AUDIOFONE – Teste 1: FONE GRADO PRESTIGE SERIES SR325x

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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Outro dia, um leitor nos perguntou a razão de testarmos vários modelos de um mesmo fabricante, e se não seria mais interessante ‘diversificar’ as escolhas para teste.

Já tratei deste assunto em alguns dos nossos editoriais, mas acho que é importante responder sempre que a questão for levantada. Temos como linha editorial só testar produtos que tenham importação legal no país. Só aí, já limitamos muito os testes que serão publicados, e o segundo item, e não menos importante: só testamos produtos que atendem o mínimo de exigências da OMS (Organização Mundial da Saúde), que alerta há anos do perigo de se ouvir música em fones de ouvidos em volumes exagerados.

Então, seguindo esses dois protocolos, o universo de modelos disponíveis e seguros é ainda menor.

E, por fim, falando especificamente da marca Grado, ela atende a todos os dois requisitos de maneira correta, além de disponibilizar ao mercado excelentes fones. Então, essa será uma marca que vocês irão ler dezenas de testes aqui.

A linha X veio substituir a linha E, um produto que tenho e uso como uma de minhas referências há muitos anos! E quando o distribuidor nos disse que já tinha à disposição para teste a série X, não tive dúvida em começar a avaliar essa nova geração justamente pelo modelo que tão bem conheço: o SR325.

Enquanto esperava o envio do produto, li e assisti a diversos testes do novo SR325x, falando dos avanços feitos com a nova espuma mais plana, a tão criticada faixa de cabeça que, para muitos, era desconfortável e que agora se tornou mais firme e melhor acolchoada, e do tão ‘difamado’ cabo grosso e pouco maleável.

Com certeza a Grado se redimiu de sua insistência em manter, por anos a fio, esse cabo, e finalmente colocou um cabo mais maleável (ainda que de uma bitola semelhante a anterior) mas muito mais bem acabado, o que dá uma sensação de ‘modernidade’ que o fone Grado nunca teve.

Mas as mudanças maiores se deram internamente com: uma nova bobina de diafragma totalmente revista, buscando melhorar ainda mais a eficiência do fone (que na minha opinião já era excelente), e baixar ainda mais a distorção.

Uma velha discussão que acho que nunca haverá consenso, é quanto ao conforto e design ‘retrô’ dos fones Grados. É uma questão de ame ou odeie. Não pressinto que haverá, um dia, o meio termo, e como para mim o que é crucial é sempre a performance sonora, eu não sou a pessoa mais indicada para palpitar nesta discussão ad infinitum.

Mas se serve de ’consolação’, a sensação é que com a nova espuma, e as 340 gramas finais deste Grado, e a nova fita de sustentação melhor acolchoada, tudo parece amenizar um pouco os que acham esses fones desconfortáveis.

Eu como estou acostumado com eles, demorei apenas para ajustar eles em volta do meu par de orelhas – que vem crescendo ano a ano (gostaria de que alguém me explicasse o motivo do nariz e orelhas continuar crescendo, enquanto o resto todo definha. Será uma idiossincrasia da existência?). E, depois de devidamente ajustado, não achei nem melhor ou pior que o meu de referência.

Para o teste, utilizei o celular e o amplificador de fone do meu pré de linha Nagra Classic e, no final do teste, o DAC Gold Note DS-10. Nas três condições achei excelente sua performance. Eu irei na ‘contramão’ de diversos articulistas, que consideraram o SR325x uma evolução do SR325e. Pois considero ‘evolução’ um produto que supera em tudo ou quase tudo, o seu antecessor. E, sinceramente falando, este não foi o caso.

Acho sinceramente que a Grado buscou ‘atualizar’ o novo modelo, atendendo mais a um nicho de mercado mais jovem, que está acostumado com fones com sonoridade mais aberta (o que para muitos é definido como ‘transparência’), e com as duas pontas mais extensas.

Isso comprometeu o equilíbrio tonal do novo modelo? De maneira alguma. E acho que esta tendência cairá no gosto de muitos consumidores mais jovens, que só escutam música em fones de ouvidos.

A assinatura Grado manteve-se intacta, com inteligibilidade excelente em todo o espectro audível, equilíbrio tonal preciso permitindo ouvir em volumes seguros, sem faltar peso, energia e velocidade nos graves. Região média orgânica, realista e muito natural. E agudos com enorme extensão, sem nenhum resquício de brilho (coloração), ou falta de arejamento.

Os amantes de fones fechados reclamam dos graves de fones abertos – e se querem mudar de opinião, ou ao menos ver que a ‘fila anda’ também em termos de tecnologia, ouçam este SR325x em um bom amplificador de fone, e descubram como seus graves são corretos e decentes!

E se a pessoa for consciente, e ouvir nos volumes seguros, mesmo sendo aberto, o vazamento não incomodará tanto as pessoas em volta.

Os transientes são espetaculares, assim como a escala dinâmica do pianíssimo ao fortíssimo, mostrando o acerto, em termos de menor distorção, dos novos diafragmas.

Ele também me pareceu com menor ruído de fundo – será a nova fiação de fio de puro cobre criogenado? Independente do que seja, foi audível em diversas gravações de música clássica essa melhora na inteligibilidade da microdinâmica.

Sempre gostei do meu fone Grado (e de todos que testei dessa marca), por não inventarem moda turbinando os graves ou acentuando brilho no médio-alto para impressionar em uma primeira audição. Pelo contrário, todos que tive ou testei primam pela naturalidade e musicalidade dos timbres, levando-o a ser ‘descartado’ pelo público mais jovem como fones ‘sem graça’ (ouvi isso de inúmeros novos leitores), e só entendi essa crítica quando comecei a perguntar quais os fones de referência desses leitores. Aí entendi aonde o ‘bicho pega’: todos estão acostumados com fones com hiper-graves selados e com um equilíbrio tonal catastrófico.

Esses leitores só entenderão a beleza de uma assinatura Grado, se reeducarem seus ouvidos e abrirem o leque do seu universo musical. Do contrário, qualquer fone Grado ou de outros fabricantes que estejam nessa direção de total equilíbrio tonal, sempre soarão sem sal e sem açúcar – não haverá solução para este problema.

E aí caímos em uma outra discussão: a vaidade humana. Muitos não aceitam que precisemos nos educar auditivamente para compreender o que estamos fazendo de certo ou errado em nossas escolhas. Alguns leitores se sentem ofendidos quando entro neste tema, mas essa é uma premissa verdadeira: não nascemos sabendo. Nossos cinco sentidos precisam ser educados e refinados a vida toda. E ouvir um conselho de alguém mais rodado, não significa nenhum tipo de intromissão, pois pode ou não ser acatado.

O que não posso deixar de dizer, no caso específico de fones de ouvido, é que os ruins exigem – para dar algum ‘barato auditivo’ – serem colocados em alto volume. E os corretos em termos de equilíbrio tonal, não! Então não se trata de uma questão de gosto ou imposição, e sim de saúde auditiva!

E se procura um fone com as qualidades necessárias nesta direção, a Grado é um fabricante que trilha este caminho.

Voltando à questão inicial, de não ter achado o fone uma evolução integral do seu antecessor, é que sou um velho chato, rabugento e exigente que, ouvindo ambos por quase três meses, sentiu falta no novo modelo do calor e a inteligibilidade das texturas tão divinas do SR325e. Texturas palpáveis, bem definidas e com um grau de transparência na intencionalidade, que muitos fones muito mais caros não possuem.

E este é o principal fato de eu nunca ter me desfeito deste Grado. Pois para mim, a apresentação das texturas do SR325e se mostrou superior ao novo modelo.

Aí, falando com meu filho, que pedi para ouvir os dois e ver se eu não estava sendo muito ‘crica’, me disse o seguinte: “Pai, se o leitor não tiver com os dois modelos em mão, ele jamais vai perceber este ‘detalhe’”. Adoro quando os filhos não querem bater de frente ou pisar no nosso calo, quando amenizam algo que achamos importante à um ‘detalhe’.

Aí pensei, ponderei e concordei. O SR325x não tem nenhum problema na apresentação de texturas, só não tem aquele ‘detalhe’ de maior calor e realismo, que nos leva a perceber as nuances por de trás de toda intencionalidade, e isso me é tão caro, e demorou tanto a atingir este nível em meus sistemas de referência, que realmente posso ter me tornado um chato, quanto a este ‘detalhe’.

CONCLUSÃO

Acho que a Grado foi muito feliz nas alterações feitas na linha Prestige, a mais vendida e a que mais deu visibilidade a marca no mundo. Esta série possui o mérito de uma relação custo/performance muito alta.

E aos que apreciam fones com excelente equilíbrio tonal, realismo, naturalidade e musicalidade, se ainda não conhecem, precisam ouvir esta nova geração.

Acho também que as pontas mais estendidas agradarão em cheio aos jovens que querem um fone com transparência absoluta, mas com calor suficiente para não tornar a audição fatigante.

Se é nesta direção que deseja encontrar seu novo fone de ouvido, ouça o SR325x com enorme atenção!


PONTOS POSITIVOS

Um fone Grado com todos os atributos mais do que aprovados.

PONTOS NEGATIVOS

Design e conforto que não agradará a todos.


ESPECIFICAÇÕES
Tipo de transdutorDinâmico
Princípio de operaçãoAberto
Resposta de frequência18 – 24,000 Hz
SPL (1mW)99.8 dB
Impedância nominal38 Ohms
Drivers casados em0.05 dB
FONE GRADO PRESTIGE SERIES SR325X
Conforto Auditivo 7,0
Ergonomia / Construção 8,0
Equilíbrio Tonal 10,5
Textura 9,5
Transientes 11,0
Dinâmica 10,0
Organicidade 10,0
Musicalidade 10,5
Total 76,5
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
DIAMANTEREFERENCIA



KW Hi-Fi
(11) 95422.0855
(48) 3236.3385
R$ 2.200

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