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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

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Quando o Fábio Storelli me perguntou se gostaríamos de testar o novo pré de phono da PS Audio, eu pensei: claro, afinal falam tão bem dele, e a um preço tão competitivo.

E uma semana depois de nossa conversa, recebo uma embalagem de peso razoável, protegendo um pré de phono de boa aparência e proporções, que parecem mais de um pré de linha do que exatamente de um pré de phono.

Desembalado, o que chama a atenção é seu acabamento simples, mas de construção para suportar uma guerra nuclear. Antes de descrever em detalhes os painéis traseiro e frontal do Stellar, gostaria de falar um pouco de quem desenvolveu este produto para a PS Audio. Trata-se do engenheiro Darren Myers, um promissor talento de apenas 30 anos, apaixonado desde a adolescência por vinil.

Myers teve a incumbência de desenvolver um pré sofisticado, com inúmeros recursos, e que tivesse um valor final extremamente competitivo. Interessante lembrar que o primeiro produto da PS Audio, lançado em 1975, também foi um pré de phono.

Para o desafio, Myers utilizou a última geração de semicondutores FET e circuitos analógicos de classe A disponíveis no mercado, para dar ao seu produto um som mais quente, semelhante aos melhores prés de phono de válvula existentes no mercado.

No entanto junto com essa assinatura sônica, a preocupação tanto com o piso de ruído e com a macrodinâmica foram os pontos centrais deste novo projeto.

O que mais me impressionou no Stellar foi sua facilidade de ajustes: tudo via controle remoto, o que é uma enorme novidade em sua faixa de preço, pela comodidade que dá ao ouvinte e pela precisão dos comandos e ajustes. A objeção é que você precisa ter sempre à mão pilhas de reservas para não ficar ‘na mão’, pois o controle remoto é vital!

No Stellar você tem uma gama de recursos, também bastante incomuns na sua faixa de preço, como: a escolha de entradas MM e MC, com três níveis de ganho para MM (44, 50 e 60 dB) e MC (60, 66 e 72 dB) e selecionar no controle remoto a carga mais adequada à sua cápsula como: 60 Ohms, 100 Ohms, 200 Ohms ou 47 kOhms. E se nenhuma dessas opções for a ideal, você pode desativar no controle remoto essas configurações pré estabelecidas e fazer a sua personalizada que varia de 1 Ohm (knobs totalmente fechados para a esquerda) à 1 kOhm (knobs totalmente abertos para a direita). Este par de knobs fica no painel traseiro do Stellar.

Voltando ao controle remoto, você tem à disposição o botão de liga/desliga e o Mute, que acende um LED vermelho no painel, sendo o resto dos leds, azuis para o usuário saber se a entrada ligada é MM ou MC, o ganho e a carga pré selecionada ou a personalizada.
Tudo fácil de decorar em um único dia.

Na parte traseira, temos o cabo de força IEC, o botão de liga/desliga (é interessante o deixar ligado e desligar no controle remoto, para o produto ficar em standby), as entradas MM e MC todas RCA, saídas RCA e XLR, e os knobs para ajuste personalizado e a conexão do terra.
Myers tem uma visão muito ‘pessoal’ de como os prés de phono modernos devem soar, e o que ele evitou. Ele fala, por exemplo, do inconveniente de som superexposto, em que os transientes tendem a acumular muita energia, principalmente nas altas frequências e isso compromete o contraste tonal. Então para evitar este ‘inconveniente’, ele implementou um circuito totalmente discreto que não depende de grandes quantidades de feedback global para reduzir a distorção ou aumentar a largura de banda.

Seus circuitos foram projetados para ser equilibrados tanto no grau de transparência como no equilíbrio tonal correto. Para alcançar este objetivo, Myers projetou um circuito que é acoplado em CC da entrada à saída, e não contém nenhum circuito complementar.

O caminho de sinal curto utiliza MOSFETS e JFETS Toshiba em paralelo, que são diretamente acoplados a amplificadores discretos de baixo feedback e alta largura de banda.

Cada estágio de saída totalmente classe A usa um único dispositivo MOSFET. Com isso, Myers garante ter alcançado seu objetivo de distorção subjetivamente inócua, em comparação com prés de phonos mais ‘sofisticados’.

Quando estávamos amaciando o Stellar, um amigo vendo a facilidade que é comandar o Stellar, me perguntou: E se faltar pilha? Você ainda pode operar o PS Audio, mas aí você terá que recorrer ao manual, pois existem alguns ‘macetes’, como ter que manter o botão de logotipo pressionado por mais de 3 segundos para ativar, por exemplo, a função Mute.

E precisará ler de cabo a rabo as observações de como mudar os comandos. Então a melhor opção é: deixe pilhas de reservas e cuide bem do seu controle remoto, pois ele é o passaporte para dias sublimes de audição.

Li em alguns testes que o Stellar pode sofrer algum tipo de interferência se próximo de alguns outros equipamentos eletrônicos. Em nossa sala, no período de dois meses que esteve em teste, não tivemos nenhum tipo de zumbido ou ruído.

Para isso, seguimos à risca as dicas de distanciamento de cabo de força em relação a outros cabos, fizemos a lição de casa de se certificar que o aterramento estava bem fixado no painel traseiro do Stellar e o deixamos na segunda prateleira do nosso rack analógico, com excelente ventilação. Afinal, o Stellar depois de algumas horas ligado esquenta razoavelmente.

Para o teste, utilizamos os prés de phono Boulder 508 e Luxman EQ-500 (leia teste na edição de abril/2021) como comparação, toca-discos Acoustic Signature Storm, braço Enterprise da Origin Live de 12 polegadas (leia teste na edição de aniversário em maio/2021), cápsula Hana Umami Red, e cápsula Grado Platinum3. Cabos de força: Sunrise Lab Quintessence, Virtual Reality, e Transparent PowerLink MM2. Cabos de interconexão RCA: Sunrise Lab Quintessence e Virtual Reality. XLR: Dynamique Audio Apex, Sunrise Lab Quintessence e Virtual Reality.

O Stellar é o tipo de produto que você irá se maravilhar de imediato, pois além de todas as suas infinitas possibilidades, é muito bem construído, como já disse algumas linhas acima.
Mas, é preciso paciência com o tempo de amaciamento, pois este será longo. Darei um exemplo: nenhuma cápsula utilizada no teste ficou com o mesmo ajuste inicial. Pois à medida que o amaciamento avança, seu equilíbrio tonal vai cada vez mais refinando e
aprumando.

Com a cápsula Hana Umami Red começamos com 1 kOhm e, no final da queima de 300 horas, ela foi ajustada em 500 Ohm. O mesmo com a cápsula Grado. Então, se aceita um conselho importante: nada de chamar os amigos antes do ajuste final de todo o setup analógico. Se seguires à risca esse conselho, o que o Stellar oferece pelo que custa é um verdadeiro assombro!

Não é à toa que todos os revisores que tiveram a oportunidade de testar este pré de phono, ficaram impressionados com sua performance. É redundante dizer todos os meses que o mercado hi-end evoluiu tanto que, agora, todos com paciência em fazer um pé de meia, podem ter num sistema Estado da Arte gastando um décimo do que necessitariam dez anos atrás. Essa mudança é que impulsionará a sobrevida do hi-end no mundo.

Não tenho a menor dúvida. Pois pessoas apaixonadas por música sempre irão existir e com preços mais ‘realistas’ é a porta de entrada para muitos melômanos que achavam o mundo hi-end algo inacessível para eles.

Para muitos, 4 mil dólares em um pré de phono está fora de cogitação, e entendo perfeitamente as críticas que cairão sobre a minha calva cabeça, mas o que estou tentando dizer é que este é um pré que tem qualidades suficientes para ser o pré definitivo por muitos anos, então é o tipo de investimento que precisa ser pensado em longo prazo. E, se diluído em uma década, seu preço se torna irrisório.

Dada esta explicação, vamos aos fatos e observações auditivas que extraímos do Stellar. Em nenhuma hipótese o usuário deste pré de phono se sentirá sem o cinto nas calças, pois ele é compatível com qualquer cápsula existente no mercado – este é um ponto importante, pois sabemos que todo setup analógico de alto nível está sempre realizando upgrades de cápsulas, muito mais do que de braços e toca-discos.

A segunda questão essencial é que sua assinatura sônica o coloca no mesmo nível que muitos prés de phonos custando o dobro.

A terceira observação é que, com seu nível de performance, faremos aquela fatídica pergunta que todo audiófilo intimamente se faz: preciso de mais que isso? A resposta provavelmente será não (desde que você já tenha saído da fase de um compulsivo ‘aparelhófilo’, para a fase de um consciente admirador da música, acima de tudo).

O Stellar diria ser um pré de phono moderno, que abriu mão de um acabamento externo exuberante para focar apenas no que existe debaixo de seu capô. E o resultado tenho certeza agradará à uma grande maioria de ouvintes que deseja ouvir suas gravações de forma correta, mas sem fogos de artifícios ou qualquer pirotecnia, que depois de alguns meses causa enorme estragos em sua coleção de discos ao expurgar grande parte delas por não ter um nível técnico excelente.

Ao contrário, o Stellar é bastante condescendente com gravações tecnicamente limitadas e muito exuberante com gravações boas e excelentes. Então, se você é um audiófilo ‘conciliador’, esta notícia lhe será muito importante.

O projetista realmente cumpriu o que prometeu: um pré de phono tonalmente correto e transparente na medida certa. O que sempre achei de inúmeros prés de phonos que tive, que testei e ouvi, é que a maioria tinha uma assinatura sônica muito relevante, caindo para o lado oposto da neutralidade. Quando isso ocorre, muitos discos fatalmente serão deixados de lado, pois não é possível agregar tudo, não nesta faixa de preço. Então, encontrar prés mais acessíveis com uma assinatura mais próxima da neutralidade é uma notícia animadora. E eles existem – e o Stellar é a prova do que aqui afirmo.

Outra reclamação que escuto frequentemente é que todo setup analógico é muito exigente para se extrair o sumo do sumo. Sim, é verdade, mas hoje temos cápsulas e toca-discos de nível médio para alto, que atendem perfeitamente as necessidades e expectativas de muitos. E, como o, Stellar não custam um caminhão de verdinhas.

Gostei muito do equilíbrio tonal do Stellar, principalmente as duas pontas, onde prés ditos ’intermediários’ geralmente pecam por limitação ou coloração.

A região média possui a transparência na medida certa, não deixando as audições cansativas nunca.

Agora, se o ouvinte gosta de uma ‘coloração’ que torna o som mais ‘palatável’, esqueça o Stellar, pois ele não atende a este requisito.

Ao contrário, ele deixará claro o que todas as gravações têm de melhor e pior, mas o faz com enorme competência e precisão. Aí cabe ao ouvinte dar ao Stellar cápsulas com características que complementem essa ‘qualidade’ (coloquei qualidade entre aspas, pois sei que para muitos este não é um requisito interessante – mas para quem, como eu, preza acima de tudo o melhor equilíbrio tonal possível, é um alento que o Stellar trilhe este caminho).

O soundstage do Stellar é outro ponto alto, pois além de uma enorme folga em termos de planos, tem a qualidade de nos brindar com um foco e recorte de produtos de nível superlativo. Amantes de música clássica irão se deliciar com os planos corretos e o silêncio de fundo, possibilitando um foco, recorte e ambiência maravilhosos!

As texturas ainda continuam sendo o ponto mais alto do analógico, junto com o corpo harmônico. Se o leitor quiser saber o nível de qualidade de textura e corpo harmônico, ele precisa ouvir um setup analógico impecavelmente ajustado – ele terá ideia do nível destes dois quesitos da Metodologia na reprodução eletrônica. Mas, se prepare, pois o amigo certamente ficará uns dias com seu setup digital desligado.

Os transientes são do mesmo nível e precisão em termos de tempo, andamento e ritmo dos mais caros prés de phonos já testados por nós. Aqui o ouvinte fatalmente irá bater o pé no andamento do compasso, sempre!

A macrodinâmica é muito bem resolvida no Stellar, sem ter a mesma energia de nossa referência, o Boulder 508, mas com degraus suficientes para o ouvinte acompanhar os crescendo do forte para o fortíssimo sem cortes repentinos – chamo de cortes repentinos como relapsos auditivos em que temos o início do crescendo e o finale, sendo que o meio parece menos inteligível. Um bom exemplo para este crescendo dinâmico, são tímpanos de orquestra, em que temos um crescendo lento, mas intenso, ou percussões japonesas, com estes exemplos, você perceberá o nível de qualidade de crescendo macrodinâmico de seus sistema. Se embolar o meio, comece por tentar descobrir o elo fraco deste quesito no setup.

Já a micro é de alto nível, graças ao excepcional silêncio de fundo deste pré de phono.

O corpo harmônico é uma questão bem resolvida há décadas no setup analógico, então até prés de entrada bem construídos não têm a menor dificuldade em reproduzir os instrumentos em seu tamanho real. Mas muitos jovens ficam em estado de choque ao ouvir pela primeira vez o tamanho real de um saxofone tenor ou barítono, um piano ou um contrabaixo tocado com arco!

O Stellar, como todos os excelentes prés de phono, graças ao seu silêncio de fundo, nos propicia um corpo harmônico preciso, com o detalhe de um silêncio à sua volta muito realista! Então, descrever a organicidade deste pré é como ‘chover no molhado’!

A materialização do acontecimento musical é plena e nos possibilita ver o que ouvimos de forma quase holográfica.

Posso afirmar que estive a poucos metros de distância de Frank Sinatra, Billie Holiday e de Ella Fitzgerald, como poucas vezes estive antes!

CONCLUSÃO

É difícil imaginar alguém, não se sentindo pleno de que fez a escolha certa ao ouvir este pré de phono (exceto como escrevi os que não abrem mão de uma coloração para ’aquecer’ as gravações).

O Stellar é um excelente pré de phono em todas as direções que olhemos. Claro que você encontrará ‘algo a mais’ em outros prés também Estado da Arte – mas a que preço?

O nosso pré de Referência custa o dobro, e com isso temos maior neutralidade (tão importante para o nosso trabalho), extremos mais refinados e um equilíbrio tonal ainda mais detalhado – mas quantos melômanos e audiófilos estão atrás deste grau de perfeccionismo ou precisam de tanto detalhamento?

Para a esmagadora maioria de nossos leitores que querem apenas achar seu pré de phono Estado da Arte definitivo, que possua compatibilidade com qualquer tipo de cápsula MM e MC do mercado, acho difícil olhar em outra direção. Pois o Stellar foi desenvolvido pensando em atender ao maior número possível de consumidores que querem qualidade, comodidade (pelo controle remoto), performance e custo acessível. E, convenhamos, um pacote com todos esses atributos por este preço, é como moeda rara. É preciso procurar muito para achar.

Se o leitor já possui um sistema Estado da Arte, e deseja dar um toque ‘superlativo’ no seu setup analógico, escute o PS Audio Stellar, e certamente entenderá a razão de tantos testes tão positivos e eloquentes!


PONTOS POSITIVOS

Um produto extremamente coerente e de alta performance.

PONTOS NEGATIVOS

Absolutamente nada neste nível de preço.


ESPEFICICAÇÕES
VoltagemAjustada de fábrica
Tomada ACIEC C14
Consumo ocioso26 W
Fusíveis• 120 V: T250 V-1.6 AH (1.6A Slow Blow)
• 230 V: T250 V-1 AH (1A Slow Blow)
Entradas de áudioRCA (não balanceado) MM, MC
Saídas de áudio• RCA (não balanceado) 1 par estéreo
• XLR (balanceado) 1 par estéreo
DC Trigger3.5 mm 12 VDC (2)
Ganhos• MM: 44 dB, 50 dB, 56 dB
• MC: 60 dB, 66 dB, 72 dB
Carga de entrada• MM: 47 KΩ (100 pF)
• MC: 60 Ω, 100 Ω, 200 Ω, 47 KΩ, Custom 1-1 KΩ
Impedância de entrada• Não balanceado <200 Ω
• Balanceado <200 Ω por perna
Resposta de frequência20 Hz – 20 KHz (+/- 0.25 dB)
Distorção harmônica<0.01%
Saída máxima24 VRMS
Relação sinal/ruído• MM: >82 dB
• MC: >74 dB
Crosstalk74 dB
Consumo26 W
Dimensões43 x 8.25 x 33.02 cm
Dimensões embalado55.88 x 20.32 x 43.18 cm
Peso9.8 kg
Peso embalado11.4 kg
Opções de corPreto ou Prata
PRÉ DE PHONO PS AUDIO STELLAR
Equilíbrio Tonal 13,0
Soundstage 12,0
Textura 13,0
Transientes 12,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 13,0
Musicalidade 12,0
Total 100,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADO DA ARTE SUPERLATIVO



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