Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Tentar fazer prognósticos para um ano que parece ser o “lado B” de 2020, e ainda mais incerto, e sem grandes esperanças no horizonte, relatar que ao menos nesta pequena ilha de mercado, um mero nicho do nicho de consumo, março deste ano se mostra muito mais promissor que o mesmo período no ano passado. Recebemos uma dezena de excelentes produtos para teste, que cabem no orçamento de muitos dos nossos leitores, e outros mais “salgados”, mas que também podem ser colocados na lista de futuros upgrades, quando essa “tempestade” passar. E o mais importante: a procura para teste de inúmeros novos fabricantes nacionais de racks, caixas acústicas, cabos, amplificadores e toca-discos.
Neste mês, já estamos apresentando o cabo de caixa da Virtual Reality (leia teste 4), que possui uma relação custo/performance impressionante e que com certeza atenderá uma imensa legião de melômanos e audiófilos que desejam um cabo Estado da Arte, a preços incrivelmente condizentes com este momento de crise tão intensa. Outra ótima descoberta, foi o pré de phono Stellar da PS Audio (leia teste 3), que pode ser perfeitamente o pré definitivo em qualquer setup analógico Estado da Arte de nível superlativo, por uma fração do que custa os melhores prés de phono atuais. Mas também testamos duas caixas: uma coluna e uma book (leia testes 1 e 2), que certamente atendem a muitos que precisam (ou desejam) a caixa definitiva para seus sistemas e estão adiando este upgrade há muito tempo, por não se sentir seguro se é o momento ou não de dar este passo.
Também achamos que era o momento propício de lançarmos a seção Mercado Internacional, que ficará sob responsabilidade de nosso novo colaborador Tarso Calixto, que mora na Holanda há muitos anos e que aceitou o desafio de nos municiar e mostrar como o mercado de áudio na Europa vive este momento. Nesta primeira edição, ele fez uma visita às principais lojas de áudio na Holanda, e nos mostra como elas buscam atender uma clientela cada vez mais diversificada e muito preocupada em ter o melhor, pelo menor preço possível. O que mais chamou a atenção é que o mercado na Holanda não é tão diferente do nosso (em termos de pechinchar e “andar muito” antes de bater o martelo), apenas com uma maior renda e preços muito mais estáveis do que neste triste trópico. Mas lá, como aqui, se o produto usado não entrar no negócio, nada feito. Essa realidade, infelizmente, muitos importadores ainda resistem por aqui, mas será cada vez mais prática comum. Falo e escrevo sobre este aspecto das mudanças de mercado há anos, e o motivo é óbvio, o mercado hi-end no Brasil já completou três décadas, pós reserva de mercado, então o número de produtos usados é grandioso e precisa circular e atender aos que estão descobrindo o hi-end. Então, ou os importadores se adaptam a essa realidade (fazendo parcerias com as lojas de usados, ou criando um departamento de usados, algo tão comum na Europa e Ásia), ou irão perder mercado para os importadores que já atuam desta maneira.
Também nesta edição, toco em um assunto espinhoso, na seção Opinião, sobre o uso ou não de equalizador em um sistema hi-end, tema em discussão em inúmeros fóruns internacionais e nacionais que acredito ter chegado a hora desta publicação se posicionar a respeito. Acredito que possa ser de enorme valia para aqueles leitores que estão dando os primeiros passos e se sentem completamente perdidos com este tsunami de informações tão antagônicas. Pois se existe algo extremamente perigoso no áudio hi-end, é não saber exatamente o que se deseja e que direção tomar. Nesta situação, o índice de erro pode ser assustador e levar o consumidor a gastar muito mais do que quer – ou, pior, do que pode. Informação, nunca é demais, principalmente se é de graça.
Espero que todos estejam com a moral em alta, apesar de tudo ao nosso redor querer nos jogar ao fundo do poço. Tive um grande amigo asiático, o sr. Sun (já falei dele aqui em um Espaço Aberto), que sempre que me via desanimado me dizia o seguinte: “Se você se deixar dominar pelo desânimo, as chances de encontrar a saída certa se tornam ainda mais difíceis de enxergar”.
Nunca um conselho foi tão útil!