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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Quem nunca perdeu seu tempo lendo artigos que contam as ‘bizarrices’ criadas em diversos segmentos das indústrias de tecnologia? Eu recentemente me deparei com um extenso artigo, contando sobre os 20 aviões mais inúteis já produzidos na indústria aeronáutica. Alguns, realmente, beiram ao ridículo e fica difícil imaginar que não tenham sido abortados logo na apresentação da ideia. O mesmo você encontrará na indústria automobilística e, pasmem, até na Fórmula 1, que já colocou nas pistas carros que provaram ser verdadeiras ‘carroças’! Porém, arrisco dizer que o número de notoriedades inúteis, como as fabricadas pela indústria do áudio é, hors-concours – pois ela se estende por todos os nichos, dos acessórios aos eletrônicos e, claro: caixas acústicas. Já mostramos algumas nas seções Espaço Aberto e Opinião, mas elas são tão constantes que, se quiséssemos, elas poderiam tranquilamente se tornar uma seção fixa, como o Hi-End pelo Mundo, produzido mensalmente pelo colaborador Christian Pruks. Eu as recebo semanalmente, e tenho-as guardado em minhas anotações pessoais, pois acho que merecem ser no futuro objeto de estudo, pois atrás de cada um desses produtos tem uma mente que gastou tempo planejando, seu dinheiro construindo e, certamente, esperando por reconhecimento de seu trabalho. Como editor da revista, já passei por algumas ‘saias justas’ ao ser apresentado a projetos que não têm a menor chance de vingar. E dizer isso com jeito, sem ferir suscetibilidades, é uma das tarefas mais complicadas que já vivenciei à frente da revista. Pois aquilo é para a pessoa como um filho, e não se fala coisas desagradáveis sobre os filhos dos outros, não é verdade? Mas como as ‘bizarrices’ tem se multiplicado mundo afora, resolvi dedicar o editorial como um alerta aos nossos leitores, pois em algum momento o nosso pequeno mercado fatalmente será contaminado. Vou listar algumas mais recentes, que mais parecem ’pegadinha’ de Primeiro de Abril – mas são sérias e tem até conseguido espaço nas mídias para sua divulgação. Não vou citar nomes para evitar processos judiciais, é claro, mas qualquer leitor antenado poderá pesquisar na internet e conhecer os ‘Notórios Inúteis’. O primeiro da lista é uma corneta produzida na Ásia, em que a boca da corneta permite um adulto ficar em pé dentro dela e convidar mais dois adultos para ficarem perfilados – quando colocados o canal direito e esquerdo lado a lado, suas bocas ocupam uma parede de mais de quatro metros de largura por dois metros de altura. A segunda é um braço (também produzido na Ásia, em alumínio oco) de 1 metro de comprimento (sim, o sr leu certo – 1 metro!) e cujo contrapeso é escalonado por sub pesos que ficam pendurados como se fossem tubos de vários tamanhos e diâmetros. A terceira, se trata de uma caixa acústica ativa com quatro válvulas EL34 saindo do gabinete em cima, sendo uma caixa book de duas vias (também de fabricante asiático). A quarta bizarrice recente são cabos de caixa, força e interconexão que parecem terem sido inspirados no filme Anaconda, tamanho o diâmetro e o peso dos mesmos. Este cabo já está no mercado há mais de três anos, e teve até um ou dois reviews já publicados. E a última é uma caixa esculpida em uma rocha, literalmente! Tão estranha que poderia perfeitamente ser a caixa do Barney do desenho dos Flintstones! Tirando os cabos, que já estão no mercado, não consegui saber se os outros produtos citados já são comercializados, ou são apenas ‘protótipos’, mas fico imaginando fora seus projetistas, quem realmente em um mercado com tantas excelentes opções se arriscaria a comprar algum desses produtos.

Você se arriscaria amigo leitor?

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