em seu lugar, e os músicos parecem que se misturam e formam uma aquarela de tons e texturas lindas!

Seguindo a balada, colocamos Dee Dee Bridgewater Live at Yashi’s, faixa 2, Slow Boat to China. Novamente um arraso! O silêncio de fundo deste fone é muito bom, a velocidade do ataque da pele do pandeiro e a intencionalidade no chacoalhar dos pratinhos é de ótimo nível. A transparência na região média não é excessiva como é de costume dos fones de ouvido desse patamar. Isto torna o acontecimento musical prazeroso e aumenta o tempo de audição até que a fadiga auditiva se apresente (comum em fones de ouvido). O palco sonoro é bastante preciso e bastante focado. Os músicos tocam folgados, com boa separação entre eles. Com isto, é possível observar melhor as posições de cada músico no cenário apresentado pelo fone.

Quando li na embalagem que o fone também era do tipo Lowest Bass, dando entender que poderia ser ainda mais ‘extra bass’ que o Sony WH-XB900N, fiquei preocupado, pois o Sony era ótimo, mas seus graves volumosos deixavam todas as músicas com a mesma cara. Tive receio que a TCL, na tentativa de agradar gregos e troianos, tivesse pesado a mão nos graves. Felizmente isto não aconteceu, o fone é bem resolvido e privilegia a música, seja ela qual for! Os graves são graves, tem peso e velocidade, mas não são de uma nota só, muito menos sem textura. Possuem profundidade, extensão, decaimentos, tudo na medida!

Passamos a ouvir Miles Davis, Sketches of Spain, faixa 1, Concierto de Aranjuez – o início desta música é carregada de intencionalidades. A começar pela castanhola ao fundo na concha esquerda, juntamente com um ‘sino rústico’ dão o tom dramático para que os metais entrem e a flauta possa expressar seu lamento. O grau de inteligibilidade é altíssimo! O foco e recorte nos dão uma ótima sensação de tamanho dos instrumentos. Do tipo que faz muito sistema de caixas acústicas se envergonhar – uma coerência de fase muito boa mesmo.
Lá pelo meio da faixa ouvem-se as tubas, bem ao canto do ouvido, quase saindo da concha, como se fosse um fone aberto. Os graves enxutos e com uma timbragem maravilhosa, com muito ar e ótima vibração da campana da tuba.

CONCLUSÃO

A TCL fez um excelente trabalho com este fone, apostando na musicalidade, no equilíbrio e principalmente no custo benefício. Musicalmente bem resolvido, com acabamento honesto, como o de seus principais concorrentes. Por falar em concorrência, os japoneses que abram o olho, pois o ELIT400NC da TCL custa menos que o seu concorrente direto em faixa de preço, mas toca próximo de seu irmão nipônico mais acima!

TCL ELIT400NC via Bluetooth
TCL ELIT400NC via cabo P2
Nota: 59,7
Nota: 61,0
AVMAG #260
TCL
www.tclusa.com
(Preço no mercado americano) US$ 99,99
Este produto ainda não está a venda no Brasil.

GRADO LABS SR125e PRESTIGE

Juan Lourenço

A KW Hi-Fi nos deixou um exemplar do fone de ouvido Grado SR125e da linha Prestige, que é uma das mais antigas da marca, e é também a mais acessível com ótimo custo/benefício.

Dentro da linha existem cinco fones, começando pelo SR80e, o 125e objeto deste teste, o 225e, o 325e e o modelo sem fio EGrado.

A Grado Labs orgulha-se por seus produtos serem feitos à mão com um nível de acabamento superior. O SR125e pesa cerca de 145 gramas, seu design clássico e minimalista atravessa gerações e ainda se mantém bastante atual – “pretinho básico” sempre cai bem, não é mesmo?

Este é um fone dinâmico do tipo aberto (open air) com impedância nominal de 32 ohms, resposta de freqüência de 20 a 20.000Hz. Suas conchas são feitas com o policarbonato SpaceBlack, proprietário da Grado, que absorve vibrações sônicas espúrias. As bobinas de voz são de cobre OFC (livre de oxigênio) e UHPLC (Ultra-High Purity, Long Crystal). O cabo de oito condutores também em cobre, e faz o contato do fone com a fonte musical por meio de plug tipo P2, mas acompanha adaptador para plug P10. Na parte superior das conchas ficam as hastes de fixação do arco da cabeça – feito aço cromado – sendo o arco feito em couro preto com costura aparente, no melhor estilo alfaiataria.

Uma coisa boa deste fone, para outros Grados, é que ele utiliza uma espuma mais macia e menos densa. Já disse que não curto a espuma da linha Reference por ser um pouco áspera para o meu gosto, mas a espuma da linha Prestige me agrada muito e, com certeza, isso faz diferença para audições que passam de duas horas.

A embalagem que o acompanha é feita de material durável. Por dentro o fone é envolto em uma espuma que o protege de impactos – tudo simples e bastante eficiente.

COMO TOCA

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Fontes: Sony Walkman NW-A45, Astell & Kern modelo Kann, smartphone Samsung S10 plus, iPhone 8 Plus, streamer Innuos ZENmini 3 com fonte externa, e o DAC Hegel HD30. Amplificador para fone de ouvido: TEAC HA-501. Cabos de força: Transparent MM2 e Sunrise Lab Illusion Magic Scope. Interconnects: Sunrise Lab Quintessence XLR, e Sax Soul Zafira III XLR.

O fone chegou lacrado e, como todo Grado, sai tocando muito bem, uma característica que acompanha qualquer produto da marca. A região média é maravilhosa, não é doce e cansativa, mas clara e com um conforto auditivo que é super bem-vindo. Após 120 horas, o fone está completamente amaciado e podemos então iniciar os testes de uma vez.

Começamos com Dianne Reeves, disco Bridge, faixa 5, e de cara, o SR125e nos mostra suas garras: um equilíbrio tonal muito bom com clareza e suavidade na medida. Sua naturalidade nos faz relaxar e sentir a música fluir sem obstáculos. Os timbres da percussão, violão e piano são de ótimo nível, e aí entra a grande vantagem do fone aberto: o palco, o arejamento e a ambiência são de alto nível. No disco Come to Find, de Doug MacLeod, faixa 1, podemos ouvir uma gaita com bastante expressividade, voz com uma textura muito boa, os repiques da caixa da bateria com uma boa folga. Os transientes não são muito rápidos, mas não deixa a música perder a graça por isto. Os extremos do espectro de freqüência são generosos até, principalmente nas altas. Ouvir discos ao vivo neste fone é uma delícia!

Por ter sensibilidade alta, o SR125e se dá muito bem com celulares. Ouvir Tidal pelo Samsung S10 foi muito prazeroso, já que com esta sensibilidade alta não falta potência para empurrar o fone. Mesmo com as limitações do smartphone (o fone é muito mais refinado que o celular) o SR125e meio que ignora as deficiências e nos traz uma boa dose de conforto auditivo e folga, aumentando e muito o leque de estilos musicais que se pode ouvir com este conjunto.

CONCLUSÃO

O Grado SR125e é um fone para o dia-a-dia e, também, para audições sérias. Se você não abre mão da qualidade de reprodução e de um fone aberto, leve no peso e leve na sensibilidade, para utilizar com smartphones, e que se agiganta quando empurrado por um amplificador dedicado, escute este pequeno notável e irá se surpreender com sua versatilidade.

Nota: 62,5
AVMAG #266
KW Hi-Fi

(48) 3236.3385
R$ 1.200

HEADPHONE BLUETOOTH COM CANCELAMENTO DE RUÍDO B&W PX7

Juan Lourenço

Há cerca de dois anos, a Bowers & Wilkins lançava o fone de ouvido sem fio modelo PX, seu primeiro fone de ouvido Bluetooth com cancelamento de ruído ativo. Foi um feito e tanto, já que logo na primeira tentativa a B&W conseguiu um design bastante sofisticado unindo materiais nobres, encaixes perfeitos, sem detalhes passando despercebidos e uma tecnologia de cancelamento de ruído que até então era nova para ela.

Geralmente o cancelamento de ruído costuma dar muita dor de cabeça, até para quem domina a tecnologia há bastante tempo, pois não basta desenvolver bem a tecnologia, é preciso implementar de maneira integral cercando todos os detalhes no que diz respeito à experiência do usuário, e a marca inglesa assim o fez. Pensando em todos estes desafios vemos que o sucesso da B&W muito se deve à paciência com que tocou o projeto: ela não se deixou afobar por uma fatia de mercado, aguardou o amadurecimento da tecnologia sem fio e, penso eu, a nova geração do Qualcomm aptX HD, possibilitando que um produto alcançasse o nível Hi-Res de verdade, não só por suportar taxas 24-bit/48 kHz, mas também por melhorar e muito a relação sinal/ruído para streaming de música.

Toda esta espera para conceber um produto com qualidade sonora à altura da marca B&W, balançou o mercado Premium de fones sem fio e fez da marca inglesa um ponto de referência em design, funcionalidade e qualidade de reprodução para muitos de seus concorrentes.

Agora, após dois anos do PX, a B&W lança o PX7, que é mais que uma simples evolução do modelo sem fio topo de linha da marca. Representa um verdadeiro salto em relação ao antigo PX. Ele exala tecnologia e, como aconteceu com o primeiro modelo a B&W, sai na frente com o aptX Adaptive, a tecnologia Bluetooth de última geração da Qualcomm que combina a capacidade de 24-bit/48 kHz do aptX HD com os benefícios do aptX Low Latency (sincronicidade aprimorada do conteúdo de áudio e vídeo entre sua fonte e fones de ouvido).

Visualmente, o PX7 está ainda mais próximo das caixas acústicas da marca: as conchas são envolvidas com o mesmo tecido que cobre os tampos dos alto-falantes das caixas acústicas bookshelf e torre da marca. Um mimo que confere ao PX7 uma textura inconfundível, nos transportando ao passado glorioso da marca que nos conecta intimamente aos modelos mais famosos da B&W. Nada mais justo, já que o PX7 foi desenvolvido pela equipe que desenvolve as caixas acústicas.

O arco e suporte das conchas, que eram de alumínio, agora são feitos de um compósito em fibra de carbono. Mais leve e mais resistente que os materiais comumente utilizados em fones Premium. Este material, além de conferir maior rigidez mecânica, também atenua as vibrações espúrias do conjunto do drive, melhorando o equilíbrio tonal e o silêncio de fundo. Este sem dúvida é um diferencial tecnológico e tanto na corrida para deixar seus principais concorrentes para trás.

A fiação não está aparente como no PX original, agora fica escondida na haste. Por falar nela: como todo o conjunto, haste e concha são feitas do compósito de fibra de carbono – o ganho em cancelamento de ruído passivo é bastante evidente, um dos melhores dentre seus concorrentes. Isto por si só gera um conforto auditivo bastante elevado. O sistema ativo apenas complementa nos dois principais modos: baixo e automático – e, no modo alto, o silêncio é absoluto!

Os drivers de 45 mm com inclinação direcional se ajustam de maneira eficaz garantindo que nenhuma freqüência se perca durante a audição. Com isso, a sensação de amplitude do palco sonoro fica ainda mais envolvente.

A duração da bateria agora é de 30 horas. E seu carregamento é do tipo fast, podendo recarregar cinco horas em apenas 15 minutos.

O estojo do PX7 é de casco duro e tem um apelo vintage muito bonito, e a textura do tecido faz parecer um produto feito à mão. Dentro existe um compartimento para o cabo USB-C e o cabo P2 que acompanha o fone. Caso a bateria acabe, a diversão poderá continuar.

É curioso ver como tendências nos fazem seguir em manadas em busca de algumas modinhas. A B&W não quis dar ao PX nem ao PX7 articulações a mais que as tradicionais encontradas em excelentes fones do tipo aberto. Isto para mim soa como personalidade, e não como um atraso em relação aos seus concorrentes. Afinal de contas, quem tem espaço na mochila para um fone super articulado dentro de um case, tem espaço para o case de um fone tradicional, já que a diferença entre eles não costuma passar de oito centímetros.

Se for para falar de algo realmente incômodo, então vamos falar dos botões da concha direita, que estão maiores e que continuam em uma posição que é impossível não esbarrar neles enquanto posiciona o fone na cabeça. Em compensação, está mais fácil acertar o botão certo, acabou aquele desespero na hora de atender uma ligação procurando o botão correto. Por falar em ligação, o PX7 é de longe o melhor que já testei neste quesito. Não se ouve o retorno da própria voz nem os barulhos externos como se tivesse super audição biônica. Ouve-se apenas a voz do interlocutor, e a nossa própria voz de maneira bastante natural, não como um retorno de show.

Dentro da concha encontra-se a identificação do lado esquerdo e direito do fone. Com isto acabam os temores dos donos do PX que ficavam procurando qual lado era o direito ou esquerdo.

Algumas funções embarcadas inicialmente no PX continuam nesta nova versão. A muito bem-vinda função de pausar a música quando se retira o fone da orelha, e retomar a música quando a concha é recolocada, continua lá. Não sofreu alteração. Em time que está ganhando não se mexe!

O aplicativo da B&W funciona em total sincronismo com o fone: nele é possível configurar ganhos e os modos cancelamento ativo de ruído, Ambient Pass-through, conexão com um ou mais aparelhos pareados, Soundscapes (sons temáticos e relaxantes), e as configurações como nome do fone, atualizações de software e etc.

PX7 Photography
COMO TOCA

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Fontes: Astel & Kern modelo Kann, Sony Walkman NW-A45, Smartphone Samsung A7 (2018) e Samsung S10+, iPhone 8 Plus.

O fone chegou lacrado. Após retirar da embalagem e ligar, pareá-lo é extremamente fácil. Basta manter pressionado o botão ligar por alguns segundos e o fone aparecerá na tela do seu aparelho.

O PX7 impressiona assim que se coloca nos ouvidos. O silêncio que as conchas trazem são um caso à parte, mais silencioso que alguns fones top no modo baixo cancelamento de ruído.

Decidi iniciar as audições assim, sem ligar o cancelamento de ruído. Devo dizer que, em casa, não se fez necessário o uso do dispositivo, as conchas por si só davam conta de isolar perfeitamente o barulho externo – e olha que moro próximo de duas avenidas super movimentadas de São Paulo.

Falando de música, a primeira audição é bastante relaxada, o palco já se forma com ótima espacialidade e bom foco e arejamento. Após 80 horas de amaciamento os timbres se tornam mais fiéis e as texturas dos instrumentos de corda como violoncelo e violão, e os de madeira como saxofone, ficam encantadoras.

Neste tipo de fone, os celulares são uma ótima pedida, mas não dão conta do recado, eles não possuem refinamento necessário para mostrar toda a beleza da música, mesmo assim o fone trata aparelhos menos reveladores com extremo cuidado, não deixando que o equilíbrio tonal despenque a ponto de tornar irritante qualquer audição acima de uma hora de uso. Muito pelo contrário, fiz todo o amaciamento do fone com o Samsung S10+ e as audições passavam fácil das 2 horas contínuas sem qualquer fadiga auditiva por conta de falta de equilíbrio tonal. Estão lá os timbres, os decaimentos e todas as sutilezas e intencionalidades contidas nas músicas. Dos solos de contrabaixo ou saxofone, à vozes femininas sedosas e cheias de ar. Tudo parece estar em seu devido lugar.

Como diz o amigo Ulisses: “O que estraga o bom é que tem o ótimo”. Quando utilizamos o Sony Walkman e o Kann, aí sim a coisa fica séria, as audições passam de muito boas para maravilhosas: as músicas ganham peso, ganham decaimentos mais longos e micro-detalhes vêm à tona com enorme facilidade.

Os músicos se agigantam e os instrumentos ganham foco e recorte impressionantes, melhorando significativamente o palco sonoro.

A região médio-grave se encaixa melhor e a transição dos graves para os médios se torna mais progressiva, nos dando a possibilidade de desfrutar mais de músicas complexas, principalmente de orquestras densas. Gostaria que o fone fosse um pouco mais rápido, que tivesse transientes mais consistentes e que a região grave fosse um pouquinho mais solta Ela escorrega bem, tem um ótimo degradê, mas falta um tiquinho de fluidez para ficar perfeito. Isto fica bastante evidente com contrabaixos elétricos e no disco da Dominique Fils-Aimé – The Red faixa 1, fica bem escancarado. Tá… estou sendo exigente demais, se tivesse isso não seria mais um fone fechado, não é mesmo? Mas que seria bom isso seria. Mesmo assim, o PX7 se mostra bastante equilibrado principalmente na questão dos excessos. Diferente do Sony XB900 (que não é seu concorrente direto) que tem no extra bass o seu ponto forte, no PX7 o ponto forte é o equilíbrio entre freqüências, tornando-o um fone que não escolhe qualquer estilo musical.

P Series Accessory Photography

É possível perceber que a região média anda sempre no fio da navalha, beirando a invadir outras freqüências, mas nunca sendo inconveniente. Neste ponto se parece bastante com as caixas acústicas da marca, sempre nos mostrando vozes com uma luz muito bonita. Diana Krall – Narrow Daylight fica espetacular! Os detalhes de intencionalidade do violão e a suavidade da vassourinha nas peles e pratos nos transportam para um mundo à parte. A voz da Diana Krall soa iluminada e na temperatura certa.

Detalhes pequenos não capturam nosso cérebro como uma armadilha, tirando o foco do todo. As coisas tendem a se manter em seus lugares e com seu grau de importância na música preservado. Isto é algo raro em fones, principalmente em fones Bluetooth.

CONCLUSÃO

A B&W novamente acerta em cheio na atualização da linha PX. O PX7 é um fone espetacular e completamente alinhado com a filosofia da marca. Certamente agradará e muito aos donos de caixas B&W e ainda mais a quem tem gosto eclético que procura um fone equilibrado e revelador.

Nota: 75,5
AVMAG #264
Som Maior

www.sommaior.com.br
R$ 4.190
FONES DE OUVIDO ONKYO ES-FC300

Christian Pruks

Até pouco tempo atrás, quando se falava de fones de ouvido de real qualidade sonora – dentre os “com fio”, claro – sempre se falava de modelos de fones com impedâncias altíssimas, na casa do 600 ohms. Tanto que tem fabricantes consagrados que, até hoje, praticamente só fazem fones de 600 Ohms – e os mesmos necessitam de boa amplificação para tocar. Se você ligar um deles em um smartphone, vai ter no máximo uma “música ambiente”. Claro que algumas poucas opções “fáceis de tocar” existem, para quem quer curtir sua música em movimento, ou simplesmente sentado em uma praça, parque, metrô, ônibus ou avião.

No meio termo, para os aficionados da melhor qualidade de som, surgiram alguns amplificadores de fones de ouvido portáteis, mais ou menos do mesmo tamanho que um smartphone – que produziam visuais estranhos com gente carregando um telefone amarrado em um amplificador com um velcro, com fios para tudo quanto é lado, e um fone de alta qualidade (e alta impedância).

Logo, claro, apareceram os players digitais portáteis, ou DAP (Digital Audio Player), que são um passo bem além do velho “MP3 Player”, que trazem telas grandes, grande armazenamento, software avançado que permite reproduzir arquivos de tudo quanto é formato e resolução, e promessas de potência para “empurrar” qualquer fone do mercado com qualquer impedância – promessas que nem sempre são cumpridas com louvor.
Acontece que, assim como os fones de alta impedância são caros, os DAPs também são, e todos os esquemas pouco práticos são, enfim, pouco práticos. E, não só os smartphones melhoraram suas placas de som, como também adquiriram a capacidade de acessar todo o conteúdo de serviços de streaming. Os smartphones precisam, então, de bons fones, de alta qualidade sonora, que sejam de baixa impedância e bom preço.

E é aí que começam a aparecer vários modelos de fones de bom preço – de vários fabricantes consagrados até – que não exigem demais dos DAPs, que não precisem de amplificador externo, que possam ser usados por smartphones ou tablets. Portabilidade é o futuro! E um desses bons fones, dentro de sua proposta, é o Onkyo ES-FC300.

Especializada em equipamentos de áudio e home theater, a Onkyo Corporation foi fundada em 1946, em Osaka, no Japão, como Osaka Denki Onkyo KK – sendo que o significado de “Onkyo” é “ressonância do som”. É uma empresa de capital público cujos principais acionistas são uma família de nome Ohtsuki (que dirigem a empresa), e a Pioneer Corporation. A Onkyo, por sua vez, também é acionista da Pioneer Corporation.

Lançados no final de 2013, existem dois fones praticamente iguais no portfólio da Onkyo: o ES-HF300 e o ES-FC300 (aqui testado). O que difere um do outro é o cabo provido com ele. O HF300, um pouco acima, vem com um cabo destacável de cobre OFC 9,99999% puro e com plugues de maior qualidade – e uma etiqueta de preço maior. Já o FC300 vem um cabo de cobre não especificado, com construção flat para evitar que embarace. Ambos cabos vem com plugues folheados à ouro, em ambas pontas. As diferenças acabam aí, e as especificações técnicas de ambos fones são iguais. Ambos cabos destacáveis utilizam plugues P2 de 3.5 mm na ponta que liga no player, e conectores padrão MMCX no lado do fone – que são um padrão usado por vários fabricantes de fones, principalmente a Shure.
O FC300 é um fonte tipo fechado, e cujo tamanho é algo entre um On-Ear e um Over-Ear – creio que muito por causa do tamanho do driver que a empresa utilizou: 40mm, dinâmico, com cone de titânio e estrutura de alumínio. Os copos, estrutura e arco são todos de alumínio, com algumas peças em plástico, e a construção é soberba! Tanto o topo do arco como as almofadas são de “falso” couro (leatherette), e as almofadas usam espumas normais, e não com memória. O FC300 vem em um saco de tecido bem acabado, que provê um pouco de proteção no armazenamento, mas só isso.

Durante o teste do fone Onkyo FC300 foram utilizados: smartphones LG K11+ e V20, tablet Samsung, notebook Acer Aspire Windows 10, e a saída para fones de ouvido do amplificador integrado Emotiva TA-100 BasX.

O intuito da Onkyo foi fazer um fone de alta qualidade, por um preço acessível – e eu acho que eles tiveram sucesso, pois a minha opinião é a mesma de muitos reviewers: o FC300 toca com o refinamento e qualidades de fones que custam o dobro de que ele custa. Inclusive alguns aspectos e qualidades específicas superam alguns desses fones.

Ao ler sobre o projeto e as especificações deste fone, eu cheguei à conclusão de houveram alguns focos por parte da Onkyo. O primeiro foi fazer um fone que não “nivela por baixo” as gravações, e cujo foco do médio e do agudo eram ser mais “para trás”, mais recuados. Tem gente que não curte isso, mas deu uma suavidade na sonoridade do fone sem comprometer quase nada de detalhamento ou tamanho das coisas. Ao ouvir música feitas por instrumentos acústicos, percebe-se que você está mais fora do palco, apreciando-o, do que dentro do palco junto com os músicos – e eu achei isso ótimo! Porém, não vai tocar bem todas as gravações, porque as que forem desagradáveis, pequenas, e “na cara”, muito comprimidas ou, especialmente, as com volume muito alto, provocando embolamento, ficarão desagradáveis de se ouvir no FC300.

Outro foco da Onkyo foi em fazer um fone com grandes e bons graves. Alguns críticos dizem até que o fone tem “ênfase nos graves”. Bom, a minha experiência auditiva com o FC300 me diz que, se a gravação tem graves corretos, ela vai tocar bem – mas se os graves forem turbinados ou mal definidos, isso ficará transparente. Isso se dá porque a Onkyo desenvolveu um sistema de câmaras duplas dentro de cada concha do fone, com o intuito de dar grandes e bons graves, e com o intuito de dar graves profundos. É um dos fones com graves mais profundos que eu já ouvi, que são bem recortados e bem texturizados, ainda por cima! Alguns reviewers disseram que o grave do Onkyo FC300 desce mais que o de concorrentes famosos no mercado que custam, lá fora, o dobro do preço dele. Eu acho que eu acredito nisso, porque a minha experiência com os graves do FC300, seu poderio e sua extensão, tem sido bem divertida – prazerosa como sentar frente à um banquete.

O FC300 é um fone que, em suas especificações, dá a entender que pode ser usado plenamente em smartphones – mas isso não é verdade na prática. Com gravações feitas em volumes mais baixos, como as de música clássica, por exemplo, e muitas de vários gêneros, no telefone ele não atinge os volumes necessários para uma correta apresentação musical, em detrimento do prazer de ouvir música por ele. O resultado melhora em um tablet, mas só consegui volumes mais interessantes no notebook ou, melhor ainda, em um amplificador de fones de ouvido.

O fato é que o FC300 é mais um fone que vai realizar seu potencial qualitativo somente com amplificadores de fones de ouvido – ou mesmo com um player digital portátil, que tem mais potência de saída. A questão aqui tem totalmente a ver com a potência do dispositivo onde o fone será ligado – mas, por “potência”, não entendam mais “volume”. O que ocorre é que o equilíbrio tonal do fone, e várias outras características sonoras, só se realizam se o dispositivo tiver boa potência para alimentar o fone de ouvido – o FC300, no mesmo volume, vai tocar melhor e mais redondo se o dispositivo tiver potência para alimentá-lo e, de quebra, terá também mais volume para lidar com gravações de foram feitas muito baixas. Acredito que qualquer amplificador de fone de ouvido, de boa qualidade, pequeno que seja, dará boa conta de domar o FC300, e sobra. Afinal ele está longe de ter a impedância altíssima (comparativamente) de uma série de fones de ouvido audiófilos do mercado.

USO & QUALIDADE SONORA

Em matéria de conforto auditivo, o FC300 é um dos melhores fones que já usei – e as causas disso são a apresentação musical mais “para trás”, ou seja, que não tem médios que ficam na sua cara, o bom grave cheio que não necessita calcar no volume: praticamente todos os gêneros musicais soam cheios e grandes mesmo em volumes medianos, e os agudos que soam delicados e limpos, nada de analíticos. Os agudos chegam a soar até suaves, com alguns discos.

São fones tipo on-ear (que ficam sobre a orelha, sem cobri-la totalmente), porém são maiores que a maioria dos on-ears, sendo que quase chegam a ser tão grandes quanto os over-ears (que cobrem toda a orelha). Estes últimos dão uma vedação muito melhor, isolando você um pouco de barulhos externos e isolando as pessoas de terem que curtir a sua música na marra. O que eu achei legal é, apesar de eu ser cabeçudo e orelhudo, consegui que o FC300 cobrisse decentemente a minha orelha e desse uma vedação com a qual dá para se conviver.

E, por ser cabeçudo (de várias maneiras…), vale ressaltar um fato muito importante: o FC300 faz pouca pressão sobre a cabeça e as orelhas, e isso contribui muito para a sensação de conforto físico, de ergonomia, que ele dá. Isso, e o fato de que ele pesa apenas
240 gramas – cortesia do time de desenvolvimento da Onkyo. Por outro lado, pessoas que tenham a cabeça menor ou mais estreita, poderão achar que o FC300 não faz pressão o suficiente nas orelhas.

A construção do FC300 dá a impressão de ser extremamente bem feita e sólida – porém não vou maltratá-lo para saber até onde essa solidez vai.

O equilíbrio tonal do FC300 é decentemente correto, mas com características bem próprias, como o grave que desce bastante e é bem presente – mas muito bem reproduzido – e com parte dos médios, médios-agudos e agudos um tanto suavizados, mas nítidos o suficiente, com excelente timbre. Acho que aqui está o pênalti do FC300: os agudos, em muitas gravações, carecem do brilho necessário que formaria sua textura e tamanho.

Portanto, nem tanto os pratos e outros dispositivos agudos são o que faz as texturas encantarem no FC300. Esse encantamento está nos médios-graves e graves, tornando percussões, cellos, contrabaixos, instrumentos graves e com componentes graves, serem muito bons de se ouvir. Orgãos tipo Hammond e Fender Rhodes têm aquela textura que diz ao seu cérebro que não dá para imitar tais instrumentos, que aquilo que você está ouvindo não é uma versão sintetizada ou um plug-in. Discos de percussão são sensacionais de ouvir, até porque em gravações com a bateria decentemente captada, ouve-se claramente a baquetada, a pele da peça vibrando, ou mesmo a vassourinha.

Em transientes fica claro o trabalho de bateria, percussões e quaisquer instrumentos musicais com transientes claros: são rápidos pacas! Fui iludido até por um bumbo de bateria a ter a sensação de que, ao ouvi-lo sendo tocando forte e rápido, eu estava sentindo o deslocamento de ar! As intencionalidades de tudo quanto é músico que eu ouvi, foram muito bem reproduzidas. Um violão acústico sendo tocado e você quase consegue contar a dedilhada, e consegue perceber a diferença de intencionalidade dentre cada dedo em cada corda.

Você pode fazer o FC300 se irritar (e irritar você) com música embolada, comprimida e saturada, mas não vai fazer ele nem pestanejar com a macrodinâmica de discos de percussão bem gravados, com trabalhos sinfônicos pesados, ou mesmo com música eletrônica bem feita. Trabalhando junto com as intencionalidades claras, citadas acima, estão os crescendos dinâmicos providos não só por artistas solando instrumentos, como também por grandes conjuntos de músicos, como orquestras sinfônicas. A inteligibilidade sempre esteve bem alta – garantindo uma boa microdinâmica. Em alguns discos até ouvi com mais clareza detalhes e nuances antes não tão facilmente percebidos.

O FC300 provê uma apresentação orgânica? Traz você para dentro do acontecimento musical? Com boa frequência sim, mas não em todos os casos. E acho que a característica do médio-agudo e do agudo suavizado não dão a mesma imersão, não transportam você tão bem para dentro do acontecimento musical quanto transportam seus médios-graves e graves.

Dito isso, no parágrafo acima, devo dizer então que a percepção de camadas de músicos do FC300 é muito boa, assim como o descongestionamento do acontecimento musical. Isso, junto com os timbres, textura e tamanho dos instrumentos, tudo me traz a sensação de estar assistindo a música ao vivo, sentido a maioria de seus harmônicos – mas ao mesmo tempo mantendo uma distância saudável do palco.

CONCLUSÃO

O fone Onkyo ES-FC300 é uma boa compra para quem quer um fone de bom preço com alta performance, e que simpatize com sua assinatura sônica e equilíbrio tonal, e seja aficionado dos gêneros musicais que ele melhor reproduz.

Não se esqueçam de alimentar o FC300 com uma boa amplificação, e com uma boa fonte (senão ele vai te mostrar direitinho que a fonte não é boa…). E, se eu fosse o usuário principal desse fone – que é um “best-buy” com tremendo custo/benefício – eu procuraria um cabo destacável de cobre com banho de prata, para ir trazendo o equilíbrio tonal para um lado ainda mais interessante, dando um brilho e tamanho melhor nos agudos.

Apesar de ser um fone que já está no mercado fazem anos, ainda não apareceu substituto na linha, e ainda pode ser facilmente encontrado na Internet para venda. Seu custo baixo também facilita sua aquisição. O ES-FC300 (assim como a versão ES-HF-300) está disponível na Amazon e em vários sites de vendas.

https://www.youtube.com/watch?v=wSGeg_G2IKo
Nota: 76,0
AVMAG #268
Onkyo

https://eu.onkyo.com/en-GLOBAL
US$ 150
(sites de vendas no exterior)

FONE DE OUVIDO BLUETOOTH SONY WH-1000 XM3

Juan Lourenço

O Sony WH-1000XM3 é o rei dos fones Bluetooth com cancelamento de ruído. Ao longo dos dois últimos anos ele vem sofrendo ataques de todos os seus concorrentes, que querem destroná-lo a todo custo, mas sem muito sucesso.

É sem sombra de dúvida o fone mais completo da categoria, com muita tecnologia embarcada e uma lista enorme de assistentes eletrônicos, que faz qualquer canivete suíço se sentir constrangido.

Para começar ele pesa apenas 255 gramas, 20 g a menos que o seu antecessor, o XM2 – muito disto se deve ao material de acabamento do arco agora ser em plástico, o restante continua utilizando os mesmos metais: alumínio e aço nos copos e no arco.

Os drivers de 1,57 polegada tipo domo (com voice coil CCAW) utilizam imãs de Neodímio e diafragmas LCP revestidos com alumínio, que respondem de 4 Hz a 40 kHz, com sensibilidade de 104 dB via Bluetooth e 101 dB por cabo. A amplificação agora é analógica, o que confere ao fone uma assinatura sônica mais orgânica e envolvente. Por falar em Bluetooth, o 1000XM3 está equipado com a versão 4.2, e conexão por NFC.

A autonomia da bateria é de 30 horas com o cancelamento de ruído ativo, e 38 horas com o mesmo desligado.

As conchas multi-articuladas possuem boa isolação natural, não tão eficiente quanto o PX7 da B&W, mas ainda assim muito boa. Assim que é ligado, o fone entra no modo mais alto do controle de ruído, e é preciso desativá-lo se quiser testar a opção natural. As almofadas são confortáveis e a espuma possui ótima memória, porém ela não deixa passar muito ar para dentro, o que em dias quentes pode incomodar um pouco.

As ligações atendidas no WH-1000XM3 são das melhores que já escutei. Graças ao sistema de multi-microfones que filtra o ruído de fundo enquanto capta sua voz durante as chamadas, não ouvimos retorno da nossa própria voz ou os barulhos externos que tanto incomodam. O conforto auditivo também é de ótimo nível. Os comandos continuam na concha e são do tipo sensível ao toque, um pouco desajeitados no início, mas logo nos acostumamos.

ressionando o copo direito ativa o modo “atenção rápida”: com ele a música passa para um modo “som ambiente” e o barulho externo torna-se audível. Com o mesmo gesto podemos iniciar o assistente de voz do celular: Siri, Google Assistant ou Alexa da Amazon.

O fone vem em dois acabamentos: preto com detalhes em cobre, e platinum silver com detalhes em bronze.

O aplicativo Headphone Connect é bastante completo e intuitivo, e com ele é possível configurar o nível de cancelamento de ruído. A novidade é que agora é possível deixar o cancelamento ativado por tempo indeterminado, assim podemos desfrutar do silêncio em uma viagem longa, por exemplo. E para quem viaja bastante de avião ou desce com freqüência as estradas da serra de Santos, o fone conta com um otimizador de pressão atmosférica que dá uma bela ajuda naquele probleminha de surdez temporária.

Na parte de configuração da curva de equalização, é preciso tomar cuidado e observar bem como estava a curva de equalização antes de alterá-la, pois não há a opção de retornar à curva anterior. Eu faria um printscreen da tela para ajudar na comparação.

COMO TOCA

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Fontes: Astell&Kern modelo Kann, Sony Walkman NW-A45, smartphone Samsung A7 (2018) e Samsung S10+, IPhone 8 Plus.
O fone utilizado estava amaciado – e isso nos poupou bastante tempo – graças ao nosso amigo e leitor Alicio Reginatto.

Comecei com as mesmas músicas que utilizei no fone PX7 da B&W: Dominique Fils-Aimé – The Red faixa 1 e Birds. É impossível não comparar o PX7, concorrente direto com ele. São dois produtos com assinaturas sônicas diferentes, mas com um enorme respeito pela música, pelas intenções e interpretações que músicos e engenheiros quiseram nos passar. A fluidez e o relaxamento do WH-1000XM3 é impressionante! Com ele você tem velocidade na medida certa sem deixar escapar nada da intencionalidade do artista, dos falsetes de vozes ou de instrumentos, ao mesmo tempo em que ele produz transientes maravilhosos e uma ambiência muito bonita. A região média dele é bastante clara, não nos permitindo perder nada da dicção do cantor ou, como disse acima, nenhum falsete.

A transição do médio para o médio-alto e alto é muito boa, não há buracos nem excesso de brilho que nos chame a atenção mais para um prato de bateria que para o conjunto dos músicos como um todo. O que pega mesmo é dos médios para baixo. Existe uma “assinatura Sony” que acompanha praticamente todos os fones modernos da marca, uma espécie de sub-graves que permeiam a transição entre médios-graves e graves, que não abandona a audição por nada. É gostoso quando ouvimos hip-hop ou bandas pop e até rock mais comprimido, mas não é legal quando queremos sentar e ouvir jazz, blues ou gêneros musicais mais complexos que exige uma passagem musical mais limpa, sem ajudas ou reforços, para que possamos entender melhor a música e suas intenções. Neste quesito o PX7 soa mais fiel à música.

A amplificação analógica do WH-1000XM3 ajuda e muito na dinâmica musical. O fone tem fôlego, está sempre pronto a responder com enorme folga nas passagens complexas de orquestras, big bands e em solos mais vigorosos, como os do trompetista Wynton Marsalis nas faixas 1, 2 e 6 do disco The Magic Hour – o Sony deixa claro porque ele é o rei dos fones de ouvido com cancelamento de ruído: os instrumentos ficam mais afastados uns dos outros e com uma ótima proporção em termos de tamanho de corpo. A altura das vozes e dos instrumentos também surpreende bastante, em alguns momentos parecendo até ser um fone aberto.

Por conta deste sub-grave que mencionei acima, os extremos – graves e agudos – não possuem tanta precisão em termos de corpo e de extensão como eu gostaria. Não chega a ser uma questão de gosto, mas sim um pequeno desequilíbrio nas proporções de todo o espectro sonoro audível do fone. Em muitas músicas passa despercebido, em outras sentimos falta principalmente de tamanhos de pratos de bateria e no posicionamento mais focado e vincado de contrabaixos acústicos em algumas músicas.

Ainda na faixa 2 do disco The Magic Hour, a voz da Dianne Reeves, que trava um verdadeiro duelo de floretes com Wynton Marsalis, percebemos a folga com que o WH-1000XM3 lida com várias dinâmicas diferentes ao mesmo tempo, com velocidades próprias e com tamanhos de corpo próprios, sem que para conseguir tamanho realismo tenha que sacrificar o posicionamento de ambos no palco, não tem esta de um deles achatar, ou do foco da Dianne ou do Wynton dar uma leve borradinha, uma apagadinha para que o outro se saia melhor – fica cada um no seu quadrado, cada um com o seu espaço imaculado na música. As peles de bateria parecem estar esticadas ao máximo e a baqueta bate com gosto e mesmo assim, diante de todas essas dinâmicas únicas, o Sony WH-1000XM3 parece não se abalar com nada disto.

CONCLUSÃO

O Sony WH-1000XM3 continua com seu reinado intocado, líder em seu segmento sem jamais conhecer a derrota. Os adversários chegaram, mas como se diz na gíria da F1 ou da MotoGP: “uma coisa é chegar próximo, outra é ultrapassar”. E, nenhum que ousou tocar em seu manto, o ultrapassou. Se você quer o melhor da tecnologia com mimos dignos de lord inglês e um som poderoso, siga o rei, vá de WH-1000XM3.

Nota: 76,0
AVMAG #265
Sony

www.sony.com.br
A partir de R$ 1.799
FONE DE OUVIDO PHILIPS FIDELIO X2HR

Juan Lourenço

A Philips espera lançar a terceira geração do aclamado fone de ouvido Fidelio X3 no terceiro trimestre de 2020, porém com esta pandemia ainda sem uma solução concreta, os planos podem sofrer ajustes. Enquanto o X3 não desembarca por aqui, escutamos o modelo X2HR, ainda em linha.

A linha Fidelio é o fone de ouvido audiófilo da Philips, e o modelo X2 é o topo de linha da marca. Para quem quer extrair o máximo de suas músicas, o Fidelio X2 promete muita musicalidade com graves fortes, além de design requintado com muito estilo e conforto.
O fone impõe respeito tanto pelo tamanho geral e pelos tons de preto, como por suas conchas grandes e totalmente abertas, feitas em polímero, e sua grade estilo microfone.
As conchas são presas por um anel em alumínio usinado. Todo o conjunto é fixado por um arco duplo com hastes grossas feitas em aço tipo mola, o apoio de cabeça também utiliza polímero com revestimento em tecido “respirável”, semelhante aos que encontramos em mochilas high-tech.

As almofadas das conchas são revestidas de veludo de alta qualidade, o que confere ao fone um requinte e um toque macio e sedoso – o único “porém” é que neste tecido é bem fácil de grudar bolinhas de algodão das nossas roupas. A espuma tem ótima memória, e se molda com perfeição aos contornos da orelha.

Uma velha reclamação dos donos do X1, modelo anterior, era justamente esta almofada ser fixa. No X2 ela é inteiramente removível, sendo que sua fixação agora é feita por imãs na parte interna da almofada.

O Fidelio X2 utiliza drivers dinâmicos de 50 mm com ímãs de Neodímio, muito mais leves que os ímãs convencionais, e mais eficientes também. Possui impedância de 30 Ohms (1 kHz), sensibilidade de 100 dB/1 mW (1 kHz), facilitando e muito a audição com celulares smartphones, e tem resposta de 5 Hz à 40 kHz.

Como toda a armação e os componentes externos são de materiais bastante duráveis, o peso total do fone ficou um pouco prejudicado, fazendo com que as horas de audição fossem algumas vezes interrompidas pelo ajeitar do fone na cabeça. Em contrapartida, o conforto lateral é excelente! Podendo ficar horas ouvindo sem marcar ou apertar as orelhas.

COMO TOCA

Para o teste separamos os seguintes equipamentos. Fontes: Sony Walkman NW-A45, smartphone Samsung S10 Plus, IPhone 8 Plus, Innuos Zen 3 mini com fonte externa, Astell & Kern modelo Kann, e Teac UD-H01. Cabos de força: Transparent MM2 e Sunrise Illusion MS. Cabos de interconexão: Sax Soul Zafira III XLR, Sunrise Illusion MS, Sunrise Lab Reference Headphone, Kimber Axios Prata/Cobre.

O fone está completamente amaciado, e foi preciso apenas deixar algumas horas em repeat para aquecer os aparelhos, e acomodação do cabo de interligação. De cara a região média chama atenção por ser bastante clara e definida. A voz da cantora Dianne Reeves (disco Bridge, faixa quatro) fica relaxada e com ótimo recorte, as batidas da percussão tem uma boa extensão e velocidade, o piano tem um brilho na medida e uma ambiência muito boa. Os agudos não possuem o mesmo equilíbrio das notas médias e graves mas, ainda assim, conseguem trazer um bom nível de clareza e conforto auditivo. A separação dos instrumentos é muito boa, o silêncio de fundo faz brotar micro detalhes com enorme facilidade.

No disco do Dire Straits (On Every Street, faixa um) a velocidade dos transientes chamam a atenção, os detalhes da digitação na guitarra e o ataque da caixa da bateria têm uma pegada ótima!

O Fidelio X2 reforça um pouco as notas fundamentais em detrimentos dos harmônicos, algo que não é ruim, é apenas uma questão de gosto, mas por conta disto, as texturas e tamanho dos pratos, piano, violino e instrumentos que favoreçam a região média-alta e alta, em passagens difíceis, podem soar levemente menores que os instrumentos mais graves.
O X2 é realmente bom para vozes – neste quesito ele é uma delícia. A clareza das vozes femininas realmente encanta, e ouvir ópera com este fone é uma grata surpresa! Vozes cheias de personalidade, como Natalie Merchant, Diana Krall e Ney Matogrosso, se destacam ainda mais em suas interpretações. O silêncio e o ar em volta da voz é uma característica marcante e sempre presente no Fidelio X2HR.

CONCLUSÃO

A Philips fez um excelente trabalho neste fone de ouvido, ouviu seus consumidores do X1, retrabalhou o que eles não gostaram, e evoluiu nesta versão adicionando mais qualidade de reprodução e um design surpreendente! O Fidelio X2HR vai na contramão dos fones nesta categoria, onde a maioria deles é recheada de plásticos e materiais menos nobres e pouco duráveis. Isto tem um preço: ele é pouca coisa mais pesado que seus concorrentes, mas nada exagerado, compensando tudo isto com horas de audições confortáveis e de puro prazer em ouvir.

Nota: 78,0
AVMAG #263
Philips

www.philips.com.br
R$ 873

FONE DE OUVIDO QUAD ERA-1

Fernando Andrette

Se você, ao ouvir o nome Quad, imagina imediatamente as caixas eletrostáticas deste fabricante, você certamente tem pelo menos uns 40 anos! Pois se você falar em caixas eletrostáticas para as três últimas gerações, certamente eles te olharão com aquele ar de “não entendi” e não estou nem aí.

Já os sessentões, como eu, irão imaginar: “Uau! A Quad resolveu entrar neste concorrido mercado de fones hi-end, levando todo o seu expertise de caixas eletrostáticas para uma linha de fones?”. Negativo! O fone Quad é um design magnético planar e não eletrostático!
Mas antes que você pare de ler este teste, ouça o que tenho a comentar, pois este primeiro fone da Quad é surpreendente em muitos aspectos!

O Quad ERA-1 incorpora um diafragma, ativo eletricamente, ultra fino, conseguindo ser mais fino que um fio de cabelo, porém muito elástico, envolto em um sistema magnético que aciona este diafragma de maneira muito precisa. Sua construção é simples, se comparada à outros fones hi-end mais caros e com 450 gramas – ele pode (e deve) ser considerado um fone de peso médio.

Eu já escutei fones mais pesados, como os da linha Audeze, e mais leves como da linha Meze e os Grados de entrada, e olhe que sou chato com essa questão de peso, pois fones que apertam a cabeça e são pesados, podem ser a sétima maravilha do universo, que eu não os terei!

O que achei realmente estranho em termos de anatomia, é que mesmo com ele todo fechado, ficou relativamente grande em minha cabeça. Das duas, uma: ou minha cabeça encolheu ou o molde que este fone foi projetado é para cabeças bem maiores que a minha. Não que ele ficasse caindo, mas em movimento fiquei sempre com aquela sensação de que ele poderia sair do lugar. Para cabeças como a minha, o melhor foi ouvir o Quad sentado ou deitado.

Tirando esses “pormenores”, ao avaliar a embalagem e os detalhes, percebemos que o fone é muito bem construído com peças de metal, couro nas almofadas, e as peças de plástico existentes não comprometem de maneira alguma a construção do produto. Na embalagem, ainda o usuário encontrará um par de almofadas de veludo, o que me parece ser absolutamente incondizente com este calor escaldante que estamos sentindo neste início de primavera. Mas para as noites frias de um inverno nórdico, podem cair tão bem quanto uma xícara de chocolate quente a os pés de uma lareira.

Outra característica interessante é que o cabo é removível nas duas pontas, e sua bitola é suficiente para suportar o uso do dia a dia. Ele vem com o plug mais fino e menor, para uso direto no celular ou no notebook, e um adaptador de boa qualidade para plug de
3,5 mm. Outro detalhe de boa qualidade é o seu case de plástico injetado, rígido o suficiente para protegê-lo adequadamente de pancadas e quedas leves.

Confesso que minhas expectativas eram mínimas, pois achei que a Quad, ao abrir mão de fazer uso da topologia eletrostática em seu primeiro fone de ouvido, estaria apenas sendo mais uma a competir neste intricado mercado de inúmeras opções para todos os bolsos e gosto. São nessas situações que temos as melhores surpresas! Pois somos pegos totalmente desprevenidos.

O Quad foi usado no meu celular, e no amplificadores de fone de ouvido do pré de linha Nagra Classic e do Nagra TUBE DAC. Passei tempo suficiente para perceber que será um enorme desperdício usar um fone desse padrão em seu celular. Seja este de que nível for, pois sua sensibilidade é mais baixa que da maioria dos fones mais simples e adequados para uso em celular – apesar de sua baixa impedância – o que fará o usuário aumentar o volume para conseguir o equilíbrio necessário tonal, caindo na armadilha de ouvir mais alto do que o seguro e recomendado pelos profissionais de saúde auditiva. E, convenhamos, não faz o menor sentido você usar um fone de mais de 6 mil reais em um celular!

Mas em um bom amplificador de fone, meu amigo, o ERA-1 é surpreendente. E pode fazer você coçar a cabeça, comparando-o com fones muito mais aclamados de marcas que são a referência deste mercado hi-end de fones.

Seu equilíbrio tonal é excelente, graves corretos sem coloração, fundamentais muito bem definidas e os harmônicos ricos e com excelente corpo.

A região média me lembrou os melhores fones eletrostáticos, como os da Stax, com enorme transparência, porém sem passar do ponto e deixar as audições cansativas ou extremamente explícitas!

Os agudos possuem excelente extensão e decaimento muito suave. Isso, consequentemente, permite audições por mais horas e sem fadiga auditiva.

As texturas são muito realistas e com uma capacidade de nos permitir observar nuances de forma muito mais precisas. As audições de música de câmara ou instrumentos solo como: cellos, violinos e pianos, são de uma riqueza que só costumo ouvir com tanta precisão e impacto no Sennheiser HD 800.

O que certamente ajuda na observação desses detalhes tão sutis certamente é o impressionante silêncio de fundo dos amplificadores de fone que utilizei, mas isso só realça o padrão alcançado pelo ERA-1 em termos de equilíbrio tonal e texturas.

Os transientes são também excelentes. Os apaixonados por piano irão se deliciar com a capacidade deste fone responder com precisão velocidade, andamento e ritmo.

Em termos de macrodinâmica sou sempre temeroso em dizer o limite de um fone, pois quanto maior a folga, o usuário mais se sentirá tentado a testar os limites. Para este quesito utilizo somente música clássica e com muita parcimônia. O que o ERA-1 se destaca é nos degraus de passagem do piano para o fortíssimo. Mostrando ter folga suficiente para passar nos testes mais difíceis. O legal é que para você ouvir música clássica neste fone, os volumes podem ser sempre os corretos, e nunca ter que “compensar” com uma “turbinada” para ouvir as baixas frequências (muito comum em inúmeros fones baratos, ou não).

A microdinâmica é uma verdadeira “pera doce” para este fone. É possível até mesmo ouvir ruídos e gemidos que jamais havia escutado de inúmeros maestros (que eu imaginei que se contentavam apenas com a gestualidade regencial). E vou dizer uma coisa: são muitos que gemem, rs!

Ainda que não tenhamos o quesito corpo harmônico para fones, achei o tamanho dos instrumentos neste ERA-1 muito coerentes (principalmente em audições de quartetos de cordas ou duo de instrumentos de sopro). Já em música cantada, temos o mesmo problema de qualquer fone, as vozes são sempre em primeiro plano, mais projetadas e deixam todo o resto em segundo plano. Fique claro que isso é uma questão muito mais de mixagem e não só dos fones. A responsabilidade dos fones é que, como seu corpo harmônico é reduzido em relação a realidade, não há milagre. Vozes irão sempre sobressair (principalmente em música popular).

A sensação de materialização da música em nossa cabeça, para fones, é muito mais difícil, pois nosso cérebro não se engana assim. Mas quanto melhor o equilíbrio tonal, melhor vai ser o conforto auditivo (em volumes corretos é claro), assim como o prazer auditivo (musicalidade). O equilíbrio geral do ERA-1 permite este conforto em alto grau de prazer e ausência de fadiga.

CONCLUSÃO

O ERA-1 é um fone surpreendente, pois consegue unir inúmeros quesitos buscados por fabricantes de muito maior tempo e renome neste mercado. Para o seu primeiro produto, é impressionante já se situar na linha de frente dos fabricantes de fone hi-end.

O que mostra que toda a sua bela e longa história, desde os primórdios da alta fidelidade, foi de enorme valia para o seu primeiro “cartão de visitas” em fones de ouvido!

Se você busca um fone hi-end, na faixa de 6 mil reais, que possa fazê-lo desfrutar de toda a sua coleção de música, e que o faça esquecer deste mundo cada vez mais desmiolado, escute o ERA-1. Sua relação custo/performance é muito alta para não estar no seu campo de mira!

Nota: 83,0
AVMAG #267
KW Hi-Fi

(48) 3236.3385
R$ 6.700

FONE DE OUVIDO MEZE 99 CLASSICS

Fernando Andrette

Mesmo com tantos anos de estrada, eu ainda me surpreendo com produtos que podem dar tanto “pano para manga” em suas avaliações. Se existe um fone de ouvido que recebeu tantas críticas distintas nos últimos três anos, este produto é o Meze 99 Classics.

Vai de um pacato “classe D” em uma revista Stereophile, até produto do ano em inúmeras publicações especializadas. São dezenas de testes em inúmeras línguas e cada teste as conclusões chegam a ser antagônicas.

Vou citar algumas para o amigo leitor ter uma ideia de quanta conclusão desencontrada este fone causou. Alguns citam que o fone não é muito neutro, porém viciante na sua forma de apresentar a música. Outros chegaram à conclusão oposta, ao dizerem que se trata de uma apresentação neutra o que o torna um fone mais frio. Os graves, para uns revisores, são excessivos e para outros falta energia e definição! A única coisa que parece ser um consenso, entre todos que já o testaram, foi sua qualidade de acabamento, conforto, beleza e elegância. Nesses quesitos, o 99 Classics parece ter conquistado a todos!

Mas quem é essa Meze? Uma marca tão pouco conhecida por essas paragens!

A Meze Audio é uma empresa relativamente nova no mercado. Começou a fabricar fones em 2009. Seu fundador Antonio Meze estava procurando no mercado um fone para o seu uso que pudesse ser confortável e lhe proporcionar horas e mais horas de uso, sem lhe causar fadiga auditiva. Depois de ouvir dezenas de fones disponíveis no mercado, compartilhou sua ideia de fabricar ele mesmo o seu fone ao amigo Raluca Vontea (hoje o diretor comercial da Meze), e nasceu a Meze Audio, que projeta não só seus próprios fones como também projeta produtos para uma série de indústrias diferentes, tanto na área de design como de móveis.

Antonio Meze queria um fone que tivesse um design distinto e com acabamento luxuoso. E que despertasse no consumidor o desejo ao olhar o produto de conhecê-lo. Os fones de ouvido Meze são projetados e desenvolvidos na Romênia, e fabricados em Zhuhai. E a empresa cresceu tanto nos últimos 5 anos, que conta com 1.000 funcionários em sua fábrica.

Para um fone que custa menos de 500 dólares, seu acabamento e os acessórios que ele disponibiliza, o fazem uma referência em termos de apresentação em relação a concorrência nesta faixa de preço.

O fone vem embalado em um casulo que parece ser feito de couro sintético, em uma embalagem de papelão de alta densidade.

Neste casulo, junto com o fone, o fabricante disponibiliza duas espumas de reserva, e dois cabos – um menor de 1 m e um outro maior de 3 m. Os plugs TS são banhados a ouro (um para cada canal) e o consumidor precisa estar atento na hora de fixar o cabo no fone, pois a indicação de canal direito e esquerdo está no plug. Também estão incluídos adaptadores para uso em avião, e um plug P10.

Totalmente fechados, eles pesam menos de 300 gramas (fato que adorei), e são acabados em madeira (nogueira). Os fixadores são de zinco fundido e a estrutura é toda de aço manganês estampado, com mola e tiara ajustável de couro sintético.

Os protetores auriculares possuem o tamanho exato para orelhas “normais”, se ajustando perfeitamente a elas. Se tem algo que é possível falar sobre este Meze, é que não há desconforto algum. Seu isolamento do mundo externo não é total, mas o suficiente para esquecer o mundo lá fora, no instante que você aperta o play!

Os drivers são de cone Mylar de 40 mm (1,6 polegadas) posicionados no centro dos fones e mantido em uma estrutura moldada por injeção de ABS reforçado em plástico rígido. Segundo o fabricante, sua resposta é de 15 Hz à 25 kHz, sensibilidade de 103 dB (a 1 mW), e uma impedância de 32 Ohms.

Para o teste utilizei os prés de fone do Nagra TUBE DAC e do pré Classic, e também do meu celular Samsung Note 10 Lite para a reprodução de Tidal. As fontes, quando ligado nos prés de fone da Nagra, foram tanto analógicas (nosso Sistema de Referência), streamer Innuos Zen (leia teste na edição Melhores do Ano de Jan/Fev 2021), e transporte dCS Scarlatti. Os cabos digitais foram, USB: Feel Different FDIII, e Dynamique Audio Zenith 2. Crystal Cable AES/EBU Absolute Dream. Coaxial: Sunrise Lab Quintessence, e Feel Different FDIII (leia Teste 4 na edição 268).

A Meze não fala absolutamente nada em relação a amaciamento, ainda assim antes de iniciar os testes eu deixei amaciando por 24 horas. Não vi alterações significativas, o que é excelente, pois o comprador pode já sair desfrutando imediatamente de suas qualidades.
Minha primeira curiosidade era justamente entender o que levou tantos testes a terem conclusões tão díspares! Minha primeira observação: o 99 Classics é extremamente exigente com os prés de fone e DACs.

Segunda conclusão, são fones para quem respeita e deseja cuidar de sua audição! Quando saquei isso, que mesmo em volumes reduzidos seu equilíbrio tonal é correto, ele me conquistou imediatamente.

Se você ouvir nos volumes seguros meu amigo, não faltará absolutamente nada, e o conforto pelo seu peso e pela qualidade do som, permitirá audições sempre seguras e com zero de fadiga auditiva!

Quer notícia melhor que essa? Eu tenho, e várias.

Ele não faz pressão, se encaixa perfeitamente, suas espumas permitem que não fique aquele suor incômodo nas orelhas e, o mais importante: mesmo em volume reduzido, ele já o isola o suficiente do ambiente externo!

E O SOM?

Meu amigo, seu equilíbrio tonal é de altíssimo nível. Agudos naturais, com excelente extensão, sem nenhum vestígio de brilho ou luminosidade. A região média tem a qualidade de ser correta na medida certa em termos de transparência e naturalidade. Sem vestígio nenhum de hiper detalhamento ou projeção do médio, tão comum em diversos fones hi-end!

E os graves, tão díspares em cada teste que li, são bons, tanto em correção como em energia e definição.

Agora, se o cara tem o costume de achar que precisa passar do volume seguro para ouvir o grave (fato que realmente é necessário em inúmeros fones hi-end), aí o grave irá se sobressair em energia. Não irá encobrir a região média, mas se apresentarão com mais evidência do que as outras frequências.

Quanto a alguns testes em que o articulista escreve que o grave carece de definição, em todos os equipamentos usados, não houve sequer resquício de falta de definição em nenhuma gravação ou estilo musical. Em alguns testes o articulista cita as músicas utilizadas, e tive o cuidado de pegar todas essas gravações no Tidal e ouvir, tanto no celular, como no nosso Sistema de Referência. Zero de ausência de definição dos graves!

Suas texturas são primorosas, em termos de riqueza de detalhes e intencionalidade. Ouvi diversas gravações de grandes corais, e se o fone não tiver um excelente equilíbrio tonal, muitas passagens se tornam confusas e opacas. O Meze entrega tudo da forma que foi captado, mixado e masterizado!

Os transientes impressionam pela capacidade de marcar o tempo e o ritmo pela precisão e segurança. Em gravações de piano solo (excelentes para avaliação de transientes), é possível se ter alguns “sustos” com a energia e peso que você escuta da mão esquerda.

A dinâmica tanto a micro como a macro, são excelentes. Escutei a Sinfonia Fantástica de Berlioz, o quarto e o quinto movimentos, e mesmo nos volumes seguros de audição, a escala do pianíssimo para o fortíssimo é muito impressionante!

Claro que seu cérebro não irá se enganar nunca com um fone de ouvido (já que o corpo harmônico é diminuto), mas nas gravações de alto nível artístico, a sensação de “materialização” no centro do cérebro, é impressionante!

CONCLUSÃO

Acho que o que levou à diversos testes com conclusões tão diferentes, tem duas razões: fontes utilizadas no teste, escolha dos discos (alguns que peguei para ouvir no Tidal, já tem ‘turbinação’ excessiva nos graves) e, o mais importante, volumes acima da zona de segurança! Aí, meu amigo, não há equilíbrio tonal que prevaleça.

Agora, se você busca um fone que seja excelente em termos de equilíbrio tonal, e você queira acima de tudo preservar sua audição por toda a vida, tenho uma excelente notícia: o 99 Classics é perfeito nestes quesitos! Tão perfeito que este aqui não volta mais para o distribuidor!

Junto com os meus outros dois fones de referência, terão estadia permanente (isso se conseguir que minha filha me devolva depois de suas aulas online e de suas audições pessoais).

Aqui em casa ele se tornou o “queridinho” das mulheres!

Nota: 84,0
AVMAG #268
German Audio

contato@germanaudio.com.br
R$ 2.469

FONE DE OUVIDO MEZE EMPYREAN

Fernando Andrette

Você já viu macaco recusar banana?

Então como recusar a proposta do Fábio Storelli de, na sequência do fone 99 Classics, enviar o fone top de linha da Meze?

Se o 99 Classics já havia sido um deleite para os olhos e ouvidos, como descrever o recebimento do Empyrean, em sua magistral caixa com uma mala de metal digna dos filmes de James Bond, em que você abre e descobre uma ogiva de plutônio já em contagem regressiva de acionamento!

Para descrever em detalhes todos os atributos deste fone, somente em um contato tête-à-tête, meu amigo. Pois ele é lindo por qualquer ângulo, e ainda mais belo quando você o escuta! Caro? Sim, mas nada exorbitante frente a alguns de seus principais concorrentes diretos e indiretos.

No site do fabricante, Antonio Meze o descreveu da seguinte maneira: “O Empyrean nasceu da paixão, curiosidade e inovação. Para gerar algo verdadeiramente notável, é preciso ousar e explorar. E foi isso que fizemos, impulsionamos e refinamos os padrões da indústria de fones e alcançamos uma verdadeira “virada de jogo” para os audiófilos”.

Para se atingir este tão alto objetivo, Antonio Meze se associou à Rinaro Isodynamics, que está na vanguarda do desenvolvimento magnético-planar desde os anos 80. A arquitetura usada no desenvolvimento do Empyrean foi uma topologia híbrida batizada de Arquitetura Isodynamic Hybrid Array Driver.

A estrutura da cúpula do fone é ABS fundido em fibra de vidro, com o diafragma isoplanar de espessura de 0,16 g e uma área ativa de 465 mm². Com um ímã híbrido estrategicamente colocado na cúpula em cada lado do diafragma – ímãs de neodímio especificamente organizados para criar um campo magnético isodinâmico, eficiente para uma ativação uniforme em toda a superfície do diafragma. Segundo o fabricante, a principal vantagem deste modelo híbrido é o fato de combinar duas bobinas de voz de formatos independentes, proporcionando desempenho acústico mais seletivo para toda a superfície interna da estrutura do ouvido. Com isso, a distorção harmônica total (THD) é menor que 0,1% em toda a faixa de resposta.

A cúpula é extremamente leve, possibilitando audições muito mais prolongadas. Ultra eficiência (100 dB@ 1 mv/1 khz), alto desempenho sem necessidade de amplificação.
A Meze já solicitou a patente deste primeiro fone magnético-planar híbrido do mundo.
Nos diversos testes já publicados, os revisores citam o impacto e o direcionamento do som, o que permite um melhor senso de localização e um grau de naturalidade e conforto auditivo superior. Para o fabricante, este efeito é conseguido justamente pela maneira que as bobinas são dispostas dentro da cúpula, em forma de espiral, melhorando a imagem e a localização, diminuindo o impacto de atrasos de ondas curtas, causados por reflexões de campos difusos.

O diafragma deste fone é fabricado à partir de um polímero isotrópico termicamente estabilizado, desenvolvido sob medida com uma camada condutora. Com isso se conseguiu (segundo o fabricante) um diafragma ultra leve, porém rígido o suficiente.

Mas o grande “pulo do gato” está no uso de uma bobina de switchback para a reprodução de frequências baixas, e posicionada na parte superior do fone. E a bobina espiral para a reprodução das frequências médias e altas, posicionada diretamente sobre o canal auditivo, permitindo que as ondas sonoras mais diretas entrem nos ouvidos sem atrasos.

Outra abordagem para o Empyrean foi o estudo de ergonomia do ouvido. Eles fizeram protótipos com cúpulas: circular, retangular, elíptica e oval. E chegaram à conclusão que, para o melhor resultado, o driver precisaria maximizar a saída de energia enquanto reduzia o peso, o máximo possível. E conseguiram: ao escolher uma estrutura magnética em torno da forma oval, que se ajusta melhor à orelha. Com isso optou-se por uma bobina que otimizou a área ativa utilizável neste formato.

Outra patente requerida pelo fabricante é um recurso inovador, que utiliza o campo de desmagnetização gerado pelo driver para manter o fone de ouvido em perfeito funcionamento. Suas almofadas ferromagnéticas diminuem o campo de dispersão magnética que afeta a cabeça do ouvinte – essas placas canalizam o campo magnético de volta para o driver. Segundo o fabricante, essa placa ferromagnética de desmagnetização consegue aumentar a eficiência em 1 dB – ou 12% – a eficiência dos drivers, e desviam 95% dos campos perdidos por vazamento lateral dos fones.

Cada driver isodinâmico é montado manualmente dentro da Rinaro, e leva quase 13 horas para ficar pronto. Mas o requinte não termina no desenvolvimento técnico de 30 anos de pesquisa! As hastes de sustentação do fone na cabeça também foram meticulosamente estudadas, para a aprimoração do ajuste perfeito deles, e o uso correto da placa ferromagnética.

Eles perceberam que as hastes utilizadas na esmagadora maioria dos fones não permitem o encaixe perfeito nas orelhas. Com a curvatura desenvolvida, a área de superfície de contato do encosto da cabeça, feito de couro, não só alivia os pontos de pressão como faz que o fone esteja sempre bem encaixado. Posso dar meu testemunho, já que minha vivência com fones não é das mais amigáveis por longos períodos: o conforto deste fone superou todos os fones que já tive ou testei, por longa margem de superioridade!

A estrutura que envolve a cabeça é de fibra de carbono, o esqueleto da cúpula de alumínio esculpido com tempo de CNC de 20 horas, o chassis também em CNC de alta precisão fresado de uma única peça de alumínio sólido, fazem com que este fone tenha um peso final de apenas 430 gramas!

Para o teste utilizamos exclusivamente o amplificador de fone de ouvido do pré Nagra Classic, e as fontes foram: streamer Innuos Zen, transporte CD dCS Scarlatti, com TUBE DAC Nagra, e o analógico foi o toca-discos Timeless Ceres (leia Teste 1 na edição 269) com pré de phono Boulder 508.

Na minha humilde opinião, não há muitos fones concorrentes para este top de linha da Meze. Não por uma questão de superioridade sônica, e sim pela maneira que este fone trata a música e os cuidados que o fabricante teve ao buscar soluções tão inovadoras e eficientes.

Como tudo na vida, a subjetividade é algo que sempre irá prevalecer, principalmente nas escolhas, pois sabemos que apenas eficiência não é a razão principal para se bater o martelo. Existe outras questões que têm o mesmo peso da performance, como: design, acabamento, custo, expectativas, status, etc.

O que me parece óbvio é que o Empyrean, tirando o custo, atende integralmente a todas as outras questões, deixando-o em uma situação confortável em relação a concorrência direta e indireta.

Mas, voltando à questão central – sua performance – tenho que dizer que este fone não é para todos! Ainda que o saldo da conta bancária seja o suficiente para tê-lo. Pois como todo fone deste fabricante, ele não foi feito para estragar nossa audição com volumes acima do limite de segurança. Se o amigo leitor ainda não entendeu os perigos de audições acima de 80 dB de pico em fones, nenhum Meze será uma opção.

Mas, se tens consciência do uso seguro e do prazer que um fone correto tonalmente pode lhe proporcionar, eu recomendo ouvir os fones deste fabricante romeno. Eles foram feitos para quem deseja ouvir sua música com total inteligibilidade e conforto auditivo.

E o Empyrean extrapola tudo o que descrevi sobre o 99 Classics, exponencialmente! Trata-se de uma categoria à parte, e eu o coloco apenas abaixo do inacessível Sennheiser HE 1 – sendo que, em termos de conforto auditivo, o coloco no mesmo patamar do Sennheiser. E no conforto físico, peso, ergonomia, encaixe na cabeça e na orelha, o Empyrean é superior! Todo este pacote por menos de 10% do valor do Sennheiser! É por essa perspectiva que este fone precisa ser avaliado.

E se você levar em consideração que alguns dos seus concorrentes precisam de amplificadores especiais, sua relação custo / performance se torna mais interessante ainda!
O que eu já havia achado excelente em termos de equilíbrio tonal, conforto auditivo, inteligibilidade e ergonomia no 99 Classics, no Empyrean tudo ganha uma nova dimensão. E poder fazer um “a X b” instantâneo é simplesmente dos deuses, pois todas as dúvidas são tiradas imediatamente

A primeira faixa que ouvi em streaming foi o cover Bohemian Rhapsody (Acoustic), de John Adams – só ele e o piano e cordas muito sutis bem ao fundo. Fácil de reproduzir e um grau de inteligibilidade “pêra doce”, até para um sistema modesto. Quando ouvi no Empyrean, tomei um susto com a quantidade de informação a mais, como o reverb na voz do John Adams, que está separada, deixando suas inflexões ainda mais presentes e a relação de volume das cordas com o piano, que não são tão sutis assim, como qualquer um dos nossos fones mostra.

Com este primeiro baque, foi fácil deduzir o que viria pela frente, com temas mais complexos.

Dito e feito.

O segundo streaming foi do trombonista Nils Landgren (disco Fonk da Word) – Riders on The Storm – de 2003. Essa faixa é cheia de efeitos eletrônicos que, quando o equilíbrio tonal é pobre, a sensação é que esses efeitos foram mixados mais alto do que deveriam. O 99 Classics e o Sennheiser HD 800 resolvem melhor essa questão, mas foi o Empyrean que colocou “a casa em ordem”. É um baita trabalho de mixagem, e o equilíbrio tonal é muito correto. O que mais chamou a atenção nesta faixa foi o trabalho do baixo com a bateria, que são muito mais presentes e precisos no Empyrean.

A terceira faixa foi o disco solo do pianista francês Jacky Terrasson – Mirror – na faixa Caravan, de 2007. Meu amigo, que gravação espetacular! Obra que colocará seu sistema à prova em termos de equilíbrio tonal, textura, macrodinâmica e transientes. Vou resumir o que se passou em uma única frase: nos nossos fones de referência (HD 800, 99 Classics e Grado SR325e) o resultado impressiona, cada um com sua assinatura sônica particular. Mas nenhum dos três no transporta para a sala de gravação (não estou falando da técnica, e sim de estar alí com o pianista, sentado confortavelmente em um sofá à três metros do piano).

Pois este fone nos coloca nessa posição privilegiada.

Passando para música clássica, tanto em LP como CD, brinquei com o Chris Pruks, que não sabia que todos os maestros gemiam e sussurravam enquanto regem! Todos sem exceção geram ruído, alguns quase que inaudível, outros poderiam concorrer com o pianista Keith Jarrett, rs!

Neste fone, independente do volume, o grau de inteligibilidade será pleno. Tornou-se para mim o melhor fone para monitoração de gravação que conheço na atualidade. E, se um dia tiver o prazer de encerrar minha carreira voltando a gravar, certamente farei um baita esforço para ter um Empyrean para monitorar e mixar minhas gravações! Como a esperança é a última que morre, quem sabe consigo ainda realizar ambos!

Mas, voltando à questão de inteligibilidade, não pensem que que ele se torna um fone analítico e frio. Pelo contrário! Seu equilíbrio tonal não permite que ele se perca neste meandro da ultra transparência. O que ocorre é que ele só devolve à tona o que estava submerso, tanto pelo seu silêncio de fundo, pela sua incrível resposta linear, seu grau de neutralidade e, claro, pela topologia desenvolvida.

Este “pacote” de qualidades é que o fazem um fone único em sua forma de esmiuçar e nos entregar todas as qualidades e defeitos existentes em todas as gravações.

Porém, o que mais me agradou foi o fato de que neste fone os volumes de audição podem ser reduzidos ainda mais do que no Meze 99 Classics. Isso para mim é um marco, pois consegui no Nagra reduzir em quase 2 dB o volume que utilizo nos meus outros fones de referência, sem perder nada do equilíbrio tonal, dinâmica ou inteligibilidade.

Seu silêncio em volta de cada instrumento é uma qualidade rara, que só havia notado no top de linha da Sennheiser. As ambiências são divinas, ampliando o gosto por audições de música clássica, já que os solistas não se misturam ou se sobrepõe à orquestra.

CONCLUSÃO

Disponibilizar 30 mil reais em um fone de ouvido pode parecer algo inconcebível nos dias de hoje, e entendo perfeitamente a indignação de muitos de vocês.

Mas estamos falando de um fone com uma topologia nova, feito de maneira artesanal, e que ainda assim não é dos mais caros, já que ele custa 3.000 dólares, e existem muitos concorrentes que custam duas, três, dez vezes mais.

Não é um fone para ser usado na rua, com o celular, ou em um sistema modesto. É um fone para quem possui um sistema Estado da Arte Superlativo e deseja, nas horas que não pode escutar seu sistema, desfrutar de sua música em um fone excepcional. Tudo nele foi pensado para que o ouvinte escute sua música de maneira integral com absoluto conforto auditivo.

Se podes ter este “mimo” em sua vida, faça-o!

Nota: 98,0
AVMAG #269
German Audio

contato@germanaudio.com.br
R$ 26.400

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