Teste 4: CABO DE CAIXA THUNDER TRANÇADO DA VIRTUAL REALITY

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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Conheci a Virtual Reality através do César Miranda, que um dia em nossas conversas me perguntou se eu já havia escutado algum dos cabos deste fabricante. E que, se eu quisesse, ele poderia me colocar em contato com o Ebert Carlos Goulart, o projetista e fundador. E me enviou uma série de fotos de cabos de caixa, força e interconexão para eu ver o esmero de construção e detalhes.

Marcamos então uma visita do Ebert à nossa sala, junto com o César, e aí pudemos conhecer praticamente toda a linha – exceto o novo cabo de força trançado que ainda estava em revisão auditiva final.

A formação do Ebert é bastante interessante, pois atuou em várias frentes nesses últimos 20 anos. Eletrônico especializado em alta tensão, geração e controle de sistema elétricos, e amante de equipamentos de áudio desde muito cedo. Como todo amante curioso,
sempre quis saber como as coisas funcionam, e daí partiu seu interesse por construir seus próprios equipamentos, desde caixas acústicas até amplificadores.

Aos 20 anos já estava produzindo sistemas de PA, e aí conheceu o áudio Hi-End e descobriu um mundo completamente novo à sua frente. Começou seu estudo deste mercado, querendo entender as diferentes assinaturas sônicas de cabos, percebeu que materiais nobres adquiridos na indústria elétrica de ponta para a produção de cabos de melhor qualidade, era o essencial. Então, o segundo passo foi pesquisar os possíveis fornecedores deste material elétrico para a criação de sua linha de cabos.

Em parceria com Adonias Jr, audiófilo e dono do Estúdio Arsis, que tem em sua carreira dois prêmios Grammy Latino, utilizaram o conhecimento de Adonias para os testes dos futuros produtos da Virtual Reality. Dessa parceria surgiu o cabo USB, configurável, permitindo ajustes finos enquanto se escuta o cabo, algo bastante interessante que desconheço ser utilizado por outros fabricantes de cabos.

Nos últimos três anos, a Virtual Reality já correu o Brasil e conseguiu uma rede de clientes fiéis e apaixonados pelos produtos. Seus testemunhos são eloquentes o suficiente para, ao menos, levantar a curiosidade dos que desconhecem os produtos da empresa.

Então, como sempre fazemos, solicitamos um set completo de cabos para podermos ouvir por meses em todos os produtos que nos chegam para teste, e também para finalizar nota em nosso Sistema de Referência. Como nosso leitor já sabe de nosso procedimento, escolhemos um cabo para iniciar a apresentação e, na sequência, iremos apresentando toda a família. Essa escolha não tem nem um critério pré estabelecido, vai apenas pela urgência ou necessidade de momento.

Então o cabo escolhido foi o cabo de caixa Thunder Trançado, já que estávamos com uma fila de caixas em teste grandiosa para o início do ano. E ele ajudou a amaciar duas caixas Elac da série Debut Reference, que serão apresentadas na edição de Abril e Maio.

Existem dois cabos de caixa Thunder: o Estruturado e o Trançado, com assinaturas sônicas bem distintas, mas que mantêm (obviamente) o mesmo DNA. E que podem ser até usados em conjunto (tanto em sistemas em biamplificação como em bicablagem). Mas por questões de critério, achamos mais conveniente apresentá-los separados, para que o nosso leitor possa fazer sua escolha baseado em suas necessidades e expectativas.

O Thunder Trançado é confeccionado com material produzido na Alemanha, com condutores OHFC de alta pureza e isolação em PE. Utiliza 10 condutores de 1mm2, normalmente configurado como single-wired. O detalhe que me chamou muito a atenção é que este cabo não possui acabamento externo, sendo a própria trama o acabamento do cabo, com isso ele é super leve e fácil de se adaptar à espaços tortuosos e apertados – gostei demais de sua facilidade de uso no dia a dia. As terminações podem ser Banana (ouro ou ródio) ou forquilha (ouro).

O fabricante, em seu site, descreve algumas possibilidades de uso do cabo para determinados sistemas com deficiências ou necessidades de compensação em determinadas frequências. Eu, no entanto, preferi seguir em outra direção ao analisar os cabos da Virtual Reality buscando ouvir seu comportamento dentro dos quesitos de nossa Metodologia. Então deixamos de lado as observações do fabricante (ainda que sejam importantes para o consumidor se situar no que busca e pretende para corrigir seu sistema).

Para o teste utilizamos as seguintes caixas: Elac Debut Reference DBR62 e DFR52 (coluna), Elipson Legacy 3230 (leia teste 1 nesta edição) e Wilson Sasha DAW. Integrados: Sunrise Lab V8 SS, Cambridge Audio CX-A81, e Leben CS-300F. E o nosso Sistema de Referência completo.

Não sei se os cabos vieram ou não com um pré amaciamento, mas saíram tocando muito bem (todos que já estão em processo de análise).

O Thunder trançado possui um ótimo equilíbrio tonal, com as pontas muito bem estendidas e no extremo alto, decaimento correto, que nos permite ouvir em detalhes as ambiências. No outro extremo, graves com corpo, peso e deslocamento de energia. A região média é muito bem apresentada, com excelente equilíbrio entre transparência e naturalidade. Com este equilíbrio tonal, a sensação de conforto auditivo e interesse em acompanhar a música é intenso e muito convidativo.

Foi o casamento ideal para ambas as caixas da Elac, sendo que no caso da book o Thunder ‘evidenciou’ ainda mais a exuberante região média da caixa (leia teste na edição de abril).
O soundstage, em termos de largura, altura e profundidade, se saiu muito bem, permitindo o ouvinte entender os planos e a sensação de 3D em um palco holográfico. Caixas books são primorosas em apresentar este palco 3D quando possuem espaço suficiente à sua volta. E como essa é uma das maiores qualidades da book Elac, novamente aqui o casamento se mostrou primoroso! Nas caixas maiores, essa qualidade do Thunder também se fez presente, mas não com tanta precisão como na book.

As texturas deste cabo são exemplares, pois conseguem ser precisos, fidedignos e ao mesmo tempo naturais. Essa qualidade certamente é consequência direta do seu equilíbrio tonal.

Gostei muito dos transientes, rápidos, corretos e com aquela ’pegada’ tão necessária para o andamento não soar letárgico ou ’descompromissado’. Temos um exemplo matador para fechar a nota deste quesito: Canto Das Águas do André Geraissati, faixa 5, gravação produzida pela Cavi Records e presente no disco que encartamos na Musician também.

Quando apresentada em um setup com algum problema na resposta de transientes, parece que o violonista pensou antes de executar e digitar a nota – fica aquela sensação de um músico ensaiando e não gravando ’a boa’. E quando os transientes estão perfeitos, a diferença de apresentação é audível, pois as notas soam com enorme precisão, mostrando o grau de virtuosidade e concentração do músico. Este mesmo fenômeno pode ser dito de outra maneira, como aquele sistema que o faz acompanhar o ritmo com os pés de forma contagiante, ou não.

Interessante observar como os objetivistas descartam as reações psicoacústicas e emocionais, ao ouvirmos música. Pois essas reações nos mostram muitos elementos de como nosso cérebro, o sistema auditivo e nosso corpo reagem a distintos sistemas. E como não somos máquinas e não escutamos ondas quadradas e senoidais em nossos momentos de lazer – e sim música – este ‘pequeno detalhe’ deveria ser levado em consideração pelos objetivistas, ao menos como fonte de estudo. Este é o mote central de nossos Cursos de Percepção Auditiva: mostrar ao participante a diferença abismal entre escutar e ouvir. Mas isso é assunto para os leitores que participarem dos nossos futuros cursos, assim que estivermos todos imunizados.

O cabo de caixa Thunder passou neste quesito com louvor!

A dinâmica também se mostrou muito correta, tanto em termos de micro como macro. Faltou aquela ’impetuosidade’ na precisão auditiva de escala crescente (ou degraus), no forte para o fortíssimo, compensada perfeitamente com um grau de inteligibilidade nas passagens mais complexas, que não torna a audição das macro-dinâmicas cansativas ou resulta na terrível consequência de endurecimento do sinal ou deixa o som nessas passagens
bidimensional. A micro, com o seu grau de transparência e equilíbrio tonal é excelente.

O corpo harmônico é outra bela surpresa deste cabo, pois tanto com mídia analógica como digital foram muito fidedignas dentro das qualidades e limitações de cada mídia. O contrabaixo tocado com arco do nosso disco Timbres, tem um corpo muito correto do instrumento (principalmente captado com o microfone B&K 4006), e mesmo na book Elac o resultado foi magnífico.

Muitos leitores ainda julgam este quesito como uma ‘confeitaria’ ou um detalhe de menor importância entre os demais quesitos. Grande engano quem assim pensa, pois, nosso cérebro quando acostumado a ouvir música não amplificada ao vivo, se torna exigente demais para achar que corpos do tamanho de uma ‘pizza brotinho’ irá fazê-lo acreditar que aquilo é uma reprodução fidedigna da realidade. Seu cérebro não pode ser subjugado, amigo leitor, ele sabe exatamente o que o aproxima da realidade ou não, então se ainda não entendeste a importância do corpo harmônico, está na hora de você rever seus conceitos. E o Thunder é muito bom na reprodução do tamanho dos instrumentos em gravações nas quais este detalhe foi bem captado, e não se perdeu na mixagem e na masterização.

A materialização física do acontecimento musical (organicidade), depende muito mais da eletrônica e das caixas do que de um cabo. Mas, às vezes, um cabo com alguma deficiência em um ou dois dos nossos quesitos, pode por este momento ‘mágico’ (de termos os músicos à nossa frente) por terra abaixo. Não foi este o caso do Thunder – ao contrário, este quesito reforçou o quanto este cabo de caixa é eficiente em todos os quesitos de nossa Metodologia e o quanto é consistente e coerente!

Com este alto grau de equilíbrio, o resultado é sempre o mesmo na musicalidade. E o Thunder, no último quesito de nossa Metodologia, se mostrou altamente musical. É o tipo de cabo com o qual o prazer de ouvir música será sempre integralmente correspondido.

E não é isso que todo audiófilo e melômano busca, incansavelmente, pelo longo da vida?

CONCLUSÃO

Ouço por 25 anos (sim, estaremos em maio completando 25 anos de vida! Quem diria!), que somos uma revista elitista que só defende o que é caro e inacessível à esmagadora maioria dos leitores. E esses mesmos ’desafetos’ que teimam em nos criticar, quando apresentamos um produto de excelente performance barato e acessível à esmagadora maioria de nossos leitores (como a coluna Pioneer modelo SP-FS52 by Andrew Jones), somos acusados de estarmos baixando o nível dos produtos testados (como é duro agradar à gregos e troianos!). Ou, pior: dizem que só falamos bem, ou demos a nota que demos, por estarmos sendo ’pagos’ para isso. Eu realmente relevo esse tipo de comentário, pois o que tem de leitor vivendo feliz com esta Pioneer anula cada uma das críticas, das mais ingênuas às mais virulentas e mentirosas.

Mas iniciei a conclusão abordando este tema, justamente para falar que o mercado acaba de ganhar um cabo de caixa Estado da Arte de excelente custo/performance, que vai permitir a todos que desejam realizar um upgrade seguro, gastar menos de 1.000 reais!

Então não há mais necessidade de achar que nunca será possível montar um sistema de alto nível com um orçamento reduzido, pois este tempo de ‘segregação’ financeira no universo hi-end acabou!

O Thunder Trançado é um cabo surpreendente pelo que soa e pelo que custa, e a Virtual Reality merece todo o apoio e incentivo nosso e dos leitores que acreditam em nossa Metodologia e nossa integridade.

Se você deseja ter um cabo Estado da Arte em um sistema com orçamento limitado, esta é sua chance.

Ouça-o e se surpreenda como nós!

CABO DE CAIXA THUNDER TRANÇADO DA VIRTUAL REALITY
Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 11,0
Textura 12,0
Transientes 12,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 11,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 12,0
Total 91,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADODAARTE



Virtual Reality
ebertgoulart@icloud.com
(12) 99147.7504



CABO DE 2 METROS:
• single com terminal banhado à ouro - R$ 760
• single com terminal banhado à ródio - R$ 800
• com forquilha single - R$ 840

1 Comment

  1. Jean disse:

    Gostei da reportagem é bem explicativa, parabéns. Precisamos adquirir para testar toda essa sonoridade.

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