Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
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Quando achei que já havia dado minha contribuição, testando inúmeros cabos digitais aos longos desses 25 anos de existência da revista, tanto cabos coaxiais, como óticos, BNC e AES/EBU, e ajudando subjetivistas a realizarem suas escolhas, e os objetivistas deixando-os de cabelo em pé, eis que agora é preciso testar cabos USB e ver como se comportam em diferentes fontes digitais (principalmente para a condução do sinal do streamer até os DACs).
Já vejo os objetivistas preparando uma nova ‘fogueira’, a ser erguida no pico das bandeiras, para afirmar que cabos USB bem feitos tocarão todos idênticos, e que se ouvimos diferenças, nada mais é do que nossa imaginação fértil à procura de algo para se distrair.
Ouvi isso nas últimas três décadas, então já sou vacinado e maior de idade para entender perfeitamente a indignação de todos que acham que cabos não tem diferença alguma. E, às vezes, acho que estes que assim pensam são até mais felizes, pois não têm o ‘vírus da dúvida’ a lhe assoprar aos ouvidos, e qualquer cabo irá cumprir o objetivo de trafegar o sinal que por ele passa. Como diria meu pai: a descrença muitas vezes pode ser uma dádiva!
Afinal, se o sujeito está satisfeito com o que tem, certamente poderá fazer outro uso de seu suado dinheiro, do que gastar em cabos e acessórios. Mas aí eu pergunto aos objetivistas de ‘carteirinha’: será que todos os que escutam diferença, estão realmente delirando? E todos simultaneamente? São todos lunáticos consumistas ávidos por comprar ‘placebo’, à torto e à direito?
E volto sempre à velha questão que todos os objetivistas precisam encarar: se o CD-Player era tão bom em seu nascedouro, qual a razão de todos os fabricantes aperfeiçoarem seus erros e defeitos até os nossos dias? Será que existe algum objetivista que ainda acha que o CD-Player não precisava de correção? Um objetivista, se escutar hoje um CD-Player de 1984 e um de 2020, não escutará diferenças significativas?
E quanto aos inúmeros engenheiros projetistas de áudio, que utilizam seus conhecimentos para o desenvolvimento de topologias, mas que não abrem mão das audições críticas – eles estão errados? E deveriam se abster das audições críticas e confiar apenas nas medições e topologias já existentes e comprovadamente bem resolvidas?
Será que algum objetivista já se ateve que talvez as medições atuais apenas não consigam detectar o que nosso cérebro bem treinado escuta? E que haverá um momento em que medições e audições críticas se juntarão? Acho que este dia não está tão distante assim, e certamente teremos muitas respostas antes do final desta década.
O que eu percebo, depois de testar centenas de cabos aqui na revista, é que os cabos melhoraram muito, principalmente no quesito equilíbrio tonal. O que era ‘evidentemente audível’ uma década e meia atrás, nas diferenças de tonalidade entre cabos semelhantes em preço, hoje não ocorre mais. Para ouvirmos um cabo torto tonalmente, ele precisa ser muito mal feito, e as escolhas do fabricante em termos de escolha de material e geometria do cabo, muito amadoras. Pois hoje temos excelentes opções nacionais e importadas, que atende em termos de equilíbrio tonal perfeitamente qualquer sistema hi-end.
E falo de cabos de 500 reais e não de 5000 reais!
Então, se ao amigo leitor a única preocupação é quanto ao quesito equilíbrio tonal, ele realmente não precisa nem andar e gastar muito para ver resolvida a questão do equilíbrio tonal de seu sistema.
Ouvi nos últimos dois anos mais de 15 modelos de cabos USB, de 500 a 20 mil reais. E se tem algo em todas as minhas anotações pessoais sobre esses cabos é: como soaram bem tonalmente. Então, quando o leitor me pede uma ajuda neste item, eu sempre deixo claro que a escolha irá depender muito mais de suas expectativas referentes aos outros sete quesitos da Metodologia e não a este quesito. E aí que o perigo mora, pois se você não souber o que precisa ouvir para avaliar os outros sete quesitos da Metodologia, a chance de você comprar o cabo que não irá lhe atender se amplifica.
Eu separo esses cabos que escutei em dois grupos: os honestos e coerentes, e os corretos e refinados. Não pense que o que define os grupos seja o valor, ou o requinte na construção e material utilizado, e sim a capacidade de amenizar as limitações ainda existentes no Streamer.
E quais são essas dificuldades limitativas? Na minha humilde opinião: corpo harmônico, soundstage e textura. Então, para avaliar esses cabos USB, recorri a dois music servers do mesmo fabricante, para evitar o risco das impressões serem inconsistentes pela assinatura sônica do music server. Foram eles: Innuos Statement (leia teste na edição 274), e Innuos MiniZen (leia teste na edição de setembro próxima). Ambos com o mesmo cabo de força, os mesmos DACs e a mesma configuração de referência (o Sistema da Revista).
Nas próximas edições publicaremos o teste do USB da Sunrise Lab, da Virtual Reality e da Kubala-Sosna.
O primeiro desta série escolhido foi o Oyaide Continental 5S V2, muito reconhecido lá fora em diversos fóruns internacionais pelo seu alto desempenho, construção impecável (como todo cabo deste fabricante japonês) e pelo seu preço. Que está ao alcance da grande maioria de melômanos e audiófilos que possuem um music server de qualidade.
Eu faço uso das tomadas de força Oyaide há muitos anos e, para mim, são a referência de mercado para instalação elétrica, mas nunca antes havia testado algum cabo feito por este renomado fabricante. Minha surpresa e admiração foi tão grande, depois de ouvir o Continental 5S V2, que solicitei ao distribuidor o envio de cabo de força, de caixa e interconexão.
O de força já está em teste, e acredito que consiga publicar sua avaliação em alguma das últimas edições deste ano.
O cabo USB que me foi enviado é de 1,2m. O 5N vem da utilização de fios de prata pura para a transmissão da linha de sinal – a Oyaide defende que para transmissão de sinal em altas velocidades (acima de 450 Mbps), a prata seja o condutor ideal. Todo o processo de laminação é feito a frio, e sofre 19 estágios para que no final se tenha uma cristalização da prata alinhada, e sem tensão ou ruptura nos fios. Todas essas etapas (segundo o fabricante) são para que a transmissão de sinal em alta velocidade de dados não tenha nenhum tipo de perda.
A blindagem utiliza folhas de cobre em vez de alumínio, pois a Oyaide chegou à conclusão que o cobre é superior em termos de eficiência. A capa do cabo utiliza filamentos de seda para uma baixa capacitância estática, e qualquer tipo de vibração espúria no processo de passagem do sinal.
O cabo é compatível com comunicação de alta velocidade USB 2.0, com velocidade de transmissão de 480 Mbps.
Embora a maioria dos fabricantes de cabos USB utilizem bitolas de AWG 28, a Oyaide optou por AWG 25, para diminuir a resistência do condutor e evitar perda de jitter.
Os plugs são banhados a ouro, e de excelente qualidade.
Em uma avaliação meramente visual e tátil, o cabo impressiona pela sua construção, acabamento e maleabilidade.
Ele veio para teste zerado e lacrado. Então fizemos as anotações de primeiras impressões, e o deixamos em queima contínua por 100 horas. Como relatei acima, o equilíbrio tonal é excelente assim que saiu da embalagem. O que faltou nessas primeiras impressões, foi profundidade. Pois tudo que ouvimos foi bidimensional.
Cem horas depois a profundidade, veio e pudemos iniciar nossos testes. Primeiro o colocamos no Statement, ligado ao TUBE DAC Nagra. Suas qualidades ficaram evidentes logo de saída, apresentando um excepcional silêncio de fundo, foco, recorte e planos cirurgicamente bem definidos. Isso nos animou a escutar uma dúzia de gravações de música clássica, escolhidas a dedo no Tidal.
Como o Statement possui muito mais ar, e apresenta os planos de forma mais próxima que a mídia física, pudemos ver que neste quesito o Oyaide se saiu muito bem, se colocando naquele segundo pelotão de cabos corretos e mais refinados.
Os transientes são excepcionais, altíssimo grau de precisão tanto em tempo como andamento, ombreando neste quesito com a nossa referência, o Dynamique Zenith 2.
As texturas são menos ‘realistas’ que no Kubala-Sosna, no Zenith 2 e no Sunrise Lab Quintessence, mas ele custa uma fração do preço de qualquer um desses três, então se lhe falta aquele ‘calor e naturalidade’ a mais nas texturas, ele compensa com uma qualidade na intencionalidade que é de alto nível.
A dinâmica – tanto a micro, quanto a macro – são excelentes, seja ouvindo-o no TUBE DAC Nagra ou no DS-10 da Gold Note.
E o corpo nenhum cabo USB consegue corrigir uma limitação que ainda é da topologia Streamer. Ainda assim, ele não ficou atrás de nenhum dos nossos cabos de referência.
A materialização física foi muito boa, com as melhores gravações que conseguimos encontrar no Tidal para este quesito.
Engana nosso cérebro que os músicos foram materializados? Com um pouquinho de boa vontade, quase lá!
E a musicalidade é um dos quesitos mais interessantes deste cabo USB. Pois sua sonoridade é cativante. Não por acrescentar algum tipo de coloração, e sim por se esforçar para ser o mais neutro possível.
Se você precisa de um cabo USB que custe menos de 3 mil reais, e faça tudo corretamente, e ajude seu servidor de música a mostrar seus melhores atributos, ouça o Oyaide Continental 5S V2.
Ele é uma pechincha pelo que custa. Um cabo altamente recomendado e que certamente estará entre os melhores do ano.
Vale cada centavo do que custa!
Excelente custo/performance e uma construção de cabos top de linha.
Absolutamente nada que o desabone.
Tipo de conector | USB 2.0 |
Tipo de cabo | USB |
Especificação | RoHS |
Taxa de transferência de dados | 0.48 Gigabits por segundo |
CABO USB OYAIDE CONTINENTAL 5S V2 | ||||
---|---|---|---|---|
Equilíbrio Tonal | 11,0 | |||
Soundstage | 9,0 | |||
Textura | 9,0 | |||
Transientes | 11,0 | |||
Dinâmica | 10,0 | |||
Corpo Harmônico | 9,0 | |||
Organicidade | 9,0 | |||
Musicalidade | 11,0 | |||
Total | 88,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
KW Hi-Fi
(11) 95422.0855
(48) 3236.3385
(1,2 m) - R$ 2.160